Parte 7

O couro emitiu um rangido melodioso quando Ellie se mexeu ao despertar, imediatamente sentindo o toque do cobertor macio e aconchegante sobre si. Seus olhos semicerrados se ajustaram à claridade que invadia lentamente o ambiente, filtrada pelas cortinas brancas que dançavam com a brisa suave da manhã. A luz revelava as prateleiras repletas de livros, trazendo à tona o inconfundível aroma de páginas antigas e madeira recém-trabalhada, reacendendo com intensidade a memória do lugar onde ela havia adormecido. Ellie se sentou com movimentos lentos, coçando suavemente a bochecha enquanto examinava o ambiente à sua volta. Percebeu que Bucky havia deixado uma pasta e uma escova de dentes ainda lacradas sobre a mesa de centro, ao lado de uma toalhinha de rosto branca e um copo de água.

Ellie suspirou profundamente. Tinha memórias vagas de ter degustado o vinho tinto português, e sob a influência da bebida, havia desejado intensamente o homem que a acompanhava naquela noite. Os resquícios desse desejo refletidos na umidade entre suas pernas. Como teria resistido ao Sargento Barnes no meio daquela atmosfera repleta de livros, com uma taça de vinho nas mãos e sobre o elegante Chesterfield que ele tinha adquirido de sua loja favorita? Ellie grunhiu, mergulhando em memórias que a envolviam como as páginas antigas que a cercavam, as lembranças a assombrando. Ela fechou os olhos e esfregou as têmporas com as pontas dos dedos, lutando para afastar os pensamentos.

Descendo as escadas vagarosamente, guiada pelos vestígios sonoros e pelo aroma inebriante de ovos sendo preparados, café recém coado, torradas frescas e um sutil perfume floral que a envolvia, ela avançou em direção à cozinha.

Bucky não percebeu a aproximação de Ellie, que estava completamente absorto na preparação dos ovos mexidos do outro lado do balcão. Isso fez com que um sorriso se desenhasse no rosto de Ellie.

— Bom dia, James — sussurrou com timidez, inclinando-se sobre o balcão. Seus olhos estavam fixos na frigideira onde os ovos eram delicadamente mexidos, enquanto notava um papel de seda dobrado à beira do balcão. Entre algumas pétalas brancas dispersas, descansava um pequeno cartão em branco.

Bucky franziu as sobrancelhas por um breve instante antes de abrir um sorriso, surpreendido por sua distração ao ponto de não ter ouvido os passos de Ellie ou notado sua presença antes.

— Bom dia — murmurou, deixando escapar um sorriso tímido.

— Você trocou as cortinas... — Ellie observou, virando-se para apreciar as belas cortinas brancas que emolduravam as janelas da frente, as quais havia notado pela primeira vez na biblioteca ao acordar, algo que passara despercebido na noite anterior. — Bonitas.

Bucky assentiu agradecido pelo elogio, seu sorriso se alargando ao transferir os ovos cuidadosamente para o prato.

— Dormiu bem? — Ele perguntou, mantendo seu olhar em Ellie, que reagiu timidamente à pergunta.

— Dormi... — ela murmurou, soltando uma risada tímida. — Me perdoe por isso, aliás — disse, deslizando os dedos pelo balcão branco enquanto mordiscava o lábio inferior. — E eu deixei a escova no banheiro lá em cima — acrescentou, pronuncioando as palavras rapidamente.

— Não tem problema — ele disse com um sorriso. — E a escova é sua, estará lá quando precisar — acrescentou, salpicando uma porção de orégano sobre os ovos com a ponta dos dedos da mão direita, evitando encontrar o olhar de Ellie.

"Estará lá quando precisar". Essa simples frase reverberava em diversos cantos da mente de Ellie. Primeiramente, seus pensamentos alçaram voo para um futuro próximo, vislumbrando os momentos seguintes de pizza e vinho no magnífico sofá na maravilhosa biblioteca de Bucky. Em seguida, suas memórias da noite anterior começaram a se insinuar novamente, relembrando a eletrizante onda de desejo que havia sentido por Bucky, que agora estava ali diante dela, com seus braços e mãos expostos, revelando cada veia, músculos e detalhes dourados do vibranium sob efeito da luz natural.

