Cap. 23 - Águas passadas e sujas como a língua
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Sem Yahiko por perto, os dias de Sakura tornaram-se um tédio total enquanto se recuperava. Para sua sorte ou azar, ela tinha um compromisso importante para os próximos dias que a deixava ansiosa e a fazia esquecer um pouco a falta de Yahiko.
Apesar de Sakura estar ansiosa para conhecer sua doadora, Mei Terumi estava também sentia-se como uma pilha de nervos. Em conversas aqui e ali, a Dra. Hana deixou escapar que a NRH era dona do Hospital e da ONG's, mas não disse mais que isso.
Ao fazer amizade com a técnica em enfermagem que trabalhava apenas para o quarto de Mei Terumi, ela pediu o celular da técnica e com a ajuda da profissional pesquisou quem era a NRH.
Mei Terumi estava encantada ao saber como eles faziam uso de seu dinheiro, se fossem apenas ricos, era normal, mas eles estavam sempre investindo principalmente na saúde, educação e abrigos para sem-tetos.
Sua nova amiga técnica também lhe deixou escapar que a doação que havia feito era para a herdeira das empresas NRH, quando ia mostrar a foto, Mei Terumi se recusou a ver, não queria quebrar sua promessa de só se conhecerem após a recuperação do transplante.
— Como estou? — perguntou Mei Terumi ao terminar de trocar sua décima terceira roupa.
Graças a ONG, Mei Terumi recebeu muitas roupas novas e até mesmo maquiagem, queria estar apresentável para a filha dos donos do Hospital e expressar sua gratidão.
— Chega, vai com essa mesmo ou fique a tarde toda trocando de roupa! — A Dra. Hana disse desistindo de esperar pela garota.
— Dra. Hana! — Acompanhou ela somente com o olhar — Dra. Hana, me espere!
Deixou a peça de roupa que segurava em cima da cama e correu para acompanhá-la.
A Dra. Hana riu quando Mei Terumi a alcançou no elevador, só dessa forma conseguiu persuadi-la a adiantar logo.
Só de pensar em encontrar Sakura sozinha, Mei Terumi ficava nervosa, por isso pediu que a médica a acompanhasse.
"Será que meu cabelo está bom? Essa roupa é boa o suficiente? Ela é simpática como nossos pombos correios pela Dra. Hana ou será que é mais séria?", Mei Terumi perguntou-se enquanto caminhava o corredor até o quarto de Sakura.
A Dra. Hana abriu a porta e lá estava Sakura, na janela olhando para fora. A Haruno se virou assim que ouviu o som da porta, mas não viu a outra garota.
— Vamos, entre logo! — Chamou a médica do lado de fora.
Timidamente, Mei Terumi entrou no quarto com o olhar baixo e as mãos fechadas em frente ao corpo decidindo se a encarava ou não.
Para sua maior surpresa, ela ganhou um abraço de supetão de Sakura tão inesperado que assustou-se. Precisou dar dois tapas leves na costa da Haruno para que ela a soltasse já que ficou sem fôlego.
— Ai, desculpa, acho que me empolguei — disse Sakura um pouco sem graça.
— Você é bem forte — falou Mei Terumi após regular sua respiração.
Sakura deu mais um passo para trás e estendeu sua mão.
— Muito prazer, sou Sakura Haruno! — Apresentou-se com um belo sorriso.
Mei Terumi a encarou, aos seus olhos, Sakura parecia brilhante. Talvez fosse os raios solares atrás da Haruno, talvez fosse apenas sua imagem.
— O prazer é todo meu, sou Mei Terumi! — Segurou a mão que estava estendida para si.
Sakura a guiou para o sofá onde se sentaram e começaram a conversar. Dividiram seus melhores e piores momentos da vida juntos e poucos dias depois, já parecia que elas tinham sido criadas juntas a vida toda.
[...]
Mais alguns meses se passaram, Sakura continuou com seus estudos em tempo integral para acompanhar o ritmo que devia e terminar até o final do ano, o dia e a tarde ela estava ocupada.
A Dra. Chiyo se juntou à ONG para ajudar em visitas médicas locais nas casas de áreas mais isoladas de assistência de saúde da cidade.
A Dra. Hana voltou ao seu trabalho normalmente e só via seus novos amigos no seu dia de folga por conta da correria do dia a dia.
Mei Terumi foi bem recebida pela ONG e começou um supletivo para seus estudos e ainda tinha mais aulas com a assistência da ONG.
