19: eu te levo

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#coisachata


Como é? — Jimin se perguntou, levantando uma sobrancelha. Mal conseguia pensar, porque o cheiro do rapaz estava em toda parte, e ainda tinha a sensação fantasma do beijo nos lábios.

Debaixo da chuva, Jungkook sorriu, ainda em estado de bobeira devido ao ocorrido. Então, chamou um carro pelo aplicativo, e puxou Jimin para debaixo da cobertura de uma loja fechada. Em silêncio, os dois esperaram, sem agir ou se olhar.

O ômega ainda sentia o coração acelerado, e temia que Jungkook fosse capaz de ouvir. Os seus dedos inquietos mexiam as chaves do carro sem parar, sentindo que poderia desmaiar a qualquer momento, ou pior: acordar. Se aquilo fosse só mais um sonho, nunca mais iria dormir na vida.

Quando o carro chegou, Jungkook abriu a porta traseira para Jimin, o deixando entrar e se juntando a ele em seguida. Agradecido pelo motorista ser um beta, Jeon conseguiu relaxar um pouco, porque se fosse um alfa naquele carro, provavelmente não seguraria a onda e não queria agir assim na frente de Jimin. Droga, foi só um beijo e já sentia um ciúme que vinha de dentro.

Segurando a jaqueta de Jungkook no colo, Jimin ainda sentia a presença dele sobre si, e se odiava por gostar tanto da sensação. Era como estar seguro. O olhando pelo canto dos olhos, admirou seu perfil, seu pescoço, e o formato de seu rosto. Ah, se ele ao menos fosse feio…

Parando, eles desceram na frente do condomínio onde Jungkook morava. Jimin não se moveu, e o maior sabia o porquê. — Meus pais não estão. Foram para Bruxelas, voltam em uma semana.

Inseguro, o loiro encarou os próprios tênis. — Eu não sei…

Jungkook se aproximou dele, e com calma disse: — Vamos só dormir. Eu juro.

Constrangido, Jimin se encolheu, desejando que um buraco se abrisse debaixo dos seus pés e o engolisse. Sentindo a chuva apertar outra vez, ele viu um segurança se aproximar com um guarda-chuva em mãos. — Sr. Jeon, pegue, por favor.

Jungkook se curvou, o cumprimentando. — Não precisa. — e voltou a olhar para Jimin. — Eu vou chamar um carro pra você, então.

O ômega o impediu de pegar o celular, segurando sua mão. — … eu vou entrar.

O moreno segurou um sorriso, e puxando Jimin, eles fizeram o caminho até a casa dele, onde entraram sem fazer barulho, mesmo que o segurança na porta já os tivesse visto. Jimin tentou não parecer impressionado com o interior da casa, porque ela era obviamente grande, obviamente moderna, obviamente cara. Engolindo em seco, tentou agir naturalmente, porque já esteve dentro de outras casas milionárias antes.

Entretanto, quando parou em frente à porta do quarto de Jeon, foi um pouco difícil parecer casual. Não era todo dia que entrava no quarto de um alfa bonito, com fama de destruidor de ômegas.

— Entra — Jungkook o incentivou, abrindo a porta para ele.

O quarto em si era simples, cores neutras, uma bela cama, closet, janelas grandes. Em um canto, ele tinha cerca de cinco guitarras expostas, uma bateria eletrônica e uma vitrola. Ligando a luz, ele viu que ela refletia azul, e aí sim o quarto tinha mais a cara do guitarrista em sua frente.

Se livrando das botas pesadas, Jungkook soltou um suspiro, observando Jimin, enquanto este analisava o quarto. De certa forma, queria a aprovação dele. — Limpinho, né?

Jimin ia dizer que ele devia dar os créditos a faxineira, mas não quis ser estúpido, então apenas assentiu. Enfim, o olhou, se sentindo deslocado. — Eu… onde eu posso sentar? Minha calça tá molhada.

Ah, por que disse isso?

Jungkook se apressou em entrar no closet, voltando com uma muda de roupas e toalha. — O banheiro é aqui… — apontou para a única outra porta. — Eu acho que tenho uma escova fechada na gaveta da pia.

Jimin apanhou as roupas sem dizer nada, um pouco sério demais, seu rosto parecia até paralisado. Sua falta de reação assustava um pouco, Jungkook não ia mentir, mas não ia exigir nada dele. — Fica à vontade.

Entrando no banheiro, Jimin deixou as roupas sobre a pia e se olhou no espelho. Se um raio caísse em sua cabeça nesse momento, ainda não seria capaz de dizer nada. Estava no banheiro do quarto de Jungkook, o mesmo Jungkook em quem pensou durante meses, todo santo dia. Mais que isso, haviam se beijado. E não foi um acidente.

Respirando fundo, Jimin abaixou a cabeça, e fechou os olhos. — Jimin… olha a merda que você fez… — e voltou a se olhar no espelho. — E agora? Hm?

Por que era tão difícil pensar quando não estava sob o domínio de Jungkook?

Esfregando o rosto, ele apenas tomou um banho rápido, e vestiu as roupas que Jeon lhe deu. Samba-canção e camisa de banda. Após escovar os dentes, ele deixou o banheiro, e pegou Jungkook arrumando a cama. — Ah… você saiu. Hm, pode deitar se quiser… eu vou tomar uma ducha e já venho.

