12: por que tantos zeros na conta?

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#coisachata


"- Oi, gente... bom, nos próximos storys eu estarei explicando exatamente o que aconteceu naquele bendito vídeo que tá rolando por aí... sim, não é fake, realmente aconteceu, e sim, eu gravei. Mas como tem muita gente falando coisa sem noção, eu vim falar a verdade, e quem me conhece sabe que eu tento ser o mais honesta possível. - HeiYang dizia no vídeo. - Bom, como alguns sabem, eu estava saindo com Jeon Jungkook, guitarrista da Rabbit Hole. E pra início de conversa, eu já deixo bem claro que não foi uma experiência legal pra mim, mas eu volto á falar disso mais tarde. Enfim, a gente tava saindo há uns dias, e ele me chamou pra assistir um ensaio da banda, tipo, só eu e mais umas três pessoas, não me lembro bem quem eram. - disse ela, enquanto ajeitava o cabelo, aparecendo pela primeira vez sem maquiagem no rosto. - Naquela noite, o Jungkook já não tava muito bem, ele já chegou alterado, tava bem agitado, bem implicante, desde o carro ele já estava tendo atitudes esquisitas, se irritou comigo porque eu mexi no banco, sabe... nada a ver, parecia que tava buscando briga mesmo. Mas okay, eu relevei, e tipo, seguiu a noite. A gente combinou de eu abrir uma live, pra mostrar um pouco do ensaio, na intenção de dar uma divulgada pro grupo... ele sempre me pedia esse tipo de coisa, pra eu compartilhar vídeos, fotos, e tal... por eu ter bastante seguidores aqui no Instagram. - terminou de falar, e bebeu água. - Tudo bem, eu abri a live, alguns de vocês viram, e tava tudo indo normalmente, até que ele começou a tocar uma música do RM. Quem não sabe, RM é ex-namorado do Jin, que é o vocalista da banda. Jungkook claramente fez isso de propósito, tá ligado? Dava pra ver. Aconteceu que, ali com a gente, estava o atual namorado do Jin. E esse rapaz, como qualquer alfa, não gostou nadinha. Ele ficou puto, com razão, afinal o Jungkook fez aquilo pra provocar mesmo, e eles acabaram saindo na mão... e foi bizarro, o Jungkook foi como um bicho pra cima dele, sabe? Ele deixou o cara desmaiado no chão. Foi horrível. - e então ela suspirou. - Bom, aí vem meu erro. Eu, no meio da confusão, esqueci completamente da live... esqueci mesmo. Porra, eu sou uma alfa também, meus sentidos ficaram muito descontrolados naquele momento, tipo, quem é alfa sabe como é... a gente sai de si. Eu esqueci que estava gravando. Assim que eu lembrei, eu encerrei a live na hora... mas aí já era tarde, já tinha alguém capturando minha live, e essa pessoa já espalhou o vídeo por toda parte. Quando eu vi, eu morri de vergonha, porque eu causei esse constrangimento. Tipo, eu não sabia que eu ia chegar lá e ia ver uma cena horrorosa daquelas, não sabia. Tanto que quando a gente saiu pra fora, eu cheguei nele e perguntei, sabe, perguntei que porra era aquela, o que ele tinha na cabeça, e repreendi real, porque foi muito violento e mesquinho da parte dele. - E então, ela pegou um IPad, aberto em um chat. - Depois, eu fiz uma pergunta simples pra ele por mensagem, e ele mandou eu ir me foder, como podem ver aqui. - e mostrou a conversa. - Jeon Jungkook é um escroto, é isso que eu posso dizer. Ele é um babaca mesmo. Eu fiquei com ele, e no início era maneiro, porque ele é lindo, e é festeiro e tal, eu curto isso. Mas depois eu fui percebendo que ele é um idiota, sabe? É mimado, mesquinho, bruto, invejoso... e eu tentei entender, por causa da relação entre ele e os pais, mas depois disso tudo... nada justifica. E bom, foi isso, sabe. Peço perdão de verdade, por ter falhado naquele momento, eu devia ter me lembrado da live... devia mesmo. Espero que isso esclareça o que aconteceu. É isso."

- Que sonsa do caralho - foi o que Yoongi disse, assim que os storys de HeiYang terminaram de passar. - Que falsa escrota!

