𝟐. 𝑻𝒆𝒂𝒄𝒉 𝒎𝒆 𝒉𝒐𝒘 𝒕𝒐 𝒔𝒉𝒐𝒐𝒕

IMAGINE TWO
ME ENSINE A ATIRAR

I was choking in the
crowd; Falling like ashes
to the ground; Hoping
my feelings, they
would drown

MORTICIA DE L'ENFER

               Da sacada me meu quarto, eu assistia Lancelot treinar nos jardins atrás do castelo. Eu via como ele balançava e atacava com a espada com maestria, como se fizesse aquilo desde que nasceu.

O livro em minhas mãos já não tinha mais tanto interesse do que assisti-lo treinar, apenas alguns metros abaixo de mim. Ninguém usava aquela parte dos jardins, era mais um lugar que poucos sabiam, onde apenas eu e a quem eu contasse poderia ter paz.

Perdida em meus pensamentos, não notei quando Lancelot me encarava sorrindo, me pegando ao olhar para ele fixamente por longos minutos. Tentei disfarçar, voltando a encarar as palavras que não mais faziam sentido em meu livro. Mas ele já tinha me pegado no flagra, agora eu teria que aguentá-lo se gabando mais tarde.

Notei que Lancelot ainda me encarava de longe, pedindo silenciosamente para que eu descesse até ele. Fechei o livro em meu colo, me levantando na manta estendida no chão e indo em direção a porta do meu quarto.

Cortei caminho pela cozinha, cumprimentando alguns cozinheiros e servos que me davam bom dia. Eu era educada, e não era por eu ser a princesa que eu os ignoraria. A saída lateral do castelo só me fez andar mais alguns metros a frente, cruzando os pinheiros conforme eu entrava no jardim abaixo da minha varanda.

— Achei que nunca viria — disse Lancelot, sorrindo ao me ver pessoalmente.

— Eu nunca te privaria da minha beleza — respondi.

— Sua beleza, princesa? Quem não parava de me encarar era você lá de cima.

— Detalhes, detalhes — debochei. — Já está terminando? Eu queria ir até a livraria do reino.

— Vá à biblioteca do palácio — sugeriu. — Há vários livros lá que você nunca leu.

— São todos de política — reclamei. — Tediosos.

Lancelot suspirou, dando-se por vencido.

— Tudo bem. Sairei com você em uma hora.

Sorri, animada.

Vi quando ele voltou a pegar a espada, colocando-se em posição de ataque. De trás, vi o arco e flecha que não estava sendo utilizado. Mas eu já havia visto Lancelot usá-lo, e ele nunca errava seu alvo. Lancelot em si era uma arma mortal, com armas ou sem.

Lancelot largou a espada quando me viu pegar o arco e flecha. Ele me observou enquanto eu estudava o instrumento.

— Quero que me ensine a atirar — mandei, apontando o arco.

Meu guardião me encarou descrente, como se esperasse que eu desistisse e falasse que era uma brincadeira.

— Esqueça, Morticia — pediu. — Seu pai vai me matar se souber que eu lhe ensinei a usar uma arma.

— Meu pai não vai descobrir — afirmei. — Ele e minha mão nunca vêm a esse jardim. Além disso, meu pai quer que eu lance a primeira flecha no Justas e eu não quero passar vergonha ao nem saber como encaixar a flecha.

Me aproximei de Lancelot, ele nem se movendo um centímetro. Joguei meus braços sobre seus ombros, colando nossos corpos. Lancelot jogou a cabeça para trás, como se me encarasse em busca de forças para negar meu pedido.

— Por favor — implorei. — Eu nunca te peço nada.

— Nunca? — repetiu, incrédulo. — Morticia, você acabou de me pedir para acompanhá-la até o centro do reino. Semana passada me pediu para ir até a cozinha atrás de seus biscoitos porque estava com preguiça de andar. E antes disso, me pediu para convencer seu pai de que era seguro para você ir numa caçada conosco.

— Eu te peço algumas coisinhas simples — disfarcei. — Nada demais. Mas por favor, Lancelot. Eu faço o que você quiser.

— Qualquer coisa? — perguntou, um sorriso arrogante e pretencioso surgindo em seus lábios.

Revirei os olhos, acertando seu peito com a minha mãe.

— Menos isso, seu pervertido — exclamei, indignada.

— Sabe que eu sei quando está mentindo, não é, Morticia? — perguntou ele, me fazendo assenti. Lancelot se inclinou sobre mim, ficando perto do meu ouvido ao sussurrar: — Eu sei que você quer o mesmo que eu quero.

Pisquei repetidas vezes, assimilando o que ele dissera. De acordo com a minha mãe, ela via que tinha algo acontecendo entre mim e Lancelot, por mais que eu negasse. Entretanto, eu sabia que meu pai havia conversado com meu guardião — ou melhor, ameaçado — caso ele fizesse algo que me machucasse.

Mas Lancelot du Lac nunca faria tal coisa comigo, eu sabia disso. Do mesmo jeito que eu nunca conseguiria machucá-lo, ele era incapaz de fazer qualquer coisa que me ferisse.

Lancelot sorriu convencido, percebendo o efeito que suas palavras me causaram. Ele se afastou de mim o suficiente para pegar o arco e colocá-lo em minhas mãos. Sai de meus pensamentos, tentando prestar atenção no que ele estava prestes a me ensinar.

Ele pegou uma das flechas da aljava, colocando-a em minha mão, na posição para atirar. Lancelot se posicionou atrás de mim, uma mão se mantendo em minha cintura e a outra na flecha, me guiando. Puxei a corda ao ponto de criar pressão, mas não o suficiente para estourá-la.

— Está vendo aquela árvore? — perguntou, apontando para dentro do bosque iluminado. — Bem no meio, sua casca formou uma espécie de círculo. Mire e atire, entendeu?

— É só soltar?

— Só soltar.

Arrumando levemente a posição em que eu estava, Lancelot mirou bem onde ele dizia para eu acertar, não desgrudando de mim em nenhum momento.

Quando eu estava prestes a soltar a flecha, Lancelot se debruçou em mim e beijou-me no canto de meus lábios. Me distraí, soltando a flecha que nem mesmo chegou perto do alvo com seu súbito ato que me assustara.

— Você me fez errar — acusei, em um sussurro.

Lancelot riu.

— Quer tentar mais uma vez?

— Vai me distrair de novo? — perguntei.

— Quer que eu lhe beije de novo?

Empurrei-o para longe, Lancelot gargalhando durante o processo. Peguei outra flecha da aljava, colocando-a na mesma posição que ele me ensinara.

Acompanhei Lancelot enquanto ele caminhava de volta para o castelo e, então, soltei a flecha. Ela logo atingindo a árvore com precisão.

━━━━━━
10.10.20

𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:
Eu estou amando escrever esses momentos fofos deles.

Atualização uma seguida da outra? Pois é! Atingimos 2K de view! Obrigada!

Por isso o imagine que seria só de semana que vem. Além disso, acabei de publicar os primeiros capítulos da minha nova fanfic de Medici (Renaissance). Podem dar uma passadinha lá?

VOTEM e COMENTEM
[Próximo imagine: Justas (parte um)]

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top