Lhe dando um sorriso tímido e gentil, Jungkook passou por ele e se enfiou no banheiro. Jimin encarou a porta por um tempo, antes de dobrar as próprias roupas, e se sentar na beirada da cama, imóvel. Pra falar a verdade, fazia tanto tempo desde a última vez que esteve com um alfa, que não sabia mais ser formidável ou mesmo sociável. O que devia fazer? Ser sexy?

Passando a mão pela testa, frustrado, ele ouviu o celular vibrar na calça, e o apanhou, abrindo uma mensagem de Jin. Ele dizia: “Vocês vão mandar um cavalo branco vir me buscar? Porque você levou minha chave.”

Rindo, pasmo, Jimin respondeu: “Primeiro: você me entregou de bandeja pro seu amigo. Segundo: você nem pode dirigir no estado em que está.”

Jin apenas respondeu: ”:o”

No momento em que ele deixou o celular de lado, Jungkook saiu do banheiro, usando apenas uma toalha na cintura, ele naturalmente andou até o closet. Jimin engoliu em seco, encarando o lado contrário ao que ele estava. Ele voltou, dizendo: — Se você não disser nada, vai ser muito mais estranho do que deveria ser.

Jimin o olhou, e não conseguiu se segurar. — Você fez o mesmo na maternidade!

E rapidamente desviou o olhar, com a cara fechada, sem saber como agir. Jungkook sentou ao seu lado, e riu baixinho. Jimin ralhou: — E você acha graça!

— Claro que eu acho — o alfa respondeu, o olhando. — Você é uma graça.

Jimin inevitavelmente rolou os olhos. Provavelmente ele era o único que via a gravidade das coisas, não é? Eles se beijaram, e disseram coisas um pro outro. Para Jimin, não era como estar na Disney.

Jungkook notou que não havia um pingo de humor no semblante do mais velho. Suspirando, arrumou a postura e disse: — Eu estava falando sério quando disse que senti saudade de você. E não pense que eu estava feliz com isso, tá? Pensar em você era… doloroso. A sensação da dúvida… é mais fácil esquecer o que você viveu, do que conviver com a dúvida de como seria se tivesse feito diferente. — se deitando na cama, ele fechou os olhos. — Eu senti tanta raiva de você… porque você nem deixou eu tentar. Tudo no que eu pensava era… era em te provar que eu não era esse monstro de sete cabeças que você pintou.

Jimin o olhou por cima do ombro, o observando, e ele continuou a falar: — Quando eu te vi na maternidade… eu evitei te responder. Não queria ouvir sua voz, não queria voltar a imaginar coisas, não queria ter esperança. — e dito isso, ele se sentou mais uma vez, de frente para o ômega. — Mas só de te ver… ah, droga, eu não consegui parar de pensar em você. Estranho, não é? Estranho como… como parece diferente.

— Diferente? — Jimin perguntou, com a voz um pouco falha.

Jungkook lhe deu um sorriso sutil. — Diferente das outras pessoas.

Piscando algumas vezes, Jimin não conseguiu tirar os olhos da direção dele dessa vez. Ele estava certo, a sensação era mesmo inexplicável. Porque não havia razão naquilo, não havia razão em ficar tão envolvido por alguém que sequer fazia o seu tipo.

Olhando agora, Jungkook parecia o tipo ideal para Jimin.

Sem pensar demais, ele juntou os seus lábios aos de Jeon, que prontamente retribuiu o beijo, levando também as mãos à cintura de Jimin. Quando o beijo ficou mais intenso, o alfa o puxou para o colo, o sentando de lado sobre suas coxas, Jimin sentiu o calor do corpo dele, quente como uma pedra sob o fogo, e quis mais. Poderia ficar ali pra sempre, sobre o colo dele, em seus braços, o beijando, acariciando seu cabelo, pescoço, tudo…

Jungkook o afastou assim que o cheiro de Jimin ficou mais forte, ofegante, o olhou com um meio sorriso. Manso ele era lindo. — … é melhor eu parar aqui.

Jimin, um pouco envergonhado, assentiu, e se preparou para sair do colo dele, mas Jeon o impediu. — Não falei pra você sair, coisinha chata. — e o beijou na bochecha. — Assim é bom?

O ômega escondeu o rosto na curva do pescoço dele, sem graça demais para encará-lo. O moreno mordeu um sorriso, com medo que este rasgasse sua pele e não parasse de crescer. — Você sentiu minha falta também, Jimin?

Mas Park já havia admitido aquilo em voz alta uma vez, então ele não respondeu, apenas assentiu com a cabeça, de olhos fechados, descansando a cabeça no ombro do maior. Jungkook o tocou na coxa, respirando fundo e fazendo carinhos no local. — Você já… pensou que estaria assim comigo em algum momento?

Jimin murmurou: — Às vezes…

— Hm — o alfa soltou. — No que você pensava? Na maioria das vezes.

Ele foi honesto: — Eu odiava pensar em você. Eu me imaginava batendo sua cabeça na parede, e assim você deixava de existir, e eu parava de nos imaginar juntos.

Jeon ficou mudo por um momento, antes de sussurrar: — Vamos ocultar essa parte, ok? — e então o deitou na cama. — Tudo bem se a gente dormir juntos? Se não, eu posso pegar um…

— Tudo bem — Jimin o respondeu, enquanto se cobria, tentando não olhá-lo.

