18: finalmente as verdades
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#coisachata
— Eu volto tarde, então tranca a porta — Jimin pediu para Soobin. , enquanto terminava de fechar a mochila que levaria para o trabalho. — Vê se ela quer comer alguma coisa. — disse, apontando com a cabeça na direção da porta do quarto da mãe. — Mas não insista… não deixe ela gritar com você.
Dito isso, jogou a mochila nas costas. E olhou o irmão mais uma vez, abrindo um sorriso desengonçado. — Hm… parou de jogar? É sábado, aproveita que eu não tô e usa o PC.
Assentindo, pouco animado, Soobin voltou a mexer no celular. Jimin soltou um suspiro antes de deixar o quarto e então a casa, tentando focar no trabalho. Estava grato por poder se concentrar em outra coisa por pelo menos uma noite. Em alguns dias entraria no cio e ainda não havia conseguido comprar supressores para quando o ciclo começasse.
Se encontrando com o primo na entrada de serviço do hotel, Jimin se trocou no banheiro, colocando o uniforme de garçom e logo se juntou à equipe, se preparando para o início das atividades. O hotel era do tipo chique, popular pelas festas e eventos sediados no salão. Pelo que Jimin entendeu, a festa se tratava do lançamento de uma nova gravadora na cidade. Não importava o motivo do evento, porque Jimin sabia que era só mais uma ocasião para playboys se juntarem para beber e meter a faca uns nas costas dos outros. A mesma merda de sempre.
Jimin saiu com a primeira rotação de garçons, abrindo o evento, começando a servir os mais adiantados. Jogo de luzes, música, mesas, área VIP, e gente metida: foi tudo o que o ômega entendeu. Durante boa parte do tempo, ele circulou a área da entrada, servindo os mesmos grupos, até que no meio da noite, foi ordenado pelo gerente a trocar de rota, passando a servir a região que cercava o DJ.
Quando se aproximou de uma das mesas, reconheceu um dos rostos, constando que era Kim Namjoon, ou RM, o ex-namorado de SeokJin. Vestindo camisa branca e um casaco estiloso, Namjoon o olhou e pareceu o reconhecer também. Mas atento à conduta, Jimin apenas o cumprimentou com a cabeça e os serviu, antes de se afastar, continuando a trabalhar.
Namjoon era bonito e um alfa de muita postura, Jimin se perguntava o que havia levado Jin e ele a dar um fim na relação. E então se pegou de exemplo, lembrando: você não precisa de motivos muito bons pra terminar com alguém.
Você pode se cansar. Pode parar de sentir o que sentia antes. Pode querer outra coisa. Pode discordar da outra pessoa. Pode mudar. Você pode simplesmente terminar.
De bandeja vazia, ele passou a recolher os copos e pratos vazios, enquanto outra leva de garçons circulavam. A caminho da área de serviço, ele foi surpreendido por Namjoon, que acenou, se aproximando. Jimin espiou para ver se o gerente não estava o olhando, e se curvou para cumprimentar o alfa.
Namjoon apontou para a bandeja cheia de louça, e por cima da música alta, disse: — Espero não estar atrapalhando.
Um pouco envolvido pelo cheiro dele, Jimin apenas negou com a cabeça. O mais alto sorriu, dizendo: — Ji… min. Jimin. Amigo do Jin.
— Eu não sei se ele iria gostar que eu me apresentasse como amigo dele… — Jimin fez uma careta enquanto flashes de luzes passavam por seu rosto. — Mas, é…
Namjoon guardou as mãos nos bolsos do casaco. — Ele parece um pouco arrogante, né? — disse. — Mas não é tão ruim… é quase, um charme. — e suspirou, antes de continuar. — Você vai na festa do Jungkook?
Engolindo em seco, sem saber o que dizer, porque definitivamente não havia sido convidado, Jimin fez o impensável: — Por que você e o Jin terminaram?
Depois de dito e de receber um belo silêncio em resposta, Park abriu um sorriso, tentando usar seu lado ômega para amolecer o coração de Namjoon. — Eu tenho que ir!
Se virando, apressado, ele esbarrou em outro garçom, e a bandeja escorregou de suas mãos. Namjoon, surpreendentemente, apanhou a bandeja antes mesmo que ela tocasse o chão, e com a mão livre, segurou um dos copos que escapou.
Reflexos de um alfa.
Assustado, Jimin travou no lugar, com as mãos estendidas por um longo tempo, antes de suspirar, aliviado. Passado o alívio, seu rosto começou a esquentar e a vergonha veio. E se lembrou da última vez em que esteve em trajes de garçom, segurando uma bandeja, enquanto fugia de um alfa. E isso não ajudou.