— Ellie? — Bucky riu, enquanto o rosto de Ellie se tingia de calor. — Gosta de bacon? — Ele perguntou, aparentemente pela segunda vez, segurando uma travessa repleta de pedacinhos de bacon crocantes, aguardando sua resposta antes de acrescentá-los aos ovos.

— Hm... Não, tudo bem — disse, rindo com uma timidez encantadora. — Quer dizer, sim, gosto...

— Você está bem? — Bucky perguntou, se divertindo com a reação desconcertada de Ellie.

Ellie riu suavemente e, ao acomodar algumas mechas de cabelo atrás das orelhas, suspirou.

— Sim. Eu só... estou com fome... — disfarçou, indicando a refeição apetitosa à sua frente.

Ellie então ajudou Bucky a preparar a mesa do café, e depois os dois se acomodaram em seus lugares: Bucky na cabeceira, de frente para a janela, e Ellie ao seu lado.

— Elas são lindas... — Ellie murmurou, observando o delicado arranjo de margaridas no centro da mesa.

— Comprei no caminho da mercearia, quando fui buscar os ovos mais cedo.

Ellie notou o olhar retraído de Bucky e sorriu. Na verdade, a embalagem de seda e o cartão em branco esquecido entre as pétalas sobre o balcão, aliados ao fato de Ellie saber que a floricultura cujo nome estava estampado em dourado no papel delicado não se encontrava nas redondezas, revelavam que Bucky havia adquirido um buquê de flores, não um simples arranjo para sua mesa.

— O que vai fazer hoje? — Ele perguntou.

Ellie deu de ombros enquanto olhava pela janela. Era um sábado com um clima agradável, e a única certeza que tinha era de que não queria passar o dia todo em casa.

— Não planejei nada. E você?

Que bom. Quer ir em um lugar comigo? — Perguntou antes de dar mais um gole em seu café. — O Museu do Queens, você já conhece? — Completou.

— Na verdade, não... Mas acho que é uma ótima ideia. Adoro museus — murmurou com um sorriso.

Era evidente que Ellie Fleming gostava de museus.




Mesmo após estacionar a moto, os braços de Ellie permaneceram abraçados na cintura de Bucky, segurando-o com firmeza, como se ainda estivessem em alta velocidade, cercados por carros que corriam pelas ruas da cidade. A risada de Bucky ecoou pelo no interior de seu capacete enquanto ele o removia e balançava a cabeça suavemente na tentativa de ajeitar seus fios bagunçados. Não era exatamente a pior sensação do mundo ter Ellie envolvida em seu corpo.

— Tudo bem aí?

— Agora sim — murmurou, provocando um riso de Bucky. Ela soltou lentamente a cintura dele, esforçando-se para alcançar o chão com um dos pés e finalmente desceu da moto, e com um gesto sutil, Bucky estendeu as mãos e, com cuidado, ajudou Ellie a tirar o capacete, revelando seus cabelos bagunçados e olhos brilhantes.

Observando o ambiente ao redor, Ellie percebeu que estavam em um estacionamento relativamente vazio, embora o som distante indicasse uma presença considerável de pessoas nas proximidades. Algo na atmosfera daquele lugar parecia estranhamente familiar para Ellie. Enquanto o vento brincava com seus cabelos e o aroma das árvores e da vegetação provocava uma sensação nostálgica, ela sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo.

Após se deixar envolver pela aura enigmática do lugar por alguns instantes, Ellie lançou um olhar cheio de expectativas para Bucky. Com passos suaves e silêncio, seguiram em direção a imponente entrada do museu.

— Por que o disfarce? — Ellie perguntou, seus olhos castanhos curiosos enquanto observava Bucky esconder o rosto sob um boné preto do Yankees enquanto se aproximavam da entrada.

— Você vai ver, boneca — disse, conduzindo-a até um totem que exibia o mapa do museu com todas as exposições logo na entrada.

Papai, o Thor é naquela direção! — Uma garotinha correu alguns metros à frente, chamando a atenção dos dois e interrompendo seus passos.

Thor? Ellie lançou um olhar intrigado na direção de Bucky, as sobrancelhas arqueadas em curiosidade. No entanto, a expressão no rosto de Bucky, acompanhada por um sorriso de canto, deixaram claro que ele estava plenamente consciente do motivo que o havia levado até ali.

