Capítulo 01 - Danos Inelutáveis
Monsterrá Mikaelson sabia exatamente para onde estava indo, e pouco importava o lugar, visto que não lhe restava mais nada. Tudo que ela tinha lhe foi tirado a muito tempo, deixando somente um vazio em seu peito, juntamente com danos inelutáveis. Sua nova personalidade acarretou naquela consequência desastrosa, e não havia nada que ela pudesse fazer para mudar seu destino.
Ela despertou rapidamente de seus devaneios quando percebeu a desaceleração do carro. Instintivamente se ajeitou no banco de trás e ergueu a cabeça para que pudesse espiar o lugar. E lá estava ele, o reformatório "SHIELD OF PAIN", sua nova casa. Os muros do lugar eram tão altos quanto ela imaginou, como se fosse uma espécie de prisão de segurança máxima. Os portões de ferro se abriram lentamente a medida que o carro se aproximava.
Monsterrá libertou-se do cinto de segurança e se preparou para sair do carro. Ao parar o carro o motorista rapidamente se apressou para abrir a porta.
── Srta. Mikaelson. ── ele meneou a cabeça demonstrando respeito enquanto abria a porta do carro.
Embora não quisesse Monsterrá se viu obrigada a entrar quando o diretor surgiu a sua frente. Seu peito subiu e desceu inspirando e expirando o ar frio do local. Suas pernas reagiram automaticamente, caminhando na direção do homem.
── Seja bem-vinda a Shield Of Pain. ── cumprimentou enquanto lhe oferecia seu melhor sorriso.
Ele meneou a cabeça, pedindo que ela o seguisse. Ao adentrar, ela afrontou a enorme fila de alunos que se formava próximo ao magnífico par de escadas que enfeitavam a entrada. O diretor parou em frente ao balcão e começou a conversar com uma atendente loira.
Retornando toda a sua atenção para a escada, Monsterrá encarou a figura feminina no pé da escada. Ela possuía uma expressão séria e muito autoritária. Usava uma calça verde, um par de botas de couro, que pareciam ser masculinas e uma blusa branca de manga curta, que realçava os músculos femininos que ela possuía. Seus cabelos estavam presos em um coque alto é sua postura impecável e rígida era similar à de um militar. Ao seu lado se encontrava uma pequena mesa preta, sobre ela, uma caixa grande de madeira repleta de objetos.
── Coloquem dentro da caixa qualquer objeto de metal. ── fez uma pausa. ── Celulares, jogos eletrônicos, canivetes. ── Sua voz grossa soou autoritária e assustadora. ── CIGARROS! ── pronunciou firme.
── Cigarros? ── uma voz masculina soou. ── Pensei que fosse somente objetos de metal.
A voz cortante furtou a atenção de Monsterrá. Seus olhos agora estavam fixos nele. O GAROTO DE GORRO E ÓCULOS ESCUROS. Ele vestia uma calça jeans surrada, acompanhada por uma camisa vermelha e uma jaqueta preta de couro na qual possuía um desenho de caveiras e serpentes nas costas.
── Sr. Black. ── a voz da mulher soou irritada. ── Coloque tudo na caixa. ── pediu.
── Miranda. ── ele tentou falar.
Ele tinha a voz grossa e sedutora, e o modo no qual mascava chiclete era propositalmente atraente.
── NÃO! ── ela o interrompeu. ── Todo ano é isso. ── Resmungou. ── Desista! Já lhe disse que é proibido. ── lembrou-o.
De longe, Monsterrá pode ver o pequeno e perigoso sorriso se formando na face do garoto. Ele meneou a cabeça chateado e se rendeu as ordens da mulher, começando aos poucos a esvaziar os bolsos da calça jeans. Monsterrá tentou identificar os objetos retirados pelo garoto, mas seus movimentos eram tão rápidos e precisos que ela mal teve chance.
── Monsterrá. ── o diretor chamou.