— Me desculpa — pediu, pegando a bandeja das mãos de Namjoon. — Obrigado…
Namjoon riu. — Meus reflexos não costumam funcionar. É seu dia de sorte.
Jimin girou os olhos. — E foi assim que eu gastei minha sorte? Eu devia ter jogado na loteria.
O alfa o olhou e disse: — Quer saber a resposta para aquela pergunta?
Jimin desviou o olhar, sem jeito. — Não… eu sei que é íntimo. Eu falei sem pensar.
— Não é tão íntimo — riu. — A gente terminou em cima de um palco.
O menor deles não pôde evitar um descarado semblante de surpresa. Namjoon continuou a rir, antes de respirar fundo. — Eu… eu fiz a pior merda que você pode fazer.
Jimin franziu o cenho. — Jin não parece ter expectativas muito altas. Aquele namorado dele não é bem um anjo. O que você fez de tão ruim?
Kim fez uma pausa curta, antes de dizer: — Pedi ele em casamento na frente de todo mundo.
O ômega quase deixou a bandeja cair outra vez, mas a luz baixa e a música alta o acobertaram. — Ahn? Você?
Namjoon não parecia o tipo que fazia isso. Não parecia o tipo brega e inconveniente.
O rapaz se encostou na parede atrás dele, pouco iluminado pelos feixes de luz que vez ou outra o alcançavam. — Foi uma estupidez. Eu entendi tudo errado.
— Entendeu o que errado? — Park quis saber.
Namjoon não respondeu, e antes que Jimin pudesse continuar a conversa, seu primo apareceu. — Jimin, por que… — chamou, e então notou que o alfa estava ali. — Oh! O senhor precisa de alguma ajuda?
Kim negou, sorrindo gentilmente. — Eu vou voltar pra minha mesa. Obrigada.
Assim que ele se afastou, o beta, primo de Jimin, o beliscou. — Quer levar uma bronca do gerente? Você já devia ter voltado.
Bufando, estressado, Jimin nem o respondeu, apenas fez o caminho de volta para a área de serviço, continuando a trabalhar. E então, na cozinha, enquanto apanhava a próxima remessa de comes, ele ouviu o gerente dizer: — Não confundam a bebida da Srta. HeiYang. Ela só bebe Dom Pérignon. Não querem irritar a dona do hotel, querem?
Jimin entrou em estado de alerta no mesmo instante. HeiYang? A mesma HeiYang que ele conhecia?
Largando a bandeja, ele correu para o banheiro e checou o celular, acessando o Instagram de HeiYang, e sem precisar procurar muito, abriu os stories dela e viu o vídeo postado, onde ela mostrava a roupa que usaria nessa mesma festa. Era a HeiYang.
Piscando algumas vezes, tentando processar a informação, Jimin voltou a trabalhar em seguida, enquanto pensava. Sem perceber, procurou por ela na multidão, mas não a encontrou. Só então ele lembrou da área VIP. E de bandeja vazia, fez o caminho até as escadas que levavam ao andar de cima. Ele sequer sabia o que estava fazendo ali, mas tentou parecer o mais natural possível enquanto entrava no salão menor.
Havia mesas de jogos, sofás espaçosos, janelas que deveriam ser chamadas de paredes de vidro, e uma iluminação menos agressiva. Jimin respirou fundo, enquanto lentamente recolhia a louça usada, enrolando pelo andar, até que encontrou a alfa, HeiYang. Enroscada em uma ômega, ela beijava o pescoço dessa garota, com uma taça de champanhe nas mãos, cercada de mais algumas garotas.
Jimin sentiu o sangue ferver, mas manteve a postura e a expressão serena enquanto equilibrava a bandeja. Por um momento, teve medo de ser reconhecido, mas se lembrou que a viu somente uma vez e ela sequer lhe deu atenção. Testando essa hipótese, ele se aproximou, recolhendo os copos da mesa dela.
— Ei — ela o chamou, fazendo o coração do ômega disparar por um momento. — Eu quero mais doces na próxima vez que você vier. Só trouxeram salgados da última vez.
Voltando a beijar a mulher ao lado dela, HeiYang pareceu nunca ter visto Jimin na vida.
Aliviado, Park assentiu e se retirou, a olhando de longe, notou como ela parecia desarmada, bêbada. Suspirando, ele desceu, e então passou pela mesa onde Namjoon estava e reparou na pulseira VIP que ele usava no pulso. Entrando na cozinha, deixando a bandeja no balcão, ele acabou pensando em algo que não devia.
Abastecendo a bandeja de doces, ele saiu com pressa da cozinha, rumo a mesa de Namjoon, tomou distância e acenou para chamar a atenção dele. Levou pouco tempo até que Kim notasse que Jimin o chamava, e se levantando, ele foi até o ômega. — Algum problema? — e farejou. — Você está nervoso?