— Naquela direção, então — ele sorriu antes de seguirem na direção para onde a garotinha havia corrido, seguido pelo pai.

Ao percorrerem alguns metros, o burburinho das pessoas começou a se fazer ouvir. Bucky ajustou mais uma vez seu boné quando se depararam com a entrada da exposição, sendo recepcionados por uma imponente estátua de bronze dos Vingadores em ação. O Capitão América com seu escudo em riste, Thor empunhando seu martelo e o Homem de Ferro voando ao seu redor. Atrás deles, a bandeira dos Estados Unidos se erguia, iluminada de forma dramática.

Na entrada, o som da narrativa do expositor ecoava pelos alto-falantes, a voz profunda e reverberante contava a saga inesquecível de Steve Rogers, enfatizando-o como um símbolo nacional e um herói global, cuja trajetória personificava valores de honra, bravura e sacrifício. Com eloquência, o narrador desvendou os capítulos da vida de Rogers, começando com sua rejeição para o alistamento no exército devido à sua saúde frágil. No entanto, a história tomava um rumo surpreendente, pois Rogers foi selecionado para um programa especial que o transformou no primeiro Super Soldado do mundo.

— Nossa... — Ellie balbuciou, seus olhos perdidos nos detalhes das estátuas de bronze, a iluminação dramática fazendo-os brilharem. — Isso é...

Sim. — A resposta de Bucky chegou antes que Ellie pudesse concluir a pergunta que estava claramente estampada em sua testa. Seus olhos encontraram os dele e um sorriso se desenhou em seus lábios delicados.

Ellie estava certa, aquela era a exposição dos Vingadores, semelhante à exposição do Capitão América no Smithsonian em Washington D.C. Um desejo que Bucky mantinha desde que a exposição havia sido inaugurada há alguns meses. No entanto, a falta de tempo e o receio de ser reconhecido entre a multidão que inundara a exposição logo após sua inauguração haviam adiado seus planos. Ele preferia não ser identificado entre todos aqueles que estavam ali pelos Vingadores.

Ao avançaram pelo corredor, adentraram o majestoso hall de entrada da exposição, uma recriação imersiva da lendária Torre dos Vingadores, com janelas e varandas onde manequins vestiam os trajes dos heróis e placas informativas detalhavam a história e as habilidades de cada membro.

Enquanto seguiam o percurso estabelecido, Ellie e Bucky descobriram telas interativas que estavam disponíveis para que os visitantes explorassem informações detalhadas sobre os Vingadores e assistissem a vídeos impressionantes de suas batalhas épicas que reverberavam pelos corredores com som e imagens vibrantes. Mas a verdadeira magia residia na experiência de primeira mão que os aguardavam.

Em uma zona especialmente criada, os visitantes podiam, por um breve momento, se colocar nos "sapatos" dos heróis, podendo experimentar a força avassaladora do Hulk, a agilidade e destreza da viúva negra e, por um instante, mergulhavam na pele dos Vingadores, permitindo que todos compartilhassem um vislumbre da jornada que era ser um Vingador, alimentando a paixão pelos heróis que agora podiam "ser" por um breve momento.

A próxima ambientação da exposição os transportava para um mundo onde o Capitão América e seu inseparável amigo de infância, Sargento James Buchanan Barnes, eram os protagonistas indiscutíveis. O narrador traçou a épica jornada dos heróis durante os sombrios dias da Segunda Guerra Mundial. A medida que ele falava, imagens nas telas ao redor deles ganhavam vida, transformando o relato em uma experiência visual.

As imagens eram vívidas e emocionantes, retratando os momentos de bravura e sacrifício que definiram a vida dos heróis. Bucky sentiu-se cativado por cada frame, enquanto as façanhas de seu amigo de infância eram exibidas diante de seus olhos. A história de amizade e coragem era contada com uma intensidade que fazia o coração de Bucky palpitar, e ele se viu completamente imerso em uma narrativa que ecoava com um significado pessoal.

— Uau, James... Você era... tão bonito. — Ellie murmurou, com uma timidez adorável entrelaçada em suas palavras, enquanto seus olhos se fixavam em uma fotografia em preto e branco de Bucky, datada de 1943, o ano em que ele foi resgatado por Steve Rogers. Na imagem, ele exibia uma juventude radiante e uma aura de heroísmo.

