Algumas semanas se passaram rapidamente, hoje tinha sido a final do campeonato nacional do Decathlon e nós ganhamos, o bicampeonato na verdade. Ano passado a nossa escola também havia ganhado.

Foi tão emocionante, o último a responder foi o Peter.  Já estávamos quase embarcando no avião de volta para Nova York quando ouço a MJ se lamentar:

— Infelizmente nem pude ir visitar o meu primo.

— Por que não foi?

— O idiota do Leonardo se meteu em outra racha, minha tia qualquer dia vai morrer do coração, por causa dessas idiotices dele. — Ela explica.

— Que doidera. — Ned se intromete na conversa.

— Mas ele é muito bom no racha, a velocidade pulsando na veia... é algo que não sei explicar, mas se vocês participassem, iriam amar. — Ela argumenta.

— Eu não, tenho amor a vida. — Ned fala e rimos.

— O meu aniversário é daqui duas semanas. — Comentou MJ.

— O meu também. — Comenta Ned animado.

— O meu casal só poderia fazer aniversário na mesma semana. — Acabei pensando alto e eles olham para mim feio.

— Por isso vamos comemorar em Malibu. — Ela nos informa.

— Malibu? Como assim? — Pergunta Peter confuso.

— A minha família tem uma casa lá e liberaram ela para mim comemorar os meus dezoito anos.

Continuamos em silêncio e tentando entender o que ela disse, então ela continua:

— Minha família tem uma boa condição de vida, mas eu sou diferente daquelas garotas da escola que gastam o dinheiro dos pais em roupas e festas.

— Por que não disse para a gente? — Perguntei.

— Não achei que fosse necessário... — Diz e dá de ombros. — Vocês irão?

— Claro, é o aniversário da minha amiga/rica, mas você vai ter que comprar a passagem para mim. — Tiro sarro da cara dela.

— Haha, tão engraçadinha e vocês meninos? Irão? — Ela pergunta a eles.

— Com tanto que compre a minha passagem também. — Diz Ned, e Peter assente concordando com o que ele falou.

— Está bem, compro as passagens de vocês.

— A gente vai para Malibu, que chique. A sua família tem uma casa de praia lá?

— Sim. Vocês vão adorar.

O nosso voo é anunciado e vamos até a parte de embarque.

— Quem olha para você pensa que não é tão bem de vida assim. — Comentei sincera.

— Verdade...mas não ligo para o que os outros pensam.

— Quem mais vai para essa viagem? — Ned pergunta.

— Apenas o meu primo.

— O da racha? — Peter pergunta.

— Ele mesmo.

Logo embarcamos no avião, me sentei ao lado do Peter. Fomos a viagem toda vendo filmes que ele tinha baixado.

Duas semanas haviam se passado, amanhã seria o tão esperado aniversário de MJ. Do Ned foi na terça e saímos para ir comer em uma pizzaria.

Já estávamos no mês de Setembro e daqui duas semanas teria o baile de Outono da escola. Nem sabia se iria ou não, Peter não havia me convidado e nem tinha arrumado nenhum vestido para usar nesta ocasião.

Na verdade, ele anda bastante esquisito comigo. Não estamos investigando tanto sobre os adolescentes que sumiram, sempre está cochichando com MJ e Ned, me deixando de lado.

Isso estava até deixando bastante triste, preferi afundar mais nos estudos para as minhas chances de entrar em Oxford serem maior, e também nos treinos com a Nat.

Acabei de descer do táxi com a minha avó que tinha vindo me acompanhar, entramos no aeroporto e caminhamos até onde seria o embarque, estava quase em cima da hora. Assim que avisto os meus amigos, caminho até a direção deles, MJ ao me notar se aproxima de mim.

— Ainda bem que chegou, pensei que não viria mais.

—  Até parece que eu iria perder a oportunidade de ir a Malibu.

Hoje era sexta, tínhamos faltado a escola. Era aproximadamente 8:00 A.M, a viagem é um pouco longa e era preciso sair cedo para que pudéssemos aproveitar o final de semana lá. Me despedi de minha avó, assim que fazemos o Check-in, me aproximo da MJ.

— Posso me sentar com você? — Perguntei a ela.