— Para de me cheirar — apontou, irritado. — Hm… eu preciso da sua ajuda.
Namjoon o olhou de cima a baixo. — Você não está no cio… né?
Desviando o olhar, brevemente chocado, Jimin preferiu ignorar aquilo. — Não.
Namjoon ponderou a situação por um momento. — Okay… como eu posso ajudar?
Explicando tudo o que tinha em mente, Jimin se separou de Kim e subiu as escadas até a área VIP, tentando manter a calma enquanto servia os convidados. Pelo canto dos olhos, viu o momento em que Namjoon entrou no salão também, passando pelo segurança.
Com paciência, Jimin conseguiu se aproximar de onde HeiYang estava, e viu Namjoon puxar uma cadeira na mesa e se sentar. — HeiYang. Bom te ver.
A alfa encarou o alfa. E sorriu. — RM… anda sumido.
Se mantendo por perto, servindo os pratos, Jimin se fez quase imperceptível no local. Namjoon apanhou uma taça de champanhe. — Passei um tempo em Londres… voltei há algumas semanas atrás.
— Hm, eu teria ficado em Londres — ela riu. — Seul anda insuportável.
Kim cruzou as pernas. — Eu vim para o nascimento do filho do Hoseok. E acabei ficando.
HeiYang riu mais uma vez, debochada dessa vez. — Eu fiquei sabendo que a criança nasceu… o que pai ômega faz mesmo? Estuda? — e continuou a rir. — Ai, ai… essa bandinha.
Namjoon a acompanhou na risada. Ela, meio grogue, soltou: — Desculpa, eu esqueci que você namorou o SeokJin…
— Tudo bem — ele disse. — E você teve um lance com o Jungkook. Estamos quase quites.
Ela mexeu no cabelo, bebendo mais. — Então, você concorda que se envolver com o pessoal dessa bandinha é o fundo do poço, né?
Kim mexeu a cabeça, indeciso. — Pode ser. — e encheu a taça dela com mais uma dose de champanhe. — Você estava no dia que toda aquela confusão aconteceu, não é? Eu estava em Londres, mas fiquei sabendo de algumas coisas…
HeiYang se arrastou no sofá, se aproximando dele. — Eles brigaram por sua causa. — e riu. — Eu nunca me diverti tanto.
Jimin, servindo a mesa ao lado, ouvindo aquilo, pensou consigo: — Aí está.
Namjoon riu com ela. — Confesso que me seu vídeo me tirou algumas gargalhadas… você gravou de propósito, não é? Eu tenho que te agradecer por isso.
HeiYang apenas o olhou, antes de rir. — Não, eu não devia ter feito aquilo… quase me cancelaram! Mas… eu não me arrependo. Ver aquela bandinha arruinada é gostoso pra caralho.
Kim propôs um brinde. — Mas você se saiu bem da situação… todo mundo acredita que o Jungkook realmente foi violento com você. Aquele seu vídeo de retratação é ótimo. Ninguém desconfiou de nada.
A alfa sorriu, quase orgulhosa. — É o que Jeon Jungkook merece. Eu estava disposta a ser dele… mas sabe o que ele me disse? Sabe? — riu. — Disse que gostava de outra pessoa. Ah, por favor… — ela mordeu o lábio, irritada. — O que eu fiz foi pouco.
Namjoon assentiu. — Você causou tudo isso. O hiatus. O sumiço do Jungkook. Impressionante.
HeiYang fechou os olhos, lisonjeada. — Um pequeno truque.
Se levantando, Namjoon sorriu para ela. — Um truque de mestre. — e se curvou. — Só passei pra dar um “oi”. Bom te ver, HeiYang.
— Apareça mais vezes — ela disse.
— Vamos ver o que o futuro nos reserva — Kim soltou, piscando um dos olhos, saindo em seguida.
Jimin esvaziou a bandeja e deixou o salão em seguida, descendo aos tropeços pelas escadas, ansioso e preocupado. Se encontrando com Namjoon em um canto escuro, perguntou logo: — Gravou tudo?
Kim se virou, com o celular nas mãos. — Te mando por email ou mensagem?
Aliviado, Jimin abriu um sorriso largo, e sentiu que poderia pular nos braços de Namjoon. Talvez fosse mesmo um dia de sorte.
Na manhã do dia seguinte, aquele vídeo começou a circular. A fonte: uma conta anônima em uma rede social. Bastou compartilhar o link da postagem em apenas um grupo da região, e logo estava no celular de toda a comunidade ligada a HeiYang e a Rabbit Hole.
A legenda do post dizia o seguinte: “Ouvi dizer que HeiYang adora aparecer em frente às câmeras. Aqui vai um vídeo especial.”
