Joe Strummer #1

Este é o pedido da minha querida amiga alitaVox e espero que você gosteeee <3 <3 <3 Aviso: tema polêmico abordado - aborto.

✨ 𝐘𝐨𝐮 𝐒𝐚𝐲 𝐘𝐨𝐮 𝐖𝐚𝐧𝐧𝐚 𝐚 𝐑𝐞𝐯𝐨𝐥𝐮𝐭𝐢𝐨𝐧 ✨

Era 1973. Finalmente um pouco de ação estava prestes a acontecer na pacata cidade de Newport!

Os alunos da universidade se reuniram e planejaram um protesto a favor da legalização do aborto. Você, é claro, estaria no meio, feminista ferrenha que era, sempre disposta a lutar pelos direitos das mulheres.

Acontece que o aborto já era legalizado na Inglaterra, porém, a população de Newport era tão conservadora e mente fechada que não aceitavam que o procedimento fosse feito nas clínicas do local e viviam arranjando encrenca com mulheres que abortassem. Aquele protesto seria mais uma das tentativa de acabar com isso...

Tudo havia sido muito bem planejado. Na verdade, o protesto dos estudantes aconteceria no mesmo dia que uma passeata que os religiosos fanáticos estavam organizando justamente para que o aborto fosse proibido novamente na Inglaterra.

Finalmente chegou o dia combinado. Você havia preparado um imenso cartaz com os dizeres "Meu corpo, minhas regras! Aborto é um direito!" e estava prontinha para passar o dia todo, se fosse necessário, protestando. Não seria a primeira vez... 

Bem, você chegou à praça central, onde vários outros jovens estudantes já se encontravam com seus próprios cartazes e folhetos, aquela ansiedade crescente. Você viu vários rostos conhecidos e cumprimentou amigos. Estava um frio, uma ventania do início do outono, mas aquilo não os impediria, ainda mais sabendo que a menos de duas quadras dali um grupo de conservadores gritava que aborto era assassinato...

Porém, enquanto você olhava em volta, uma rajada forte de vento te transpassou e seu cartaz, que você segurava frouxamente, saiu voando. Você soltou uma exclamação e tentou pegá-lo, mas o vento estava bem forte.

De repente, uma mão ergueu-se e deteve a cartolina voadora... A mão estava grudada a um braço comprido pertencente a um rapaz não muito alto, mas mais alto que você, muito bonito, com um cabelo comprido e ondulado que se esvoaçava no vento. Ele te viu se aproximando e sorriu, te estendendo o cartaz.

-- Aqui está, cuidado para ele não levantar voo de novo... -- O moço comentou no momento em que você pegou o papel nas próprias mãos, sorrindo um pouco sem graça para ele.

-- Muito obrigada... 

-- Imagina... -- Ele respondeu, tragando o cigarro que ele trazia na outra mão. Ele percebeu que você inspecionava um pedaço amassado de seu cartaz. -- Me desculpa, acho que acabei amassando um pouquinho a folha na hora de segurar...

-- Tudo bem, pelo menos você conseguiu recuperar meu cartaz para mim... -- Você sorriu mais uma vez para ele, que retribuiu. Ele possuía olhos um tanto quanto tristes, mas de uma maneira terna, e você sentiu uma imensa vontade de abraçá-lo, o que, claro, você conteve. Não era muito comum sair abraçando estranhos por ai... -- Bem, acho que o protesto vai começar... Obrigada, mais uma vez...

-- Tudo bem... Nos vemos por aí... -- Ele respondeu, fazendo um maneio curto com a cabeça. Você continuava a sorrir, sentindo-se nervosa. Então, devolvendo o balancinho de cabeça, você deu as costas e se afastou daquele rapaz misterioso.

Quem poderia ser ele? Você nunca o havia visto! Era claramente um jovem, mas... Você nuca o vira na universidade! Aquilo te deixou intrigada... Porém, não havia tempo para pensar nisso! O protesto realmente havia começado!