Surpreso, Jungkook não o questionou, passou por cima dele e se deitou no espaço livre. — Precisa de mais alguma coisa antes de dormir?

Jimin soltou uma risada, porque duvidava muito que fosse conseguir dormir. — Não. Hm… boa noite.

Jeon, ao lado dele, permaneceu na mesma posição, mirando as costas do mais velho, em silêncio. Não disse nada, porque não queria o desgastar, ou pior, estragar o que estava perfeitamente bem. Consigo, pensou em como parecia irreal estar ali com ele, e relembrou também dos beijos que acabaram de dar, sem notar, sorriu no escuro.

O alfa nunca havia sido rejeitado, precisava admitir, mas por alguma razão, isso nem o incomodava, se envolver com Jimin foi diferente, não teve nada a ver com seu ego, com sua própria imagem. Não era nada disso. Conhecer aquele ômega foi, acima de tudo, algo novo, algo que fugia de sua rota. Jimin era como um estrangeiro nas terras de Jungkook, o fascinando com costumes diferentes, o deixando curioso e apaixonado. Apaixonado.

Piscando algumas vezes, pego de surpresa pelos próprios pensamentos, pelos próprios sentimentos, Jeon percebeu: gostava de Jimin.

Não era só uma birra, um desafio, tesão, não. O queria bem. O queria por perto. O queria para si.

Admirando a pele exposta de Park, ele percorreu cada detalhe de seu pescoço, desejando poder tocá-lo mais uma vez, e o ter por inteiro.

Naquela noite, nenhum dos dois dormiu, entretanto, nenhum dos dois falou qualquer coisa. Pela manhã, Jimin acordou de um cochilo, despertado pelo canto dos passarinhos, mas ele não se levantou de imediato, ficou no mesmo lugar, por um longo tempo, encarando as paredes e os objetos em seu campo de visão. Estava mesmo no quarto de Jeon Jungkook.

Tinha mesmo beijado Jeon Jungkook.

Jeon Jungkook!

Enfim, se virando na cama, ele notou que o moreno não estava ali, estava na verdade, sentado no chão do quarto, em frente a uma das janelas, usando fones de ouvido, ele escrevia alguma coisa em um caderno. Jimin se arrastou sobre o colchão, e sentiu o cheiro dele no lençol, no cobertor, travesseiro, toda parte.

Sua cabeça doía, como se tivesse levado algumas marretadas, e só então ele pensou nas coisas que não devia ter tomado na noite anterior. Suspirando, observou Jeon, absorto nas próprias atividades, tão concentrado que Jimin não quis atrapalhar. Ele ficava bonito de cabelo bagunçado, usando preto de cima a baixo, sem lápis nos olhos, coberto por tatuagens. O ômega sabia que aquele garoto era desejado por metade da cidade, e talvez os entendesse bem.

Por muito tempo, pensou que Jeon o detestasse, que nem se lembrasse, que não se importasse, agora estava ali e se lembrava claramente de seus beijos. O que esses sentimentos significavam?

Jimin não era bom nisso.

Se virando para checar o menor, Jungkook notou que ele estava acordado, e então tirou os fones, se levantando. — … bom dia.

Engolindo em seco, porque agora não havia um pingo de álcool na cabeça, Jimin o respondeu baixinho: — Bom dia. — e descobriu que estava rouco. — Oh…

Jeon abriu um sorriso involuntário. — Você bebeu bastante… — constatou. — Tem remédio pra dor de cabeça e pro estômago. Você pode comer alguma coisa antes.

Jimin se perguntou como ele sabia que iria precisar daquilo, mas se lembrou que estava lidando com um baladeiro nato. Envergonhado, se sentou, e olhou em volta, tentando não olhar somente para o alfa. — Aceito…

O moreno caminhou para a porta, dizendo: — Eu já volto.

Ele não discutiu, nem pediu pra ir junto, porque não queria esbarrar com alguém desconhecido, não queria ser olhado como um cachorro de rua por ninguém. Mas se levantou, caminhando descalço pelo quarto, tocou as cortinas, sentindo a textura gostosa, e curioso, dedilhou suavemente as cordas de uma das guitarras na parede. Superficialmente passou os olhos pela coleção de vinis em uma caixa, notando que havia alguns clássicos e alguns que não conhecia, e então, seus olhos pararam no caderno aberto, deixado em uma mesa, o mesmo onde Jungkook estava escrevendo mais cedo. Espiando a porta, se aproximou da mesa e tentou ler o que estava escrito, mas não havia nada escrito, era um desenho incompleto e muito rabiscado. Jimin percebeu que era um desenho seu.

Sentindo as bochechas esquentarem, ele rapidamente se afastou e voltou a se sentar, em um breve estado de choque.

Vendo Jungkook entrar pela porta, carregando um prato e uma xícara nas mãos, ele tentou disfarçar qualquer rubor. O rapaz o entregou o prato, apoiando o copo na mesa de cabeceira, e Jimin viu que o lanche se tratava de pão com ovo e queijo. Era só pão e ovo, mas parecia tão mal executado, que ele poderia facilmente dizer que aquela comida fora atropelada por um caminhão no caminho até o quarto.

— Você mesmo fez…? — quis saber, enquanto experimentava.

— Se estiver bom, sim — sorriu. — Se estiver ruim, não.

