7 | Nossos 10 minutos
CAPÍTULO SETE
"Lírio."
Fui convidada para uma participação especial na pescaria de Charlie com Billy Black e Harry Clearwater nesse final de semana. Bels também foi, mas ao contrário de mim, ela preferiu ficar fazendo seu dever de álgebra.
Eu falei sério quando disse que corro de números; aqui estou eu. Mas acho que estou prestes a ser despachada pois me recuso a pegar em qualquer isca — minhoca — e também fico tagarelando sobre as possibilidades do barco que iríamos usar se rachar ao meio.
Para que Charlie não desista da minha companhia tão cedo, decido que vou passear um pouco pela reserva.
Eu não piso por essas terras desde que parei de vir pra cá em minha infância. Eu costumava vir mais para a casa de Billy, brincar com o seu filho mais novo, Jacky.
Ainda reconhecia a cabana na qual passei as maiores de minhas aventuras com Bels e o quileute, mas estou meio desacostumada com toda essa floresta ao nosso redor. Vizinhos por aqui é só há meio quilômetro de distância, se não mais. É um lugar reservado e tranquilo pela floresta que os protege.
Adentro essa floresta ao perceber que nenhum dos velhos estão de olho em mim. Meus pés se afundam um pouco na lama, deixando pegadas leves.
Nunca me incomodei muito pela sujeira ou as árvores que serviam a floresta, na verdade, sempre gostei da paz que esses tipos de lugares me transmitiam.
Andando até um tronco caído para sentar, sinto como se a floresta se inclinasse até mim, as folhas virassem para me tocar e o ar dançasse com a minha pele. É loucura e acho que nunca conseguiria por este tipo de coisas em palavras, mas a conexão entre a floresta e eu é incrível.
Nunca fui uma garota que curte acampar, não sei como eu lidaria em passar a noite em uma floresta, mas a ideia de morar em volta dela é gratificante, confortável.
Estar tão perto da natureza... é como se fosse um carregador especial para a minha bateria.
Quando o dia começa a amanhecer, eu tenho que me recolher de volta para os homens. Papai me acordou 4h da manhã para isso, não sei se estou animada ou com sono.
Levanto do tronco e viro-me para voltar por onde eu vim, mas paro meus passos imediatamente com o que eu vejo. Meu coração dispara e eu acho que estou prestes a ter um infarto. Meu Deus, eu sou muito nova.
Que porra é essa?
Um lobo estava há menos de seis metros de mim, ele tinha acabado de sair de trás de uma árvore, como se tivesse me espionado por todo esse tempo. Sua pelagem era tão negra quanto meus cabelos, seus olhos eram um dourado queimado, sua forma era gigantesca, quase maior que um cavalo.
Fico surpresa por não ter ouvido ele chegar. Quando ele recua, percebo que não era culpa minha. Aquele lobo se movia como se fosse uma sombra, sem deixar nenhum vestígio para trás.
Seus olhos conectados nos meus me faziam ter um
vislumbre de que eu estava fazendo algo errado; como se não fosse para eu ter visto, como se eu tivesse virado rápido demais.
Ele parecia assustado, então seus passos recuantes foram deixados de lado e ele simplesmente correu floresta a dentro.
Como se tivesse levado qualquer tensão junto à ele, deixei o ar sair entre meus lábios e coloquei a mão no coração, sentindo-o bater desenfreadamente. Aquilo era um lobo. Aquele lobo era um dos garotos seminus?
Fiquei com fome de saber mais, mas o que eu poderia fazer? Invadir qualquer privacidade deles e sair por aí enchendo-os de pergunta? Eu mesmo não. Tô fora.
— Lily, aí está você — proclamou o Sr. Black quando me viu se aproximando deles. — Seu velho já estava maluco atrás de você.
— Eu realmente tenho estômago fraco para isso — resmunguei vendo o vaso em que as iscas estava, sendo fechado. — Desculpem.
Billy revirou os olhos, me dizendo que era bobagem e começando a contar uma curta história de quando papai foi tentar levar Renée para pescar e ela simplesmente vomitou.
Ainda estava rindo com a terceira figura se aproximou da gente.
— Pelos olhos, só pode ser a pestinha da Billie — apontou Harry Clearwater com um dos olhos estreitados em brincadeira.