Yahiko também teve que voltar a estudar de forma integral como Sakura, mas ainda assim, todas as noites conseguia uma atividade divertida para fazer que alegrasse Sakura.
Num piscar de olhos, o final de ano estava chegando e felizmente ou não, tinham que voltar para sua casa.
— Eu não acredito que já tenho que deixar todos vocês! — A Dra. Hana estava quase chorando.
Após fazer uma amizade muito sólida com Mei Terumi, Sakura a convidou para que voltasse consigo e com muita insistência, ela aceitou.
Mei Terumi sabia quão ocupada devia ser a vida de Sakura, então temia voltar com ela e precisar dela para lhe ajudar a se adaptar e conhecer os lugares.
— Se pudesse a levaria comigo! — Sakura a abraçou.
— E se eu pudesse iria, mas aqui é a minha casa, preciso ficar — Abraçou de volta com força e então se separou — Sentirei muita falta de vocês!
— Nós também sentiremos — disse Yahiko também se despedindo com um abraço.
O voo que eles iam pegar foi chamado nos alto-falantes.
— Espero poder encontrá-la em breve! — Mei Terumi disse otimista.
— Se cuide, Hana, pra cuidar dos outros precisa cuidar de si mesma, não se esqueça disso — Por último se despediu a Dra. Chiyo.
Eles se dirigiram para a área de embarque. Mei Terumi estava um pouco nervosa, mas se acalmou quando Sakura segurou em sua mão.
[...]
Voltar para a casa de seus pais nunca tinha sido tão fácil para Sakura. Ela saltou do táxi em frente à sua casa, foi recebida por Kurotsuchi e Kiba na frente da casa. Sakura pretendia manter as formalidades, mas assim que se aproximou, Kurotsuchi a abraçou como se ela fosse sua irmã.
A ação repentina deixou Sakura sem reação. Kurotsuchi se afastou de Sakura somente quando Kiba inventou um pigarro na garganta em alto e bom tom para avisar que estava na hora dela se recompor.
— Seja bem-vinda de volta — Cumprimentou Kiba formalmente, totalmente diferente de sua amiga de trabalho.
A Haruno assentiu com um leve sorriso nos lábios.
— Onde estão meus pais?
— No salão, estão à sua espera — respondeu o rapaz.
— Temos uma reunião do Setor Maior, precisamos ir — falou Kiba para Kurotsuchi para que ela lembrasse disso.
— Estamos indo — disse Kurotsuchi se despedindo para então seguir seu rumo.
Sakura abriu a porta e lá estavam seus pais. Ela parou com os olhos cheios de lágrimas, há algum tempo pensou que nunca mais voltaria para vê-los, mas lá estavam eles, em pé e saudáveis, assim como ela.
— Mãe, pai — disse Sakura quando estava próxima dos dois.
— Você parece estar ótima, minha menina — Kizashi pôs um braço por trás de sua esposa até alcançar o outro ombro e acariciá-lo.
Mebuki tinha uma expressão séria, mas toda sua marra desapareceu quando ela deixou seu marido e segurou Sakura firme em seus braços no abraço mais apertado que já recebeu de sua mãe, se é que esse era um dos raríssimos que ela se lembrava.
Ela segurou as mãos de sua filha, Sakura encarava aquele carinho repentino e era impossível não se emocionar. Seus olhos se encheram de lágrimas, estava comovida em ver a mulher que sempre dificultou sua vida e foi fria consigo, sendo atenciosa.
— Mãe... — Apertou as mãos que estava dadas.
— Finalmente você tá bem, está curada, eles realmente conseguiram — Os olhos de Mebuki ameaçaram derramar lágrimas.
— Sim, mãe. Estou bem, pode ficar despreocupada, você fez um ótimo trabalho — Sorriu realmente agradecida.
Sem o investimento de Mebuki na criação daquele Hospital, talvez eles nunca encontrassem a Mei Terumi, talvez ela morresse doente sem nem ter a chance de se curar.
"Obrigada por tudo que fez por mim e por dá seu melhor, farei meu melhor pra você e por você também, não tivemos a melhor relação do mundo, houve momentos que preferia não ser sua filha, mas hoje, tudo está tão claro, como se eu pudesse ver além de seus esforços, como se eu pudesse ver sua alma", Sakura pensou consigo tudo que queria e não conseguiria dizer em voz alta, cujo resumiu em voz em apenas em três palavras.