Ao lado dele, Jimin tentava processar tudo que ela dissera nos vídeos. Tentava também conter a raiva que sentia, sabendo que tudo aquilo era mentira, já que ela continuou transmitindo a live porque quis.

- Eu espero que isso não chegue no pai do Jungkook... o coroa já tá puto com ele. - Jung Hoseok comentou, encostado no próprio carro, enquanto os dois ômegas ainda processavam o que ela dissera nos vídeos, quais ele já tinha visto mais cedo.

- Você acha que o Jungkook vai ver isso? - Jimin perguntou, preocupado. Não queria que ele ouvisse esse monte de merda, ainda mais estando numa situação onde ele tinha certeza que Jungkook não queria estar.

- Não é difícil... mas eles ficam a maior parte do treinamento sem os celulares. E a internet no campo é bem ruim. - Hoseok deu de ombros, meio desesperançoso. - O Jin deve estar uma pilha agora...

Yoongi grunhiu, irritado. Andava muito estressado esses dias, reclamando do inchaço nos pés, e se queixando dos chutes do pivete na barriga. - Se eu pudesse eu dava na cara dessa garota. Como consegue ser tão mentirosa?

Jimin ia continuar comentando sobre o vídeo, quando um beta do campus atravessou a rua e se aproximou. - Belo amigo você tem, Jung Hoseok. Bem se diz que os rockeiros são babacas...

Eles ficaram sem ter o que dizer por um tempo, antes de Min Yoongi se pronunciar: - Isso tudo que essa garota disse é mentira.

O beta riu. - Vai acreditar em um cara abusivo? Oh... esqueci que você está do lado dos playboys agora... não imagino o porquê! Quero dizer, até imagino... por dinheiro você até engravida, não?

Jung Hoseok se armou em um instante, fazendo seu odor ser sentido. Não afetava ao beta, mas todos os outros podiam sentir, entrando em estado de alerta. Hoseok precisava se segurar, no entanto, pois era um crime alfas baterem em ômegas ou betas, devido a sua força.

- Deixa, Hobi - Yoongi pediu, tentando acalmar o pai de seu filho.

O beta soltou mais uma risada nojenta. - Ninguém vai fazer nada? Medo da putinha perder o bebê?

- Por acaso você está gestando? - Jimin questionou, e num instante jogou a mochila no chão.

- Jimin! - Yoongi chamou.

- Eu ia deixar passar, porque não vale a pena, mas se você insiste! - Jimin confessou, e o beta riu mais uma vez.

- Um ômega todo bravinho? - debochou.

Mas então, o sorriso no rosto daquele cara sumiu em um estalar de dedos, assim que Jimin partiu para cima dele, o acertando no rosto com um murro, e o derrubando no chão. Quase de imediato, todos que estavam por perto se juntaram em volta da briga, instalando um caos. Yoongi, em choque, não soube o que fazer, além de chamar pelo amigo, enquanto Hoseok tentava alcançar Jimin no meio do círculo de pessoas, que botavam mais lenha na fogueira e até gravavam.

Montando por cima do beta, o punho de Jimin encontrou o rosto dele mais uma vez, e mais uma, enquanto o outro se debatia debaixo de seu corpo, tentando revidar. O agarrando pela gola da camisa, fazendo o tecido rasgar, Jimin gritou em sua cara: - VAI FALAR DO MEU AMIGO DE NOVO?!

Hoseok conseguiu se infiltrar e agarrar Jimin, no momento em que sangue começou a descer pelo nariz do beta, e o puxando de cima dele, Jung arfou e o arrastou para dentro do carro. - Tá maluco, Jimin?!

- Nossa! O Park arrebentou ele! - Yoongi conseguiu ouvir, antes de entrar no carro também, puxando Hoseok para entrar e começar a dirigir para longe dali.

Acelerando, Hoseok saiu dali, enquanto Jimin ainda recuperava o fôlego no banco de trás, vermelho e descabelado. Seguiram uma parte do percurso em silêncio, até que o alfa disse: - Aquilo foi muito foda!

Jimin riu, mesmo que não exatamente se orgulhasse, achando graça na infantilidade de Hoseok. Yoongi deu um tapa no braço do Jung. - Ele não devia ter feito isso! Jimin, e se aquele merdinha te processar?