O comentário de Ellie arrancou um sorriso sincero de Bucky, um lampejo de sua personalidade travessa de volta à tona. Sua sobrancelha arqueou levemente, expressando a curiosidade diante das palavras dela.

— Por isso as meninas suspiravam tanto por você. — Ela continuou com um tom divertido. — Até hoje, pelo que eu sei. — Acrescentou, balbuciando a última parte como se fosse um segredo.

— Suspiravam? — Bucky perguntou, suas sobrancelhas franzidas, revelando uma mescla de surpresa e diversão em sua expressão.

Ellie desviou o olhar por um momento, ponderando sua resposta.

— Boatos... por aí. — Ela finalmente respondeu, com uma inclinação de cabeça que sugeriu que havia mais história do que ela estava disposta a compartilhar naquele momento.

Bucky murmurou um "hm" pensativo, seus olhos encontrando os de Ellie por um breve instante antes de desviá-los novamente. No entanto, ele não conseguia esconder o traço de diversão que dançava em seus olhos.

— Então me acha bonito? — Ele perguntou, aproveitando a oportunidade para testar a reação de Ellie. Um sorriso travesso dançou em seus lábios novamente, tornando evidente que ele estava se divertindo com a situação.

Ellie sentiu as bochechas corarem e desviou o olhar do de Bucky quase instantaneamente, como se a pergunta tivesse apanhado sua língua. Um sorriso tímido e adorável se esforçou para se formar em seus lábios, mas ela o manteve contido.

— Bem, digamos que os boatos não estavam errados, James. — Ela sussurrou finalmente, admitindo de forma tímida e sincera o que estava em seu coração.

Bucky sorriu, mesmo diante da resposta evasiva de Ellie, optando por confiar nas bochechas coradas e no sorriso cativante fixos nos lábios delicados dela – a verdadeira resposta. Com um riso suave, ele tocou sutilmente as costas de Ellie antes de retomarem o passeio pela exposição dedicada ao seu melhor amigo e a uma parte significativa de sua própria história.

No centro da sala, os olhos curiosos observaram a impecável réplica da icônica moto de Steve Rogers em exposição, e Bucky sorria enquanto a circundava, lendo as informações nas placas. Ao redor, manequins exibiam fielmente os diferentes uniformes usados por Steve ao longo de sua jornada.

Antes de deixarem a exposição, Bucky e Ellie passaram por uma ala especial que honrava o novo Capitão América, Sam Wilson. Uma placa explicativa contava a história de como Sam havia desempenhado um papel crucial na trajetória dos Vingadores, tanto antes como depois de assumir o manto dado pelo próprio Steve Rogers. Um tributo a um herói que continuava a carregar o legado com honra e responsabilidade.

Por fim, em um canto da sala, encontrava-se um memorial que resgatava uma história longamente esquecida. Isaiah Bradley, representado por uma imponente estátua de bronze, finalmente recebia o reconhecimento que merecia. Uma placa esclarecia sua história, uma história que havia sido encoberta por décadas pelas sombras do governo e do preconceito. Isaiah Bradley, um Super Soldado negro, havia sido um herói oculto, cujo sacrifício e bravura haviam sido negados aos olhos do mundo. Agora, sua memória ressurgia, revelando uma verdade que há muito estava soterrada.

Após saírem das exposições interativas, Bucky e Ellie ingressaram em uma sala oval. O espaço exibia uma impressionante coleção de trajes que o Homem de Ferro havia usado ao longo de seus anos de batalha. Entre eles, destacava-se a robusta armadura Mark I, com sua presença imponente e com cicatrizes de batalhas, ela não apenas salvou a vida do bilionário como também o auxiliou em sua audaciosa fuga dos seus sequestradores. A peça tecnológica havia evoluído ao longo dos anos, mas ali, naquele momento, permanecia como um símbolo de resiliência e coragem.

Além dos trajes, a sala destacava as tecnologias de alta potência inovadoras criadas por Tony Stark. Exibições interativas convidavam os visitantes a explorar os segredos da engenharia das armaduras, oferecendo uma perspectiva única sobre o intelecto do gênio por trás do Homem de Ferro.