Você se colocou bem na linha de frente, erguendo seu cartaz o mais alto que podia em meio aos seus colegas, gritando as linhas das manifestações enquanto marchavam pela rua. Foi lindo de se ver, todos aqueles jovens unidos à favor dos direitos das mulheres!

O que você não percebeu é que o rapaz misterioso seguia algumas fileiras atrás, um pouco mais quieto no cantinho da fileira de pessoas, o cigarro queimando entre os lábios.

Estava tudo indo bem, algumas pessoas saíam nas sacadas para observar o protesto, mas ninguém parecia disposto a interferir, nem positiva nem negativamente. Até que vocês encontraram de frente o grupo que protestava contra o aborto... 

A maioria das pessoas do outro grupo já eram mais velhas, na faixa dos 50 anos, mas, diferente de vocês, jovens, não pareciam muito dispostos a resolver o problema na base da fala, mas, sim, através da violência.

Começou um tumulto, era gente empurrando gente, socos desferidos por todos os lados... Você estava um pouco perdida, até que trombou com um homem grandalhão de mais ou menos uns 45 anos. Ele carregava um crucifixo de madeira numa das mãos e possuía os olhos alucinados.

-- Vocês são um bando de assassinos sem vergonha! -- Ele gritou bem na sua cara. Você empertigou-se, tomada pela fúria.

-- E vocês são uns bastardos hipócritas! Não estão nem aí para a vida das mulheres! -- Você gritou em resposta, estufando o peito e olhando furiosamente para o homem, que rangia os dentes.

-- Vocês vão todos para o inferno! -- O homem deu um passo ameaçador na sua direção. Você ficou um pouco assustada e recuou, mas não queria parecer que estava com medo, não de uma pessoa como aquela!

-- Pois então, nos vemos lá! -- Você respondeu, rugindo de fúria. A próxima coisa que você viu foi uma imensa mão se erguendo pronta para desferir um tapa em seu rosto, o que te fez se encolher. Coragem também tinha um limite...

Porém, para a sua surpresa, o tapa não veio. Um braço comprido traspassou ao lado de sua cabeça e agarrou com força o punho que estava prestes a descer em sua direção. Assustada, com o coração acelerado, você olhou para o lado e viu o rosto distorcido pelo ódio do mesmo rapaz calmo que havia pegado o seu cartaz voador momentos antes.

-- Não se atreva a encostar um dedo na garota! -- O moço disse entredentes, os olhos arregalados de fúrias voltados diretamente para os do grandalhão, um pouco assustado.

Os dois se encaram em silêncio por um momento, ambos enraivecidos, olhos arregalados e narinas bufantes. Você percebeu que o rapaz continuava a despender uma força enorme contra o punho do mais velho, até que este grunhiu e puxou o braço para livrar-se da mão do rapaz.

-- Se manda daqui! -- O garoto literalmente gritou.

-- Garoto insolente! -- O homem praguejou, dando mais uma olhada feia para vocês dois antes de dar as costas e sair.

Você ainda estava ofegante, espantada, o coração tão acelerado que parecia querer rasgar o peito.

-- Você está bem? -- O moço perguntou, te olhando de forma preocupada. O cabelo dele caía na frente da face, concedendo-o uma imagem um pouco rebelde. Você apenas assentiu, os olhos ainda arregalados. -- Ele te machucou?

-- Não... Não... -- Você respondeu, a voz soando meio vaga. Você balançou a cabeça para se concentrar. -- Não, não, eu estou bem... Só pensei que fosse levar um tapa...

-- Filho da puta desgraçado... -- O rapaz murmurou, cuspindo as palavras na direção em que o grandalhão havia desaparecido entre a multidão. Ele voltou a te olhar e segurou sua mão com suavidade. -- Vem, vamos sair dessa muvuca...

Então, dizendo isso, ele te puxou para um lugar mais vazio, perto de uma árvore. Finalmente você estava conseguindo respirar direito. 

-- Muito obrigada, mais uma vez... 