No vídeo, Namjoon não aparecia e nem era citado, apenas sua voz era ouvida, mais fina que o normal, editada. Havia alguns cortes, mas a conversa fora praticamente toda preservada. Poderiam até desconfiar de Namjoon, mas não havia provas concretas de que era ele no vídeo. A estrela daquele filme era HeiYang.
Jimin se levantou quase na hora do almoço, com o barulho de uma panela caindo, ele foi ao encontro do irmão na cozinha, que preparava uma comida. Apesar de tudo, o ômegas não estava se sentindo tão desgastado dessa vez, nesse dia. Ajudou o irmão sem dizer muita coisa, e os dois almoçaram em silêncio, antes de levar um prato para o quarto da mãe, o qual ela até mesmo comeu um pouco.
Enfim, deitado no sofá da sala, ele respirou fundo e abriu os grupos da região, onde havia compartilhado o vídeo de madrugada. Nervoso, ele abriu um sorriso quando leu a primeira mensagem.
“Aquela história tava mesmo muito estranha. Essa garota é uma cobra.”
“Minha mãe trabalhou na casa dela. Ela é uma falsa!!!”
“HeiYang estava obcecada???”
“Eu mandei mensagens de apoio pra ela na época KKKKK que raiva”
“Espero que a Rabbit Hole volte depois de tudo isso”
“Ela não tem nem como se defender dessa vez”
“Bem feito, nunca gostei dessa nojenta”
“Eu falei que o Jungkook não era como ela disse. Estudei com ele no ensino médio, ele era um querido”
“Eu sabia que ela tinha gravado aquele vídeo de propósito. Quem esquece que está em live???”
“Ela se entregou KKKK”
“Mano, ela acabou de privar o Instagram”
Abrindo a rede social e checando a informação, Jimin viu que ela realmente havia privado a conta e tirado a foto de perfil. Bloqueando a tela do celular, o garoto encarou a televisão desligada, antes de inevitavelmente cair em uma gargalhada desenfreada.
Aquilo era bom demais.
Limpando uma lágrima que escorreu pelo canto do olho, Jimin ainda estava risonho quando o celular vibrou. Era uma mensagem de Jin, que dizia: “A festa em comemoração à volta do Jungkook é hoje a noite. Aparece lá”.
Em seguida, o mais velho mandou o endereço do local. Jimin então se lembrou que estavam falando dessa festa durante a semana toda, desde que Jungkook estava nos últimos dias de sua punição. Se pegou perguntando se Jungkook havia o chamado, através de Jin, mas então caiu na real: Ninguém precisava ser convidado para as festas de Jeon.
Decidiu que não iria, porque a única pessoa que conhecia, Yoongi, com certeza não estaria lá, e esbarrar com Jungkook e ser ignorado não estava em seus planos. Não aguentaria tamanha humilhação.
Então, pelo restante da tarde, leu qualquer PDF sem prestar atenção, fingindo estudar, enquanto a mente voava por cima dos assuntos recentes. Tentou não pensar demais em todas essas coisas, porque no fim das contas, nada disso tinha alguma relação consigo. Não era uma peça desse jogo.
Soobin estava jogando, quando chamou a atenção do irmão, dizendo: — O irmão do Dasom fez um tweet sobre o vídeo que vazou.
Reagindo rápido demais, Jimin se levantou e se juntou ao mais novo, mirando a tela do computador. Jungkook dizia: ”Esse tweet vai pra pessoa que postou aquele vídeo. Apareça na minha festa hoje à noite."
Jimin engoliu em seco, vidrado nas palavras por um momento, antes de voltar para a própria cama. Tossindo, disse: — Você acha que a pessoa vai?
Soobin deu de ombros. — Não sei, mas vai ter muita gente nesse rolê, pode apostar…
— Você iria? — perguntou.
O alfa riu. — Seria legal. Esse vídeo salvou a pele dele.
Soltando um “hm”, fingindo pouco interesse, Jimin se deitou, encarando o teto do quarto. E se Jeon estivesse bravo? Talvez ele estivesse irritado com o retorno do assunto. Ele era esse tipo? Park já não sabia mais.
Tinha certeza que, se fosse a festa, Jungkook ficaria decepcionado em descobrir quem fez isso. E até acabou rindo com a imagem da cena na cabeça. Seria rídiculo.
No fim da tarde, no entanto, Jin voltou a fazer contato, mandou uma mensagem que dizia: “Você vem? Eu separei uma jaqueta pra você.”
Surpreso, Jimin não compreendeu muito bem. Por que SeokJin estava fazendo aquilo?
Respondeu então: “Por que você quer que eu vá? Sem ofensas.”
Jin não demorou a lhe dizer: “Hoseok não vem. Jungkook vai estar ocupado com uma fila de gente querendo mamar a pica dele. O único amigo que me resta é você.”
