𝟒. 𝑱𝒖𝒔𝒕𝒂𝒔 [𝒑𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒅𝒐𝒊𝒔]
IMAGINE 3 | PARTE 2
JUSTAS
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MORTICIA DE L'ENFER
Eu não havia ido até o centro do reino com meus pais. Na verdade, fique esperando por Lancelot para que fossemos juntos. Para que eu pudesse falar a sós com ele antes que qualquer impedimento aparecesse.
Lancelot havia demorado para colocar a pesada armadura brilhante, a que deixava com aparência de um príncipe encantado que eu sabia que ele não era. Quando finalmente apareceu, Goliath, seu cavalo negro e assustador, já estava pronto.
Já estávamos em cima da hora para descer até onde o Justas aconteceria. Lancelot montou em Goliath, logo em seguida me estendendo a mão para que eu subisse também, entretanto, indo em sua frente, visto que assim ele achava mais seguro.
— Não precisava ter me esperado — disse ele, cruzando os portões que foram abertos para passarmos. — Está atrasada para o início do duelo. Não iria atirar a primeira flecha?
— Depois de eu acertar, sem querer, o vaso de minha mãe? Meu pai achou melhor eu ficar longe do arco e flecha.
— Uma sábia decisão — disse ele, me fazendo jogar a cabeça para trás em seu ombro. — Sinto lhe tensa. Está com medo?
Suspirei, me aconchegando em seu peito, mesmo com a armadura.
— Com medo de você se machucar? — perguntei. — Tenho dó de seu adversário, ele sim precisará de curandeiros. Mas com medo de você perder? Estou apavorada.
Lancelot, sem voltar da cela, passou a mão sobre minha barriga, fazendo uma leve pressão que me tranquilizou. Ele tinha um sorriso leve em seu rosto quando olhou para mim, os olhos claros fixos aos meus.
— O torneio já está acontecendo desde manhã — disse ele, me deixando confusa. — Os cavaleiros mais novos duelaram até restar os três melhores. Dois deles vão se enfrentar ainda mais uma vez, enquanto eu enfrentarei o outro. No final, veremos quais os vitoriosos para o desempate.
— Então você, como já é o melhor, só está indo para a luta final? — acusei, fingindo surpresa.
— É você quem está dizendo que sou o melhor cavaleiro, Morticia — provocou, fingindo inocência. — De qualquer maneira, somente o melhor para a princesa.
Conforme chegamos ao local do duelo, o reino todo já estava em torno da arena. Meus pais estavam em uma tenda montada mais ao alto, onde era possível ver o duelo com clareza.
Lancelot desceu de Goliath, logo me levantando para me por no chão. Seu cavalo logo foi levado pelos homens de meu pai para terminar de ser preparado para a luta. Lancelot também já era chamado para terminar de por o restante da armadura prateada.
— Enfrentarei Sir. Bentley agora — disse Lancelot a mim.
— Quem é esse? — perguntei, na verdade sem ter interesse algum.
— É de um reino distante — explicou. — Filho de um duque, ao que entendi. Vinte anos mais velho que você.
A careta que fiz foi automática, Lancelot rindo de minha expressão.
— Por favor, ganhe, Lancelot — implorei. — Ele tem quase idade para ser meu tio.
— Pela sua honra, princesa.
Com isso ele se afastou. Guardas me escoltaram até a tenda em que meus pais estavam. Três tronos foram dispostos na ponta, o do meio e maior sendo o de meu pai, o da direita da minha mãe. Ocupei o trono vazio ao lado de meu pai.
— Como Lancelot está, Morticia? — perguntou meu pai.
— Confiante que irá vencer pela minha honra — respondi.
— Já imaginou caso ele vença o duelo? — o encarei, esperando que continuasse. — Ele teria todo o direito de lhe beijar e pedida em casamento.
Esses foram os detalhes que bloqueei ao tentar imaginar. Talvez eu estivesse tão desesperada para encontrar alguém em que eu confiasse a minha vida e não fosse desconhecido, que nem imaginei no prêmio que seria concedido ao meu campeão.
— Lancelot é um bom garoto, filha — disse ele. — Ele a protege bem mais do que apenas um guardião. Sabe disso, não é?
— Sei — sussurrei, perdida em pensamentos. — Eu sei sim.
Em questão de minutos, soavam a ordem para que o duelo entre Lancelot e Sir, Bentley começasse. Visto que os dois cavalos e cavaleiros estavam prontos, meu pai deu a ordem.
Goliath correu em trotes rápidos e raivosos em direção a Sir. Bentley. Para que fosse dada a vitória, não somente o cavaleiro deveria cair ao chão, mas sua lança também deveria ser destruída.
Quando as lanças, preta e roxa, chegaram a centímetros de distância, Lancelot a acertou em Sir. Bentley com precisão e rapidez, a do cavaleiro mais velho sendo destruída ao atingir o escudo de minha casa. Logo, o homem foi ao chão.
Gritos do meu povo soaram no ar, alguns xingamentos por parte dos que torciam e acompanhavam Sir. Bentley. Meu sorriso foi enorme e instantâneo quando vi ganhar. Lá de baixo, retornando Goliath ao campo vazio de espera, Lancelot tirou o capacete da armadura e buscou meu olhar, sorrindo convencido. Eu falei que ganharia, foi o que pareceu dizer.