Não estava ruim, mas o ovo mexido não parava de escorrer do pão, e havia tanto queijo, que começou a grudar no prato. Jimin teve que encontrar uma forma comer sem se sujar inteiro, mas conseguiu no fim, o problema era que Jeon o olhava a espera de uma resposta, e o ômega estava pronto para dizer a coisa mais rude possível, portanto, teve que respirar e dizer: — Obrigado.

Jungkook não estava convencido, mas não insistiu. — Aqui, café sem açúcar.

Tomando a bebida, Jimin sentiu o rosto torcer em uma careta, mas foi até o fim. Sem pensar, soltou: — É assim que servem café na cadeia?

O maior deles soltou uma risada, lhe entregando um comprimido. — Na cadeia eu não sei, mas no exército…

Após engolir o remédio, Jimin o olhou, e avaliou o físico dele mais uma vez. — Como… como foi lá?

Reunindo a louça suja sobre a mesa, Jeon puxou a cadeira da escrivaninha e se sentou de frente para o loiro. — Eu descobri que meu pai é pior que um coronel aposentado. Às vezes, eu até sinto saudade de lá.

Jimin puxou o cobertor para cima das pernas, rindo baixinho. — Eu não consigo te imaginar batendo continência, correndo em fila, escalando paredes… não combina muito com a sua imagem emo.

— Emo? — ele riu, balançando na cadeira. — Talvez você tenha razão. É difícil treinar sem uma música do Paramore no fundo. Eu tive que lutar muito pra não mandar todo mundo ir se foder.

— Oh, não — ele sorriu. — Você se rendeu ao sistema?

Jungkook fechou os olhos de forma teatral. — Perdemos a batalha mas não perdemos a guerra.

Jimin desviou o olhar para a vitrola. — Gosta tanto assim de discos?

O mais novo olhou na direção para a qual ele apontava. — Ah, eu curto… mas prefiro fitas K7.

Um pouco sem jeito, o loiro pediu: — Pode pôr uma pra gente ouvir?

— Eu só tenho metal — Jungkook explicou, fazendo uma careta.

— Qual o problema?

O alfa o olhou com surpresa, e então se levantou, andando até a aparelhagem de som. — Okay, lindinho… o que gostaria de ouvir? Iron Maiden? Purple Deep? Judas Priest?

Jimin levantou, indo até ele, admirou a extensa coleção de fitas. — Green Day?

Jungkook pelo canto dos olhos, perdido em sua beleza por um momento, sem conseguir desfazer o sorriso nos lábios. — Beleza, nós temos American Idiot… — e apanhando a fita, ligou o reprodutor e a colocou dentro. Os assustando, a música saiu alta por três caixas de som, e Jeon se atrapalhou para abaixar o volume, quase desesperado. — Puta merda…

Quando conseguiu abaixar o volume, olhou para Jimin, sem saber o que dizer, e os dois riram da situação, por um bom tempo, até que se recuperaram da crise de risos. Enfim, o ômega caminhou até a cadeira de Jungkook e se sentou, girando algumas vezes, enquanto a música tocava, ele mexeu a cabeça no ritmo das batidas, e mesmo que seu cérebro parecesse solto dentro de seu crânio, ele não se importou muito não.

Jungkook se sentou na cama, observando o mais velho, sem medo de ser pego o assistindo, porque era apenas mais uma vítima daquela beleza, e não podia controlar seus desejos mais puros. Compreensível, não?

Jimin sabia que estava sendo observado, mas tentou não dar atenção àquilo, porque, secretamente, se sentia bonito quando Jungkook fazia isso. Entretanto, em algum momento, parou de frente para ele, e o olhou nos olhos por um breve momento. — O que você quer fazer agora, Jungkook?

— Te comer — Jeon pensou.

— Como assim? — perguntou.

— O que vai fazer agora que voltou? — explicou. — Como está a situação com seu pai? A banda?

Normalmente, Jungkook não tocaria naquele assunto com Jimin, mas agora, talvez não precisasse esconder tantas coisas. — Hm… ele me deu duas opções… exército ou faculdade. Eu posso recusar as duas opções, mas ele… ele enterraria a banda.

Jimin desceu o olhar para as tatuagens nos braços de Jungkook, tentando digerir a raiva que estava sentindo. Não era justo. — Você não pode… ir embora daqui? — voltou a olhá-lo. — Digo… isso tudo é seu de qualquer forma, você não iria perder nada… apenas viver longe dele.

Jeon se surpreendeu mais uma vez, porque por um momento, pensou que Jimin o repreenderia. — Espera… você não acha que eu estou sendo mimado?

— Eu… eu sei que seu pai não é bom pra você. — explicou, e soltou um suspiro. — Eu consigo te entender… não precisa ficar com medo de falar comigo. Não vou brigar com você.

Foi difícil para Jimin dizer essas palavras, não porque estava mentindo, mas sim porque estava admitindo que fora duro com Jungkook no passado.

Segurando um sorriso, Jeon puxou a cadeira para perto, trazendo Jimin para si. Perto dele, tocou seus joelhos, dizendo: — Você pode me humilhar sempre que quiser, não tem problema.

Jimin lhe mostrou os dois dedos do meio. — É por isso que eu não posso ser bonzinho com você! Eu estava falando sério…!

