Capítulo 1 - O mundo está infestado por Garotos
Quando eu era criança, eu odiava garotos. Achava eles as criaturas mais sem graça, catarrentas e bizarras do mundo. Ficava me perguntando que mãe iria querer um menino para cuidar? Tipo, um menino!!! Eles só sabiam fazer "zummmm zummm" com seus bonequinhos de mentira fazendo-os voar. Até os carrinhos voavam! Oh céus! Eram burros demais! "Seus bobões, carros não voam, né!" Quem não sabia disso? Óbvio. Garotos não sabiam. E se eu fosse as mães deles, processaria as gaivotas que os tinham trago para elas. Onde já se viu!
Quando fiz 10 anos, eu ainda era criança, mas não achava os garotos tão bizarros assim, porque simplesmente os ignorava da minha vida. Não fazia diferença tê-los por perto ou não — exceto quando queria jogar Nintendo e eles eram a opção.
Eles viviam gritando e "zoando" quando venciam alguma partida de corrida contra mim. Ou ficavam repetindo: "Sabia que vídeo-game não é coisa de menina?" ou "Está preparada para perder e chorar como uma menininha?". Argh! Não dava para aturar tanta petulância em um só ser. Eu disse: In-su-por-tá-ve-is! Por que garotas preferiam Barbie e gloss gosmento, de péssima qualidade, em vez de vídeo-game?
Quando fiz 13 anos, eu era a única que não tinha se apaixonado perdidamente por alguém da escola. Não estava nem aí para qual garoto era mais bonito, o mais popular ou o mais possível para ser namorada. Affs! Queria mesmo era continuar com meu video-game, brincando de pega-pega e fazendo acrobacias por aí. Garotos eram chatos. Ogros. Seres manés que viviam competindo com nós. "Aposto que ganho de você nisso, blá blá blá, aposto que você não consegue, blá blá blá e blá bla". Chatos! Viviam bancando os fortões, ainda que as mães os buscassem na escola todos os dias. E quando não estavam nos insultando ou pegando nossos materiais para esconder, eles estavam jogando futebol e ignorando todas as pessoas da face da terra para correrem atrás de uma bola! O que demais tinha nisso? O que demais tinha naqueles garotos suados e patéticos?
Quando fiz 15 anos, eu tive minha primeira paixonite. E não, não foi ninguém do colégio. Eu ainda abominava meus colegas de classe com todas minhas forças, mas não todos os garotos da terra. Assim, como se eu tivesse passado por um universo paralelo, comecei achar garotos interessantes, e daí, puft, me apaixonei!
Foi assim que entendi que filmes de romance nem eram tãoo sem noção assim. Que mesmo as histórias sendo repetidas e muitas vezes bobas, elas eram simples... E tinha os garotos... Apaixonados! E o amor. Os dois interligadíssimos para mim, como num jogo de formar frase com palavras embaralhadas:
Garotos. Atração. Paixão. Meninas. Sentimentos. Amor.
"O que é isso que estou sentindo?", de repente você está se perguntando em frente ao espelho do banheiro, fingindo conversas inimagináveis, pensando até mesmo naquele carinha mais ou menos bonitinho do colégio, enquanto sua mãe fica batendo na porta perguntando o porquê da demora e solta aquele: "Já virou mocinha? Posso entrar?"
QUÊ?
Puft! Mães!
E toda sem graça (mesmo que seja com SUA MÃE, a mulher que te gerou), você saí do banheiro e simplesmente diz:
— Manhê! — repreendendo-a, por ficar ansiosa com aquilo!
Não adianta muito, toda essa vergonha, sabe. Semanas depois, como se o mundo tivesse novamente de cabeça para baixo e ainda girando ao contrário, você caminha até o sofá onde sua mãe está assistindo o jornal, toda sem graça, e simplesmente solta:
— Mãe? Você tem algum absorvente aí não?
Pronto. Uma loucura de hormônios. Sensações. Stress. Emoções... E, claro: Garotos! Sempre eles.
Foi aí. Nessa fase fatídica do "virei de vez mocinha", na era das quinze primaveras, que me apaixonei por um garoto. Não qualquer garoto, ora essa! Era 'O Garoto'. Ele dançava, cantava, fazia esporte e um bocado de outras coisas extremamente horripilantes e fofas, que faziam todas garotas do universo amá-lo, de uma vez só. Certo, Zac Efron? Oh meu Deus! Ele era O caraa!
Mas aí eu entendi que nem toda paixão é correspondida, como nos filmes de romance, com felizes para sempre. Tudo mentira! Pois se fosse verdade teria me casado com Zac Efron, que se declararia para mim em cima de uma mesa do refeitório do colégio... Can-tan-do!