— Muito obrigada, mãe.
Mebuki a olhou um pouco confusa, não tinha entendido exatamente o porquê daquele agradecimento, mas se sua filha não a odiava e estava bem, ela podia descansar, tudo que ela queria, era vê-la bem. Kizashi juntou suas mãos às da sua esposa e filha, ele também não havia entendido, só queria sentir aquele momento em que tanto sua filha quanto sua esposa levantaram suas bandeiras brancas e destruíram qualquer muralha invisível que havia entre elas.
[...]
Yahiko havia tomado um rumo diferente de Sakura, assim que chegou à cidade, marcou uma reunião com o Setor Maior da NRH em uma hora e no tempo estimado, eles estavam lá.
A sala de reuniões da NRH estava cheia quando Yahiko chegou e se posicionou em uma das duas cadeiras que tinha na ponta da mesa oposta do lado do Slide de apresentação onde cada um apresentava suas ideias.
— É um prazer revê-los, parece ter muito mais do que alguns meses pra mim — Yahiko disse com certa ironia em seu tom, se passaram alguns meses desde que ele esteve naquela sala e também que viu todos os membros do Setor Maior.
— Acho uma graça da sua parte sentir nossa falta, mas poderia nos informar o que tanto desejamos saber? — Sai perguntou, direto, não tinha paciência para rodeios, não tanto quanto os outros, mas ele falava por todos naquele momento.
— Se estou presente, já devem ter uma ideia — Foi feito um enorme silêncio na mesa, até que Yahiko trouxe outro assunto — Os departamentos de vocês prepararam o resumo que pedi semana passada?
— Poderíamos começar pela parte Administrativa — Kaguya olhou para os dois CEOs provisórios escolhidos antes que Yahiko e Sakura viajaram.
— Achamos melhor também — respondeu Kiba, sabia que era uma provocação à competência dele e de Kurotsuchi sobre organizar suas apresentações.
Kiba e Kurotsuchi se colocaram de pé, levaram o notebook que haviam preparado suas apresentações, conectou ao data show e começou a apresentação em slide com bastante dados e oratória.
Enquanto estavam no controle da empresa, os dois CEOs provisórios não ousaram crescer a empresa com filiais nem usar investimentos em novas áreas, mas a empresa havia crescido nos pontos onde haviam fraquezas.
Antes de se ausentar, Mebuki e Kizashi haviam deixado dezesseis filiais do mercado internacional que estava difícil se conciliar com os sócios locais para ganhar posição em seus novos pontos.
Durante os meses que ficaram na Administração Geral da empresa, Kiba e Kurotsuchi trabalharam nessas filiais, cada um ficou responsável por oito filiais de forma igualitária, assim conseguindo dar conta de todas as filiais instaladas no ano.
Para conseguir resolver os problemas de comunicação com os sócios que estavam no controle das filiais, Kiba e Kurotsuchi se mantiveram ausente da sede da empresa, já que viajaram pessoalmente em cada filial e passou alguns dias em cada uma delas para conversar, trocar ideias e orientar cada sócio, o que tanto quanto conquistou a confiança deles, como estabilizou a relação pessoal com a empresa e no mercado.
Apesar dos poucos meses que tiveram para cuidar disso, havia uma porcentagem de crescimento de 92% das filiais, sendo assim, elas estavam à altura das filiais de maior tempo de criação além de terem se tornado tendências em sua localidade de primeiro lugar nos rankings.
Ao terminar sua apresentação, houve aplausos de todos sentados à mesa. Temendo uma sabotagem em seus planejamentos, os CEOs provisórios mantiveram todos seus feitos sob total sigilo e o resultado havia sido surpreendente.
Seguiu-se as demais apresentações dos demais membros e duas horas de relógio voaram nessas apresentações. Tudo estava sob controle além da margem de crescimento de 54% das vendas da empresa com o trabalho conjunto de todas as áreas.
Yahiko finalizou a reunião. Apesar das surpresas em cada área, o motivo de panelinhas não era como um seria um empecilho no caminho do outro com tantos feitos, e sim o motivo da ausência da herdeira da empresa num reencontro com o Setor Maior tão importante.
O ruivo não mencionou nada sobre o noivado ou sobre a herdeira, todos ali, exceto Kiba e Kurotsuchi, saíram com a conclusão de que em breve o anúncio de um casamento viria e com isso, o poder de Minato na NRH aumentaria, o que tornaria a vida dos demais um pouco mais difícil.
