𝐱𝐢𝐯. 𝑇𝑂 𝐹𝐼𝐺𝐻𝑇 𝐼𝑆 𝑇𝑂 𝐷𝐼𝐸
PARTE 9 | CAPÍTULO 14
LUTAR É MORRER
⚜
MORTICIA
Do alto da fortaleza, eu observava a movimentação dos feéricos e humanos na cidade. Era notória a atmosfera pesada entre as duas espécies, e surpreendentemente a rixa entre eles me acalmava.
Aquela parte de mim que lutava pelo caos e a destruição pedia por mais, para que eu fosse lá embaixo e começasse uma guerra. Assim testaríamos o poder de comando da nova rainha.
— Finalmente alguém sensato com que posso conversar — disse, parado ao meu lado.
— Caso não lembre, Lorde Ector, ainda sou feérica.
— Me lembro perfeitamente, milady. Entretanto, é a única capaz de liderar seu povo com sabedoria.
— Não sou mais uma rainha — o lembrei.
— Títulos não podem ser alterados. Mesmo que parte de seu povo esteja contra você, lembre-se que apenas seguem a outra bruxa porque estão com medos, porque são fracos e não conseguem sobreviver sozinhos. Mas não está sozinha, nenhum povo esqueceu do que sacrificou para salvá-los
Sorri com o comentário, agradecida com o que falara. Eu queria que aquilo fosse verdade, mas pouquíssimos feéricos ainda acreditavam no que eu era capaz.
— Conheci seus pais, sabia? — perguntou ele. — Eram boas pessoas. Sinto muito pelo o que aconteceu a eles, estão em um lugar melhor agora.
Agradeci, ainda não entendendo por que ele tentava manter uma conversa.
— Vão morrer de fome — falei, subitamente. — Seu povo e os feéricos. A comida está acabando.
— Alguns dias no máximo — concordou. — Mais cedo se as criaturas continuarem roubando comida. Não me surpreenderei quando os gramairianos exigirem a cidade de volta.
— Eu queria ajudar, de verdade, mas não tenho poder nessa situação.
— A rainhazinha exigiu guardas no estoque de comida vinte quatro horas por dia.
Ao longe do corredor, passos corridos se aproximavam. Viramos para ver quem vinha, nos deparando com Arthur, apreensivo e alerta.
— Nimue pede sua presença — disse ele a mim. — Urgente.
— Ela não é a rainha, Arthur? — retruquei. — É claro que não precisa de mim.
— Merlin está aqui.
✥
Os guardas postos na porta da sala do trono foram rápidos ao abrir as portas desde que ouviram meus passos pesados e raivosos no piso de pedra.
No trono estava Nimue, ao lado de Morgana e Pym estava se deliciando com amêndoas na mesa no canto. Parado em frente a filha, estava o mais poderoso mago de todos os tempos. Eles me encaram, observando as marcas de lágrimas vermelhas em meus olhos, mas nenhum tendo coragem para perguntar.
— Não acreditei quando me disseram que estava aqui — falei, fria. — Pretende enviar mais espiões para roubar as espadas? Lamento informar, mas a Espada Alma está bem longe daqui.
— Você não estava presente como eu pedi em uma carta que nunca chegou a você, aparentemente — disse ele, logo voltando a Nimue. — Mas por que eu iria até o Castelo Culzean, compartilharia minhas memórias com você, filha?
— Para me fazer confiar em você.
— Eu ainda quero ver a Espada do Poder destruída. Mas os seus destinos estão entrelaçados. Devemos trabalhar juntos para proteger vocês e os feéricos.
— Não acho necessário — afirmou Nimue.
— Barganhei com Cumber pela vida da rainha. Eu o presenteei com um item inestimável que enfraquece o direito de Uther ao trono. Em troca, Nimue, você será convidada à corte dele como prisioneira e será exigido que entregue a espada a ele. Mas sua vida será poupada.
— Não parece uma oferta de um amigo — disse Nimue.
— E não é! Tudo que você tem agora são rivais e inimigos, deveria saber disso já que é a mais nova intitulada rainha.
— Lutaremos e provaremos quem é o legítimo herdeiro — propôs Morgana.
— Lutar é morrer — gritou Merlin. — Venha comigo até Costa do Mendigo e tenha uma audiência com Cumber. Os saqueadores preferem os feéricos a Igreja.
— Se entregar a espada ao Rei do Gelo, se tornará a moeda de troca dele — avisei Nimue, fria. — É um agressor e fará alianças contra Uther Pendragon, e você será a garantia dele.
— Eu imploro que reconsidere — pediu Merlin. — Cumber sabe que Morticia não luta mais pelo o que almeja, filha. Mas ele está disposto a ajudar somente a causa da Rainha das Cinzas em troca de nada.
— Morticia, então peça a ele que nos ajude — mandou Nimue a mim.
— Parece que ainda não entendeu, rainhazinha, mas eu não estou mais disposta a lutar sem uma causa — avisei.
— Eu te imploro, Morti.
Nimue, vendo que eu não repensaria, apenas pediu desculpas mais uma vez a mim e a Merlin, logo pedindo que seus conselheiros a acompanhassem para fora da sala, indo atrás dos desaparecidos.
Merlin, por meio daqueles olhos cansados, me encarou. Seu olhar vacilava entre minha coroa ainda reluzente, mas sem sentido em minha cabeça, e abaixo dos meus olhos.
— As marcas estão aparecendo, e nenhum feitiço mais será capaz de escondê-las, as suas e as de Marie — disse Merlin a mim. — Seu poder é maior do que antes, Morticia. A raiva, angústia e o ódio o alimenta.
— Eu não me importo — exclamei. — Quero que todos queimem no inferno.
— Não serão eles a queimar lá, Morticia. Seu tempo está acabando aqui.
— Eu sei.
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29.09.20
𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:
Algum palpite do que aguarda a nossa Rainha? Quinta-feira anunciarei uma surpresa para vocês. Algum chute sobre o que é?
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