Parte 11

Bucky deixou o banho, a pele ainda morna e úmida, e com movimentos suaves e deliberados, esfregou os longos fios de cabelo com a toalha felpuda. Enquanto suas mãos deslizavam pela madeixa molhada, algumas gotas teimosas de água escorriam pelo seu corpo, traçando caminhos sinuosos ao longo do contorno de seus músculos bem definidos.

Após secar o cabelo, Bucky cuidadosamente pendurou a toalha sobre o vidro do box para que ela secasse. Seu olhar, então, voltou-se para o espelho embaçado, onde seu reflexo se delineava de forma difusa. Ele observou as bochechas avermelhadas, vestígios do banho quente que, agora, permitia-se desfrutar. Diferentemente das noites de sono perturbadas por pesadelos, os minutos sob a agradável água quente do chuveiro parecia ser a chave para noites de sono mais serenas e reparadoras.

Vestindo apenas uma bermuda de dormir, Bucky arrastou seus pés descalços até a janela do quarto, contemplando a iluminação prateada que a lua derramava sobre a paisagem noturna do lado de fora. As luzes da casa de sua vizinha estavam apagadas, assim como a maioria das casas ao longo da 1st St. Um breve sorriso se desenhou nos lábios de Bucky enquanto ele apreciava o cenário sereno. Depois, fechou a cortina, dirigiu-se ao espesso cobertor no chão, ao lado de sua cama, e acomodou-se, trazendo consigo um dos travesseiros de cima da cama para onde estava deitado.

Os olhos azuis permaneceram fixos no teto por alguns instantes antes que a sensação do longo dia de trabalho se fizesse sentir sobre suas pálpebras. Ele respirou profundamente e, então, fechou os olhos, permitindo que a fadiga tomasse conta do seu corpo.

À medida que sua mente se entregava ao sono, as lembranças do dia começaram a se misturar e desvanecer. Lentamente, o mundo real desapareceu, dando lugar a uma nova realidade. Bucky se encontrou imerso no passado, numa época de feiras de tecnologia e ursinhos de pelúcia, onde o tempo parecia seguir um ritmo diferente.

Sob o céu noturno estrelado, as luzes cintilantes da Feira Mundial de Nova Iorque eram como estrelas cadentes que dançavam em um balé de cores. A sinfonia alegre que preenchia o ar parecia ser o próprio coração da noite, batendo em compasso com a empolgação das pessoas que ali se reuniam. As gargalhadas e os sussurros de expectativa dos presentes eram notas em uma partitura celestial.

E, no meio desse espetáculo, o aroma sedutor do algodão doce e da pipoca se entrelaçava como versos de um poema antigo, sussurrando aos sentidos, convidando todos a se perderem naquela atmosfera irresistível. E, no epicentro de toda essa beleza, as luzes coloridas refletiam-se no aço da majestosa escultura da Unisphere.

Os olhos azuis vagavam perdidos em meio ao cenário repleto de detalhes coloridos, vestimentas e penteados dos tempos passados e músicas que despertavam nostalgia. Um sorriso involuntário brincou em seus lábios enquanto ele girava lentamente, como se dançasse ao ritmo das memórias enquanto observava ao redor.

— Seus últimos três dólares, amigo? — A voz de Steve ecoou suavemente ao seu lado, como um eco distante do passado. Bucky sentiu um arrepio percorrer sua espinha, e seu coração pareceu comprimir-se de maneira inesperada. Seus olhos, cheios de surpresa e nostalgia, se desviaram até Steve, agora magro e baixo. Ele observava o coelhinho de pelúcia rosa em suas próprias mãos, um mimo recentemente conquistado em uma barraca de tiro ao alvo, com intenção de presentear Dot.

Bucky apertou o ursinho suavemente, sentindo a textura macia em ambas as mãos de carne e osso.

— Te vejo por aí, Buck — Steve murmurou ao apertar o ombro de Bucky, depois afastou-se devagar, desaparecendo entre a multidão.

— Steve... — a voz de Bucky saiu como um sussurro.