Ela desviou o olhar do garoto e voltou a se concentrar no que realmente importava.
── Roxy lhe mostrara seu quarto. ── Avisou. ── Se precisar de alguma coisa me procure. ── Pediu. ── Se acontecer alguma coisa...me procure. E por favor se comporte. ── Sussurrou preocupado.
Monsterrá meneou a cabeça confirmando e seguiu Roxy em direção as escadas, a mulher carrancuda a fuzilou de cima a baixo e em seguida olhou para o diretor.
── Deixe ela passar Miranda. ── ordenou.
A mulher meneou a cabeça e deu passagem. Enquanto Monsterrá subia os degraus, teve a terrível sensação de que estava sendo observada e logo apressou-se para subir enquanto puxava a mala pelos degraus. Roxy, a balconista galgava a passos largos e precisos. De repente ela parou abriu uma das portas vermelhas e disse:
── Aqui está sua cela. ── sorriu acintosamente¹. ── BOA SORTE! ── desejou falsamente enquanto se distanciava.
Monsterrá bufou irritada e adentrou no quarto. A primeira impressão não foi uma das melhores, mas Monsterrá sabia que deveria se acostumar com o que tinha, já que aquele seria o seu novo quarto.
A cama encostada na parede parecia ser confortável, mas foi a mesa de madeira que chamou a sua atenção, provavelmente por estar pintada de amarelo. As falhas perceptíveis indicavam que ela fora manualmente pintada.
Existia somente uma janela no quarto, com um tamanho significativo, para que houvesse uma boa circulação do ar e uma boa iluminação. As paredes não tinham uma cor especifica, as vezes branca, outras cinzas, talvez a iluminação fosse um fator significativo para aquela mudança. O guarda-roupa era embutido na parede e se encontrava próximo a porta do banheiro.
Monsterrá arrastou a mala para dentro do quarto e sentou-se na cama. Enquanto seus olhos azuis estavam fixos na mala, sua cabeça começava a encher-se de pensamentos.
Outra vez a cabeça dela ficou repleta de pensamentos lutuosos, ela sabia exatamente do que era capaz quando se encontrava naquele estado. Procurando impedir que a solidão e o desejo suicida tomassem conta de seu corpo, Monsterrá levantou-se rapidamente e disparou porta a fora.
Enquanto percorria sem rumo pelos corredores, Monsterrá percebeu que quase todos eles eram praticamente iguais o que facilitou as chances dela se perder. Perdida, Monsterrá acelerou os passos enquanto encarava cada milímetro. Ela odiava se perder. Em uma curva árdua, Monsterrá quase se chocou contra uma garota.
── NOSSA! ── ela murmurou pasma. ── Essa foi por pouco. ── sorriu.
A garota possuía longos e fartos cabelos alaranjados, eles eram perfeitamente ondulados, e pendiam sobre seus ombros. Seus olhos caramelados eram incrivelmente marcantes, porém estavam desvalorizados pelos óculos de grau que carregava no rosto. As bochechas naturalmente rosadas era a coisa mais fofa da garota, e elas combinavam perfeitamente com o leve tom de coral que os lábios finos dela possuíam.
Monsterrá cravou os olhos na jovem por milésimos de segundos, o suficiente para analisar cada detalhe. Porém ela não estava ali para se socializar, havia desistido disso a alguns anos, pois estava farta de machucar todo mundo. Ignorando por completo a figura feminina a sua frente, ela virou-se, voltando a andar sem dizer uma sequer palavra.
A menina encarou confusa a cena e apressou-se para falar.
── Ei, espere. ── Chamou apressando-se. ── Você é nova aqui, não é? ── Perguntou com um sorriso gentil nos lábios.
── Sim! ── Respondeu monótona.
── Sou Scarlet Blue. ── Apresentou-se.
── Monsterrá. ── Metralhou.