Os olhos curiosos brilhavam com fascínio enquanto absorviam todas as informações nas placas e telas, e continuando a explorar, observando as réplicas do Reator Arc que Tony usava para se manter vivo e alimentar o traje do Homem de Ferro, Ellie notou que Bucky estava imerso em contemplação diante de uma réplica particular, cuidadosamente protegida dentro de uma caixa acrílica.

Intrigada, Elli se aproximou dele. Seus olhos se moveram para a réplica e, com voz suave leu a frase gravada em torno do que seria a réplica do primeiro Reator Arc desenvolvido por Tony: "Prova de que Tony Stark possui um coração".

— Bucky... — Ellie murmurou, seus dedos delicadamente envolvendo o braço dele. Os olhos azuis, profundos e brilhantes, se voltaram para ela devagar, com um brilho que denunciava uma emoção contida. — Você está bem?

Bucky assentiu, antes de um gesto quase automático ajustar a aba do boné com as pontas dos dedos.

Juntos, eles continuaram a explorar os diversos ambientes, cada um com exposições dedicadas a diferentes heróis, até chegarem ao final da exposição: a loja de presentes dos Vingadores. Ali, uma variedade de produtos relacionados aos heróis estava à disposição, criando um mundo de possibilidades para os fãs e colecionadores.
Brinquedos, roupas, itens de colecionador e uma infinidade de outros produtos estavam ali.

— Que fofo — Ellie disse, observando algumas pelúcias com temas dos Vingadores.

— Ellie — Bucky murmurou, interrompendo o momento enquanto parava diante dela, tentando disfarçar seu rosto sob o boné. Seu olhar era furtivo, ele observava ansiosamente algum lugar atrás dela.

— O que houve? — Ela indagou, olhando ao redor, com sua curiosidade despertada.

— Acho que alguém me reconheceu — declarou, levando Ellie a olhar lentamente para trás. Seus olhos encontraram um adolescente com um olhar fixo e surpreso na direção deles. Ela soltou um riso suave, aproximando-se de Bucky e ajudando-o a esconder o rosto sob o boné, ajeitando os fios longos que escapavam.

— Ele já vai embora, não se preocupe — respondeu com um sorriso tranquilizador.

— Espero que sim... seria um desastre se... — Bucky começou a dizer, mas sua voz vacilou ao notar a quantidade de pessoas ao redor.

— Relaxa, Bucky — sussurrou suavemente, deslizando as mãos até seu rosto marcado, seus dedos acariciando sua barba, enquanto seus olhos encontravam um refúgio nos lábios rosados dele.

O toque de Bucky na cintura de Ellie a fez estremecer, e ele percebeu a respiração dela acelerar.

— E-ele já foi? — Ela murmurou, tentando evitar os lábios rosados ou os olhos azuis, mas falhando.

— Ainda não... — murmurou suavemente enquanto ajeitava seu boné, seus olhos acompanhando o jovem que deixava a loja com seus pais. Em seguida, ele deslizou as mãos de forma gentil pelo corpo de Ellie, envolvendo-a em um abraço caloroso. Seu rosto encontrou a curva do pescoço dela, e ele se deixou envolver pela fragrância floral sofisticada do perfume de Ellie.

Ellie ficou momentaneamente paralisada, seus sentidos aguçados pela sensação do abraço de Bucky. Sua mente estava repleta de uma mistura vertiginosa de emoções que a dominava. Com mãos trêmulas, deslizou-as pelas costas largas que se escondiam sob o moletom de Bucky.

Seu coração, por sua vez, começou a bater descompassadamente no peito, o ritmo acelerado ecoando a súbita aceleração de sua pulsação. Cada célula de seu corpo estava viva e alerta, e um arrepio deliciosamente descontrolado percorreu sua pele, como uma corrente elétrica, culminando na curva do seu pescoço, onde os lábios, a respiração quente e a maciez da barba de barba de Bucky se alojavam, criando uma sensação indescritivelmente íntima.

Todo esse sentimento se intensificou quando Ellie direcionou o olhar para a paisagem através da fachada envidraçada da loja. Foi quando a paisagem do lado de fora se tornou inconfundível: o Corona Park, diante da majestosa escultura do Unisphere. Um flash de reconhecimento a dominou instantaneamente.

