No domingo,além de pedir desculpas a Celina pelo "mal entendido" tive que sair para um passeio em família,uma família que apenas o meu pai enxergava.
Celina me tratou tão bem que cheguei a ficar enjoada em ver suas atitudes de " madrasta e mãe perfeita". O Matteo aproveitou ao máximo a companhia do papai e eu passei o dia inteiro desejando meu quarto.

Passei o dia inteiro sem o celular (ordens do papai),queria muito poder mandar mensagens pra Liz ou o Vicente. Na verdade, não saberia o que dizer a ele depois da noite passada. Liz com certeza saberia me aconselhar nisso, mas nem mesmo tive a chance de contá-la.

Amo o papai,mas é cansativo fingir que está tudo bem e que somos uma família unida e feliz quando na verdade na ausência dele o dia não acaba enquanto não aconteça uma discussão entre mim e sua amada esposa. Ele não faz ideia do que vivo,do que sinto e do que realmente desejo.

Sinto falta dos nossos momentos juntos de pai e filha,das nossas conversas e brincadeiras. Sinto falta de quando ele sabia que eu não estava bem com apenas um sorriso meu, quando ele se esforçava ao máximo para não ficar muito tempo longe de mim. Devo ser muito egoísta por pensar dessa forma,mas eu apenas queria o meu pai de volta,queria aquele pai com quem eu sempre podia contar.

Pelo visto três dias é demais para ficar longe do trabalho, ele recebeu uma ligação importante e teve que voltar no domingo a noite,assim que chegamos do passeio. Não me causou espanto,mas o Matteo ficou arrasado,ele tinha grandes planos para a segunda-feira.

Senti um pouco de decepção quando não encontrei mensagens ou alguma ligação do Vicente no celular assim que o liguei. Mas tinha mensagens da Liz,ela estava disponível para conversar a qualquer horário durante a noite. Me informou por mensagem que estava tudo bem com seu avô e que logo ela voltaria.

- Espera,deixa eu ver se entendi. Em apenas um dia você teve uma ótima tarde em um passeio com homem (lembrando que você até uns dias atrás não tinha nem sequer coragem de fazer novas amizades), você salvou ele de morte,quase morreu também, colocou em prática minhas explicações de primeiros socorros que fiz você treinar em meus ursinhos de pelúcia, teve seu primeiro beijo,seu pai depois de quase um ano resolveu te visitar de repente e não bastando,a sua madrasta conseguiu passar um dia inteiro sem discutir com você, Emma,tem certeza que não foi um delírio?

- Você falando assim, realmente parece algo inacreditável. E só pra deixar claro,não foi um beijo, não pira,Liz. Mas o que importa?ele não falou mais comigo depois do que aconteceu,e isso está me deixando louca, sabia? . Pensei que éramos amigos mas sinto coisas quando estamos juntos que não sei explicar, ele não disse que sente algo por mim e muito menos me demonstrou tal coisa,com certeza,eu teria notado.

- Vamos combinar que você não teria notado não, a não ser que ele se declarasse com palavras óbvias ou em um outdoor na entrada da cidade.

- Então que fosse claro - falei indignada - dessa forma eu não estaria nessa situação,ao ponto de não saber o que fazer e enlouquecer.

-Depois de uma conversa tudo pode se resolver,Emma.

-Por qual motivo ele não teria me mandado uma mensagem? A atitude foi dele!

-Você também tem o contato dele salvo,porque não fez ?

-Porque eu?

-Porque não você? Ele mostrou sinais que está apaixonado por você e você está apaixonada por ele, conversem e chegarão a uma conclusão. Eu entendo que o está sentindo é confuso,é tudo novo pra você,são sentimentos desconhecidos porém o novo às vezes é estranho, mas às vezes o estranho também é necessário e nos faz bem.

-Você torna as coisas muito simples.

-Às vezes elas são, nós que complicamos.

-Amanhã vou procurá-lo depois da aula. Não posso esperar que ele venha até mim;se ele não tem o que dizer sobre o que aconteceu,eu tenho.

-É assim que se fala - falou orgulhosa.

- E que Deus me ajude - completo suspirando pesadamente.
Amém! - comentou empolgadíssima.