Rindo, Jungkook apanhou uma das mãos dele e a beijou, antes de fechar os olhos. — Eu sei, lindinho… não fica bravo.

Jimin pensou em permanecer no assunto, mas decidiu não insistir. Beijar Jungkook não significava ter a confiança dele, afinal de contas.

Notando o silêncio que se estabeleceu, Jeon soltou um suspiro, espiando a feição pensativa de Jimin. — Se você pudesse… também fugiria?

O loiro o olhou, sem uma resposta imediata. Fugir. Até que não parecia uma má ideia. Se não tivesse uma vida toda girando em torno dos estudos, da própria casa, do irmão, dessa cidade… fugir talvez não fosse tão ruim.

Mas não podia. E chegando a essa conclusão, pensou que Jungkook talvez não pudesse fugir também.

— Se eu pudesse — respondeu apenas, com pouca certeza.

Jeon sorriu, gentilmente, acariciando a mão do menor, inalando seu cheiro como se aquele fosse o único ar que devesse respirar. — Pra onde iria?

Jimin soltou um “hmm”, ponderando suas opções. — Dentro do país ou fora do país?

— Fora do país? Por Deus, do que você está fugindo? — brincou.

Jimin piscou algumas vezes, um pouco envergonhado. — Eu iria pra Yeosu.

— Hm, uma vida à beira-mar — Jungkook tirou um momento para imaginar, e o que viu foi mais bonito do que pensou que seria. Pense: Jimin, camisa aberta, um tom bronzeado na pele, cabelo molhado. — Você devia ir.

Rindo, Jimin se levantou. — Claro, é só eu ir… — disse. — Hm, eu vou pra casa… tenho aula em uma hora.

Jungkook não sabia que ouvir aquilo seria tão irritante. Por que ele tinha que ir?

— Beleza — sorriu pra ele. — Eu te levo.

Jimin iria dizer que não precisava, mas nem uma palavra saiu de uma boca, porque havia uma parte de si que desejava desesperadamente viver sob as asas daquele cara ali. Só não podia contar pra ele.

Alguns minutos depois, de dentes escovados e vestindo as próprias roupas, ele saiu do banheiro e encontrou um Jungkook de moletom preto combinando e tênis nos pés, o esperando com as mãos nos bolsos. Jimin sentiu um arrepio correr nas coxas, mas se manteve neutro. Como o alfa havia conseguido ficar ainda mais bonito em apenas alguns minutos? Não sabia explicar.

— Nós não vamos passar por ninguém, não é? — perguntou ao maior, enquanto deixava o quarto ao lado dele.

— Não, é bem cedo, relaxa — ele disse.

Descendo as escadas, eles deram de cara com uma funcionária, que subia para o segundo andar com uma caixa nas mãos. Educada, ela apenas disse: — Bom dia. — e seguiu o caminho.

Jimin sentiu o rosto ficar quente, mas respirou fundo. — Você não disse qu…

— Jungkook — ouviram, e daquela altura, viram o caçula da família sair da cozinha vestido com um uniforme escolar.

Só então, analisando aquele uniforme, Jimin se lembrou que Dasom era amigo de Soobin. Travando, ele fechou as mãos em punhos firmes, se perguntando: que tipo de coisa um alfa de 14 anos de idade poderia dizer sobre essa situação?

— Vem, Jimin — Jungkook segurou a mão do menor. — Não precisa ter vergonha.

Assustado, ele imediatamente se soltou do moreno, rejeitando seu toque. Dasom começou a subir as escadas lentamente, notando que o irmão estava acompanhado. — Oh… eu sabia que havia sentido um cheiro diferente.

Jungkook abaixou a mão que estendeu a Jimin, e limpou a garganta. — Não é assim que se fala com uma pessoa que você não conhece.

— Eu o conheço — o garoto soltou. — Ele é o irmão ômega do Soobin.

Ótimo, ele se lembra da minha cara. — Jimin pensou.

— Vocês não tinham brigado aquela vez? O que… — Dasom perguntou.

Jungkook continuou a descer as escadas, até que estivesse de frente com o mais novo, e disse só para ele ouvir: — Dê um “bom dia” pra ele, vá pra droga da sua escola e não fale sobre isso com ninguém. — foi uma ordem. — Boa aula.

Dasom engoliu em seco, e passando por Jimin, murmurou um: — Bom dia. — antes de sumir no segundo andar.

Jungkook mirou o ômega, esperando que ele o acompanhasse. E então, quando já estavam dentro do carro, antes de sair, ele disse: — Eles não acordam tão cedo assim, eu te juro…

Colocando o cinto e fechando os olhos, ele cruzou os braços. — Que seja.

Contanto que aquele garoto resolvesse não falar para Soobin que Jungkook havia comido o seu irmão ômega, estava tudo bem.

Dirigindo, Jeon tentou focar no trânsito, mas há cada pelo menos trinta segundos, ele desviava o olhar para o loiro, o checando. Quando parou na frente de onde o rapaz morava, observou a casa simples, notando que o mato estava alto e cartas se acumulavam na caixa de correio, e esboçou uma careta, se lembrando da mãe de Park. Antes que ele saísse, o segurou. — Ei…

Sem entender, Jimin observou a mão que segurava seu braço. — Hm?

— Tá… tá tudo bem na sua casa? — perguntou, não conseguindo se conter.

O loiro deu de ombros. — S-sim. Sim.

