Capítulo 15
Pov: Atlas.
Estávamos apenas como ouvintes. Eu, Hangman, os almirantes e outros responsáveis. Todos estavam apavorados com as falas que se seguiram.
Todos eles haviam escapado do vale, agora a parte mais difícil era sobreviver aos ataques dos SAM's e ter iscas o suficiente para evitar que fossem explodidos no ar sem ao menos ter a chance de ejetar.
– Vai dar tudo certo, todos vão voltar para casa – Eu sussurrava com os olhos fechados, tentando não entrar em desespero ao ouvir todas as vozes pelo transmissor, onde estavam fugindo dos mísseis, lutando pelas suas vidas.
"Liberando iscas eletrônicas".
"Dagger um no apoio".
"Fala comigo, Bob".
"A direita, Phoenix".
"Rooster, mais dois na posição 6 horas".
"Payback, fumaça no seu nariz".
"Dagger quatro no apoio".
"Maverick, alvo sete horas"
"Já vi, já vi".
Escutávamos explosões entre cada frase, os sons de dezenas de disparos no ar, eles ofegantes, desesperados e nós aqui no porta-aviões, sem fazer nada até segunda ordem,
– Dagger dois no apoio – A voz de Rooster invadiu meus ouvidos, porém não fora acompanhado de disparos – Droga, acabaram as iscas –.
– Rooster, evasão, evasão – Maverick gritava.
– Eu não consigo me livrar deles, estão atrás de mim –.
Ouvimos mais alguns disparos, sinalizando que Mav lançou suas iscas para salvar o tenente. Minhas mãos apertavam a lateral de ferro do avião enquanto ouvia tudo isso, mas meu mundo caiu ao ouvir uma explosão mais intensa, com o som mais metálico e o fogo denso cortando o ar.
– O dagger um foi atingido! Repito, dagger um atingido. O Maverick foi derrubado – Phoenix anunciou e com a voz descrente que seu instrutor havia sido abatido.
O chão sob meus pés desabou, senti meu corpo dormente naquele momento. Um pesado silêncio tomou conta de meus ouvidos enquanto minhas mãos foram até minha boca para abafar um grito desesperado. Meu tio havia sido abatido. Morto.
Me mantive imóvel e controlando até minhas forças serem exauridas, sem perder a postura diante da missão. Ser espancada com um soco inglês seria mais ameno do que aquilo.
– Dagger reserva, solicito autorização para lançamento e cobertura aérea – Hangman pedia através do comunicador, sua solicitação fora negada.
Sem ao menos piscar, minhas lágrimas descem dolorosamente em minhas bochechas, ainda com as mãos na boca, em choque. Meu peito se contorcia violentamente de uma tristeza silenciosa, amarga e desesperadora. Eu sentia a divisão de minha alma e espírito tremerem.
– Vai ficar tudo bem – Fora a única coisa que consegui sussurrar, internamente eu berrava igual uma criança, desejando voar até onde meu tio estava e salvá-lo, não me importando se aquilo era insubordinação grave.
– Dagger reserva, solicito autorização para lançamento e cobertura aérea –
Os outros pilotos também estavam atras de Maverick, gritando por ele, a voz mais estridente era de Rooster, frenético. Assim como o dele, meu mundo morria ali.
Pov: Maverick.
Aos poucos, minha consciência voltava e meus olhos abriram, sendo contemplados por uma neve branca, a máscara de oxigênio me permita retomar a energia de meu corpo após o desmaio.
Território inimigo, sozinho, no meio da neve, mas não morto.
Contra o sol, eu ouço o barulho de um grande helicóptero se aproximando e logo o vendo por cima da copa das árvores. Rapidamente eu iniciei minha fuga, retirando a pesada paramentação que salvou minha vida durante a queda, correndo com muita dificuldade naquela neve macia.
O helicóptero me avistou, iniciando uma curva até onde eu estava fugindo, abrindo fogo pesado contra mim, por um milagre havia uma árvore caída e logo pulei atrás de seu tronco para me proteger dos disparos.