Jimin deu de ombros. - Você vai de testemunha... ele começou! Ele que chegou dizendo um monte de merda! Ele te xingou de puti... ah!

E após mencionar essa fala, eles tornaram a ficar em silêncio por mais um tempo. Quando o carro parou na frente da casa de Jimin, Yoongi disse: - Jimin... não faça mais isso, mesmo se me chamarem da pior coisa possível. Eu não me importo, ok? Essas pessoas falam mal de todo mundo mesmo. Não se meta em confusão. Me ligue se estiver machucado.

- Não foi ele que se machucou - Hoseok soltou.

Jimin encarou Yoongi por uns instantes, antes de assentir e deixar o carro, seguindo para dentro de casa. Não estava dolorido, mas os pulsos latejavam um pouquinho, devido a força que fizera para causar o maior índice de danos possível no rosto daquele beta metido a besta.

- Você brigou na rua? - Soobin chegou perguntando, enquanto chutava os tênis dos pés.

Jimin, que ainda nem tirara a mochila das costas, encarou o mais novo. - Como sabe disso?

- Tá na internet - apontou para o celular.

- Mas que porra! Não se passaram nem quinze minutos ainda! - ralhou. - Essa gente não tem nada melhor pra fazer do que ficar comentando sobre a briga de um beta e um ômega?

- Tão dizendo que você brigou por causa de Jeon Jungkook..? - ele leu uma mensagem que recebera. - Isso é verdade?

- Ahn? - Jimin se virou para Soobin, indignado. O nome de Jungkook estava no meio daquela porra toda que o beta disse, sim, mas não foi por causa dele que Jimin fez o que fez. Bom, talvez tenha contribuído, mas não foi assim. - Não! Ele falou mal do Yoongi, bem na nossa cara.

- Ah... - o Park mais novo soltou. - Porque estão dizendo isso, então? Você tem algo com ele?

- Hm?! Eu mal o conheço. Esse povo só sabe falar baboseira. - disse, ficando irritado. - Aish... tudo por causa daquele cara nojento! Acho que se eu o ver de novo, sou capaz de fazer tudo de novo. Juro!

- Mano, você tem que parar com isso - disse Soobin. - Parece que ama confusão. Você não é flor de jasmim não!

Parado na frente da geladeira, pondo água em um copo, Jimin o olhou. - Flor de jasmim? Do que tá falando?

O garoto o olhou com surpresa. - A lenda da flor de jasmim!

Jimin sentiu que ele falava de algo que devia ser óbvio, mas ele realmente não conhecia essa tal lenda, portanto sequer respondeu. Soobin então explicou, mesmo chocado: - A lenda da flor de jasmim, Jimin... meu Deus, tem certeza que é um ômega?

- Vai explicar ou não, porra? Se não vai então eu vou pro quarto. Sem tempo. - o apressou, impaciente e irritado.

- A lenda da flor de jasmim é sobre a história de um ômega que existiu há muito tempo atrás, tipo, no ano de 600 depois de Cristo, se eu não me engano - contou. - Ele tinha o sonho de ser um guerreiro, mas era um ômega, então estava destinado a casar com um alfa e ser do lar e tal.

- Tipo hoje em dia? - Jimin não resistiu a dizer.

Soobin girou os olhos. - Enfim, ele teve que se casar com o príncipe do reino de Joseon naquela época. Bom, na verdade é uma história de amor... você realmente não conhece?

- Não - deu de ombros. - Tem série?

Soobin riu. - Sua cultura tem a profundidade de um poça de xixi de gato, hyung.

Jimin ignorou, terminando de fazer o que tinha que fazer na cozinha e seguir para o quarto, e se jogando na cama, Jimin pesquisou pelo user de HeiYang no instagram, e viu de novo os storys da garota. Sabia que Jungkook tinha todos esse estilo "foda-se", mas não queria que ele visse esses vídeos, temia que ele se sentisse mal ou fizesse alguma burrada. E sim, andava pensando nele, porque desde o dia em que Yoongi lhe contou sobre a viagem dele, Jimin não conseguiu imaginar como um garoto como ele poderia ter sido obrigado a fazer tal coisa. Sempre sentiu que ele era todo dono de si.