-- Não precisa me agradecer... Vi aquele imbecil crescendo para cima de você e, quando vi a mão dele erguida no ar... -- Ele balançou a cabeça, parecendo estar sendo tomado por mais um acesso de fúria. Você percebeu que ele ainda segurava a sua mão e apertou levemente a palma dele. 

-- Já está tudo bem... Ele foi para lá... Eu estou bem... -- Você garantiu. O moço olhou para você e suspirou, tentando se acalmar. Seus olhares se encontraram por um momento e você reparou novamente naquela ternura triste das íris dele. Você curvou um pouco a cabeça para o lado e franziu as sobrancelhas. -- Quem é você? Acho que nunca te vi... Está na faculdade?

-- Não... Acabei de me mudar para cá... Meu nome é John, mas pode me chamar de Joe... 

-- Ah, sim... Sou S/N... -- Você sorriu para ele, que retribuiu, apertando sua mão mais uma vez antes de soltá-la com um leve rubor nas bochechas. Você olhou em volta e percebeu que ainda estava uma loucura aquela multidão toda. -- Quer sair daqui? Como você é novo na cidade, ainda não deve conhecer quase nada... E se eu te apresentar o melhor pub de todos?

-- Essa é uma ótima ideia... -- Joe respondeu, pegando um cigarro do bolso e o acendendo antes de colocá-lo entre os lábios curvados para cima num pequeno sorriso tímido.

Então, você o guiou pelas ruas acinzentadas, cruzando travessas e virando esquinas, até que encontrou a placa antiga e desgastada do Yellow Horse Pub. Como ainda era de tarde e o sol não havia se posto, o pub estava bem vazio, então, vocês não tiveram nenhuma dificuldade para encontrar uma mesa vazia.

Enquanto bebiam seus pints, conversaram para tentar se conhecer melhor. 

-- Então quer dizer que você nasceu na Turquia? Que incrível! -- Você comentou, impressionada com aquela informação que ele havia acabado de fornecer. -- E o que está fazendo aqui em Newport?

-- Ah, minha família sempre se mudou muito, mas já faz um bom tempo que nos mudamos de vez para a Inglaterra... -- Ele contou, olhando para o próprio copo de cerveja, como se do nada houvesse se perdido em pensamentos profundos. -- Decidi me mudar para cá depois do... -- Ele fez uma pausa, fechando os olhos. -- Da morte do meu irmão... Não podia mais ficar em Surrey...

Você sentiu as palavras dele te afetando como bofetadas e logo um aperto no peito tomou conta de você.

-- Eu sinto muito... -- Você falou, a voz traindo a dor que você estava sentindo por ele. Joe ergueu os olhos para você e dava para ver que estavam brilhantes por conta das lágrimas presas que queriam escapar. Ele balançou a cabeça e abriu um sorrisinho.

-- Tudo bem, já fazem quase três anos... -- Ele pigarreou, tentando retomar a compostura, bebendo um grande gole de cerveja. -- Vivi o máximo que pude em Surrey depois disso, mas não estava mais conseguindo... Agora cá estou eu, sozinho, à procura de uma banda...

-- Uma banda? Você toca? -- Você perguntou, contente por ele ter tocado num assunto mais leve. Ele abaixou os olhos um pouco sem graça.

-- Bem, toco guitarra... Gosto muito de rock... -- Ele respondeu, sorrindo mais uma vez. 

-- Que legal! Sabe, várias bandas se apresentam aqui no pub, quem sabe se você conversar com o gerente e pedir para ele te apresentar... -- Você fez um gesto com os ombros, dando a ideia. Joe te fitou de forma pensativa.

-- É uma ótima ideia, S/N... -- Ele comentou, balançando a cabeça. -- Quem sabe ele não deixa que eu me apresente...

-- Exatamente! -- Você respondeu, empolgada por ele. Seus olhares se encontraram mais uma vez e vocês trocaram um sorrisinho, antes que ele voltasse a encarar o copo de cerveja, as bochechas um pouco coradas. -- E, só para você saber, você não está sozinho aqui em Newport, ok? Pode sempre me procurar quando precisar, afinal, arrisco a dizer que já somos amigos, não?