Yahiko voltou para casa dos Uzumaki com seu pai, esse que pediu o melhor vinho branco que tinha e pediu que servissem dois copos, depois ofereceu um ao seu filho.
— Você fez um ótimo trabalho, aqui, pra você — Entregou-lhe a taça.
Hesitante, Yahiko aceitou, brindou e tomou um gole, ainda desconfiado.
— Você fez muita birra para usar seus contatos com a Sakura, inicialmente achei que realmente seria um filho ingrato à tudo que fiz por você, mas vejo que realmente conseguiu algo dessa amizade de infância, primeiro o noivado, agora a direção da NRH — Minato realmente acreditava que havia uma grande conquista com a presença de Yahiko na reunião.
— Não coloque tanta fé em mim, ainda sou leal à Sakura, mas não faço ideia dos planos dela desde que voltamos... — disse pensativo, mas seu pai apenas o ignorou.
Ele realmente não sabia o que Sakura pretendia fazer. Uma semana antes de voltar, a Haruno pediu que ele pedisse ao Setor Maior para organizar suas apresentações em uma semana que seria feita uma reunião para atualizações do andamento atual da NRH e também sobre o que fizeram nos últimos meses.
Sakura só não havia dito que ele mesmo iria estar presente, assim que pousou do avião, Sakura disse para que ele marcasse a reunião com o Setor Maior e assistisse a apresentação, mas não explicou mais nada e isso o deixava ansioso sobre o que ela estava planejando tão minuciosamente que não queria lhe contar.
Yahiko tomou um banho de chuveiro quente bem demorado, procurando esclarecer as ideias que se passavam em sua mente. Apesar de não resolver seus problemas, aqueles trinta minutos de banho o ajudou a organizar seus pensamentos, ao menos sabia o que realmente o preocupava.
Agora Sakura estava curada, ela anunciaria o fim do noivado. Por mais que não passasse de uma estratégia empresarial, a chance de se casar com Sakura o despertou uma esperança, uma esperança de que o coração daquela Haruno, podia lhe pertencer, mas agora, essa esperança estava morrendo.
Saber que Sakura estava curada deixava Yahiko feliz, no entanto, ela iria romper o noivado e isso o entristecia. Ele repassou em sua mente os últimos meses em sua mente, eles passaram bastante tempo juntos e ele fez seu melhor para demonstrar seus sentimentos sinceros, mas em momento algum, Sakura disse como se sentia em relação à ele ou sequer chegaram a um ponto que pudesse realmente significar alguma coisa.
Em frente ao espelho de seu banheiro, Yahiko passou o lado de sua mão podendo ver seu reflexo que anteriormente estava embaçado pelo vapor da água quente que ele havia se banhado.
"E se eu falar pra ela que não quero romper", olhou em seus olhos com as duas mãos apoiadas na pia "O que é que estou pensando? Obviamente ela vai negar, a Sakura não é do tipo que se casaria com alguém que não ama".
Afastou-se da pia e cruzou seus braços.
"Mas ela nunca mais mencionou ou viu algo dele desde o último encontro dela com a Ino, isso não é uma probabilidade de que tenha esquecido o Sasuke?", sua mente não parava de pensar "Não seja iludido, Yahiko. Ela o amava de verdade, só porque não o menciona, não quer dizer que não o ame mais, você bem que devia saber disso, pode significar apenas que ela tenta esquecer ele".
Deu dois tapas leves em suas próprias bochechas para parar de pensar. Se dirigiu à porta do banheiro e quando entrou na área do seu quarto quase deu um grito quando viu Sakura em seu quarto, sentada de pernas cruzadas, mas se conteve.
— Como você entrou no meu quarto? — Apontou para a porta e então para a garota.
— Não deveria me perguntar o que estou fazendo aqui? — Sakura se levantou.
— Ninguém tem permissão de entrar aqui que não seja o Nagato — Yahiko estava realmente surpreso.
— Seu pai agora é meu fã, fez questão de me deixar no seu quarto e ainda abriu a porta — Sakura riu lembrando o quanto Minato tentou bajulá-la.
— Tá explicado — Assentiu entendendo e conseguindo imaginar a cena — Você tá muito arrumada pra quem veio visitar um amigo.
— Meia volta — Yahiko parou assim que ouviu Sakura — Vista isso aqui.