O inimigo fez a volta, me encurralando e eu via as metralhadoras se prepararem para descarregar suas munições em mim até que a aeronave explodiu, sendo atravessado por um disparo certeiro na cabine do piloto, em uma enorme bola de fogo e metais. Em meio a fumaça, um dos F-18 atravessou em alta velocidade, passado dois minutos sendo atingido por um míssil SAM's.
Algum piloto havia salvado a minha vida, o avião caiu bem na floresta a minha frente. Logo avistei o suposto piloto descendo de paraquedas em meio as árvores, assim eu começo a correr em direção ao local da queda, rezando para que a pessoa estivesse com vida.
A corrida fora longa entre as árvores, longos minutos até o local onde provavelmente haveria um corpo morto, ensanguentado e com o capacete rachado... assim como o corpo de Goose caiu no mar, com o sangue escorrendo de onde seu crânio havia sido esmagado.
Porém, logo a minha frente, vi o piloto apenas recolhendo seu paraquedas, sem nenhum ferimento, o que me fez correr ainda mais rápido até ele.
– Você está bem? – Berrei para ele que estava de costas para mim, logo o piloto se vira e fora Rooster quem havia arriscado minha vida para me salvar.
Pov: Rooster.
– Eu estou e você? – Maverick corria em minha direção, eu estava feliz por ele estar vivo e cogitei lhe dar um abraço, até que fui empurrado e caí na neve.
– Mas o que? Que isso? – Joguei meu capacete no chão e encarei a figura menor que eu, com certeza com muita raiva, ele também joga seu capacete no chão.
– O que você faz aqui? – Ele gritou e assim começamos a discutir.
– O que eu faço aqui? –.
– Você acha que eu deixei aquele míssil me derrubar para você ficar comigo aqui? Você deveria estar no porta-aviões agora! –.
– Eu salvei a sua vida – Eu também estava gritando com ele.
– Eu salvei a sua vida, esta é a questão aqui. E afinal no que você estava pensando? –.
– Você falou para eu não pensar! –.
Maverick fica sem o que me dizer após minha resposta, descrente que aquela frase de "não pense, apenas faça" fosse tão literal assim ao ponto desta situação toda acontecer. Ele ofegante, apoiou suas mãos nos joelhos respirando fundo após a maratona para me encontrar.
Agora, estávamos perdidos na porra de uma floresta, em território inimigo e todos acham que estamos mortos. Maravilha!
– Olha... É bom te ver – Finalmente mais calmo, o capitão deu um tapinha em meu ombro.
– É bom te ver também – Uma pequena pausa, com as mãos na cintura e tentando pensar al algo – Qual é o plano?.
Maverick me olha, engolindo em seco e balançando a cabeça, arqueando as sobrancelhas em um espanto sarcástico.
– Seu eu fosse você, começaria a pensar como vai explicar para a Natalie que você quase morreu para salvar minha vida, nem sabendo se eu estaria morto ou não – Ele sugeriu, com uma expressão leve, mesmo estando sério.
– Você acha que ela vai ficar brava comigo? –.
– No mínimo vai querer te estrangular e chamar você de "idiota" depois de quase afogar você de beijos... – Ele me respondeu num sorriso contigo, me dando uma piscadela.
Não deixei de sorrir também, imaginado ela toda chorosa depois de ouvir que eu e Maverick fomos abatidos, mas isso vamos deixar para depois. Respirei fundo e voltamos a seriedade do momento.
– Mas agora é sério, qual o plano? –.
Pov: Atlas.
Eu me mantinha imóvel naquele momento, todos os outros pilotos haviam retornado ao porta-aviões, todos eles saíram com expressões sérias no rosto. Eu e Hangman fomos ao encontro de todos. Os olhares se desviaram para mim, sabendo de meu estado após Maverick ser abatido... e Rooster também.