— Por que? Não quer se sentar do lado do Peter?

— Não quero, ele anda meio afasto de mim. — Ela assente e fala com o Ned para trocar de lugar comigo que aceita rapidamente.

Me acomodei ao seu lado e logo dispara perguntas para mim.

— Como assim ele está afastado de você? Pensei que vocês estivessem ficando.

— Só ficando, ele simplesmente se afastou de mim, acho que conheceu alguém. — Contei fingindo indiferença e dei de ombros.

— Você não se incomodaria se ele aparecesse com alguém?

— Claro que não. — Menti na cara dura.

— Para de mentir, Anny.

—  Logo eu esqueço ele. — Assim que o avião decola, apenas conecto meu celular no fone de ouvido, me desligo de tudo ao meu redor.

Após longas quatro horas de voo, chegamos em Malibu. Passei a viagem toda escutando músicas e pensando se realmente o Peter gostava de mim, se gostava por que afastou-se de mim?

Peguei a minha mala e fui atrás dos meus amigos, assim que estava me aproximando deles vejo a MJ abraçada com um rapaz que estava de costas para mim. Acabei esquecendo que o primo dela viria, o tal Leo que tanto falava.

Eles se afastam e ela o apresenta.

— Leo, esses são os meus amigos, Peter, Ned e Anny. — Ela aponta para cada um enquanto apresenta, ele me analisa de cima a baixo.

— Anny Martini? — Ele pergunta e arqueio uma das minhas sobrancelhas, todos estavam olhando para mim.

— Eu mesma...nos conhecemos por acaso? — Questiono confusa.

— Não acredito que se esqueceu de mim, raio do sol.

— Leo, você mudou tanto. — Me aproximo dele e o abracei fortemente.

Ele era o Leonardo Jones, o cara que a Valentina gostava. Nunca tinha imaginado que um dia iríamos nos reencontrar. Me afastei dele e o observei, realmente tinha mudado bastante. Estava mais alto (mais do que eu, com toda certeza), forte, até parecia que praticava algum esporte. Ouço um pigarreio, mas ignoro, devia ser do Peter.

— Então, você conhecia o meu primo e não falou nada, Anny? — MJ pergunta.

— Eu conhecia o Leonardo Jones, mas não imaginava que era o seu primo.

— Que coincidência. — Comenta Leo.

— Muita. — Peter se manifesta e um silêncio se estala.

— Que tal irmos logo para casa? Não vejo a hora de dormir. — Diz MJ e todos nós assentimos.

 Saímos do aeroporto com as nossas malas e paramos dois táxi, em um não caberia todos nós. Vou em um com o Leo e o restante vai em outro, colocamos as nossas malas e entramos.

—  Você mudou muito. — Diz ele.

— Claro, eu não continuaria igual aquela garotinha de 10 anos. Ainda não me conformo que foi embora sem se despedir. — Dou um soco levemente em seu braço.

Viramos amigos por bastante tempo, mas até que ele foi embora para Washington sem nem se despedir de mim, fiquei dias chorando por causa do meu único amigo ter ido embora.

— Me desculpa, raio do sol. — Ele me puxa para um abraço de lado. — Minha avó estava quase falecendo e por isso fui embora.

— É, você tinha me dito que ela estava mal. — Me afasto dele. — Como ela está?

— Ela faleceu um ano depois que eu tinha chegado lá. Fomos para aproveitar os últimos meses de vida dela e acabar que passamos a morar.

— Sinto muito, Leo.

— Tudo bem...como andam as coisas em Nova York?

— Andam bem, último ano do ensino médio, né? Estudando bastante e mantendo as minhas notas azuis para entrar em Oxford, já pensou em qual universidade entrar?

— Ainda estou pensando, não encontrei o curso ideal. Tem alguém?

— Como assim? — Perguntei confusa.

— Namorado...ficante. — Explica.

— Ah sim, eu não tenho. — Respondi mesmo estranhando a pergunta dele.

Após isso ficamos uns cinco minutos sem trocar nenhuma palavra, descemos do táxi, tiramos nossas malas e ele paga o taxista. Logo o restante chega e entramos na casa. Senti que algo iria acontecer neste final de semana, só não sei o que, tenho medo do que me aguarda.