Mostrou a capa de um terno que estava em sua mão, até o momento Yahiko não tinha se dado conta desse detalhe.
Sakura esperou Yahiko se vestir do lado de fora da casa já no carro. Ao terminar de se arrumar ele desceu.
— Terno branco combinando com sua roupa? Tem alguma coisa acontecendo, não é? — perguntou quando ficou próximo.
— Eu amo ter você na minha vida por poder compartilhar tudo com você, mas dessa vez você vai apenas chegar e ver — Sakura brincou, tinha plena consciência que Yahiko estava curioso, mas apenas atiçou sua curiosidade — Você dirige.
Yahiko revirou os olhos e Sakura entregou-lhe as chaves.
— Para onde?
— Inicialmente terceira esquerda — disse com uma cara de quem tava amando deixá-lo curioso.
— Fazer o quê né?!
Yahiko decidiu apenas seguir suas ordens e não perguntar mais nada. Eles levaram alguns minutos na estrada até chegarem ao destino que Sakura escondia o endereço.
Finalmente Yahiko entendeu o porquê do mistério, se soubesse aonde estavam indo, ele não se daria ao trabalho e com toda certeza Sakura sabia que ele não toparia se tivesse dito antes.
— Sério isso, Sakura? Com tantos lugares? Logo aqui? — Yahiko perguntou infeliz, entregou as chaves ao manobrista.
— Não fique com essa cara, sei o que você acha disso, por isso não falei antes — Segurou seu braço e tentou ser o mais dengosa possível para persuadir o ruivo.
Fotógrafos faziam questão de tirar fotos do casal. Yahiko não tinha escolha se não fosse entrar naquela porta principal.
Havia muitas pessoas presentes no local, cada um com sua taça em mãos com algum vinho servido.
Itachi, Sasuke e Ino estavam no alto da escada, também com taças em mãos. Os dois recém-chegados entraram na hora em que os anfitriões faziam o brinde.
Um silêncio tomou todo salão. Dentre todos os convidados, os menos esperados que estariam presentes eram eles.
Itachi era o único entre a multidão que sabia que Yahiko e Sakura haviam voltado, já que agora era parte do Setor Maior e estava presente na reunião, mas nem ele cogitava o comparecimento dos dois na Festa Anual dos Uchiha.
Sakura caminhou com Yahiko ao seu lado, ele não estava confortável com tantos olhares, no entanto, não havia insegurança em sua feição.
Ao pararem ao lado de um garçom, Yahiko pegou uma taça e passou para Sakura, depois pegou uma para si.
— Por favor, continuem — Sakura ergueu sua taça.
Aos poucos os convidados fecharam o corredor que abriram quando a herdeira da NRH e o herdeiro da Uzumaki chegaram.
Sasuke demorou para reagir. Ino encarava Sakura lembrando da última vez em que a vira, mas logo deixou seu transe ao ver que seu marido também não tirava os olhos dela.
— Obrigada a todos que estiveram conosco durante esse ano e nos apoiaram, um brinde há mais um ano que está terminando — Ino tomou a frente, se posicionou ao lado de seu marido e levantou sua taça oferecendo um brinde.
Os presentes brindaram com quem estava ao seu lado e então deram um cole em sua taça.
Sasuke e Ino se dirigiram ao centro do salão que logo ficou vazio e abriram a pista de dança com uma valsa clássica.
Quando terminou a primeira música de abertura e a segunda música começou, outros convidados também foram para o meio dançar, Yahiko e Sakura não foram exceção.
Minutos depois Yahiko não conseguiu ficar em paz, algumas mulheres o chamaram para dançar e quando ele tentou dizer que estava acompanhado Sakura disse pra que divertissem ele e o tirasse do paradeiro.
Yahiko se sentiu traído, Sakura estava se divertindo vendo outras garotas o cortejaram, porém, o que ela queria mesmo era acabar com seu mau-humor e assistindo ele dançando com um olhar suplicante de socorro, concluiu que ele havia deixado de lado seu humor de descontentamento.
Sakura se afastou das pessoas do salão indo para a sacada procurando respirar um ar mais leve. Sua mente vagou pelo último ano. Há um ano atrás, nesse mesmo salão, ela teve sua identidade como Herdeira da NRH revelada e ainda por cima entrou num relacionamento falso com Sasuke Uchiha. Há um ano, o homem por quem ela havia se apaixonado a traiu, casou com outra e tinha um filho com ela. O tempo passou tão rápido, mas o que mais a assustava não era como o tempo passava num piscar de olhos, e sim como em um piscar de olhos ela mudou.