Cada um deles me abraçou apertado, minha atenção não estava focada naquilo, meus olhos vazios e ardendo após derramar algumas lágrimas e a maresia ser um complemento. Meu corpo parecia flutuar, com passos altos e o chão distante de meus pés, eu não havia perdido apenas dois pilotos, mas meu pai de coração e... meu futuro marido.
Minha mente alternava entre o desespero e uma fagulha de esperança e que só bastava esperar para que algo acontecesse. Eu sabia que eles estavam vivos, no fundo uma voz me dizia e pulava de alegria, mas como uma pequeninha chama, ela se apagava e soltava uma fumaça com fuligem.
(A partir daqui, leia ouvindo Hold My Hand – Lady Gaga)
Flashback.
Estávamos no meio de sua sala, abraçados com um jazz bem suave tocando, as luzes fracas das lamparinas deixavam o aspecto de iluminação por velas. Meus olhos estavam fechados e meus braços ao redor de seu pescoço, ele com os braços em minha cintura.
Nossos passos eram lentos, sua respiração era calma e deixava minha pele arrepiada. O vinho estava fazendo efeito, deixando meus pés voando, a cabeça nas nuvens e o coração sendo guiado pelo que meu corpo sentia.
Meus lábios deslizaram pelo pescoço de Bradley, acariciando seus cabelos com carinho, desfazendo seu penteado formal. Senti seu sorriso se formar, me apertando mais contra ele.
– Você não imagina quanto eu sonhei com esse dia – Sua voz saiu como um sussurro – Desde o momento que eu te vi no bar, não consegui pensar em muitas coisas que você não estivesse envolvida –.
– Quando coloquei meus olhos em você, sabia que minha vida não seria mais a mesma –.
– Ver você depois de todos aqueles anos... pensei "onde está aquela menina franzina, com os joelhos ralados e que morria de medo de chuva?" e me deparei com uma pessoa totalmente diferente –.
– Imagina quando aquele rapazinho bochechudo e bagunceiro apareceu para mim como um homem forte, maduro e... de tirar o folego, senti novamente aquela paixonite de quando éramos adolescentes – Eu ri ao me lembrar do passado.
– Nunca fomos apenas irmãos, né? – Ele soltou um pouco o abraço, deixando seu rosto perto do meu, eu apenas neguei com a cabeça.
– Quando voltarmos da missão, quero me casar com você, ter filhos, viajar e nunca mais passar nenhum segundo longe de ti – Logo ele me beija, mordendo levemente meu lábio inferior, sabendo que aquilo era meu ponto fraco.
– Almirante Natalie Bradshaw Bravo... achei imponente – Sorri meio atordoada pelo vinho, acariciando seu rosto.
– Minha esposa, é até harmonioso te chamar de minha esposa –.
– Meu marido... Meu marido – Balbuciei, delirando em planos palpáveis.
Nos beijamos mais uma vez, explorando ambos os corpos com as mãos e lábios, ainda dançando nossa trilha sonora do nosso próprio filme, perdendo o fôlego e o mundo ao nosso redor.
Fim do flashback.
– Atenção Dagger reserva, retornar ao posto, solicitação de cobertura aérea autorizada – Os autofalantes me tiraram das lembranças e agora acendendo uma chama mais forte em meu peito, logo eu e Hangman corremos até o avião e em poucos minutos sendo lançados aos ares.
Hangman recebia as coordenadas, sendo informado que Rooster e Maverick estavam supersônicos, num caça F-14 Tomcat.
– O F-14 mais recente tem mais de quarenta anos. Isto não é uma falha no sistema? – Hangman colocou sua máscara, olhando em volta em meio a imensidão azul.
– Maverick abateu três Migs em um F-14. Isso não é uma falha, pode apostar –.
Eu também olhava em volta, o gigantesco mar me plantava um sentimento de pequenez que me esmagava, até mesmo ao ver um rastro da fumaça que subia e quase se dissipava. Eles estavam lá em cima.