A decisão do sr. Jeon viera exatamente depois do vídeo da briga começar a rodar. A família toda soube, e tudo foi relacionado à banda, aos hábitos de Jungkook e suas atitudes. Como poderia um Jeon agir assim, quando todos os caras da família, na sua idade, estavam tomando jeito na vida e trilhando seus rumos profissionais? Por que Jungkook não podia ser como eles? Quando essa brincadeira de ser guitarrista iria acabar?

- Quando essa brincadeira de ser guitarrista vai acabar? - Sr. Jeon esbravejava na mansão. - Ele não está muito velho pra bancar o rebelde?

Jungkook estava de fones no quarto, praticando algumas cordas, mas ainda assim ouviu, e tirando o headset, pôde ouvir com clareza o pai dizer: - Ele acha que é o que? Acha que estamos no subúrbio? Ele pensa que nossa posição nos permite agir como baderneiros? Carregamos um império! O que você acha que os investidores pensam quando veem as coisas que um de nossos herdeiros faz? Esse moleque não tem noção do impacto de suas atitudes.

Sozinho no quarto, Jungkook tentava imaginar como socar a cara de Yohan poderia atrapalhar os negócios de um bando de milionários. Sem respostas, ele tornou a focar na conversa a tempo de ouvir o pai dizer: - O avise amanhã... ele vai pro centro de treinamento militar. Sem escapatórias, tá ouvindo? Ele vai ou eu acabo com essa bandinha de um jeito que ninguém mais vai poder cantar pro resto da vida. O AVISE!

No dia seguinte, quando sua mãe o chamou no escritório dela, Jungkook entrou e disse: - Poupe a saliva. Eu vou. Eu entendi muito bem o que ele quis dizer com "acabar com a banda".

Ela somente moveu as sobrancelhas, compreendendo, e continuou em silêncio, o olhando. Jungkook questionou: - O que foi?

Ela não foi rápida para se pronunciar, mas eventualmente começou. - Toda vez que eu olho pra você, eu me irrito.

Jungkook não estava surpreso, mas também não entendia o porquê. Não disse nada, entretanto, esperando que ela se encorajasse a dizer, e ela o fez: - Eu olho pra você e lembro de quando eu era jovem... - e suspirou, puxando um copo de whisky que já estava ali, mas Jungkook ainda não o vira. - Eu tinha um futuro brilhante. - e bebeu. - Eu ia ter sucesso...

- Você tem sucesso - ele interveio.

E ela riu, como se tivesse ouvido uma piada. - Eu ia ter sucesso por mim mesma. Eu era um gênio, eu era o prodígio daquela faculdade... eu tinha tudo planejado, eu ia assumir o negócio da minha família, ia fazer a marca crescer... Mas... mas então, acharam melhor eu me casar. Seu pai comprou a marca da minha família, prometendo trabalhar nela, mas ele só vendeu as propriedades e engavetou todas as patentes. Tudo que eu sonhei, tudo pelo que eu estudei, simplesmente foi comprado e esquecido... e eu fui reduzida à mulher de um Jeon. - ela pausou por um momento, bebendo o whisky. - Quando eu olho pra você eu lembro de como todo mundo me pressionou para fazer um filho o mais rápido possível. Como uma vaca que é posta para cruzar e reproduzir a vida inteira. Logo eu, ah... eu que dizia ser independente, que me gabava por ser uma mulher alfa e bater de frente com esses machos. E acabei tendo uma só função... casar e ter filhos. E aí me vem você, sabe... dificultando tudo. Se você ao menos soubesse tudo o que eu sacrifiquei... de tudo o que eu desisti.

Ouvindo aquilo, Jungkook abaixou a cabeça, sem coragem para encará-la nos olhos depois de tais palavras. Mas ela disse: - Nós somos parecidos, filho... quando eu te vejo, eu lembro da minha determinação na juventude, e eu fico tão irritada... porque eu sei que em algum momento, você também vai ter que abrir mão dos seus desejos. Porque você nasceu com a maldição de ser um herdeiro... você não tem pra onde fugir. Sua vida está toda roteirizada, e assim que você desistir dessas suas ideias de ser um guitarrista, as gravações começam, e você vai encenar passo a passo. E não, eu não queria isso pra você... eu não quis pra mim. Mas como pode ver, querer ou não, não muda nada.

