Acabamento - Parte 1
- Você só pode estar ficando maluca se pensa que eu irei concordar com esse seu plano! - Lee me olha como se eu fosse uma pessoa completamente sem juízo.
Não era justo ele ficar tão lindo mesmo com esse olhar indignado!
- Ei! Meu plano não é de todo ruim! - tento defender a minha ideia.
- Não sei onde está a parte boa e inteligente de ir de encontro ao Bruce, de livre e espontânea vontade e sem proteção alguma!
- Mas eu vou ser a distração perfeita enquanto você trata de libertar o Gustavo e a Tex! E eu nunca disse que eu ia sem proteção...
- Então você pode me explicar quem ou o quê que vai proteger você durante esse tempo que você vai estar distraindo o Bruce?
- Eu consigo enrolar ele um pouco Lee, tempo suficiente para você resgatar os dois!
- Certo, deixa eu embarcar de leve aqui nesse seu plano furado. Ok, você distrai o Bruce tempo suficiente, e eu salvo os dois. Quem é que vai prender o Bruce na espada?
- Você não está contando que quando você resgatar os dois, vamos ter uma vantagem numérica bem significativa! Vão ser vocês três contra o Bruce! E a Tex sabe lutar... Tenho certeza que vocês conseguem pensar em algo bom de última hora.
- Não gosto de improvisos.
- Não pensa nisso como improviso, pensa como mentes inteligentes juntas tramando um bom plano maravilhoso!
- Pode chamar do jeito que você quiser Tessa, eu não estou gostando nem um pouco do seu plano!
- Se você tiver alguma ideia melhor, pode falar, sou toda ouvidos!
- Só porque nesse momento não consigo pensar em nada melhor não quer dizer que a sua ideia é boa Tessa! - seu rosto está um pouco vermelho.
- Olha Lee, eu sei muito bem que a situação é tensa, mas eu sei que não vamos resolver nada se brigarmos.
- Sei disso. Desculpe-me Tessa. Não deveria ter me expressado assim, mas é que eu não fico no meu melhor estado quando fico preocupado...
- Certo, tudo bem. Eu sei - eu o tinha criado assim.
- Não sabia que ficaria tão alterado assim ao pensar que algo pode acontecer com você... - ele passa uns bons momentos calados e meu coração dispara. - E com a Tex... E o seu amigo.
- Ah sim claro eles...
- Mas será que não conseguimos pensar em um outro plano? Um que envolva menos riscos?
- Acho que sim... Mas eu tenho que primeiro saber se a minha ideia de localizar os dois vai dar certo... Caso não dê certo a localização, o plano nem vai ter como ser feito.
- Então vamos pensar por partes. Primeiro você vai dar um jeito de encontrar os dois. E depois eu vou dar um jeito de te deixar fora de perigo.
- Tudo bem... Vamos voltar pra casa, acho que vou precisar do meu computador, e de uma internet que seja boa...
- Vamos, pegar seja lá o que quer que seja isso que você disse... - sorrio com a sua falta de conhecimento.
Voltamos para o meu apartamento. Ele me perguntou mais algumas coisas sobre o que ele vê e eu tento responder da melhor forma possível. Assim que abro a porta lembro o quanto eu estou ferrada com o meu síndico. O buraco em minha parede parecia estar maior e eu não sabia o que faria com aquilo.
Pego o meu celular, o meu computador e sento na bancada da cozinha, ligando tudo e já me conectando na internet pesquisando tudo o que eu precisaria.
- Você pode me explicar o que pretende fazer agora Tessa? - Lee pergunta, se encostando na bancada ao meu lado.
- Claro. Tá vendo isso daqui na minha mão? - ergo o meu celular. - Isso é um celular. Bem a maioria das pessoas hoje em dia tem um aparelho desse, a grande maioria deles tem quase como se fosse um mapa dentro de cada um deles, onde é possível se saber a posição a qualquer momento.
- Impressionante... E um pouco assustador.
- Sim, mas se for essa tecnologia assustadora que nos fará saber onde aqueles dois estão, eu fico feliz.
- Assim também espero...
