Capítulo 8
Pov: Autora.
Natalie está no Iraque, imersa em um pesadelo cruel. O cheiro de poeira e fumaça era palpável no ar enquanto ela se move através de um labirinto de ruas estreitas. Explosões violentas ecoam ao redor, lançando destroços e poeira pelo ar. Milícias inimigas aparecem de todos os lados, rostos hostis ocultos sob lenços escuros. O som ensurdecedor de disparos e gritos preenche o ambiente.
Ela tenta se esconder, mas está encurralada. Cada esquina esconde ameaças iminentes. Ela vê colegas soldados caírem, a violência se desdobrando diante de seus olhos. O chão treme com explosões, e o medo a consome cada célula de seu corpo. O pânico a envolve enquanto tenta navegar por esse pesadelo de guerra, sentindo a dor vívida da batalha.
Atlas acorda subitamente, o suor escorrendo por sua testa. Seu corpo está trêmulo, e o coração ainda está prestes a explodir. A realidade da guerra se dissipa lentamente, mas a sensação de terror permanece. Ela se encontra no quarto de Rooster, em um lugar muito diferente do Iraque, mas a angústia persiste.
Ao lado dela, ele desperta com a agitação. Observando-a com preocupação enquanto tenta recuperar seu folego, passando as mãos em sua testa molhada.
– Nat? O que aconteceu? – Sussurrou, sonolento.
– Foi só um pesadelo, Brad... apenas um pesadelo –.
Ele se aproxima, abraçando-a e beijando sua bochecha, na esperança dela se recuperar.
– Você está segura agora. Foi só um sonho ruim, estou aqui – Suas palavras estavam acompanhadas com carícias em seus braços, ele os sentia trêmulos, os músculos dela estavam mais tensos que o normal.
– Eu sei, mas parece tão real... Toda aquela dor – Sua voz embargada e prestes a chorar cortava seu coração.
– Você está longe disso agora. Você está aqui comigo, segura. Foi apenas um pesadelo, e estamos juntos nisso – Agora ele segurava seu rosto gentilmente, mesmo com a escuridão, as lágrimas dela escorriam por suas mãos.
Ela se acalma gradualmente, Rooster continua a tranquilizá-la, lembrando-a de que o pesadelo não passa de memórias do passado.Aos poucos ela se tranquilizava, sua respiração voltava ao normal, até adormecer demoradamente pelo medo de retornar.
Algumas horas depois, eles acordaram novamente. Natalie sentia seu corpo pesado e necessitava de uma dose forte de café. Mas antes fora tomar um banho,deixando a água quente limpar os resquícios de suor seco de sua pele.
Havia algumas de suas roupas no alojamento de Rooster, ela logo estava fardada e com os cabelos devidamente alinhados, ele a aguardava em pé, apoiado na ilha ao centro de sua cozinha, com uma xícara de café preto sem açúcar para ela.
Aquilo não lhe fazia mais efeito, o gosto amargo para ela não a machucava e nem lhe forçava caretas, algo adquirido ao longo dos anos. Ambos estavam em silêncio, um ao lado do outro, porém seus olhos, mesmo que em sua visão periférica, analisaram o tenente ao seu lado, com sua barba por fazer e seus cabelos levemente bagunçados.
Ela não poderia descrever o quanto amava vê-lo assim, além de como o amava. Seu jeito difícil e teimoso, mesmo assim cauteloso nos ares, algo que desde muito novo fazia parte de seu ser, depois de adulto, a maturidade lhe caía muito bem. Deixando um garoto anteriormente gordinho e com feições arredondadas, agora um homem forte, porte físico grande e com as linhas do tempo sendo novos detalhespara seu charme.
– Sabe... eu particularmente gosto mais quando você está com sua barba – Ela quebrou o silêncio, passando as costas de seu indicador e médio em seu rosto,sentindo os pelos duros arranharem sua pele.
– Sério? – Ele sorri, virando sua atenção para ela.
– Sim. Te deixa com feições mais... maduras – Ela mordeu o lábio inferior levemente, ele presta atenção naquele detalhe.
– Por enquanto, só posso te presentear com um bigode – Logo lhe dando um selinho e acariciando sua cintura por cima da farda.