E aquelas falas percorreram a mente de Jungkook por todos os dias que restavam até viajar para o centro de treinamento, e então permaneceram de qualquer maneira. Parte de si sabia que não era sua culpa as coisas serem dessa forma, e essa parte também lhe dizia que não devia se deixar levar por esse estigma, mas a outra parte o fez crer que devia algo à mãe. De qualquer forma, ele não sabia o que fazer.

Porque Jeon Jungkook só tinha certeza de uma coisa na vida, de que gostava de fazer música, e por ironia do destino, era a última coisa na vida que seus pais lhe deixariam fazer.

Qual a graça de ter dinheiro, se é assim? Ele se perguntava. Dinheiro não deveria te dar a liberdade de fazer o que quiser da porra da vida? Se Jungkook não podia seguir seus desejos, então qual a utilidade de tantos zeros na conta?

JOSEON, 1520

- E então, se termina com um leve aceno, direcionando o olhar ao seu pretendente, você desvia rapidamente.. Lembre-se, rapidamente!, manter contato visual por muito tempo é inapropriado, ouviu? - dizia mais uma das donzelas que Sra. Park trouxera para ensinar maneiras ao filho.

Com o mundo ficando cada vez mais moderno, também se tornava cada vez mais difícil criar um ômega nessas terras que agora eram até mesmo visitadas por estrangeiros, reinos da Europa e muito mais. Todos os pais vinham apresentando dificuldade em criar seus ômegas, com as velhas tradições sendo quebradas aos poucos.

Mas Sra. Park sentia que tinha mais a reclamar do que os outros.

Sentado em frente a donzela estava Park Jimin, um ômega e filho mais novo de umas das famílias mais nobres da região, filho de um ministro real. E fingindo pentear os longos cabelos com os próprios dedos, ele não dava um pingo de atenção às falas e gestos da professora, como se ela nem mesmo estivesse ali.

Jimin era bom em ignorar esse tipo de coisa. E o resultado de tal atitude era visto!, ao auge de seus 19 anos, ele já fora rejeitado por dois pretendentes á noivos.

E a meta era aumentar esse número, claro.

Frustrada, a donzela soltou um suspiro agressivo, chamando: - Me ouviu, Park Jimin?

E ele nem ouviu ela perguntar se ele havia ouvido. A mulher então se levantou, ajeitando a saia que usava, e abriu as portas da sala de estudos do palácio, pegando Sra. Park ouvindo atrás da porta, ela ignorou a falta de etiqueta e se curvou. - Lady Park, eu sinto muito. - e então a olhou. - Sinto muito por ter dado a luz a um ômega tão lindo, mas tão sem graça. Duvido muito que irá conseguir se casar, sem nada a oferecer e sem fazer nenhum esforço. Já foram dez aulas ao todo... ele nunca irá se interessar, minha senhora. Com licença.

E frustrada e exausta, ela deixou o palácio dos Park.

Vermelha e estressada, como uma fera, a Sra. Park não passou da porta, porque se chegasse mais perto do filho, sabia que iria partir para a agressão. - Conseguiu o que queria?!

Jimin se levantou com educação, replicando a técnica que a donzela havia lhe ensinado no dia anterior, e então se curvou com gentileza, mostrando que havia entendido muito bem tudo que lhe fora ensinado, e então sorriu: - A senhora vai desistir? Se sim, então... sim, eu consegui.

- Nunca! - ela esbravejou.

Ele deu de ombros, voltando a postura que lhe era comum, pernas mais abertas e ombro mole, como um malandro! - Então não.

E saiu, se curvando brevemente antes de o fazer. Apanhando o chapéu e o véu no quarto, ele deixou a casa, enquanto a mãe o chamava, enraivecida. - Onde vai?! Já vai escurecer! Um ômega não pode andar sozinho por aí...! Jimin!

Ignorando, Jimin montou em seu cavalo e saiu, esperando apenas passar pelos portões da propriedade antes de dar um toque no bicho, o fazendo correr pelos vastos campos que o separavam da cidade. Era final de semana, e no final de semana muitos músicos se apresentavam nas praças, e os bares estavam cheios. Ele gostava disso.