-- Com certeza... Obrigado, S/N... -- Ele agradeceu com a voz tranquila.

-- Imagina, é o mínimo que posso fazer depois de você ter me salvado de levar um bofetão na cara... 

-- Nem fale sobre isso, só de me lembrar daquele sujeito eu já sinto meu sangue ferver... -- Ele respirou fundo, bebendo novamente, arrancando uma risadinha sua. Ele era um fofo, você não podia deixar de notar.

Depois, vocês ficaram mais um tempão conversando. Você contou a ele sobre a faculdade e sobre a organização do protesto, que levou mais de uma semana para ser feita. Ele comentou que te admirava muito por ser tão ativa na luta pelas causas feministas e que ele próprio tinha vontade de se aprofundar mais nisso. 

O papo de vocês foi maravilhoso e, quando saíram do estabelecimento, já estava bem escuro.

-- Acho que vou para casa... -- Você comentou, um pouco apreensiva, olhando para a rua vazia na direção que você deveria tomar.

-- Eu te acompanho!

-- Não, não... Não se preocupe, eu chego lá em dez minutos, é tranquilo, não precisa se incomodar! -- Você se apressou em dizer, envergonhada.

-- Bem, se você não me deixar te acompanhar, eu vou te seguindo mesmo assim... -- Ele deu de ombros de forma despreocupada, te fazendo rir e revirar os olhos. -- Preciso saber se você chegará bem...

-- Ok, então... Se não for te atrapalhar...

-- De forma alguma! -- Ele respondeu, sorrindo para você.

Então, naquela noite fria e sem lua, Joe te acompanhou pelas ruas mal iluminadas de Newport até a frente de sua casa. No caminho, continuaram a conversa que não terminou no pub. Joe te fazia rir e vice versa. Você sabia que ainda teriam uma longa amizade pela frente, mas... E se fossem mais do que apenas amigos? 

Tal ideia te deixou com um frio na barriga.

Pararam diante de sua casa. Joe observou enquanto você retirava a chave da bolsa para destrancar a porta. Ele trazia as mãos no bolso e tremia um pouco por conta do frio.

-- Obrigada mais uma vez por ter me acompanhado... -- Você comentou, se aproximando dele na calçada. 

-- Não precisa me agradecer, de verdade... -- Ele respondeu, sorrindo, olhando para os próprios pés. 

Você não sabia o que fazer... Deu mais um passo na direção dele, parando a apenas alguns poucos centímetros de distância. Esticou a mão e pegou a dele. Nesse momento, ele ergueu os olhos para os seus, a boca entreaberta soltando suaves lufadas de ar. Você estava confusa, mas percebeu que ele também estava. Então, bem suavemente, você pendeu na direção dele e apenas roçou os lábios nos dele. Joe subiu uma mão até seu pescoço e segurou sua nuca com muito cuidado, aprofundando o beijo.

Quando se soltaram, ficaram se olhando com sorrisos tímidos no rosto. 

-- Boa noite, S/N... -- Joe sussurrou, dando um último apertão em sua mão antes de soltá-la.

-- Boa noite, Joe... -- Você respondeu, mordendo o próprio lábio inferior, contendo um sorriso, vendo-o te dar uma última piscadela antes de se virar para seguir o caminho dele pela rua.

Ele, é claro, te deu uma última olhada por cima do ombro e aquele simples gesto te deu a certeza de que você precisava: a história de vocês dois estava apenas começando...


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Eeeeei, galera, tudo bem? Velho do céu, tô desde cedo pra acabar esse imagine mas precisei fazer tanta coisa que ele só ficou pronto agora!! Espero que gosteeeeem <3 Mandie, sei que não foi bem o que você me pediu, mas espero de coração que tenha ficado legal para você!!! Enfim, galera, quem sabe não atualizo mais um capítulo ainda hoje? Enfim, é issoooo, até a próximaaaaa, beijooooos <3 <3 <3

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