𝟏. 𝑻𝒉𝒆 𝒏𝒊𝒈𝒉𝒕 𝒘𝒆 𝒎𝒆𝒕
IMAGINE ONE
A NOITE EM QUE NOS CONHECEMOS
❝I've been searching for a trail
to follow again; Take me back
to the night we met❞
⚜
MORTICIA DE L'ENFER
Eu não costumava sair muito do castelo. Eu não tinha amigos, não tinha motivos para sair quando eu bem podia ficar em meu quarto ou na sala de leitura viajando entre mil páginas e palavras.
Meus dias se revezavam entre ler, tomar as refeições no salão de jantar, ter aulas pelas manhãs e passear pelos jardins e corredores do castelo de pedra de tarde.
Minha presença também não era requerida a todo momento. Meus pais me preparavam para tomar o trono em alguns anos, mas não faziam questão de eu estar a todo momento ao seu lado durante as reuniões. Somente nos próximos meses que isso mudaria.
Então, além de jantares e pronunciamentos, eu poderia ficar nas sombras, às escondidas de olhares curiosos dirigidos a mim, a princesa do Povo das Cinzas.
Até que os ataques começaram.
Cada vez mais, a Igreja tentava entrar com suas forças em nosso reino. Todas as vezes nossos exércitos eram capazes de os enfrentar e sair vitoriosos. Mas eles tentavam e tentavam, sem parar. Eu não conseguia mais ter tanta liberdade, meus pais e o povo preocupado com o que aconteceria se eu saísse do castelo sem guardas para me proteger caso algo acontecesse.
— Queriam me ver? — perguntei, entrando no escritório de meu pai.
Minha mãe estava sentada no divã em frente à lareira. Já meu pai, o Rei, estava apoiado na grande mesa no centro da sala. Diferente do cotidiano, dois guardas estavam dentro da sala, e não esperando do lado de fora como o de costume.
Notei uma outra pessoa desconhecida ao lado de meu pai. Era um homem, alguns anos mais velho que eu. As marcas sob seus olhos destacavam a cor clara e bela que eles tinham. Ele era forte, consegui ver isso mesmo por baixo do manto negro. Uma espada estava em sua bainha, pendurada ao lado de seu corpo.
— Filha, este é Sir. Lancelot du Lac — apresentou meu pai. — E esta é minha filha, Princesa Morticia de l'enfer.
Sir. Lancelot me reverenciou com destreza e elegância. Abaixei levemente a cabeça por educação, plantando um minúsculo sorriso em meus lábios.
— Sir. Lancelot é o filho do Rei Ban de Benoic e da Rainha Helena. Entretanto, após o infeliz ataque à sua casa, foi encontrado uma carta que alega o último pedido do Rei Ban do filho ser um dos campeões da nova rainha.
Assenti, esperando que continuasse.
— Ele foi treinado pelos melhores mestres espadachim dos reinos — continuou. — A partir de hoje, Morticia, Sir. Lancelot será seu guardião. E quando se tornar a rainha, um de seus campeões. Os outros você mesma escolherá com o tempo.
Meus músculos travaram. Pisquei repetidas vezes, torcendo para que aquilo na verdade fosse um sonho em que eu logo acordaria.
— Não preciso de proteção — exclamei. — Não concordo com nada disso.
— Você não precisa concordar com nada — afirmou meu pai. — É uma ordem do seu rei, Morticia, e ela será cumprida.
— É para sua segurança, filha — disse minha mãe, se levantando do divã e vindo em minha direção, segurando minhas mãos. — Lancelot é um bom rapaz, vão se dar bem — sussurrou.
— Que seja — respondi, tristemente com a minha perda de liberdade. — Já posso ir? — perguntei, virando para o meu pai.
Ele assentiu, mandando Sir. Lancelot me acompanhar de volta aos meus aposentos. Os guardas abriram as portas quando me aproximei, meu guardião sempre alguns passos atrás de mim. O que era desconfortante, eu não gostava da sensação de ser protegida, ser a prioridade número um de alguém. Era como se eu fosse inútil e não pudesse nem mesmo levantar uma adaga.