Park era claramente um ômega, e isso era visto não só pelos tons de cores das roupas que era obrigado a usar, mas também pela aura graciosa, e o cheiro doce que emanava de seu corpo. Não se importava com nada disso, bom, é claro que não gostava de ser um ômega, mas não pelas roupas, pelo cheiro, pelo brilho no olhar, mas pelas coisas que era impedido de fazer.

Queria ser como o irmão... um guerreiro. Porque guerreiros faziam tantas coisas! Eles lutam, treinam, viajam, participam de eventos!

Ômegas costuram roupas e fazem comida. E tem filhos.

Perturbado com o breve pensamento, ele chacoalhou a cabeça, focando em guiar o cavalo, e chegar logo ao seu destino. E quando o fez, prendeu o bicho em um estábulo, jogando uma moeda ao cuidador, ele ajeitou o hanbok que vestia, em tons de amarelo e branco, seus preferidos, ele adentrou o centro da cidadela, se animando aos poucos com a música tradicional e as cantorias misturadas as vozes que ofereciam produtos e tratamentos. Gostava disso, era mais legal do que ficar em casa esperando o pai para o jantar.
Comprando um cata-vento de uma mocinha, ele seguiu pela avenida lotada de cidadãos, alguns trabalhando e outros se divertindo. Haviam vários jovens-mestres, e donzelas nobres, e seus criados, misturados a população comum. Os ômegas eram sempre acompanhados de criados betas, que os seguiam como seguranças. Já os alfas andavam sozinhos, e faziam tudo que queriam, esbanjando seus hanboks de cores fortes e espadas luxuosas. Jimin tinha um criado beta, que aliás, devia estar ao seu lado agora, não fosse a saída repentina do jovem-mestre.

Deixando de apenas observar, Jimin se juntou á uma roda de dança, dando os braços a desconhecidos, sem se importar, dançando e cantando, até que o mundo se tornasse um borrão cheio de luzes e sorrisos, e tudo que entrasse pelos ouvidos fossem cantos e risadas. A primeira dose de álcool foi de graça, oferecido por um jovem-mestre, alfa, que lhe achara encantador, e a segunda dose ele ganhou ao acertar uma pergunta de matemática feita por um negociante trambiqueiro, a terceira dose ele roubou de uma beta distraída, que contava fofocas às amigas.

- É verdade! O príncipe vai casar! - ela dizia.

- Pare de ser mentirosa! O príncipe é um malandro, já adia o casamento há mais de cinco anos! - uma jovem ômega respondeu.

- Isso não significa que ele irá enrolar para sempre - a beta resmungou, já meio bêbada. - Ele é o único filho homem alfa do rei e da rainha.

- E com quem ele vai se casar? - perguntaram.

- Ainda não se sabe. Não escolheram... mas minha tia trabalha no palácio e ela me disse que eles começaram a fazer os preparativos para a cerimônia da escolha.

E então gritinhos foram ouvidos, devido a euforia que a informação despertara nas meninas. Jimin terminou de beber o álcool e devolveu o copo à mesa, saindo de perto, e se juntando a um grupo que assistia um alfa demonstrar golpes com a espada, Park não conseguiu segurar uma risada, quando viu a forma como ele manuseava a arma. Infelizmente, aquela risadinha ingênua mas claramente debochada, fora ouvida pelo alfa, que parou o que fazia. - Do que está rindo, ômega?

Desfazendo-se do sorriso estampado em sua boca, Jimin o encarou. - Seu pulso é mole.

E todos ficaram espantados, soltando "oohs" e "não acredito", enquanto o grupo de pessoas aos poucos se tornava um círculo em volta dos dois. O jovem-mestre riu: - E o que sabe disso? Você aprendeu alguma coisa sobre empunhar uma espada enquanto aprendia a costurar?

Jimin tentou ignorar a explosão de risadas que vieram depois daquela piada clichê, e respirando fundo, tomado por suas três doses de álcool forte, ele sorriu para o alfa. - Luto melhor com uma agulha do que você com uma espada, ah...

E mais risadas. O jovem-mestre questionou: - Onde está seu criado, hm? Ele está aqui para te defender? Espere ele chegar antes de começar as provocações.

- Eu estou sozinho - Jimin disse, gerando uma série de caretas espantadas. - Por favor, já estamos em 1520...