Abrindo um sorriso enorme, coloquei minhas mãos na cintura teatralmente e fiz uma careta como se estivesse fazendo uma pose para tirar foto. Os homens riram e depois Harry me puxou para um abraço.
— Espero desde sua infância para este momento, criança — ele disse, pronto para irmos pescar.
— Infância? Ele já falava sobre isso quando vocês ainda estavam na barriga de sua mãe — revelou Charlie em um tom de zombaria para o amigo, que lhe deu um soco no ombro. — Tem certeza que quer ir, querida?
— Se quiser, Jack está em casa — apontou Billy para a sua casa. — Vocês podem ficar preparando o almoço e quando chegarmos, apenas damos conta dos peixes.
— Tá aí, uma ótima ideia — apontou Charlie.
— Estão querendo tirar a garota de mim? — Harry perguntou dando um tapa na nuca de Billy. — Ah, você vai ver só!
Os dois começam uma briga estranha, principalmente porque o Sr. Black está na cadeira de rodas.
— Ele só está brincando — papai me disse enquanto se aproximava, suas mãos livres de qualquer minhoca. — Pode ficar, ouvi Billy dizer que uns amigos de Jack vem aqui. Chame sua irmã também.
Pensei mesmo na proposta e até gostei dela, mas não queria deixar Charlie na mão, ele já estava contando com a minha ajuda.
Parecendo ler meus pensamentos, ele revirou os olhos e bagunçou meus cabelos, falando que Jacky estava lá dentro e que iria voltar mais tarde. Após isso, começou a brigar com Harry.
— Tudo bem se eu entrar, Sr. Black? — perguntei-lhe por educação.
— Claro, garota. Entra lá, aproveita para tirar aquele adolescente da cama — rimos juntos. — Ei, Lily? Chame sua irmã, tá?
Aceno com a cabeça e faço uma nota mental rápida para ligar pra Bels assim que eu souber se ela está acordada ou não. Se eu a ligar às cinco da manhã, minha irmã vai vir com um quente e dois fervendo para cima de mim.
Entrei na atmosfera confortável que é a casa dos Black, sendo recebida pela sala com um sofá de dois lugares, uma poltrona, mesinha de centro pra colocar os pés e a televisão ligada. Mais à frente o corredor, que da pra a cozinha e mais três portas; dois quartos e um banheiro.
Um dos quartos estavam abertos, então eu pude saber que Jacky estava no fechado. Bati duas vezes antes de entrar com a mão cobrindo os olhos.
— Jacky? Pode me prometer que não vai me traumatizar quando eu abrir os meus olhos?
Eu sabia que ele estava acordado pois recebi a sua risada rouca como resposta, então retirei a mão dos meus olhos lentamente, até ver que ele estava adequadamente vestido.
Fingi um suspiro.
— Bella? O que está fazendo aqui? — eu revirei os olhos, sabendo que ele estava brincando. Mas aí ele continuou esperando a minha resposta. — Onde está Billie?
Peguei a primeira coisa que eu vi na minha frente pra jogar nele — sendo uma peça de roupa sua. Jacob agarrou com agilidade e riu da minha cara.
— Estou tentando não ficar ofendida aqui — ergui meu dedo indicador. — Vocês, garotos Black, parecem ter uma preferência excessiva para cima de Bella.
— Se você não tivesse aqui e ela sim, também iríamos querer saber sobre você.
Murmurei em descontentamento, mas depois apenas me desfiz da brincadeira. Apesar de achar mesmo que os Black tem sua preferida.
Agora que Jacky estava acordado, nos enrolamos na cozinha para comer alguma coisa e ficamos conversando sobre como estão as coisas na sua escola e depois, na minha.
Ele pareceu incomodado quando eu deixei soltar que Bella estava namorando, mas ele soube disfarçar bem. Depois começamos a discutir sobre o que prepararíamos para o almoço.
Jacky quer o de sempre, arroz e feijão. Eu queria fazer alguma massa que eu vi na internet. Ele me lembrou que a proteína seria peixe e concordamos que peixe com macarrão não é nada bom.
— Ok, eu vou fazer a comida!
