-Silêncio para algumas pessoas diz muitas coisas, mas não para você. O que tanto escreve aí que parece que é mais importante do que eu?

Jungwon largou a toalha de qualquer jeito sobre a beirada da sua cama indo na direção de Jay que fechou rapidamente seu caderninho olhando para o mais novo que tinha uma feição emburrada no belo rostinho, mas que logo ganhou um sorriso enorme quando recebeu um abraço do mais velho.

-Meu pequeno gosta de abraços, uh? Por que sumiu o dia todo?

Como se fosse uma maneira de dizer que ainda existia um pouquinho do antigo Jungwon, o mesmo passou boa parte do dia fora do quarto e não era para fazer nada relacionado ao seu tratamento já que tinha feito no dia anterior. Jay por outro lado passou o dia todo ali escrevendo páginas incontáveis do que estava produzindo.

O mais novo saiu do colo de Jay se sentando ao seu lado tentando pegar o caderninho, mas o ótimo reflexo do outro não permitiu o que fez com que um biquinho emburrado surgisse nos lábios alheios. Jungwon ficava extremamente lindo quando estava assim, até mesmo quando estava dormindo com os fios todos bagunçados.

-Fui visitar os bebês recém nascidos que são especiais. Alguns deles precisam de um tratamento especial chamado de método canguro que consiste em deixar o bebê que é prematuro, na maioria das vezes, sobre seu peito fazendo contato pele a pele, sabe? O tempo que dura isso varia muito, mas sempre ajuda o bebê a ter um pouquinho mais de força para ir se desenvolvendo conforme o esperado para eles.

Jay conhecia muito bem esse tipo de tratamento já que ele mesmo precisou disso quando nasceu. Sua mãe vivia o contando sobre como tinha sido difícil para todos passar por isso e que desistir agora era a pior coisa que ele fazia agora, mas pela primeira vez pensaria mais em si do que nas outras pessoas.

-É boa a sensação? De estar ajudando um serzinho tão pequeno e indefeso, sabe?

Levou algum tempo para que Jungwon conseguisse responder a isso sendo tomado por todas as memórias que insistiam em o perseguir desde que começou a ajudar todos ali do seu jeitinho. Era muito conhecido tanta pela sua rebeldia em alguns momentos, mas também por ser um garoto de sorriso fácil e coração enorme.

Ele já tinha ajudado muito na ala infantil sempre cuidando daqueles que podia do seu jeitinho. Aprendeu muito nesse meio tempo que passou com as crianças e infelizmente presenciou muitas cenas que gostaria de esquecer, mas sabia que não importa quanto tempo passe essas cenas ainda vão estar na sua mente.

-É uma experiência única, sabe? No começo mexe bastante com a gente, com a nossa mente e nos deixa bem sensível, mas depois a gente começa a entender melhor tudo e faz o trabalho direitinho. Você pode ir falando com o bebê, pode acariciar ele um pouquinho, mas depois de um tempo tem que devolver ele para a incubadora e o deixar sozinho outra vez. Não consigo explicar como é essa última parte exatamente, mas dependendo do dia é bastante doloroso.

O mais velho concordou com a cabeça se mantendo em silêncio escutando Jungwon contar mais da sua experiência. Ele parecia amar fazer isso e com toda certeza se dedicava muito em fazer isso da melhor forma que podia mesmo com todas as limitações que agora tinha que enfrentar.

Quando estavam falando sobre as crianças um pouco mais velhas que ficavam na área da oncologia, Jay começou a passar mal e mesmo não querendo acabou por deixar o mais novo preocupado. Todo o vermelhinho suave que cobria suas bochechinhas sumiram trazendo no seu lugar uma expressão de dor assim como a mão do mais velho que passou a pressionar a região dolorida.

-Fica comigo? Por favor.

Fracamente Jay abriu um leve sorriso o que fez com que Jungwon fosse até ele o abraçando com cuidado sentindo que aos poucos o peso do mais velho era todo jogado sobre si. Eles não sabiam, mas ali marcava todo o início de uma longa batalha que tinha altas chances de não acabar bem.

...

Vocês querem que eu poste o conteúdo do caderninho que o Jay anda fazendo? Só um pequeno detalhe que vai ser bem importante caso alguém tenha interesse de se aprofundar mais nos sentimentos da história.