– Hangman, estão em cima de nós, meio-dia, meio dia – Lhe comuniquei e logo ele fora subindo o avião em direção ao sol, podíamos ver um caça de quinta geração atrás do lendário F-14.
– Atlas, prepara o laser – Hangman grita e assim eu o preparo, rapidamente ouvimos o som da mira, fazendo assim com que Hagman atirasse e explodisse o avião inimigo.
Não contive minha comemoração, começo a pular na traseira do avião, rindo alto e deixando aquele peso sair de meus ombros, dando espaço para a leveza tomar conta de meu ser.
Atravessamos a fumaça em direção ao F-14. Fazendo, mesmo espontaneamente, uma entrada triunfal.
– Boa tarde, senhoras e senhores, aqui quem vos fala é o seu salvador. Por favor, afivelem os cintos, mantenham as suas mesas fechadas e travadas e preparem-se para o pouso – Hangman disse através do rádio, conseguimos escutar a risada de Rooster, aquela mesma risada que alegrava todos os meus dias.
Logo nossos aviões estavam lado a lado.
– Hangman! Você está ótimo – A voz do tenente estava feliz em vê-lo.
– Eu sou ótimo, Rooster. Ótimo demais – Sempre orgulhoso.
– Bradley! Maverick! – Eu os chamei, com as duas mãos no cockpit e saltitante de felicidade.
– Oi, meu amor. Eu te prometi que iria voltar – Rooster fez um coração com as duas mãos e o capitão sorriu conosco.
– Vejo vocês no porta-aviões – Meu piloto fez a curva e logo pousamos.
O avião deles fora peso com a rede de contenção, após terem perdido o motor e estarem sem uma das rodas. Pousaram com sucesso, fazendo todos correrem em direção a eles, os recebendo em grande comemoração, aplauso, abraços e gritos de felicidade.
– Realizou mais um abate – Rooster dizia para Hangman.
– Agora são dois – Respondia ele.
– O Maverick fez cindo, o que faz dele um Ás – Phoenix complementava, mostrando em poucas palavras que Mitchell era uma lenda viva.
– Capitão Mitchell, capitão Mitchell , senhor – Rooster chamava o piloto, cercado de todos ali.
O mais velho logo o puxou para um abraço apertado, havia cumprido a promessa feito para seu melhor amigo há anos, agora Bradley integrante da única família que ele tinha.
– Obrigado por salvar a minha vida – O capitão lhe agradece, com o coração curado.
– É o que meu pai teria feito –.
Eu corri no meio da multidão, abrindo caminho entre as pessoas até chegar a eles. Meu coração disparado, gritando de alegria e me jogando nos braços dos dois que me abraçaram ao mesmo tempo. Meus braços os apertaram, como se fossem escapar de mim a qualquer momento.
– Achei que tinha perdido vocês dois – Finalmente eu chorava mais abertamente, com as bochechas doendo de tanto sorrir e meu ar quase faltando em meus pulmões.
– Você sempre foi a principal razão para voltarmos – Maverick beijou minha bochecha em emoção.
– Nunca abandonaríamos a nossa garota – Rooster desta vez acariciava meu rosto e fazendo nosso mundinho ficar em silêncio.
Logo todos os pilotos se juntaram ao nosso redor, com um abraço coletivo que nos fez cair no chão entre risos altos de felicidade. Todos vivos, salvos e heróis. Aquela felicidade transbordava em cada um de nós, que havíamos passado pelo inferno e retornado para casa.
Os almirantes também comemoravam do alto do centro de comunicações, a partir dali muitas coisas na minha vida e na de Maverick estavam carimbadas a progredir.
Gente, em minha defesa, eu não escrevi a cena do retorno deles por que era quase uma hora da manhã e eu queria experimentar o luto na Natalie. Mesmo que a cena seja muito foda, já peço desculpa KKKKKKKKKKKKKK.
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