Enquanto o meu computador terminar de instalar alguns programas necessários para a minha busca, desço da bancada e vou até a geladeira, pegando uma grande garrafa de água e dois copos.
Enquanto enchia os dois, estava torcendo com tudo de mim para que a magia do Bruce não tivesse fritado com o celular do Gus, e assim as nossas chances de encontrá-los.
- Com sede? - ofereço o copo mais cheio para o Lee, que o pega, e toma longos goles. - Pelo visto sim...
- Desculpe, nem eu sabia que estava assim. Acho que a água me ajudou a desfazer um pouco o nó em minha garganta.
- Não fique tão tenso assim... Vai dar tudo certo. Vamos conseguir.
- Só vou conseguir ficar tranquilo quando tudo isso acabar, e da melhor maneira possível... Ainda não consigo tirar essa preocupação de mim...
- Também estou preocupada...
- E se o Bruce conseguir te prender também no pingente dele? Não sei o que farei... - ele parece perdido ao me falar isso.
- Vou dar o meu melhor para que isso não aconteça!
- Obrigado Tessa - ele parece minimamente aliviado ao me escutar falar assim com tanta convicção.
- Pode beber mais água. Tem mais na geladeira se você quiser...
Meu computador faz um pequeno som, informando que os programas que eu estava instalando já tinham sido instalados. Abro os programas e faço o passo a passo com muito cuidado.
Não é tão fácil como eu estava pensando. Nem de longe é tão fácil como é nos filmes de ação, onde o hackers conseguem em poucos segundos entrar pelos firewalls mais avançados e tem acesso todas as informações que ele quer.
A realidade era que eu estava apanhando um pouco para aqueles programas, e nenhum deles me fornecia o que eu queria.
Estou quase jogando o meu computador pelo buraco da parede, sem saber o que fazer. Se pelo menos o Gustavo estivesse aqui. Ele que manja muito mais sobre tecnologias, e eu tenho a impressão que ele já deve ter rastreado o celular de alguém. Muito provavelmente o meu.
Senti uma falta absurda dele agora.
Respiro fundo algumas vezes e sinto a mão quente do Lee em meu ombro.
- Desculpe por não ser de mais ajuda para você Tessa, mas não sei nem por onde eu começaria a te ajudar...
- Você já me ajudou agora Lee - sorrio fracamente para ele.
Olho para o relógio do computador e me espanto ao ver que já passam das três horas da tarde. Merda! Quando foi que o tempo passou a correr tão rápido assim?
E outra, o Lee deve estar com fome. Quer dizer, nem sei se ele tem estômago para comer algo, mas minha mãe sempre disse que saco vazio não para em pé. E se fossemos realmente enfrentar a magia, precisaríamos estar fortes.
Bebeu água, deve comer também.
Ergo a minha cabeça e me espanto muito ao ver o meu apartamento num estado menos deplorável.
Nem tinha percebido que o Lee estava literalmente com as mangas arregaçadas e tinha mudado os móveis de lugar, levantado os móveis caídos, e no momento tentava de algum jeito tampar o buraco na parede com a lona que eu cobria o sofá.
- Uau. Desculpe por você fazer isso, não precisa arrumar nada, muito provavelmente vou ser expulsa desse apartamento assim que descobrirem esse buraco.
- Se eu tivesse pelo menos algumas tábuas de madeira, acho que poderia fazer alguma coisa com esse buraco.
- Pode descansar Lee. Acho melhor você poupar cada pequeno pedaço de energia hoje. Não sei o quanto você irá se esforçar mais tarde.
- Tudo bem Tessa... Eu tenho mais energia do que aparento.
- Sei disso. Mas realmente não precisa se incomodar em arrumar nada... Vamos comer alguma coisa. Você deve estar com fome - mudo drasticamente de assunto.
- Não estou com fome Tessa, nem sei se consigo comer alguma coisa.
- Mas precisamos, mesmo que tenhamos que enfiar tudo goela abaixo a força.
- Acho que você tem razão. Vamos comer alguma coisa... Posso preparar alguma coisa para nós.