── Monsterrá. ── Repetiu pensativa. ── É um nome exótico. ── Sussurrou. ── Se me permite. ── começou. ── Já pegou sua grade? - Perguntou referindo-se as matérias.
── Não! ── Respondeu.
── Está perdida, não é? ── Scarlet perguntou após perceber que Monsterrá andava praticamente em círculos.
── Não. ── Mentiu.
── Vamos. ── Falou parando. ── Vamos buscar sua grade. ── Sorriu. ── Em que andar você está? Segundo, não é?
── Sim.
── Você é do tipo encrenqueira? ── Perguntou.
── O que? - Perguntou confusa.
── O segundo andar costuma abrigar os mais encrenqueiros. ── Sorriu. ── Os vilões. - Piscou.
── Em que andar você está? ── Monsterrá perguntou curiosa.
Scarlet sorriu. Estava feliz por finalmente ouvir uma frase vinda de Monsterrá.
── Segundo.
── Então você...
── NÃO! ── Metralhou. ── Eu só estava brincando. ── sorriu. ── Não há nada de errado com o segundo andar. O diretor não nos dividiria dessa forma. ── proferiu.
Monsterrá ficou em silêncio enquanto seguia a garota pelos corredores.
── A quanto tempo está aqui? ── Monsterrá perguntou.
── Só três anos. ── respondeu com um incrível e belo sorriso.
── O QUE? ── Falou incrédula.
── Ah, não se preocupe. ── pediu contenplando a expressão de Monsterrá. ── Eu não sou uma assassina nem nada. Só estou aqui por que meus pais estão fora do país...e como são amigos do diretor, pediram para que eu ficasse aqui. ── sussurrou com a voz um pouco triste.
── Por que ainda está aqui? ── perguntou.
── Sei que não parece, mas "SHIELD OF PAIN" é um bom lugar. ── Sorriu. ── Vamos! Vou lhe mostrar o que torna esse lugar tão bom. ── chamou pegando a mão de Monsterrá.
Monsterrá repeliu o toque de Scarlet de forma violenta e assustadora. Reagindo por impulso, ela a empurrou brutalmente.
Scarlet chocou-se contra o chão duro. Durante a queda seus cotovelos também se chocaram brutalmente enquanto tentavam amortecer o impacto. A jovem de belíssimos olhos caramelados olhou para Monsterrá após o impacto enquanto tentava entender por que ela havia feito aquilo.
── Qual é o seu problema? ── Scarlet perguntou com os olhos marejados.
Monsterrá se encolheu envergonhada enquanto abraçava o próprio corpo e se afastou. Tentou pronunciar algo plausível, mas nada saiu de sua boca. Ela não havia sido forte o suficiente para enfrentar a situação e optou por ser covarde, e fugiu.
Aquele era seu primeiro dia, contudo ela já havia estragado tudo mais uma vez. Monsterrá não se sentiu culpada quando quebrou o braço de Rose Slack na escola, muito pelo contrário, faria de novo se aquela garota esnobe lhe perturbasse outra vez. Contudo, foi diferente com Scarlet, pois de alguma forma aquela cabeça de fogo, fazia com ela se lembrasse de Alya, sua melhor amiga do colegial. E isso a deixou inacreditavelmente triste, aquela sensação lhe trazia ainda mais danos internos.
¹ACINTOSAMENTE - feito com maldade/ ou para fazer o mal
Olá meus amores! Bem, aqui está o primeiro capítulo desse livro maravilhoso. Espero que tenham gostado.
Não se esqueça de votar, e comentar um montão de vezes aqui e no próximo capítulo?
Perguntas do capítulo:
O que vocês acham que aconteceu com a nossa querida Monsterrá?
E esse garoto de gorro e óculos escuro? O que acharam dele? Metido???
E a nossa Scarlet? Ela não é fofa? O que acharam deles? Você seria amiga dela?
Acha que ela vai voltar a falar com Monsterrá?
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top