Jungkook nunca acreditaria naquilo, mas tentou relaxar. — Er… eu posso ter o seu número? Te achei gatinho.

Conseguindo arrancar uma risadinha de Jimin, Jungkook anotou no celular o número que ele passou. O vendo sair do carro, conteve a vontade de beijá-lo mais uma vez, e esperou ele entrar em casa para sair dali.

Entrando no quarto que dividia com o irmão, Jimin o pegou acordando, sonolento e bagunçado. Tentando agir naturalmente, começou a trocar de roupa, evitando qualquer contato porque não queria soltar nada. No entanto, quando Soobin voltou do banheiro, a primeira coisa que ele disse foi: — Não acredito que você realmente pegou alguém.

Assustado, Jimin ficou mudo por um momento, e terminando de fechar o botão da calça, se virou para o irmão. — Você vai fazer 15 anos de idade. Já pode começar a cuidar da própria vida.

— Oh — o mais novo riu, trocando-se também. — Eu não quis te provocar, só estou feliz.

— Feliz? — foi Jimin quem riu dessa vez. — Eu não vou casar e sair de casa tão rápido. Não sonha.

— Estou feliz porque você pode finalmente esquecer aquele seu ex-namorado — disse. — Era bem constrangedor te ouvir chorar a noite…

— Constrangedor é esperar você terminar seus banhos de 30 minutos — respondeu. — Uma punheta não precisa durar tanto, é só a sua mão.

Ficando vermelho igual pimenta, Soobin saiu pisando forte, bravinho. Jimin deu de ombros, continuando a se arrumar. E na faculdade, sua dor de cabeça voltou, o lembrando das más escolhas que fizera na noite anterior. Na última folha do caderno, escreveu: não tomar mais as balinhas do Jin.

E como se a menção do seu nome fosse o suficiente para invocá-lo, ele mandou uma mensagem naquele exato momento, dizendo: “Muito obrigado por perguntar como eu estou. Não, eu não morri enquanto você transava.”

Esperando o professor desviar a atenção para o quadro, ele respondeu o ômega: “Não faz drama. Eu sei que você mandou essa mensagem só pra saber como foi a minha noite.”

“Como você descobriu? Vai, me conta tudo, eu preciso saber como foi a noite mais louca da sua vida!!!”

“Acredite, o quarto do seu amigo vai precisar de uma reforma depois de tudo que fizemos".

“Meu Deus, ele te engravidou??”

“Sim. São gêmeos.”

No fim da aula, enquanto deixava a faculdade, ele avistou Jungkook. Encostado no próprio carro, ele estava cercado por garotas e garotos, que sorriam de orelha a orelha. Coçando atrás da orelha, Jimin não soube bem o que fazer por um momento, mas continuou o caminho até o ponto de ônibus, e quando se sentou para esperar, o celular vibrou no bolso do casaco.

Um número desconhecido dizia: “Eu vim te buscar… mas aposto que você acha que eu devia ter sido mais discreto, não é? Por que não vai até a rua de trás e eu te pego lá?”

Incerto, Jimin não se moveu, olhou para o carro de Jungkook ao longe, e nesse tempo, o rapaz o mandou mais uma mensagem: “Se eu tiver que te raptar na frente de todo mundo não vai ser bom pra nenhum de nós dois. Eu vou preso e você vai ter que me visitar toda semana.”

Segurando um sorriso, Jimin cedeu o punho de ferro, se levantando dali, caminhou até a rua de trás, e em pouco tempo, aquele sedan preto parou ao seu lado. Limpando a garganta, ele se curvou na janela, mirando Jungkook. — Pode bancar esse programa, amor?

Jungkook destravou a porta para ele. — Eu acabei de receber minha mesada, bebê. Pode vir.

Entrando no carro, Jimin foi surpreendido por um beijo na bochecha, e sem reação, ele apenas abraçou a própria mochila. Havia mesmo se esquecido de como era estar envolvido com alguém.

O alfa não se importou com a falta de respostas do menor, porque o cheiro dele não mentia. Acelerando, ele voltou a dirigir. — Qual nome você vai dar pro meu número?

Jimin tentou relaxar. — Ah… estava pensando em “Carinha 3”.

Jungkook sorriu. — Três? Ah, eu até que cheguei cedo então, só mais dois na minha frente… — brincou, mesmo que a mera menção de outros caras já fosse suficiente para fazê-lo apertar o volante com mais força. — Pra você, eu dei o nome de “Jiminho”.

— Okay — assentiu. — Eu esperava alguma palavra banida do dicionário.

— Eu sou um príncipe, meu bem — respondeu, fingindo estar ofendido. — Eu tenho modos.

Mudando de assunto, antes que começasse a rir, Jimin procurou saber: — E onde você está me levando?

— Pra minha casa — disse a ele, mas nem recebeu resposta. — Eu estou te levando pro estúdio onde a gente ensaia.

Surpreso, e levemente impressionado, Jimin perguntou: — É esse o lugar onde o predador guarda a caça?

— Eu chamo carinhosamente de "abatedouro de ômegazinho” — sorriu pra ele.

Desviando o olhar para a paisagem que passava, ele perguntou: — Você vai tocar violão pra mim? Como em um dorama?

— Pra isso acontecer, nós teríamos que ser o casal dessa história — lhe disse. — E ficar junto no fim.