- Se seu criado não está aqui para lutar por você, então por que está me provocando? Você está bêbado? - perguntou.

- Eu quero lutar - Jimin disse, por fim.

E todos riram mais uma vez, o alfa inclusive, que disse: - Você quer o que?

Respirando fundo, Jimin os observou por um tempo, antes de subitamente atacar, o golpeando nas costelas com um chute, e arrancando a espada de sua mão, dando um giro com o pulso para acomodá-la melhor a sua mão, e então a apontou na direção do alfa, vendo os olhos do homem saltarem, e silêncio instalar-se entre todos eles. Queria brigar, mas o espanto no olhar do alfa lhe fizeram rir, e sendo assim, ele cravou a espada na árvore atrás dele, vendo ele se encolher assustado. - Não vale a pena. - disse apenas, se afastando e se virando, voltando a se misturar na multidão que ocupava a avenida.

Durante a madrugada, enquanto voltava para casa, galopando com tranquilidade em seu cavalo, Jimin observou o céu limpo e repleto de estrelas, e sorriu sozinho, porque amava a sensação de liberdade. Fechando os olhos, ele podia focar a atenção nos sons da noite, nas folhas das árvores que balançavam com o impulso do vento. Tinha gosto de vida.

Chegando a vila que habitava, ele prendeu o cavalo ao portão de casa, e escalou o muro da casa vizinha, se equilibrando sobre os tijolos de barro, ele saltou no telhado de casa, sem fazer barulho, e então entrou no próprio quarto, pela janela. Sabia que a mãe estava lhe esperando na porta, e lá fora estava seu criado, o esperando chegar. Estava cansado, não queria lidar com eles naquela hora.

No dia seguinte, quando acordou, Jimin desceu as escadas sob um habok todo amassado, de cara inchada, ele notou que na sala estavam algumas malas, indícios de que seu pai havia chegado de viagem. Seguindo até a cozinha, ele encontrou os pais tomando café, e sua mãe lhe lançou um olhar fulminante, mas ele sabia que ela não diria nada naquele momento, pois nunca admitiria ao marido que não tinha controle sobre o filho deles.

Jimin sorriu, cheio de sono, se curvou. - Bom dia, ahbuji. E eomeni...

O senhor sorriu. - Cansado? Mas está tão cedo...

Jimin se sentou com eles à mesa de café, cruzando as pernas sobre o chão. - Mamãe está me fazendo ter aulas até tarde...

A mulher abriu a boca para desmentir o filho, mas não o fez, segurando a boca bem fechada, cheia de raiva. O Sr. Park a repreendeu: - Não acha que um menino na idade do Jimin já tenha passado da idade de ter aulas tão extensivas? O que ele ainda precisa aprender de tão difícil assim?

- Sabe muito bem que ele foi rejeitado por dois noivos - ela apontou, mesmo que odiasse lembrar disso.

- Isso é porque Jimin não gostou dos rapazes - ele disse, com sinceridade. - No dia em que Jimin se interessar por um alfa, ele irá se esforçar.

- Ah! Ele vai morrer solteiro, marido! - ela ralhou.

Jimin suspirou, pouco perturbado, apanhando uma tigela de arroz. - Que sonho.

- Bom, trocando de assunto... - Sr. Park disse. - Já avisou aos criados que nós iremos para o palácio real por dois dias? Eles precisam cuidar bem do Jimin e da propriedade.

Jimin levantou os olhos para eles ao ouvir a notícia, e mil ideias começaram a surgir em sua mente logo de imediato. Sua mãe, ciente das intenções do filho, lhe deu mais um daqueles olhares que perfuram a alma. - Sim, marido. Já estão todos sabendo.

Menos eu? Jimin pensou, e então riu baixinho. A Sra. Park devia odiá-lo, coitada.

Dois dias sem a mãe por perto... que mundo infinito de possibilidades!






// ME DIGAM O QUE ACHARAM POR FAVOR POR FAVOR

perdão pela demora haha pensem pelo lado bom, qnd tiver finalizado, ninguém mais vai sentir a demora rsrsrs

É ISSO POR ENQUANTO, ANSIOSA PRA CONTINUAR YAHA

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Deixo aqui uma fanart que eu fiz recentemente 💎💎

Muito obrigada pela leitura! 💜//

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