— Amigo? — Jimin nem percebeu que disse aquilo em voz alta.
Também não percebeu que um sorriso começou a se formar em seu rosto.
Mandou em resposta: “Eu sou o plano B?”
Jin foi direto: “Plano Z.”
Rindo, Park se levantou e andou até o banheiro, quase sem perceber. Quando já estava lá dentro, notou que em algum momento havia decidido ir à festa. Então, mesmo inseguro, começou a se arrumar. Terminando de secar o cabelo, ele se olhou no espelho para checar se a calça preta que escolheu havia ficado boa. Da última vez que esteve em uma festa, estava tão mal vestido que até um saco preto estaria melhor dessa vez.
Então, terminando de vestir uma corrente, puxou um fiozinho da blusa que escolhera, antes de andar até o irmão. — Eu tô legal?
Soobin puxou o fone de ouvido que usava e encarou o mais velho. — Hm… que estranho.
— O que? — o loiro ficou preocupado.
— Você parece animado pra sair — riu. — Mas troca essa blusa, mostra um pouco mais o seu peitoral… quem sabe assim você arranja alguém pra ficar.
Rolando os olhos, Jimin voltou para a frente do espelho, começando a duvidar da sua escolha. Enfim, trocou a blusa, colocando uma camisa de botão, deixando a pele um pouco à mostra, como Soobin o aconselhou, e então saiu. Durante o caminho, se olhou no reflexo do celular algumas vezes, e passou a mão no cabelo sem parar, se certificando de que estava cheiroso.
Pra que tudo isso? Se tivesse sorte nem mesmo veria Jungkook.
Não havia se arrumado para Jungkook.
Que besteira.
Descendo do ônibus, ele viu SeokJin em uma esquina, onde haviam combinado de se encontrar. — Oh, você até tirou o pijama antes de vir… está melhor do que eu imaginei que estaria.
Jimin respirou fundo. — Eu sei me arrumar.
— Hm, então, você está assumindo que é tão ômega quanto qualquer outro?
O menor deu de ombros. — Eu nunca disse que não era.
SeokJin tirou uma gargalhada. — Achei que odiasse alfas.
— Eu gosto do pau deles — assumiu.
— Oh! — Jin se surpreendeu. — A majestade desceu no pedestal, é isso? — e andou até o próprio carro, estacionado rente a calçada, tirando de dentro uma peça de roupa. — Usa isso.
Apanhando a roupa, Jimin viu que se tratava de uma jaqueta de couro. — É bonita. Por que eu devo usar?
— Porque nas nossas festas, pessoas sem graça não entram mais — e dito isso, colocou um par de óculos escuros. — Hoje é dia de rock, bebê.
Vestindo a jaqueta, Jimin tentou se acostumar com o traje. — Qual o próximo passo? Cheirar uma carreira de pó? Comer uma prostituta?
Jin tirou dois pirulitos do bolso da própria jaqueta. — O próximo passo é chapar até esquecer que gostamos de alguém.
Sendo assim, os dois ômegas dividiram uma bala de droga em dois, cada um tomou um pedaço e entraram na festa com pirulitos na boca. O lugar era grande, mas se tratava apenas de uma casa de shows bem simples, com pouca informação. Não precisa de muita informação, na real, havia luzes psicodélicas, música agressivamente alta, bebida por toda parte, e gente pra caralho.
Jimin segurou a mão de Kim e o seguiu pelo lugar, sentindo o chão de madeira vibrar debaixo dos tênis que usava. Jin apanhou duas latas de cerveja de um barril cheio de gelo e entregou uma delas ao amigo, enquanto uma música punk começava, soltando suas batidas de forma violenta pelas caixas de som. O maior dos dois começou a mexer a cabeça no ritmo, enquanto bebia, e quando o refrão chegou, ele puxou Jimin pela mão e o trouxe para o meio das pessoas. Cercado de gente, Jimin tentou acompanhá-los, perdido e deslocado, levou um tempo para que ele entrasse na onda. Mas, antes mesmo que percebesse, estava pulando com Jin, ao som de uma banda que ele reconheceu. — Jin! Isso é Megadeth?!
Jin, rindo, pareceu surpreso. — Quando você aprendeu sobre metal?!
Ouvindo a playlist de Jungkook.
Jimin não respondeu, continuou batendo a cabeça, bebendo sempre que conseguia. Estava quase se esquecendo que era uma ômega, até que algum alfa se aproximou demais, e o afastando, o loiro negou com a cabeça, tentando passar o recado. O alfa, no entanto, insistiu: — Você é lindo! Vamos ali, vamos…
Jimin ia respondê-lo, mas SeokJin o puxou para longe do rapaz, e disse: — Ele não quer, irmão!