Tinha esquecido desse pequeno detalhe. Como se não fosse o bastante ele ser perfeito em todos os outros aspectos normais de um ser humano, eu ainda tinha tido a brilhante ideia dele saber cozinhar perfeitamente.
- Não sei se isso é uma boa ideia Lee, você não está acostumado a cozinhas modernas...
- Você pode me ensinar o básico e eu desvendo o resto. Não sou tão atrasado assim!
- Ah sim claro....
Assim que abro a geladeira para mostrar a ele o que tinha dentro, vejo a quantidade absurda de molho que a minha mãe tinha deixado ali dentro. Fiquei feliz por não precisar perder tempo cozinhando alguma coisa.
- Nem precisa cozinhar nada Lee. A minha mãe já o fez para mim ontem e encheu o meu congelador de comida. Dá pra esquentar o que tem aqui mesmo...
- Sua mãe se preocupa com você... Que bom - ele sorri num misto de alegria e saudades da sua própria família.
- Desculpe pela sua família Lee. Não era a minha intenção...
- Não precisa dizer mais nada Tessa, sei que as boas histórias muitas vezes têm os seus toques de drama. Tá tudo bem.
- Obrigada!
Ponho uma travessa enorme que a minha mãe tinha feito e enfio dentro do fogão. Coloco um timer para não esquecer de desligar o forno, porque não queria ter uma cozinha carbonizada para combinar com o buraco na parede da sala.
- E então, você teve alguma sorte em encontrá-los? - Lee pergunta analisando a tela do meu computador.
- Ainda não. Mas eu vou conseguir!
Não seria um programa de computador que me impediria. Eu vou conseguir encontrar o Gus e a Tex, nem que isso seja a última coisa que eu faça, sou capaz.
Acho que estou começando a pegar o jeito do programa, consigo colocar ele pra fazer o que eu preciso. E então o timer do forno apita.
- O que foi isso? - Lee pergunta.
- O relógio do fogão, nos avisando que a comida está pronta. Vamos comer então?
- Claro...
Retiro a travessa do forno e arrumo da melhor maneira que consigo a mesa de quatro lugares para almoçarmos. Sirvo os dois pratos e sentamos um na frente do outro, para comer no mais completo silêncio.
Já compartilhei muitos silêncios horrendos, mas passei a perceber que os meus silêncios com o Lee são sempre agradáveis.
Assim que terminamos, pego os pratos sujos e os coloco na pia.
- Sua mãe cozinha muito bem... Não me lembro de ter comido algo tão suculento assim na vida...
- Ela ia ficar nas nuvens com certeza com o seu elogio. Meu pai e eu sempre elogiamos a comida dela, mas quando alguém de fora fala bem da sua comida, ela fica flutuando de alegria.
- Se um dia eu conhecê-la, devo me lembrar de elogiar muito - ele sorri.
Meu computador emite mais um som. Um som diferente, um som que me encheu de esperança. Corri para ver o que tinha aparecido em sua tela.
Acho que o meu sorriso vai sair do meu rosto de tanta animação.
- Consegui! - grito, animada. - Chupa sociedade!
- Sabia que conseguiria! - Lee diz igualmente animado.
- Bem, quer dizer, eu consegui uma localização do celular do Gustavo. Só espero que seja correta.
- Vai estar...
- Assim também espero. Sei que ele estava com o celular dele.
Clico no mouse algumas vezes até conseguir a localização do celular do Gus. Olho para o ponto onde o mapa aponta e me espanto um pouco com a distância, distante mas não inalcançável.
Mas eu não tinha dúvidas. Sabia que ele estava ali.
Tinham que estar.
Oiii! Entramos hoje na reta final do livro! Ah como eu gosto dessa interação do Lee e da Tessa! Vamos ver se essa localização tá certa mesmo... Se o Bruce tem magia mágica, Tessa tem a mágica da tecnologia! Hahahahah
Espero que estejam gostando do livro! Se estiverem, não se esqueçam de deixar seu voto aqui ( mesmo lendo off Line, ainda conta E MUITO)
Então até o próximo capítulo e apertem os cintos, que o plano vai começar!
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