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CAPÍTULO 11
A QUEDA DA RAINHA

Eu preferiria ver a
queda do meu reino
Eu quero tudo ou nada
Acerto de contas,
acerto de contas doloroso

MORTICIA

Eu nem lembrava quando aconteceu, mas em minutos a construção já pegava fogo. O moinho desabava sobre nossas cabeças, tivemos que correr para a dispensa e tentar sobreviver, mas a fumaça deixava difícil para respirar.

Marie estava encolhida ao lado de Esquilo no degrau da escada. Era por isso que eu não os queria aqui, não no meio do combate.

- As duas entradas estão trancadas - disse Gawain, aos sussurros para mim e Arthur. - Se sairmos em grupo, seremos mortos.

- É melhor morrer lutando lá fora do que queimando aqui dentro.

- Então prepare-se para guia-los do moinho.

- Aonde vai? - perguntou Arthur.

- É a mim que eles querem - respondeu. - Morticia também, mas não podemos arriscar a vida dela.

- Caramba, você é a Portadora do Fogo Infernal! - exclamou Arthur a mim. - Não pode fazer sua mágica e parar esse fogo?

- Você não sabe o que é preciso para controlar esse poder, garoto! - rosnei.

- Eu vou distraí-los, e vocês tiram os outros daqui - avisou Gawain, encerrando nossa briga.

- Não, senhor - exclamou Esquilo, se intrometendo. - É um péssimo plano.

- Meu único arrependimento nesta vida, menino, é não poder te dar umas palmadas por desobediência.

- Por favor, Cavaleiro Verde.

Gawain suspirou diversas vezes, se acalmando para não esganar Esquilo.

- Bergerum está morto. Vou precisar de um escudeiro. Alguém corajoso e veloz - disse ele, encarando Esquilo. - Pode levar os feéricos de volta ao acampamento? E ainda cuidar de Marie?

- Sim, Cavaleiro Verde - respondeu Esquilo com orgulho.

- Você é um bom espadachim, mas não é invencível - disse Arthur a Gawain. - Eu vou com você, caso contrário todos aqui vão ser capturados e morrer.

- Tudo bem, já entendemos seu ponto Arthur - falei, sarcástica. - Vamos logo.

- Você vai para o acampamento, Morticia - disse ele, voltando a discutir comigo. - Não vamos te arriscar.

- Eu sou a rainha aqui, Arthur! - gritei. - Você acha que tem algum poder sobre mim para me mandar faze algo? Acha que está na minha guarda?

- Eu acho que estou sendo racional! - disse ele de volta. - O que você planeja, hein? Queimar tudo?

Eu não o ouvi, não consegui mais.

Quando Arthur e Gawain saíram, correndo atrás dos paladinos que estavam prontos para matá-los, foi como se algo tivesse estalado em minha mente, desbloqueando algo em mim que eu mal sabia que existia.

Queime. Queime. Queime.

A pontado de poder em mim pediu mais uma vez por liberdade. E eu finalmente lhe daria.

Vi meus amigos sendo atacados e matando outros. Então eu soltei tudo em mim. Senti as lágrimas vermelhas embaixo de meus olhos, senti o calor e o vento, a maldade e o inferno.

Mate. Mate. Mate.

As chamas do moinho rondaram a minha volta assim que aparecia na porta, logo depois de Esquilo ter tirado todos os feéricos de lá. Os gritos em meu nome foram instantâneos.

O fogo subiu aos ares quando levantei as mãos, os guiando para um redemoinho de poder e escuridão.

Parte do que estava ali no meio não era meu, era o poder de Nimue e sua espada. O próprio poder de Merlin se materializando. Mas a escuridão, os demônios que sussurravam e pediam por vingança, eles eram meus.

O fogo infernal queimou em torno dos Paladinos Vermelhos, sendo derrubados. Seus gritos de medo em meu nome e os da Bruxa do Sangue de Lobo foram como música para meus ouvidos.

Aquela chama em mim pediu por mais, pedia pela liberdade infinita. E eu estava tentada a dá-la. Em meio a fumaça e cinzas que voavam pelos ares, eu encontrei seu olhar.

Os olhos claros e belos que um dia conheci não expressavam raiva nem dor, mas eles me pediam silenciosamente para parar. Aquela não era eu, não era a rainha que um dia ele amou. Era um demônio.

- Morticia - meu nome em seus lábios não passou de um sussurro triste. - Essa não é você.

Ele tinha razão. Mas fora ele que me fizeram assim, um monstro sem coração que queria ver o mundo ir aos ares e queimar. Chegara a hora de eu voltar ao trono e recuperar o que ele me tirou.

Senti braços fortes me puxando para fora dali, nos fazendo correr para dentro da clareira onde Nimue, Kaze e Arthur nos esperavam. E corremos.


Assim que voltamos para o acampamento, todos os feéricos se levantaram. Imaginei que fossem comemorar e agradecer por eu ter controlado o fogo para que pudessem sair, mas eu estava enganada.

Eles saldaram Nimue, dizendo que ela fora a única à nos salvar. A maior mentira que ouvi, tanto que fiquei estagnada no lugar.

- Como vocês, os paladinos tiraram tudo de mim, minha mãe, meus amigos, o meu lar, tudo que eu tinha. Tudo menos isso - ela tirou a Espada do poder das costas e a levantou. - Esta é a espada do nosso povo, forjada no Fogo Feérico quando o mundo era novo. Reis travavam guerras para possuí-la e a Igreja tentou destruí-la. Porque nesta lâmina, jaz o poder de nossos ancestrais.

Eu tinha o poder de algo maior.

- Está é a nossa coragem, nossa luz em meio a toda a escuridão.

Eu era a escuridão.

- Nossa esperança em todo esse desespero. Eu serei seu escudo. E prometo que serei sua espada e juro que os feéricos viverão livres de novo.

Assisti Marie e Esquilo comemorarem lá embaixo, enquanto eu tentava controlar a raiva em meu sangue.

- Alguns a chamam de Espada dos Primeiros Reis, mas eu a reivindico como a espada da Primeira Rainha.

- A Rainha Feérica! - exclamou Gawain.

- A Rainha Feérica - exclamaram todos os outros em uníssono. - A queda da Rainha das Cinzas!

Então era assim a minha queda? Proclamada por um bando de feéricos? Aqueles que protegi durante anos enquanto pude.

Em breve, chegaria o dia em que eu travaria forçar com Nimue. Eu precisava da coroa e do poder, senão eu morreria.

Todos morreremos um dia, mas eu preciso construir meu império antes. Só então eu seria lembrada.

Melhor uma rainha odiada e temida, do que uma fraca e amada.

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17.09.20

𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:
Ainda não tenho nada confirmado, mas é provável que semana que vem não tenhamos capítulos devido ao início da minha época de provas.

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