— Você ainda se isola dos outros quando está em público, não mudou nada nos últimos meses.
Sakura se virou assim que reconheceu aquela voz. Tomou uma postura mais séria do que antes e em seus olhos, ainda havia fúria. Toda melancolia que sentia em estar novamente naquele salão se esvaiu.
— Não o desrespeita se eu mudei ou não — Foi a única resposta que ela deu.
Ela estava pronta para se retirar, mas Sasuke atravessou em sua frente.
— Não seja tão indiferente, sei que tem lembranças ao voltar aqui — Sasuke disse, seus olhos tinham um brilho de intimidade que hoje Sakura já desconhecia.
— Só porque lembro do passado não quer dizer que gosto dele, você gosta de lembrar da morte dos seus pais? Não se lembra deles sempre que chega seu aniversário de morte? Ou então o aniversário de morte da Karin? Aquela é uma lembrança feliz? — Sakura citou suas maiores dores de propósito e como imaginou, o calou, mas não por muito tempo.
— Não seja assim, Sakura.
— Como eu deveria ser então com você, Sasuke? — Abriu um sorriso ladino, que claramente não era feliz — Deveria correr atrás de você novamente, como eu fazia?
Sasuke não disse nada.
— Foi o que pensei, você mesmo deve saber que a resposta correta é não.
— Não haja como se não sentisse nada Sakura — Seu olhar estava carregado de sentimento, de saudade — Se não quisesse me ver, porque teria vindo aqui?
— Você deveria saber bem, seu querido irmãozinho faz parte do Setor Maior da empresa dos meus pais, tenho que manter as formalidades e a boa convivência com esses membros, por mais que odeie a forma covarde que você e ele conquistaram uma posição na administração dos meus pais — disse friamente.
O Uchiha juntou suas sobrancelhas.
— Não sabia que concorrer legalmente era uma forma covarde — respondeu.
— Ah, me poupe de sua historinha pra boi dormir, Sasuke — Sakura soprou um riso sem humor — Sei que pra você valeu a pena me trocar pra ser sócio da NRH. Vocês chegaram ao mercado internacional, não chegaram?
— Do que você tá falando? — Sasuke realmente não fazia ideia do que Sakura se referia.
— Do acordo dos Uchiha com minha mãe, desde que você cortasse laços comigo, poderia ser sócio da NRH. Do que mais seria?
— Eu nunca faria um acordo desses, casei com a Ino porque a nossa empresa precisava de apoio internacional entre uma empresa que já tivesse esse poder, não para ser sócio da NRH — O tom de Sasuke era de incredulidade.
Sakura fez uma meia volta dramática e então deu um aplauso único.
— Ah é, claro que você não faria uma coisa dessas — Revirou os olhos carregada de cinismo — Deve ser porque você não queria investir em mulher que tinha um câncer terminal, não estava disposto a passar sua vida com alguém condenada à morte, sendo que era o que você mais temia e já tinha visto alguém que ama morrer antes.
— Câncer terminal? — Sasuke não fazia ideia do que Sakura estava falando, mas lembrou as vezes que ela passou mal e parou no hospital por coisas bem pequenas ou desmaios — Você tem câncer terminal?
Deu um passo a frente para se aproximar comovido, mas Sakura deu um passo para trás.
— Tanto faz, agora não importa mais se eu tenho leucemia ou não, você fez sua escolha, e eu a minha.
— Leucemia? — Sasuke estava pasmo — Eu nunca teria a deixado se soubesse disso, sabe que eu sempre estaria do seu lado, não sabe? Sakura, o que eu mais queria era ficar com você e construir a nossa família, mas nem tudo aconteceu como eu queria.
— Ah, claro, se soubesse, cuidaria de mim, ficaria comigo pelo resto da minha vida, não é? Você iria largar tudo por mim? — Sakura fez a pergunta que já sabia a resposta.
O silêncio de Sasuke foi o suficiente.
— Eu tive que aceitar sozinha que você não me escolheria, mas você já aceitou que fez essa escolha de livre e espontânea vontade? — Segurou as lágrimas que brotaram em seus olhos.
— Eu sei que não fui bom pra você — Baixou sua cabeça e cerrou seus punhos, era sua realidade mais dura.