— Ah, Jin…! — o cara automaticamente se recolheu, reconhecendo o ômega. — Foi mal. Boa festa pra vocês.
Pouco racional, Jimin acabou rindo, e Jin se juntou a ele em algum momento. Partindo para a segunda cerveja, eles cantaram juntos o refrão de alguma música que Park nem conhecia, mas que gostou. Kim era divertido e sem vergonha, mas Jimin demorou para perceber que ele não estava com o namorado, Yohan. E podia ser só o efeito da bebida e da droga, mas ele parecia muito melhor sem ele.
Tomando coragem, aproveitando um solo de guitarra, perguntou a ele: — Onde está seu namorado?
Jin riu, aproveitando um pouco mais da música, antes de mostrar as mãos. Sem aliança.
— Como assim? — Jimin não compreendeu bem. — Você é marcado…
— Não foi no enlace — explicou. — Eu e ele nunca… — rolou os olhos. — Nunca chegamos naquele momento.
Um pouco constrangido, Jimin teve que repetir as informações de forma mais clara. — Você e ele nunca deram o nó durante o cio? Por que ele te marcou, então?
Jin soltou um suspiro. — Porque ele queria muito… mas nunca aconteceu. Então, eu deixei ele me marcar em uma transa qualquer.
— Então, era só… simbólico? — Park tentou compreender.
O maior fechou os olhos. — Só fachada. Eu me senti mal por nunca ter conseguido dar laço com ele. A mordida era como uma forma de fazê-lo ter paciência.
Jimin segurou a mão de Jin. — Sinto muito… — e lhe deu um sorriso fraco. — Você é livre, então?
Kim encarou a própria cerveja. — Livre? — riu. — Eu acho que não… só estou livre dele. Eu ainda pertenço a alguém.
Park engoliu em seco. — Você sabe quem é o seu alfa de verdade?
O mais alto ficou em silêncio, antes de abrir um sorriso. — Você sabe quem é o seu?
Pego de surpresa, o ômega deu de ombros. — Eu só namorei uma vez. Achei que fosse Kim Taehyung, mas… eu com certeza não sou o ômega dele.
Jin fez uma careta. — Não sei o que você sentiu por ele, mas… você vai saber quem é o seu alfa quando encontrá-lo. Não tem como se enganar, como se confundir… é único. — dito isso, ele fungou uma vez. — Agora cala a boca e deixa eu curtir a minha onda, garoto!
Ainda de mãos dadas com ele, Jimin voltou a escutar a música tocada, sentindo a cerveja respingar na mão, enquanto a visão ficava parcialmente prejudicada. Ele não se importou com qualquer efeito do que havia tomado, apenas dançou com a música, sem pensar em nada, completamente invadido pelas batidas pesadas e altas.
Mais tarde, naquela noite, quando já haviam perdido as contas de quanta bebida haviam tomado, SeokJin se sentou em uma caixa de madeira, afastados da multidão que pulava e gritava. Jimin encostou na parede atrás de si, e encarou a situação. — Essas festas que vocês dão… saem do controle… sério…
Jin, bêbado, riu. — É assim que a gente gosta… hm… — o olhou. — Hoje, na verdade, tem mais gente do que nós previmos…
— Sério? — Jimin se agachou, ficando da altura dele, tentando se equilibrar sob a embriaguez.
— Teria menos gente — disse. — Se aquele vídeo não tivesse vazado hoje cedo.
Jimin ficou quieto por um momento, antes de dizer: — Eu vi.
Kim continuou a olhá-lo. — Tenho certeza que sim.
Coçando a nuca, Park se levantou. — Vou pegar mais cerveja…
— Cerveja não. Tem conhaque no meu carro, busca pra gente. — Jin pediu e lhe entregou a chave do veículo.
Assentindo, Jimin atravessou o mar humano, previamente enjoado pela mistura de cheiros, saiu pela entrada, passando também pelos grupinhos que fumavam do lado de fora, ignorando aqueles que se pegavam na frente de todo mundo. Caminhou na direção do carro de Jin, aproveitando a breve pausa no barulho, abriu a porta e entrou, mas não encontrou nenhuma bebida. Kim devia estar mais bêbado do que parecia.
Fechando o carro, ele se virou para voltar, mas parou onde estava, quando viu que Jungkook vinha em sua direção. Usando calça rasgada nas coxas, botas que o deixavam ainda mais alto e uma camisa surrada, era visível que seu cabelo havia crescido um bom tanto desde a última vez que Jimin o viu.
Engolindo em seco, Jimin desviou o olhar, esperando ele passar para poder unir forças para continuar. Mas Jungkook não passou reto, não fez outro caminho, não, parou há apenas alguns passos de Jimin.
Confuso, Jimin não entendeu o porquê dele estar ali. Mas começou a pensar: ele veio me expulsar? Ele veio me xingar?
