2° Capítulo ☕

por mais que eu houvesse me esforçado não pude evitar o atraso de alguns minutos para a aula, me deparei com o ambiente enorme e cheio de alunos,com o intuito de ser o mais discreta possível, entrei pela porta dos fundos despercebida por todo,incluído a docente que estava em uma profunda explicação.
Fui uma das últimas a sair da sala e encontro com o rapaz da cafeteria, trocando algumas palavras com uns cologas. - "não pode ser" - pensei. Resolvi passar e fingir que não o tinha visto, "o corredor está cheio, é uma ótima estratégia,vai funcionar! "

-Oi, Emma. - sorri.

- Oi, Vicente. - é, não funcionou.

- Qual é seu curso? - ele dá um leve tapa em um dos rapazes e vem em minha direção.

-Fotografia.

-Que coincidência,o meu também, provavelmente estamos na mesma turma.

-É bem provável - ri sem jeito- desculpa, mas eu tenho que ir,preciso buscar meu irmão na escola. Mas fico feliz em saber que somos colegas de classe - por alguns segundos não acreditei no que falei.

-Eu também,foi mau, te atrapalhei de novo - sorriu

-Imagina, tchau.
-Tchau,Emma.

Saí igual louca da faculdade e entrei no carro para ir buscar o Matteo.

Cheguei na escola e ele já tinha largado a quinze minutos. Pedi mil e uma desculpas à professora e falei que aquilo não ia se repetir.

-Você esqueceu de me pegar ? - Matteo perguntou assim que entrou no carro,ele parecia um pouco chateado.

-É claro que não, meu pequeno. Eu só não imaginei que minha aula acabava depois da sua, saí de lá às pressas mas mesmo assim não foi possível evitar o atraso.

-E agora?

-E agora que vou ter que conversar com sua mãe, ela vai ter que te buscar a partir de amanhã. - forço um sorriso.

-Mas eu gosto quando você me busca.

-Mas o horário da faculdade não permite, Matteo, não posso chegar todos os dias atrasada pra te pegar. Sua mãe vai ter que fazer isso,ou talvez agora ela resolva pagar a van da escola.

-Você vai conversar sobre isso com ela?

-Sim,terei que fazer esse sacrifício. - mexi em seu cabelo. - pronto,chegamos.

A Celina não estava em casa e também não tinha feito o almoço. Então fiz algo prático e rápido enquanto o Matteo estava no banho. Depois do almoço como de costume,ensinei a sua lição de casa e ele foi tirar o cochilo da tarde. Pus uma roupa confortável depois do banho e fui organizar a casa. Ao acabar,subi e fui lê um livro no quarto e quando ouvir que alguém tinha chegado fechei a porta,queria privacidade.
Deixo meu quarto apenas no final do dia,quando vou até a cozinha buscar com copo com água e ir a sala conversa com a Celina.

- Preciso que passe a buscar o Matteo na escola. - me aproximo dela sem arrodeios,o quanto mais rápido aquela conversa acabar,melhor seria.

- Como é? - permanece com seus olhos vidrados na enorme tv.

-O seu filho,preciso que busque ele na escola a partir de amanhã. Largo mais tarde que ele,não posso pegá-lo todo dia atrasada. Se quiser posso ir pra faculdade de ônibus e deixo o carro pra você buscá-lo.

-Primeiro dia de faculdade e você já adquiriu esse ego todo garota? Quem você pensa que é para me mandar fazer algo ? - eu havia chamado a sua atenção.

-Amo ele, mas ele é seu filho e não meu, sempre fiz obrigações que são suas e nunca reclamei, garanto que antes de sair deixarei tudo organizado, e ele pronto para ir pra escola, você só tem que levá-lo e buscá-lo, deixarei meu carro para você fazer isso. - levei um tapa no rosto assim que acabei de falar. Rapidamente pus a mão e o copo que estava segurando caiu se quebrando em vários pedaços.

-Sua ridícula - gritou - você esqueceu quem manda nessa casa? Com uma simples ligação eu acabo com essa faculdade idiota. Não paga pra ver isso garota. Você acha que eu também não tenho meus compromissos? - Na verdade ela não tinha,porém não arrisquei a responder - Limpa essa bagunça - apontou para o chão - vou buscar o Matteo na escola,mas não espere encontrar almoço quando chegar em casa. - saiu em direção ao quarto,me deixando paralisada entre cacos de vidro.
Antes que eu percebesse já estava em lágrimas e soluços,mas mesmo com a vista turvas,juntava os pedaços de vidros maiores quando acabei cortando meu dedo indicador. Mas não foi nada de mais, um band aid resolveria o problema. Limpei e subi para quarto. O Matteo estava sentado na minha cama com as mãos no ouvido. Mas quando me viu entrar, as tirou.

-Ela brigou com você de novo e agora por minha causa,não foi? - meu irmão era um menino muito carinhoso e delicado,estava nítido a tristeza em sua voz .

-Claro que não,meu amor - sentei ao lado dele na cama - não foi por sua causa,ela só está um pouco estressada por conta do cansaço. - faço um carinho em suas bochechas.

-Ela te bateu ? - perguntou espantado colocando o dedo em meu rosto.

-Não, acho que foi minha unha. Não se preocupe, Matteo, a sua mãe me ama,só ainda não sabe disso. - fiz cócegas nele e lhe deu um beijo antes de sair correndo pela porta.

Sentada bem a frente do meu enorme espelho,passei uma pomada no pequeno arranhão do rosto causado pela unha dela e no meu dedo cortado pelo caco de vidro, pus um band- aid,e vida que segue. Só não sei bem para onde. - Deus me dê forças para eu suportar tudo isso, é só o que peço - falei baixinho.
As ligações do meu pai são bem raras e imprevisíveis, ser "muito ocupado" tem suas consequências,incluindo semanas sem falar com seus filhos. Mas como imprevistos é seu sobrenome,ele me ligou naquela noite. Justamente naquela noite.

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