As memórias começaram a fluir em sua mente como um rio turbulento, transportando-a de volta décadas no tempo, quando ela esteve naquele mesmo local, em uma companhia não muito diferente da que tinha naquele momento. A cena do passado parecia ganhar vida com uma intensidade avassaladora. O aroma de pipoca e algodão doce, a música e o burburinho ressurgiram diante dela, como se o próprio tempo tivesse dado um passo atrás para revelar as lembranças que estavam profundamente guardadas. Ellie sentiu como se estivesse em dois lugares ao mesmo tempo, no passado e no presente, unindo-se em um instante mágico onde as linhas do tempo se entrelaçavam.


. . .


Bucky acompanhou Ellie até a porta, e compartilharam um riso suave ao ouvirem o uivo rouco e ansioso de Miles, que aguardava na entrada, ansioso pela dona que havia passado a noite fora e todo o dia longe de casa.

— Por que não entra um pouco? Eu posso preparar algo para gente... Para agradecer pela pizza e pelo vinho... — Ellie ofereceu.

— Se você insiste... — disse, com os lábios curvados em um sorriso divertido, o que fez Ellie rir.

Então os dois entraram e dessa vez Bucky pôde conhecer um pouco da casa de Ellie, que assim como a sua, também tinha uma configuração de ambientes integrados, unindo a área de jantar, a sala de estar e a cozinha em um espaço harmonioso e acolhedor.

Explorando o ambiente com um olhar ágil, os olhos azuis rapidamente se fixaram no dispositivo eletrônico branco, semelhante a um tablet, fixo na parede logo na entrada da área de estar. Em seguida, ele dirigiu um olhar para Ellie, com as sobrancelhas arqueadas, expressando uma pergunta silenciosa.

— Achou que só você teria uma Alexa, James? — Ellie comentou, sua voz carregada de descontração. Em um gesto sutil, ela estendeu as mãos para trás, desviando o olhar dos olhos azuis para o dispositivo de inteligência artificial. Com um sorriso, ela murmurou: — Alexa, hora do jantar.

Instantaneamente, a tela do dispositivo ganhou vida, e a cozinha se encheu de luz, enquanto as luzes da sala se apagavam, deixando apenas a luminária de piso, que derramava uma suave luz amarelada e aconchegante. Num piscar de olhos, um ritmo pulsante começou a ecoar pelo ambiente, acompanhado pelas batidas hipnotizantes de uma bateria eletrônica.

A voz inconfundível de Kate Bush preencheu o espaço, envolvendo todos na melodia cativante de "Running Up That Hill". Bucky observou as caixas de som habilmente camufladas no forro, de onde emanava a sensação de estar em uma verdadeira sala de cinema. Seus olhos brilhavam de curiosidade e diversão, enquanto ele absorvia cada detalhe do momento mágico.

— Lembra do que eu te expliquei aquele dia? Sobre as configurações personalizadas? — Ellie perguntou, divertindo-se com a imagem de Bucky completamente envolvido no momento. Seu olhar varreu a sala e, enquanto ele balançava a cabeça em resposta, ela murmurou com um tom sutil: — Fique à vontade, James. — Deixando-o confortável, ela se dirigiu à cozinha.

Ao som de Kate Bush, Bucky deslizou seus pés descalços enquanto explorava minuciosamente cada recanto daquele pavimento da casa de Ellie, com Miles o acompanhando de perto.

Todo o pavimento exibia o piso de carvalho claro e paredes brancas, com algumas em um tom sutil de verde claro acinzentado. O ambiente estava adornado com belas pinturas, que conferiam ao espaço uma fusão de estilos de decoração, combinando o escandinavo com um toque moderno. Um amplo sofá com chaise ocupava a área próxima à janela, acompanhado por uma elegante poltrona de design único em tecido bouclé, tudo sobre um tapete felpudo de tonalidade clara.

Uma manta aconchegante repousava com graça sobre o sofá espaçoso, deslizando delicadamente até o chão. Um grande vaso abrigava ramos de capim dos pampas de comprimento generoso, enquanto uma mesa de centro de design simples, com um tampo de vidro espesso, ocupava o centro da sala, com alguns livros dispostos sobre ela.

Apesar da integração dos ambientes, a divisão era criada com maestria por meio de uma iluminação especial e acolhedora. Pendentes bem posicionados iluminavam a mesa de jantar e a ilha da cozinha, que não apenas abrigava o cooktop, mas também banquinhos para refeições rápidas.