— Eu fui contra minha família por você, mas você não pôde fazer o mesmo por mim. Sasuke, eu não esperava que você fosse um homem extraordinário, só esperava que fosse um pouco melhor do que o canalha que me mostrou que é.
Caminhou para deixá-lo, mas antes de seguir em frente, parou ao seu lado.
— Só esperava que fosse no mínimo um bom pai pro nosso filho, mas a mulher que o matou antes dele vir ao mundo, dorme com você todas as noites, como posso perdoá-lo? — Seguiu se afastando logo em seguida, assim que lhe deu as costas, uma lágrima rolou em seu rosto ao lembrar de seu bebê.
Sasuke virou e a encarou, a vendo se afastar, pretendia ir atrás dela e perguntar se era verdade o que dizia, no entanto, seu corpo havia paralisado. O rosto do Uchiha logo estava molhado por suas lágrimas. A mulher que mais amou em sua vida tinha um câncer terminal e ele não fazia ideia, e além disso, sua esposa matou o filho que sua amada carregava. Com que direito ele iria questioná-la?
Inoichi estava em uma viagem de negócios e por mais que amasse estar com seu neto, precisou sair da cidade para resolver algumas coisas, sendo assim, a madrinha coruja estava responsável pelo bebê naquela noite de festejo dos Uchiha.
Enquanto todos estavam se divertindo no salão, no terceiro andar da Mansão Uchiha estava o pequeno Inojin. Tenten tinha ido ao sanitário, mas saiu às pressas quando ouviu o choro do seu afilhado.
A porta do quarto estava aberta. Ela se aproximou do berço vendo o pequeno acordado. Ninou Inojin ainda no berço dando tapinhas de leve em sua bunda até que ele adormeceu novamente.
Tenten estava tão entretida com o bebê que nem se deu conta de que quando tinha ido ao banheiro, a porta do quarto estava fechada, sinal que alguém havia entrado.
A pouca claridade da lua atravessava as cortinas de seda branca do quarto. Foi naquele pouco brilho que Tenten viu a silhueta de alguém atrás de si. Ela foi atacada, mas desviou do primeiro golpe, caindo no chão logo depois.
— Quem é você? Como entrou aqui, o que quer comigo? — perguntou assustada, à medida que a pessoa se aproximava, ela se afastava.
— Você faz perguntas demais — disse a pessoa que invadiu o quarto e novamente tentou outro golpe com o bastão de baseball.
Tenten rolou para o lado e, vindo para o claro, finalmente viu o rosto de seu agressor.
— Você? Por quê? — perguntou assustada — Eu não sou sua inimiga!
— Vai fugir ou conversar?
Tenten tentou levantar para correr, mas foi pega pelos cabelos e puxada para trás. Antes que conseguisse gritar, levou um golpe certeiro na nuca e desmaiou.
O invasor se aproximou do berço. Pegou a criança no colo com cuidado sem largar seu bastão para caso encontrasse alguém enquanto saísse.
Mesmo com a segurança forte da mansão, ele conseguiu sair pelos jardins sem problema, já que todo fluxo era na frente da casa e quando Tenten acordou, ele já estava fora de alcance.
Desesperada com o desaparecimento da criança, Tenten foi ao encontro da mãe dela. Estava eufórica quando agarrou o braço de Ino repentinamente na festa.
— Tenten? O que houve? — Ino estranhou seu agarro bruto.
A morena não conseguiu dizer, pois lhe faltava ar.
— Vou pegar um copo de água — disse Itachi que estava com Ino se retirando indo em busca da água.
— Fique calma, respire fundo. Inspira e expira — Ino orientou fazendo gesticulações para Tenten a acompanhar.
Itachi voltou com um copo de água e entregou para Tenten, que o pegou e virou de vez. Ino se deu conta do que podia estar acontecendo.
— Se você está aqui, onde está o Inojin? — Um desespero tomou Ino — Onde está o meu filho? — gritou — Cadê ele, Tenten?
Tenten finalmente recuperou seu fôlego para conseguir falar.
— Alguém se infiltrou na mansão, essa pessoa me apagou com um golpe no quarto, sequestraram o Inojin!
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Notas da Autora
Oi pessoal, como estão? Beberam água hoje? O que acharam no capítulo? Comentem seus surtos durante o capítulo e me digam qual a opinião de vocês! Deixem seu voto nesse capítulo e ajudem essa humilde história a crescer. Estão ansiosos pra o próximo capítulo?
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