— Lily! — ele gritou por mim, se atrapalhando com os cobertores que eu deixei em cima dele no sofá. — Não chegue perto da minha cozinha. Você vai queimar a minha casa!
Isso foi um pouco de calúnia. Eu não tinha a habilidades de Bels na cozinha, mas eu não era tão abrupta assim. Sabia me comportar bem. Ele não acreditou, principalmente porque depois de cinco minutos comigo no comando, eu já havia destruído a sua cozinha.
Ele começou a cuidar das coisas de cozinhar, enquanto eu cortava os temperos e ajudava com a louça.
Quando tudo já estava fervendo, lá para às dez da manhã, fiz ele sentar no chão enquanto eu sentava no sofá e fazia tranças naquele cabelo sedoso dele.
Jacob reclamou, mas se calou quando eu prometi que responderia qualquer coisa sobre Bels para ele.
— Então... — ele começou e eu já sabia aonde ele iria terminar. — O namorado.
— Edward Cullen — sua careta quase me deixou com pena. — Foi bem rápido. Ela já conheceu a família.
— Sério?
— Uhum — ele ficou em silêncio e foi o tempo em que eu terminei de trançar seu cabelo. Afaguei seus ombros. — Não fica assim, Jacky. Olha, pelo menos estamos juntos nessa. Dois solteiros.
Ele joga a almofada do sofá em minha cara e eu rio, jogando para ele de novo.
— Que tal a gente fazer aquele pacto que se até os trinta ficarmos encalhados, nos casamos?
— Está tentando dar uma desculpa para ficar comigo? — perguntou, convencido enquanto virava para ficar de frente pra mim.
— Ah, sim, claro! — ironizei, deitando no sofá teatralmente de braços abertos. — Quando tivermos filhos, Jacky, vou ter que escolher entre eles e você sobre fazer essas tranças.
Suas bochechas queimaram e eu ri mais, deixando claro que era só uma brincadeira para ele que se estressou mais ainda por entender que era só motivo de chacota para mim.
Sua porta principal foi aberta e nós dois nos entreolhamos, achando estranho a opção de os mais velhos terem chegado. Estávamos esperando comer apenas depois das 14h.
— Jack? — mas nossos planos foram frustrados quando duas almas bem jovens entrou na sala. — Ah, não sabia que estava com visita.
— É, pode crer — fala o outro, parecendo conter sua animação enquanto estapeia o peitoral do amigo do lado. — Está com uma garota! Olha, Embry, ele está com uma garota de verdade no mesmo cômodo que ele. Sozinhos!
Jacky ficou envergonhado e me pediu desculpas antes de cair no enrola-enrola com um deles. Só pararam quando bateram na mesinha do centro, com medo de terem quebrado.
— Bom, eu sou Billie Swan — me levantei para cumprimentar os dois. — Jacob não tem tanto bom gosto assim, se vocês querem saber.
O tal de Embry riu enquanto apertava a minha mão e dizia o seu nome. Ele era um fofo e o seu sorriso era... espetacular. Jacob eu não sei, mas talvez ele...
— O que vocês passam no cabelo de vocês? — perguntei indignada, encarando o cabelo brilhoso de Embry que batia em seus ombros. — Não, sério, me diz.
— Vai começar — Jacky revirou os olhos e apontou para Embry. — Cuidado, não dê asas senão vai ficar igual à mim — apontou para o próprio cabelo amarrado com uma trança super desajeitada.
— Está dizendo que não gostou da minha trança, senhor Jacob Black? — cruzei os braços e ri quando o outro garoto se jogou nas costas de Jacob e me deu a deixa para atacar.
Peguei uma almofada e ataquei o estômago de Jacky que fingiu gemer de dor. Mas ele não teve dificuldade em se soltar e voou para cima de mim, eu saí da frente no último minuto e ele caiu no sofá com Embry por baixo dele.
Os dois começaram uma briga em que, quase no final, já não dava para distinguir de quem era o braço que estava nas costas de Embry.
— Eu aposto no Jack — diz o outro garoto, o qual ainda eu não sabia o nome.
Sorri animada com a aposta e observei que ele era o único com o cabelo curto. Seus traços me lembraram... alguém, mas eu não soube dizer quem.