Quando chegamos a porta do meu quarto, estranhei que nenhum guarda estivesse ali, mas deduzi que meu pai diminuiria o número de rondas já que a nova ordem era para que Sir. Lancelot estivesse comigo a todo momento a partir de agora.
Me apoiei no batente, cruzando os braços. Tirei esses segundos para estudar suas feições. Seu maxilar era bem definido, o rosto perfeito, como o de um príncipe encantado. Os cabelos eram cacheados e loiros, mas curtos. Ele era a definição do que qualquer garota cobiçava um casamento.
— Vai me estudar até quando, princesa? — perguntou ele, sorrindo irônico.
— Lamento por seus pais — falei, sendo sincera. — Posso agir como uma mimada às vezes, mas tenho um coração.
— Obrigado, princesa — agradeceu, não sabia se era sarcasmo ou o que. — É a vida, todos morremos uma hora.
— Mas isso não nos impedi de sentir falta dessas pessoas — completei. — Vai ficar aqui fora o dia inteiro?
— É meu dever.
E nada mais ele disse.
Passei as horas seguintes em meu quarto, até o anoitecer, lendo os novos livros que me foram trazidos do continente. Não ouvi as rondas de revezamento dos guardas que já deveriam ter acontecido, mas eu sabia que Sir. Lancelot continuava a porta — esta fechada a chave. Eu não o conhecia, e mesmo que ele fosse filho de amigos próximos de meu pai, eu não sabia quem ele era.
Minha primeira impressão foi de que era fechado, preferia guardar as coisas para si. Sir. Lancelot não demonstrava muitas emoções, além do sarcasmo e ironia aparente. Ele parecia não querer estar ali comigo, e sim fazendo algo que realmente gostasse. Eu não o culpava, eu também desejava minha liberdade de volta.
Perto da hora do jantar, eu saí de meu quarto, Sir. Lancelot no mesmo lugar que estava horas atrás. Conforme andei, ele me seguiu.
Meus aposentos eram longe da sala de jantar, mas havia um atalho cortando caminho pelo salão de bailes. Foi o que eu fiz, não querendo passar mais tempo do que o necessário com meu novo guardião.
Os novos lustres do salão estavam sendo instalados naquela semana. Os arranjos estavam sendo segurados por cordas amarradas a ganchos fincados nas paredes atrás das cortinas.
— Só vou jantar, Sir. Lancelot — avisei. — Tenho certeza de que já pode ir cuidar dos próprios afazeres.
— Acho melhor eu permanecer, princesa — disse ele. — Nunca se sabe quando algo pode acontecer.
— A única coisa que pode acontecer agora é acabar toda a carne — declarei, me afastando dele vários passos.
Foi no meio desse ato que ouvi um clic minúsculo, quase inaudível. Quando olhei para cima, o lustre que estava içado se aproximava cada vez mais de mim. Congelei no lugar, não conseguindo me mover.
Senti meu corpo ser puxado para longe com brutidão, logo eu estava nos braços firmes e protetores de Sir. Lancelot. Ele me abraçou, garantindo que eu estava bem.
— Você me salvou — sussurrei.
— É meu trabalho, princesa — respondeu, seus olhos vacilando entre meus olhos e meus lábios.
As portas foram abertas rapidamente, Sir. Lancelot me soltou, colocando uma certa distância entre nós. Meus pais se aproximaram correndo, procurando em mim algum machucado. Guardas armados vinham atrás, junto de empregados que tentavam saber o que aconteceu.
E foi ali, no meio do tumulto, que sorri verdadeiramente para Lancelot e sussurrei um agradecimento. Então, eu soube que nos daríamos bem — até mais do que já nos era esperado.
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09.10.20
𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:
Aqui o primeiro imagine pedido pela @Luh2119 que queria saber como eles se conheceram. Espero que goste.
Estou atendendo a todos os pedidos de imagines, então se tiverem algum, por favor, me digam.
♛
VOTEM e COMENTEM
[Próximo imagine: Me ensine a atirar]
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