Os dois foram para a Academia Naval de Jeep. Aquele era um dia bom paraestudar, eles não teriam treinamento nos ares, apenas chegaram a uma sala dostroféus, onde Bob, Phoenix e Fanboy estavam estudando para algumas provas antesde suas formaturas.
Ali eles ficaram, um ao lado do outro, estudando juntos e se tratando como dois colegas de aviação, nenhum toque carinhoso, tratamento por codinomes eformalidades que a academia exigia para sua excelência.
Tio Maverick:
– Vamos ver o Ice depois do almoço, estou na casa da Penny.
– Certo, se cuide, capitão hahaha, me busque aqui na academia.
Tio Maverick:
– Eu que devo dizer para se cuidar, você e Rooster estão bem "próximos".
– Coisa que você nunca fez, não é Maverick?.
Logo ela deixou o celular ao lado e retornou aos seus estudos.
Mais tarde. 16H40.
Pov: Atlas.
E lá estávamos indo, na casa de meu tio Tom. A vizinhança era muito familiar e me dava uma nostalgia ao me lembrar das ruas onde ele me levava atéuma sorveteira próxima.
Seu quintal estava cheio de crianças brincando, todos eles netos do Almirante,ele ainda estava casado com Sarah, mais de 40 anos de casamento feliz, ele eraforte por resistir ao câncer com tanta bravura, mas agora estava cansado, o diatodo sentado em seu escritório e deixando seu corpo descansar após sua batalha.
Sarah nos recebeu com abraços e lágrimas nos olhos, o câncer havia retornado enão havia mais nada a ser feito, apenas deixar seus últimos momentos maisleves. Até respirar era doloroso, o silêncio não era comum para os que o conheciam, estava sempre acompanhado com uma personalidade forte, algo similarao Hangman quando conhecera Maverick.
Esperei na sala ao lado de Sarah, enquanto meu tio entrava no escritório de seuvelho ala.
Pov: Maverick.
Abri a porta aos poucos, vendo o velho Kazansky tossir dolorosamente, sentado em sua mesa com papeis em mãos.
– Almirante –.
Seu olhar veio ao meu encontro, enquanto ele limpava a garganta silenciosamente e me esperando sentar em sua frente, logo abrindo o sorriso que me tirava apaciência em nossos anos de glória na Academia.
– Como é que está o meu ala? – Perguntei sorridente, com aquele reencontro após décadas.
Ele me retribui o sorriso, com as mesmas recordações, logo virando-se e digitando em seu computador.
"Quero falar de trabalho".
– Por favor, não se preocupe comigo. O que eu posso fazer por você? –.
Ele aponta novamente para a tela, arqueando as sobrancelhas.
– Tá...– Fiz uma pausa antes de prosseguir, negando com a cabeça e reunindo os fatos – O Rooster continua com raiva de mim pelo que eu fiz. Eu achei que ele pudesse entender o motivo, esperava que ele me perdoasse –.
Ele acenou positivamente com a cabeça, olhando para o chão e logo para mim novamente.
– Atlas continua dedicada, é um soldado e piloto de ferro, para muitos inabalável, porém os anos no Iraque acabaram com a saúde mental dela. Ela não me culpa por ter sumido, nem ao senhor por ter a mandado para o front, ela e o Rooster estão sendo o apoio emocional um do outro, porém isso não significa que ela melhorou a minha situação com ele –.
"Ainda há tempo".
– A missão é em menos de três semanas. O garoto não está pronto, ela é muito instável para passar por isto, mesmo que eu confie nela de olhos fechados –Suspirei.
"Então ensine-os".
– Ele não quer o que eu tenho para dar. Ela sempre foi leal..., mas ainda é instável demais para uma situação dessa – Somente em pensar no que pode acontecer, faz com que cresça uma culpa em meu peito.
Ele sinaliza com a mão de maneira como se dissesse "ah... deixe disto", mas eu retorno a dizer com as lágrimas querendo se formar em meus olhos.
– Ice, por favor, não me peça para enviar alguém para morrer, não... não me pede para enviar um deles. Me envie – Mesmo que meu tom fosse calmo, aquilofora uma súplica.
Ele sorri sem mostrar os dentes, logo digitando mais uma frase em seu computador.