— Quero alguns pontos com o seu amigo, então eu aposto em Embry — zoei, mas ele arregalou os olhos com uma cara de que super contaria para Embry depois.
Reprimi a risada. Eles deviam ser uns dois anos mais novos do que eu.
— Sou Quill Ateara — se colocou em minha frente e estendeu sua mão. — Amigo de Jack.
Eu peguei a sua mão e tentei sorrir normalmente, mas o minha mente disparava em confusão. Ateara? Pensei enquanto o estudava mais. Como Locker Ateara? Lembrei do bibliotecário que me deu aquele livro impossibilitado e ficou falando coisas estranhas.
Será que eles eram parentes? Olhando agora, era os traços de Locker ali no rosto do jovem Quill. Ele saberia algo a mais do livro?
E foi desse jeito que eu parei de prestar atenção ao meu redor e procurei brechas para falar a sós com Quill. Mas ele não parava de brincar/brigar com os seus amigos.
Minhas veias se apertaram em êxtase para as respostas.
(...) Forks High School
Tais respostas que eu não consegui de jeito, maldito nenhum.
Perguntar na frente de Jacky e Embry não era uma opção, tampouco puxar Quill para se afastar dos amigos e começar um interrogatório. Decidi que não iria agir agora, mas que eu iria.
Estava determinada a descobrir o que estava acontecendo. Primeiro aquela abordagem super esquisita do bibliotecário, suas palavras que mais pareciam um tipo de profecia estranha, depois o livro que além de ter sido me dado de graça, nem abria.
Será que ele só queria despachar aquele livro e achou que seria engraçado brincar comigo? Mas ele era um Ateara, como o amigo de Jacky. Era possível ser apenas uma coincidência?
Além do mais, eu não queria pautar isso como estranho, porque tornaria real, mas... e a minha pele congelada? Claro, poderia ter sido apenas uma reação que eu não entenderia direito, porque... bem, eu não sou a aluna nota 10 de nada.
Faria sentido já que eu sai de uma cidade super quente e vim para uma fria. Mas é possível que a pele crie crosta de gelo?
— Lírio, está me ouvindo?
Meus olhos subiram da caneta que eu estava batucando nos meus cadernos para o dono da voz assombrada, que me causava sensações indesejadas.
Tentei mentir com um único aceno de cabeça, mas Jasper fez questão de deixar claro o quanto sabia que eu não estava prestando atenção em sua explicação sobre... ecologia?
— Desculpa — resmunguei, deixando minha cabeça cair sobre o meu braço cruzado na carteira. — Eu tô com umas coisas na cabeça.
— Quer falar sobre isso? — Jasper é compreensivo, deixando os livros de lado e focando apenas em mim. Pelo menos, é isso que eu vejo quando encaixo meu queixo no meu antebraço.
Aceitei a sua ajuda desde a semana passada. Eu estava mesmo precisando de ajuda em algumas matérias, biologia inclusa nisso.
Jasper concordou em me ajudar com química e biologia por enquanto e que depois iríamos focar nas outras.
Não entendi o motivo de não podermos forcar em tudo agora, mas eu não disse nada. Afinal, ele já está se disponibilizando para mim quase todos os dias. É mais do que eu poderia pensar em pedir.
Jasper é um bom professor. Ele tem calma e maestria, sabe bem como dar exemplos e depois da nossa primeira aula, ele já parecia saber exatamente como lidar com o meu bloqueio para estudar.
Era como... se ele pudesse saber de qualquer coisa sobre mim apenas com um olhar e apesar de sentir medo de estar tão exposta, uma parte minha gostaria de falar com ele sobre tudo.
Estar com ele é confortável e me deixa muito relaxada. Sei que não é por causa dos seus poderes, é por ele.
— Tá tranquilo — decidi por fim, não queria envolvê-lo em coisas loucas como essas, mesmo que ele seja um vampiro. — Estava falando o que mesmo?
— Está na hora dos dez minutos — ele anunciou e sorriu levemente quando eu abaixei os ombros de alívio.
Depois do nosso segundo dia de estudos, ele me trouxe um plano impresso. Como seria, que horas seria e todo o resto do planejamento estava nele. A gente estudaria por trinta minutos e iriamos tirar dez para relaxar, depois voltávamos, até completar uma hora e vinte minutos.