Bucky suspirou profundamente antes de procurar pela mulher que o acompanhava, e encontrou a bela jovem de madeixas ruivas entre as barracas temáticas. Um sorriso luminoso se curvou em seus lábios, mas antes de dar o primeiro passo em sua direção, seus olhos foram inesperadamente atraídos para uma figura misteriosa que se destacava com uma elegância indiscutível, acompanhada por uma adorável menininha.

A mulher usava um vestido longo de tonalidade azulada, confeccionado com um tecido grosso que caía com fluidez. O vestido se ajustava perfeitamente à sua silhueta, realçando sua feminilidade com uma graça inquestionável. Seu cabelo castanho-dourado era cuidadosamente penteado em ondas suaves e exuberantes, preso por uma faixa azul delicada, adornada com um singelo lacinho no alto. Luvas brancas envolviam suas mãos com um toque de elegância. Seus lábios delicados, tingidos de um vermelho intenso, destacavam-se em contraste com a maquiagem impecável.

Bucky notou o olhar fascinado da menininha para o urso de pelúcia em suas mãos, seus olhos brilhantes irradiando encanto e surpresa, enquanto um sorrisinho travesso se escondia por trás da mão delicada de sua mãe, que ela segurava firmemente com as suas pequenas mãozinhas.

Ele, que sempre foi um flerte habilidoso, num gesto ousado e com um sorriso confiante, aproximou-se decidido a conquistar a atenção da mulher e sua filha. Seus olhos se encontraram com os dela com uma intensidade que capturou a atenção da mulher, enquanto ele se aproximava lentamente. Com um gesto gentil, ofereceu o ursinho de pelúcia à menininha, que aceitou o presente com um brilho nos olhos, como se aquele gesto tivesse encantado não apenas a criança, mas também a mãe.

A mulher, surpresa pela sua atitude galante e ousada, manteve seu olhar fixo nos olhos azuis dele, que transmitiam seu interesse de maneira irresistivelmente sedutora.

— Esperando por seu marido? — Bucky perguntou, suas palavras carregadas de um tom sedutor, enquanto seus olhos atentos descobriam a ausência de aliança em ambas as mãos da mulher. Ela riu suavemente, como se tivesse percebido a intenção por trás da pergunta.

— Pelos fogos — a mulher respondeu de forma simples, um esboço de sorriso dançando em seus lábios enquanto lançava um rápido olhar para o céu.

Bucky sorriu para ela, seus olhos percorrendo cada detalhe deslumbrante que compunha sua beleza.

— Me perdoe, eu não sei o seu nome — ele murmurou, diminuindo a distância entre eles. Enquanto falava, seu pensamento se tornou um incêndio, ele vislumbrou imagens de um destino próximo, um encontro que deixaria suas almas e corpos entrelaçados numa dança íntima, onde o batom dela se espalharia pelos lábios dele, e suas roupas encontrariam um novo lar pelo chão da sua casa naquela noite estrelada.

No entanto, antes que a mulher pudesse revelar seu nome e a situação pudesse se aprofundar, uma voz o chamou. Dolores, a mulher que estava com Bucky, o interpelou de maneira brusca, interrompendo o flerte silencioso. Seu olhar repreensivo não poupou sequer o ursinho, que agora estava nas mãos da menininha.

A figura misteriosa, com seu sorriso se tornando uma linha apertada em seus lábios, se afastou brevemente, levando a filha consigo.

— Vamos tirar uma foto, querida? — A voz sutil da mulher acariciou os ouvidos de Bucky, antes que ela se afastasse com a menininha. A garotinha lançou um último olhar por cima dos ombros, enquanto sua mãe a conduzia em direção às escadarias que circundavam a majestosa Unisphere.

Barnes! — Dot exclamou, e Bucky pôde sentir o olhar da mulher sobre ele uma última vez antes de direcionar toda a sua atenção para a ruiva nervosa que estava diante dele.

— Dot... — Bucky murmurou, soltando um suspiro.

— Quem era ela? E por que você deu o meu ursinho para aquela garotinha? — Ela exigiu, seu tom carregado de desapontamento e irritação.

— Uma amiga — ele respondeu com cinismo, seus olhos voltando automaticamente a procurar pela mulher no meio da multidão.

Barnes! — Exclamou, acertando a bolsa em seu peito.

~

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top