"Está na hora de esquecer".
Aquela frase me esfaqueou no peito, abandonar a culpa pela morte de Goose, abandonartambém o sentimento de não estar presente nos momentos mais tensos na vida deAtlas.
O almirante franziu o cenho com o minha feição e demora para responder, contiveaté minhas últimas forças, porém logo as lágrimas começaram a correr por minhasbochechas, revivendo a dor dos últimos trinta anos com uma culpa que... eraminha, mesmo que me falassem o contrário.
– Eu não sei como... Eu não sou professor, Ice. Eu sou um piloto de Caça – Sequei minhas lágrimas e retornei meu olhar aos seus olhos cansados – Um aviador naval. Não é só o que eu sou... é quem eu sou. Como eu ensino isso? –.
– Mesmo se eu pudesse ensinar, não é o que oRooster quer, não é o que a Atlas quer... Não é o que a Marinha quer. Por issoque eles me cortaram da última vez – Fiz uma pequena pausa me recompondo – O único motivo de eu estar aqui é você –.
Os olhos do velho almirante eram mais expressivos que qualquer palavra, também um pouco úmidos mediante a situação.
– Se eu os enviar para a missão, eles podem não voltar. E se eu não o enviar,ele nunca vai me perdoar. Seja como for, eu posso perdê-los, principalmenteele, para sempre –.
Respirei fundo mais uma vez, lendo aquela frase na tela de seu computador, queera pessoal demais para passar batida.
Logo o Almirante se levanta demoradamente de sua cadeira, ainda fraco, tossindo dolorosamente e aquecendo sua garganta.
– A marinha precisa do Maverick, o garoto precisa do Maverick. Foi por isso que eu briguei por você, por isso você ainda está aqui – Sua voz estava raspando, rouca e com muito esforço para ser pronunciada, aquilo me abalou pela suadedicação.
Logo ele me abraça, bem apertado, aquele era nosso último momento juntos. Umabraço com ares de "adeus". Ele estava perto de seu descanso e por isso, aquele reencontro foi tão forte para nós.
– Uma última coisa – Ele prosseguiu – Quem é o melhor piloto, você ou eu? –.
– É um momento bacana... não vamos estragar – Lhe respondi e logo ambos demos risada, nos abraçando novamente.
Atrás dele, estava um quadro nosso, após a missão decisiva de nossas vidas.Onde após ele seria promovido para uma patente mais alta e eu instrutor da TopGun, sinto aquele dia vivo em minhas veias como se fosse ontem.
Pov: Atlas.
Maverick havia saído da sala, colocando sua mão em meu ombro, sinalizando paraque eu entrasse.
Assim fui, dando três toques em sua porta, o Almirante ainda estava de pé, quando seus olhos pousaram em minha pessoa, sua expressão calma mudou para espanto, me olhando de cima a baixo, com a boca levemente aberta pelo espanto.
– Almirante – Lhe prestei continência e logo andando em sua direção, parando em sua frente. Ele lentamente passa as mãos em meu rosto, ombros e braços, ainda espantado ao me ver... do estado que voltei após os anos de serviço.
Um abraço calmo, eu havia crescido demais, sua menininha não era mais tão pequena, fraca e delicada. Senti sua respiração se transformar em um suspiro pesado, enquanto eu passava minhas mãos por seus ombros.
– Oi tio Ice... você ainda está bonitão – Sorri após nosso abraço ficar um pouco mais frouxo, ele sorriu, sempre solicito assim como eu me recordava.
Logo nos sentamos, a cadeira a sua frente ainda estava quente por conta de Maverick, não deixei de perceber a frase no computador, o motivo por Pete estarcom o rosto avermelhado após chorar.
– Então... o que posso fazer por você? Ou apenas queria me ver? – Sorriobservando meu velho.
"Como você está?"
– Estou... bem. Ajudando Pete com os treinamentos na academia, recuperando alguns documentos perdidos antes do meu retorno – Olhei para baixo, contando nos dedos – E seguindo suas ordens –.
Ele não havia se contentado com minha resposta, apenas olhou mais uma vez para a tela de seu computador e retornando o olhar ao meu, esperando algo que ele jásabia.