Enfiando as mãos nos bolsos da jaqueta jeans que usava, Jungkook o olhou, por baixo da franja bagunçada. Jimin sentiu o cheiro dele, e foi como ser abraçado por uma fumaça quente e cheirosa. Sentiu que poderia reconhecer o odor dele há milhares de quilômetros. Que estranho.
Constrangido com o silêncio, o ômega apontou para o carro. — Eu não tô roubando…
Jungkook o olhou de cima a baixo. — Seria estupidez. Você poderia pedir um carro para qualquer um, se quisesse.
Jimin não entendeu, mas não quis continuar no assunto, porque ouvir a voz dele era extremamente perigoso. Segurando a chave com força, disse: — Bem vindo de volta.
— Bem vindo? — questionou Jeon.
Jimin estaria mentindo se dissesse que ele ainda parecia o mesmo. Havia, com toda certeza, alguma coisa naquele olhar. Uma luz estável, estabelecida, constante.
— É… — foi tudo que o menor conseguiu dizer.
— Bem vindo… — repetiu. — Havia alguém me esperando?
Jimin respirou fundo, sentindo-se inquieto e impotente, cercado pela presença daquele garoto. — Seus… amigos. Todo mundo.
Jungkook deu mais alguns passos na direção do outro, lento e silencioso. Com a voz baixa, disse: — E você?
O ômega apertou a chave ainda mais. — E-eu? — por que estava gaguejando? — Eu… — riu, nervoso. — Hm… ninguém queria que você fosse. — e continuou: — Eu sei que a gente não… não é amigo, mas aquela situação foi muito… chata.
— Não somos amigos? — perguntou Jeon, passando por ele e se encostando no carro de Jin.
Jimin se virou, tentando não se perder naquela imagem. — Não… eu acho.
Assentindo, Jungkook cruzou os braços. — Então, por que postou aquele vídeo?
O loiro não reagiu, praticamente petrificou. Ele sabia, então.
Jeon abriu um sorriso de canto, observando o rapaz em sua frente. Delicado e bonito como uma flor recém desabrochada, era como se todos os seus espinhos tivessem caído, desaparecido.
Jamais poderia contar quantas vezes pensou nele.
O ômega finalmente falou: — Pode brigar comigo, se quiser… — e fungou. — Mas eu não vou me desculpar. Porque eu sei que tudo o que ela disse é mentira. Eu sei que você não fez as coisas que ela inventou… eu sempre soube.
— Sabe?
— Sei! — Jimin soltou, levantando a cabeça para olhá-lo. — Nós não somos nada… nem nos conhecemos… mas… — suspirou, segurando o choro. — Mas eu sei que você nunca foi ruim pra mim. Você… sempre me tratou bem. — e deixou uma lágrima escorrer. — Eu… eu fui o idiota. Fui um otário, com alguém que nunca me fez mal.
Limpando aquela lágrima, Jimin desviou o olhar. — Eu tô bêbado…
Jungkook procurou o olhar dele, quando o encontrou, se aproximou. — Dizer que não temos nada é a sua forma de tentar sair dessa?
Park fungou mais uma vez, enquanto o vento passava por eles, mexendo seus cabelos e roupas. No silêncio, eles mantiveram os olhares conectados, enquanto Jimin sentia o coração acelerar. — O que… o que nós poderíamos ter?
— Se você não tivesse me empurrado pra longe? — Jungkook questionou, sentindo o perfume do corpo dele se tornar mais forte. — Se você não tivesse medo de ser mastigado e cuspido?
Envergonhado, Jimin piscou algumas vezes, sem perceber que parecia pequeno e vulnerável. Jungkook varreu a imagem dele com os olhos mais uma vez, dizendo: — Na maternidade, eu não falei com você… porque… achei que faria mal pra mim. Te ouvir, falar, estar com você… — confessou. — É estranho, mas… te esquecer não é fácil.
Pego de forma desprevenida, Jimin engoliu em seco, duvidando da própria sanidade. Ele estava mesmo ouvindo aquelas coisas?
Jungkook então tocou a jaqueta que o ômega usava, arrumando a gola. — Todo esse tempo, eu fiquei me perguntando… por que você não sai da porra da minha cabeça? — e o puxou pela roupa, o colocando contra o carro. — Por que um ômegazinho arrogante igual a você não sai dos meus pensamentos? — questionou, juntando seu corpo ao dele. — Por que eu estou com tanta saudade de alguém que não me quer por perto?
Indefeso e inebriado, Jimin apoiou ambas as mãos nos braços dele, ficando ofegante e ansioso. Jungkook estava tão perto que todo o ar que respirava estava infestado pelo cheiro dele, e o calor de seu corpo pode ser sentido através das roupas. Um pedaço do ômega adorou ouvir aquela voz, naquele tom, agradavelmente coagido pela presença do alfa.