Descobrir, que, às vezes, paixões, principalmente as adolescentes, falam línguas diferentes. E eu nem precisei de muito para perceber que o Zac não só não falava minha língua, como também nem sabia da minha existência. Triste!
Aos 16 anos, eu voltei à estaca zero: Ódio mortal aos garotos. Eles eram babacas demais. Irritantes demais. E principalmente: Se achavam os reis do universo. Ah, por favor! Eles não são reis de nada! Mal conseguem controlar aquele seu amiguinho lá embaixo!
Dessa forma, estava disposta a expulsar eles da minha vida. Mas, ao mesmo tempo, eu queria apenas um namoradinho para estrear meu próprio filme ridículo de romance juvenil – com um garoto não tão estúpido. Porque eu ainda os achava babaquérrimos, na maioria das vezes.
Lembro-me que eu era a única entre minhas amigas que era BV* e que não tinha tido um encontrinho (atrás da escola) com alguém. Era um absurdo! Tipo assim... Oi? "Qual era o meu problema?" minhas amigas ficavam perguntando, e faziam o possível para me enfiar no meio daqueles jogos de verdades e consequências que eram o auge nas festas de aniversários, cada vez mais frequentes, dos nossos colegas. Eu nunca que iria fazer aquilo! Nunquinha! Ri-dí-cu-lo! Até porque, mesmo se fizesse, acabaria arrependida com toda certeza. Às chances de beijar um garoto realmente patético, eram enormes! Eu não queria que isso meu fosse simplesmente assim. Nananina-não!
Só que esse dia, sabe, de perder o Bv, sempre chega para qualquer um de nós. Tudo bem que queria algo especial... Mas, como saberia se poderia ser especial sendo que eu repelia qualquer ser do sexo oposto que se aproximava de mim? Eu queria o cara perfeito (como Zac Efron ou pelo menos seu personagem), mas garotos, ou pessoas perfeitas, não existem. E eu confesso que demorei um bocado para compreender isso.
O bom é que eu tinha Jaqueline para me mostrar as coisas do seu modo.
— Olha, o Cadu é bonitinho. Você quer que eu fale com ele? — Jaqueline minha melhor amiga, a que sempre tinha um garoto atrás, e ela os amava, era a que sempre me empurrava para um "esquema". — Ou o Nathan?
Estávamos numa festa de Eduardo, o seu "namoradinho" do momento. Dezesseis anos para ele. Eduardo era até um garoto legal. Uma pena que Jaque o trocasse pelo próximo garoto que encontrasse.
— Ih, nem vem, Jaqueline. Estou ótima sem trocar salivas com suas vítimas. Não quero sua baba, você tem bafo — Cantarolei a última frase, rindo.
— Ei, não troquei com o Nath. — Fingiu está chocada e mexeu no cabelo. — Porque ele não quis.
— Vocês combinam, sabia? — Dei de ombros. — Os dois são irritantes!
Ela girou os olhos.
— Ele é chato.
— Ninguém liga.
— Arrã... Nem liga. — Gargalhou, e me olhou cética. — Você é uma criatura engraçada, né, Malina? Você acha que me engana, hum?
Oi?
— Você diz que odeia garotos — começou. — Mas aposto que vai ser a primeira casar! Você não me engana.
Bufei.
'Tá aí uma coisa que nunca vai acontecer", gargalhei.
— Jaqueline, que droga você andou usando, Jaqueline? Jaqueline você está bêbada Jaqueline? — falei, rindo.
Ela me balançou, irritada, por repetir seu nome, e vi Eduardo se aproximando sorridente. Afastei-me imediatamente. Eu que não ia segurar vela.
— Você ainda me aguarde, sua caretonaa! — gritou, e eu acenei, indo para casa.
Voltei atrás e me joguei num puff. O pai de Jaqueline não gostava que ela ficasse nessas festas sozinhas, por ser impulsiva, por isso que eu a acompanhava sempre. Eu era a boa menina. A responsável.
O pai dela viria nos buscar meia noite, em ponto. Eu ainda iria dormir na sua casa, só por precaução. Se eu não estivesse ali com ela, ele ficaria furioso com Jaque, que ficaria uma fera comigo, que... Ficaria com vontade de arrancar a cabeça de Jaqueline por ter feito aquilo...
— Oi — ele me cumprimentou, sentando-se ao meu lado.
"Eu vou matar Jaqueline".
~♥~♥~
*Boca virgem
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:)
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