Ouvi meu pai dizer a minha mãe que dois cavaleiros mais novos disputariam a seguir, somente depois seria o duelo final entre Lancelot e o vencedor anterior.
Vi isso como uma breve deixa para poder fugir dali e me encontrar com Lancelot. Eu precisava falar sobre seu prêmio, sobre o que eu pensava sobre o que estava prestes a acontecer.
— Lancelot — gritei seu nome, ele se levantando rapidamente de onde estava sentado, aguardando ser chamado.
— Não deveria estar aqui — disse ele, mesmo sorrindo. — Deveria estar assistindo aos duelos com seus pais.
— Eu já assisti o único duelo que me importava — afirmei. — Você venceu.
— Ainda não — negou. — Entre os dois que estão se encarrando agora, Milo Grannus, do reino ao lado, é quem vencerá. Ele está bem mais preparado do que o outro.
— Mais preparado do que você? — perguntei, trazendo seu rosto a mim. — Eu não tinha pensado antes, mas caso você vença...
— Eu já sei, princesa — me interrompeu. — Não requisite o prêmio.
— O quê? — sussurrei, confusa. — Não! Não é isso, Lancelot, eu ia falar que...
Mas nunca consegui concluir minha frase. Lancelot só me encarou e sorriu triste uma última vez antes de se dirigir novamente a seu cavalo, colocando o capacete e pegando a lança e escudo que lhe era entregado.
Não me importei de subir a tenda real, fiquei ali embaixo, atrás do povo que felizmente não notou minha presença. Lancelot estava certo, quem ele enfrentava agora era Milo Grannus.
Nem precisei assistir para saber que ele ganhou, os gritos emocionantes e alto do meu povo já denunciaram isso. E meu campeão nunca chegou a vir me exigir seus prêmios, assim como prometera.
Idiota pretencioso, o amaldiçoei. Mal sabia Lancelot que eu queria que ele me beijasse tanto quando queria que me pedisse em casamento.
✥
Naquela noite, não desci para o jantar. Nem mesmo com as ordens de minha mãe para que comemorássemos a vitória de Lancelot no Justas. Para mim, uma vitória sem prêmio não era uma vitória verdadeira.
As portas da minha varanda estavam abertas, permitindo que a brisa fria entrasse conforme a Lua tomava sua mais alta posição no céu. Entretanto, mesmo com as estrelas e o escuro, eu estava sem sono, minha mente trabalhando a mil por hora enquanto pensava em uma maneira de acalmar a faísca de raiva dentro de mim.
Várias velas foram acessas ao meu entorno, possibilitando assim, enquanto eu estava deitada em minha cama, que eu leve a pilha de livros que peguei na biblioteca do castelo.
Nas últimas páginas de um dos livros em que o príncipe encantado era um idiota pretencioso, ouvi batidas suaves na porta. Não me incomodei em me arrumar, mando assim fosse quem quisesse entrar.
As mechas encaracoladas e loiras foram o que primeiro notei, depois as roupas limpas, não mais a armadura de prata. Lancelot fechou a porta assim que entrou, logo se apoiando na parede ao lado e cruzando os braços.
— Sua mãe disse que estava chateada aqui — disse ele, tentando começar o assunto. — Qual o problema?
— Problema nenhum — respondi, mal tirando os olhos do meu livro.
— Está irritada comigo — deduziu pelo meu tom frio.
— Não estou irritada com você — afirmei, mentindo.
Lancelot não perdeu tempo, caminhando em direção a cama e se sentando a minha frente. Ele tirou o livro de minhas mãos com delicadeza, não querendo ser súbito.
— Diga o que eu lhe fiz — pediu. — Para que assim eu possa me redimir.
— Pelo contrário, você não fez nada — respondi, assistindo-o franzir o cenho. — Qual o seu problema? Qualquer cara desse e de outros reinos mataria para poder se casar comigo.
— Então é por isso? Está brava porque não lhe beijei hoje?
— Sim! Exatamente por isso — revelei, perdendo a calma. — Eu estou chateada porque você não me beijou e nem me pediu em casamento. Primeiro você flerta comigo e tenta me beijar, como naquela vez do jardim. Depois age como um príncipe perfeito e diz que está respeitando meus limites.
— Morticia — me chamou, fazendo-me parar de falar. — Já percebeu que eu fui um príncipe? Que não tenho nada a lhe oferecer materialmente?
Assenti, esperando que chegasse ao seu ponto.
— E que hoje, a única família que tenho é você? Que para mim você significa o mundo? — perguntou, exasperando. — Sem você, eu não conseguiria viver, Morticia. Percebe até onde o que eu sinto por você vai?
Travei minha respiração, somente conseguindo assentir para cada uma de suas perguntas urgentes por uma resposta. Lancelot, ao notar minha reação, aproximou seus lábios de minha bochecha, plantando ali um suave e doce beijo.
— Que bom que sabe — sussurrou, um sorriso se formando. — Então vamos nos casar.
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20.10.20
𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:
Aqui mais um capítulo criado da minha imaginação, mas já é o começo para o imagine pedido a mim para falar do casamento deles. Aqui está o começo de tudo.
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[Próximo imagine: Até que a morte
nos separe]
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