Jimin arfou, olhando nos olhos do maior, mudo. Irritando-se com tudo que estava sentindo, agarrou a roupa dele com raiva, e disse: — Por que eu sinto saudade de um cara igual a você? — o questionou. — Por que eu penso em você toda noite? Ahn? Porra! Por que eu me importo tanto com você? Você é só um… um playboyzinho irritante! Com esse cheiro insuportável! Me fazendo pensar em você todo dia, como um idiota!
Jeon acabou rindo, incrédulo.
Ficando puto, Jimin usou toda a força que tinha, mas ainda assim não conseguiu empurrá-lo, e desistindo, ofegante, se encostou no carro, preso pelo corpo dele. Jungkook não o deixou sair, sentiu aliás que jamais conseguiria deixá-lo ir, e com isso em mente, decidiu que não ia mais deixar aquele idiota estragar o que existia entre eles.
— Eu estou cansado de esperar você entender o que nós somos, Jimin — disse a ele. — Estou farto de te ver fugir como se eu fosse um demônio.
Ficando sem palavras, Jimin o ouviu dizer: — Eu sou louco pelo seu jeito, não vou mentir… mas eu acho que alguém como você realmente precisa de… — ele não terminou, se concentrou e inalou o perfume que vinha do ômega, liberando os próprios feromônios. — Jimin.
Sentindo aquele cheiro, aquele calor, e aquela presença, Jimin quase amoleceu, segurando-se com mais força em Jeon, sentiu a mão dele tocar seu rosto e foi como deitar-se em uma cama macia. Sabia o que ele estava fazendo, estava sendo um alfa, o enfeitiçando com sua autoridade, mas era tão bom, que temia não ser capaz de reclamar.
Tomado pela beleza do ômega, Jungkook segurou seu rosto com delicadeza, tentando não se satisfazer demais com aquela cena. Jimin era lindo e dominado, parecia um anjo. Por acaso ele sabia do poder que detinha?
Sob o poder de Jeon, Jimin esfregou a bochecha na palma da mão dele, querendo sentir mais daquela pele, daquele homem. Piscando lentamente, o encarou, reclamando. — Jungkook… — sabia que no momento em que ele chegasse mais perto, seria impossível esquecê-lo. — Jungkook…
Jungkook usou um tom firme para dizer: — Eu vou te beijar… — avisou. — Não me afaste.
Suspirando, porque aquela voz era como música, Jimin apenas fechou os olhos, amarrado ao toque quente e macio. Sentindo a respiração de Jungkook tocar seus lábios, o ômega o ouviu perguntar, baixinho: — Posso?
Seguindo seus instintos, cansado de lutar contra si mesmo, Jimin foi quem deu o beijo.
Os lábios de Jimin tinham uma textura lisa, quentes e carnudos, Jungkook tentou ser gentil ao explorá-los, mesmo que quisesse ir até o fundo daquilo e trancá-lo dentro de si. O segurando pela cintura, sentiu aquele corpo e foi como abraçar uma escultura feita para si, sob medida. Não podia mentir, eles se encaixavam perfeitamente.
Park soube, assim que o beijou, que nunca havia sentido nada assim. O segurando com certo desespero, ele se sentiu completamente tomado, colonizado, roubado de si, e não quis sair daquele momento, não quis escapar daquela teia. Como se houvesse, finalmente, encontrado seu molde. Como um gato que encontra o caminho de casa, e é recebido com carinho por seu dono.
Quando suas bocas se separaram, foi o fim apenas do primeiro beijo. Eles sequer abriram os olhos, embarcando em uma nova onda de beijos, uma nova horda de carinhos e troca, apertos e suspiros.
Quando os primeiros pingos de chuva começaram a cair, eles ainda estavam agarrados, amarrados por uma corrente invisível, que os manteve alheios à realidade por mais tempo do que eles imaginavam. Finalmente, acordados pela chuva leve, eles se afastaram pela primeira vez.
Jimin tinha um cheiro tão bom naquele momento, que Jungkook não podia deixá-lo voltar para a festa. Desviando o olhar da imagem do ômega, temendo que perdesse a cabeça mais uma vez, o mais alto tirou a própria jaqueta e cobriu a cabeça do loiro, tentando protegê-lo da chuva. — Vamos sair daqui…
Park olhou na direção do galpão, coberto pela jaqueta jeans do alfa. — A sua festa…
Jeon sorriu. — Eu só vim porque Jin me prometeu que iria te trazer pra mim.
Ah.
//SAIU A NOTÍCIA QUE O MUNDO NÃO ACREDITOU
essa fic acaba de perder o BV 😭
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