Aquela piadinha ficou tempo demais na cabeça de Jimin, não vou mentir.

Chegando, Jimin não teve muito tempo para observar o prédio onde estavam entrando, mas quando estava dentro do elevador, deu uma boa olhada na vista da região pela parede de vidro. Seguindo Jeon pelo corredor, ele se surpreendeu ao entrar na sala onde ficava o estúdio, porque era menos excêntrico do que sua mente imaginava.

Paredes isoladas, um par de sofás, bateria, guitarras, teclado, caixas de som, pedais e pedestais. As janelas eram amplas, o chão era coberto por assoalho de pinus, e havia uma estação de computadores e uma mesa de mixagem, assim como microfones. Mas não encontrou bebidas, cinzeiros, camisinhas usadas e pacotes de erva.

Deixando a mochila no chão, se sentou no braço de um dos sofás, observando os detalhes da sala. Jungkook tirou a jaqueta que usava, mostrando os braços fortes em uma camisa preta, e ligou o ar-condicionado. — Agora é a hora que a gente começa a se pegar, porque você ficou impressionado com tudo isso.

Jimin desviou o olhar para os instrumentos. — Não sei se isso parece muito um ninho de sexo.

— Espera — Jungkook pediu, e ligou as luzes coloridas. — E agora?

— Talvez no Natal — respondeu.

Apagando aquelas luzes, o alfa andou até Jimin, e lhe deu um sorriso. — Eu gosto disso… — confessou, mas Jimin não pareceu compreender, então explicou: — Você está aqui porque quer. Eu gosto disso.

Sem graça, Jimin abaixou o olhar, focado nas mãos dele. — Hm… eu… também gosto.

Se inclinando, Jungkook percebeu o que estava prestes a fazer, e conseguiu se impedir. Não queria agir como um predador. — Eu não postei nada desde que eu voltei… então… que tal você me ajudar a gravar um vídeo? — propôs. — Eu vou te dar uma lista de músicas e você escolhe qual eu devo cantar.

Interessado na proposta, Jimin assentiu. O moreno apanhou o celular e o entregou a ele. — Qualquer uma dessas.

O ômega começou a analisar as canções, enquanto Jeon arrumava a aparelhagem do instrumento que iria usar. Então, decidido, lhe disse: — Rhinestone Eyes, Gorillaz.

— Essa música não virou modinha? — perguntou o mais novo.

— Está na playlist — Jimin mostrou.

— Mas eu adicionei muito antes de virar moda.

O ômega rolou os olhos. — Tira, então.

Rindo, Jungkook notou que estava sendo idiota. — Tá, tudo bem… guitarra ou baixo?

Jimin não sabia a diferença entre as duas coisas, então só continuou olhando. O alfa apanhou uma guitarra em uma mão e um baixo na outra. — Qual das duas?

A guitarra era preta e o baixo vermelho, então Jimin escolheu o mais bonito. — Baixo.

Jungkook abriu um sorriso brilhante. — O baixo é a opção perfeita para essa música. Você é um gênio. — disse, animadamente conectando o amplificador. — Gostoso e inteligente, é isso que eu procuro a minha vida inteira.

Fechando os olhos e segurando o riso, Jimin soltou um suspiro, logo voltando a assisti-lo se preparar. Então, ele perguntou: — Eu devia cantar do segundo refrão até o fim, não é? O que acha?

Park também não sabia como responder, então apenas assentiu, sem conseguir tirar os olhos dele. Em seguida, Jungkook abriu um notebook e o colocou sobre um banco, de frente para si. Cantarolando: — I'm a scary gargoyle on a tower…

Ele tinha noção do quão bonito era? Jimin queria saber. Descendo o olhar por seu corpo, ele passou um tempo admirando as pernas marcadas na calça, e então nas mãos, que apertavam as teclas do computador, em seguida, foi a vez de gravar o formato de seu rosto, marcado e suave, na mesma medida.

— Okay, eu tô pronto — Jungkook avisou. — Eu e Hoseok já tocamos essa umas vezes, então acho que lembro de tudo. — e sendo assim, entregou o próprio celular a Jimin. — E só me gravar. De corpo inteiro ou…?

O ômega quase não conseguia raciocinar, mas fez um esforço. — Inteiro…

Concordando, Jungkook passou a alça da guitarra pelo ombro e deu uma mexida no cabelo. — Pode começar a gravar, eu corto depois.

Assentindo, Jimin esperou ele se posicionar na frente do microfone, e então começou a gravar. Quando Jungkook começou a cantar, foi como ser transportado para outro cenário, outra vida, e o mais velho se sentiu fora de si mais uma vez, aceitando também que gostava da sensação. Ele tinha uma voz suave, lisa, sem falhas, que quase não combinava com o gênero, mas que ele fazia encaixar. Concentrado, ele ficava mais sensual que o normal, sem espaço para piadas, seu foco no que fazia o tornava mais atraente. Seu corpo todo parecia empenhado, então ficava visível a sua força. Jimin quase não conseguiu sair daquele transe.

Jungkook não sabia, mas estava morando na mente de Jimin a essa altura.

Soltando a última nota da música, Jungkook abriu os olhos e mirou o ômega, abrindo um sorriso, empurrou o cabelo para trás. — Ficou bom?

Meio aéreo, ele assentiu, e então parou o vídeo, enquanto limpava a garganta. — Você canta muito bem.