– Eu... – Minha voz vacila – Ainda acordo em alerta, comose estivesse lá, escuto cada disparo, explosão e minha boca tem gosto de areia, não consigo descansar, qualquer coisinha me deixa violenta... Os médicos falam que é Transtorno de Estresse Pós Traumático –.
"O que tem feito você não desistir desde que voltou?"
Desistir. Aquilo vinha me acompanhando desde que retornei, pequenas sensações de insuficiência, inutilidade e vazio.
– O senhor, tio Maverick e... – Um sorriso trêmulo se formou em meus lábios,logo desaparecendo – O Rooster. Apenas não silenciei as vozes por conta devocês.
Senti algumas lágrimas correrem por minhas bochechas, chegando até meu pescoço e a gola da farda, minha respiração vacilou por alguns segundos, antes delimpar meu rosto grudento pelo choro.
– Dói todos os dias acordar assustada, com o coração explodindo no peito, com medo de coisas simples por algo que ficou no passado. Te reportaram que em meio a uma simulação, eu desmaiei por uma sobrecarga sensorial... Aquilo foi ridículo, tio Ice. Achei que eu iria morrer no carona de um avião, você sabe o treinamento mental que tivemos e isso é covardia – Eu fecho meus olhos com força, afastando as lembranças daquele dia.
–Eu e Rooster estamos juntos, apoiando um ao outro. Ele me segura de uma depressão profunda e pensamentos intrusivos, eu tento colocar em sua mente quea culpa não é de Maverick mas ele não deixa o passado para trás–.
Ele permanecia calado. Meu desabafo quase não saia de minha garganta por tamanha avalanche de fatos que me enterraram em meio as areias do deserto, achando que me esqueceram.
– Não te culpo pela missão, você não me mandou lá por mal. Era o seu trabalho,eu cresci, me fortaleci e... luto todos os dias para não cometer algo contra minha vida –.
"No dia que eu te conheci, você me lembrava sua mãe. O arco íris após a tempestade".
Mamãe... eu não me lembrava mais dela, fui adotada por Charlie e Pete muito pequena, depois Carole foi minha tia, além de Sarah e Iceman, uma grande família que cresceu feliz em um círculo de amizades em meio ao luto e caos.
– Eu lembro quando você levava eu e o Rooster no parque perto da praia, depoisa gente tomava sorvete e a Sarah molhava a gente com a mangueira para tirar a areia – As lágrimas corriam livremente por meu rosto.
"Ame e lute, de todo seu coração, não deixe o passado te assombrar. Cuide-se quando ninguém mais puder".
A frase tocou em meu coração, me obrigando a respirar fundo e me recompor.
– Você sabia que eu era capaz de sobreviver, não é qualquer missão que vai me tirar de cena – Sorri, limpando meu rosto e logo ele segura minha mão, acenando positivamente com a cabeça, abrindo o sorriso que eu sentia saudadesde ver há décadas.
Nos levantamos e demos um último abraço de despedida. Demorado, caloroso e que eu precisava antes de vê-lo partir, sabíamos que seu tempo era pouco entre nós, porém aquilo não abalava o velho Almirante, mesmo surrado pelo câncer, mantinha postura e batia continência para a vida.
– Não revele para o tio Mav, mas eu me tornei uma pilota mais perigosa que ele, mas sabe que a figura é teimosa o suficiente para admitir – Lhe dei uma piscadelaque também tirou algumas risadas dele.
Logo nos despedimos, subi na garupa da moto de Pete, que permanecia calado ecom um sorriso em seus lábios.
– Que cara é essa? – Pergunto segurando em sua cintura enquanto ele acelerava.
– É a única que eu tenho – Ele me responde atingindo uma velocidade alta, porém ainda segura para nós, que estávamos sem capacete.
– Espero que tenha roupas de banho, vamos fazer uma dinâmica diferente hoje – Disse, eu logo estranho, aquilo não fazia parte do treinamento. Ou era o que eu achava.
E para meus queridos leitores, a foto mais emocionante entre Maverick e Iceman:
Os dois sempre lindos, o Val Kilmer nos anos 80, 90 era insuportavelmente lindo assim como o Tom Cruizeirinhor.
Beijinhos e beijinhos😘😘.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top