A cozinha, igualmente clara, apresentava uma generosa ilha revestida em quartzo branco, que se destacava com as prateleiras em madeira clara, criando um contraste sutil com a predominância do branco nos móveis. Elementos dourados, como os puxadores e a torneira, adicionavam um toque de elegância ao espaço.

— Você fez esse? — Bucky murmurou, dirigindo sua pergunta à pintura a óleo que retratava uma paisagem costeira, com um caminho de areia serpenteando por entre gramíneas e o mar ao fundo, a iluminação especial destacando-o, assim como as outras obras que adornavam a casa.

— Sim — ela respondeu suavemente, sentindo o calor subir ao rosto enquanto ele admirava sua pintura. Enquanto isso, ela procurava alguns ingredientes pela cozinha e os dispunha cuidadosamente sobre a ampla ilha.

— É lindo... — disse, seus olhos ainda perdidos pelos detalhes das pinceladas.

— Obrigada... — ela respondeu com um sorriso. — Hum, precisamos discutir seu salário e horários... no Patinhas.

— Salário? Então a Ana não estava brincando... — ele comentou, lembrando-se das palavras da garotinha, aproximando-se do balcão para ver os ingredientes que Ellie havia separado.

Ellie balançou a cabeça, negando.

Ellie explicou como o Sr. Filch reconhece o esforço necessário para manter o abrigo e a qualidade dos serviços, considerando justo recompensar os voluntários. Em seguida, os dois embarcaram em uma receita que Ellie adorava: uma salada Caesar com frango desfiado, acompanhada de um delicioso vinho tinto verde. O ambiente se encheu com uma mistura de aromas incrivelmente apetitosos, mesclados ao bouquet do vinho encorpado e sua acidez distintiva. Até Miles teve a sorte de receber pedacinhos de frango ou vegetais de tempos em tempos.

— O que achou do vinho? — Ellie perguntou, saboreando um gole delicado do vinho verde em sua grande e elegante taça de cristal.

— É diferente... Mas diferente de um jeito bom — Bucky respondeu com uma risada sutil, fazendo Ellie sorrir.

— E como é não sentir os efeitos do álcool? — Perguntou, curiosa.

Bucky ponderou sua resposta por um momento, e riu de si mesmo antes de responder.

— Entediante — disse, fazendo Ellie rir e estreitar os olhos de um jeito adorável, como costumava fazer quando ria ou sorria. Em seguida, ele notou que, assim como na noite anterior, Ellie começava a embolar as palavras ao falar e tinha um olhar cansado. — Obrigado por hoje, Ellie...

— Imagina — ela murmurou com um sorriso.

Ellie então acompanhou Bucky até a porta e se apoiou no batente, observando os olhos azuis brilhantes diante dela.

— Boa noite, boneca... — ele disse com um sorriso, enfiando as mãos nos bolsos e contemplando a rua silenciosa ao redor, sem pressa para partir. Mas antes que pudesse se afastar, viu Ellie abandonar o batente da porta em sua direção, surpreendendo-o com um beijo delicado no rosto.

— Boa noite, James — ela murmurou, mantendo seus lábios próximos ao seu rosto, rindo suavemente.

Ellie deu um passo discreto para trás, retornando ao aconchego de sua casa, onde cruzou os braços para se proteger do frio. Bucky, ao imitar sua ação, desequilibrou-se por um momento devido ao degrau atrás dele, mas rapidamente se recompôs, provocando uma risada de Ellie diante da cena.

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Uma curiosidade sobre esse capítulo é que eu simplesmente esqueci de levar em conta a distância entre NY e Washington, e a ideia inicial era eles visitarem apenas a exposição do Capitão América no Smithsonian. Mas como não era possível Bucky e Ellie simplesmente viajarem pra lá como se fosse rápido, a bonita aqui teve que simplesmente criar um cenário inteiro dentro do museu do Queens, que existe de verdade, com uma exposição dos Vingadores pra poder fazer esse capítulo. É literalmente "fonte: vozes da minha cabeça". Mas no final eu gostei do resultado e deu certo porque acrescentou vários detalhes muito interessantes pra história! hihi.

E apenas experimentem ler o trecho do capítulo ouvindo a música, é simplesmente mágico! ✨

Música do capítulo

Running Up That Hill - Kate Bush

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