Essa não era nem de longe a primeira vez que ouvia isso, mas era, certamente, a primeira vez que ficava sem jeito ao ouvir isso. Então, desviando o olhar, pousou o baixo no apoio, e andou até o loiro, pegando o celular de volta. — Você não gosta de cantar?

— Ah, eu não canto nem o hino nacional — Jimin respondeu.

— Tá, mas você gosta de cantar? — insistiu, se encostou no sofá, ao lado dele.

Compreendendo o sentido da pergunta, o menor riu. — Ah, gosto… quando tô sozinho em casa.

— Por que não canta um pouquinho pra mim? — pediu, chegando mais perto, encostou a cabeça no ombro dele.

De fato, Jungkook não parecia um predador o tempo todo.

Afetado pelo contato físico com ele, Jimin respirou fundo, levemente tenso. — Eu não sei cantar…

— Mas você gosta — Jeon respondeu, esfregando o rosto no ombro dele. — Canta a música que você tem ouvido recentemente. Não precisa ser bom, eu só quero saber o que você anda escutando.

Rolando os olhos, Jimin começou a murmurar uma melodia, antes de cantar baixinho: — Everything… your eyes… you make me wanna die… hmm… when i look inside your eyes…

Surpreso, Jungkook o olhou. — É a música que abre minha playlist.

O ômega não quis manter o contato visual com ele, ficando envergonhado. — É?

Rindo, o moreno passou um braço pelos ombros de Jimin. — Você tem ouvido minha playlist, Park Jimin?

Se fazendo de desentendido, ele respondeu: — Que playlist, garoto?

— Ah, hyung — ele soltou, em um sussurro. — Desde quando você se sente assim?

Assim como?

De repente, Jimin ficou nervoso, se negando a seguir o rumo daquela conversinha. Se levantando, ele olhou em volta, procurando se concentrar em qualquer coisa que não fosse Jungkook e seu olhar. — Quando a banda volta?

Respirando fundo, tentando respeitar o tempo do mais velho, Jeon aceitou mudar de assunto por ele. — Quando a bebê do Hoseok estiver maior, provavelmente.

Pensando nisso, Jimin compartilhou o pensamento: — Nossos amigos têm um filho…

— Eles transaram.

Torcendo o rosto em uma careta, o loiro caminhou até a bateria, observando o instrumento. — Você quer casar, ter filhos e esse tipo de coisa?

Que pergunta é essa? — se pegou pensando logo após abrir a boca.

Jungkook soltou uma risada curta. — Ah… eu sou um alfa… é normal que eu queira ter filhos.

Levantando as sobrancelhas, Jimin assoprou um suspiro. — Acho que sim…

Mordiscando o canto dos lábios, o maior disse: — Mas o que meu ômega quiser, é o mais importante pra mim.

Engolindo em seco, Park batucou os pratos da bateria de propósito, fazendo barulho. — Hoseok não devia se incomodar com o choro de um bebê se ele aguenta o som dessa coisa.

Ainda preso naquela conversa, Jungkook não o respondeu, apenas assentiu, pensativo. Se lembrou dos beijos da noite passada, e das palavras que trocaram, dos sentimentos que cuspiram pela boca. O que Jimin estava pensando agora? O que ele queria? O que esperava?

Notando a falta de resposta e de qualquer sinal, Jimin andou até Jeon, voltando para ficar ao lado dele. Sabia que ele estava pensando nos dois, e esse não era um cenário que queria encarar agora. — Jungkook…

O olhando e lhe dando um sorriso simples, o guitarrista esperou ele continuar a falar. E ele disse: — Tem uma coisa que eu gosto em você.

— O que, hyung? — perguntou, genuinamente curioso.

Jimin não havia pensado em nada, pra ser bem honesto.

Mas começou a listar atrapalhadamente o que gostava naquele menino: a voz, o senso de humor, as ideias, as roupas, o cabelo, as tatuagens, o olhar, as mãos, o beijo, até o cheiro.

Então, soube o que dizer: — Eu achava que te odiava.

Jungkook segurou um sorriso, porque sabia que se o deixasse escapar, seria praticamente ridículo. O que ele não sabia é que seus olhos estavam fazendo exatamente o oposto do planejado, brilhando como duas lâmpadas no escuro.

Desviando o olhar, porque encarar Jeon era perigoso, Jimin mirou os próprios tênis. — Eu deveria ir pra casa…

— Por que? — o alfa reclamou sem perceber.

— Porque lá é minha casa — Jimin deu a ele qualquer resposta genérica. — Ou tem mais alguma coisa que você queira fazer?

Mil pensamentos passaram pela cabeça de Jungkook naquele momento, mas ele manteve um pouco de coerência. — Hoje é segunda-feira, são três horas da tarde, deveríamos cometer alguma loucura.

— Oh, sim — Jimin lhe deu um sorriso. — Hoje é o dia perfeito. Vamos raspar a cabeça e trepar com idosos.

Jeon precisou de uns segundos para se livrar daquela imagem. — Vamos… — pensou. — Fazer uma tatuagem. Juntos.




// É pegar ou largar 😡

Me digam o que estão achando!

Proibido falar da demora pra atualizar!!!! A autora fica ansiosa 😭😭

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OLHA O QUE ELE TA FAZENDO PROFESSORA!!!!!!!!!!!!!!!!

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