Pensei que isso não ia dar certo, afinal, o único espaço que temos é a escola e sempre estamos em aula. Mas Jasper conseguiu um tempo de uma hora de vinte minutos nos dias pares.
Em compensação, ficávamos os dias ímpares uma hora a mais na escola com as aulas.
Aceitei logo de cara, principalmente porque minha primeira prova de biologia havia sido anunciada. Daqui há uma semana. Estou ferrada e não prestar atenção nessas aulas com Jasper não irá me ajudar em nada.
Ele está se disponibilizando para mim e me sinto
culpada por trair seu esforço. Se ele está se esforçando, eu tenho que fazer muito mais.
— O que se passa aqui? — ele sussurrou, deitando seu queixo nos braços da mesa forma que eu e roçando de leve a ponta de seus dedos em minha têmpora.
Esses dez minutos usávamos como queríamos. Às vezes, entrávamos em uma discussão sobre ele nunca ter assistido Supernatural ou The Walking Dead. É o auge!
Mas tinha vezes — e eu amava isso — que relaxávamos nas carteiras duplas e ficávamos conversando aos sussurros, como se estivéssemos escondidos.
Era bom.
— Estou preocupada com Bels — admiti. Eu não estava mentindo, eu realmente estava preocupada com minha irmã, mas não era a preocupação que estava me afetando mais.
— Por conta do relacionamento dela com o meu irmão? — ele deduziu certeiramente e eu o olhei recolhida.
— Não me leve a mal. Sei que ele nunca a machucaria. Mas...
— Ela é a La Cantante dele — completou meus pensamentos.
Jasper me explicou sobre isso em um desses nossos dez minutos. Foi vago nos detalhes, pois era algo que Edward e eu deveríamos falar sobre, mas a explicação de que o sangue de Bels foi feito para o irmão já foi explicação o suficiente.
Mas...
— Não — continuei no mesmo tom e levantei meu queixo, segurando-o com a minha mão, olhando Jasper de cima. — Quero dizer, também. Mas... acho que ela está se apaixonando por ele.
— E isso é um problema? — franzi as sobrancelhas e observei os movimentos calmos que Jasper realiza para deitar a bochecha no seu antebraço e me olhar de baixo. Meu Deus... — Se apaixonar?
— É a primeira vez dela, sabe — confesso, começando a mexer com o meu cabelo com os dedos que estão enfiados nos fios. — Tenho medo de que ela... se anime muito e acabe se decepcionando.
Os olhos de Jasper assentiram levemente. Aquela escuridão de uma semana atrás já havia sumido completamente, agora eu só conseguia ver os âmbares refletidos ao ouro para mim. Eu quase podia ver o meu reflexo.
Percebi o quanto seu olhar ficou vago depois e não precisei apressá-lo, sabia que ele me perguntaria o que ele queria uma hora ou outra.
— E você? — isso foi um minutos depois. Tínhamos dois minutos. — Já se apaixonou, senhorita? — Pensei sobre isso um pouco e no final, neguei com a cabeça. Nunca o fiz. — E você pensa em se apaixonar?
Meus olhos recaíram nos seus e aquela magnitude que me puxava para ele voltou a enlaçar nossos peitos.
Seus cachos caíram levemente sobre a sua bochecha que não estava sendo pressionada pelo seu antebraço e meus dedos formigaram para tocar em seu cabelo que parecia tão macio.
Talvez eu tenha uma tara por cabelos. Mas eu não me mexi um centímetro. Acho que foi melhor assim, no final.
Seu despertador que nos dizia que nossos dez minutos tinha acabado tocou e ele suspirou, arrumando sua postura como antes e voltando a falar com o tom de voz normal.
Como antes, não prestei atenção. Mas agora eu estava ocupada demais admirando Jasper Hale.
Depois dos minutos que se passaram, os próximos dez minutos chegou com o intervalo e guardamos nossas coisas para nos recluir até o refeitório. Jasper abriu a porta da sala para mim e me deixou passar antes de fechá-la de novo.
Ele conseguiu essa sala no segundo andar, os professores não usavam-a com muita frequência e foi a sala que a diretoria escolheu para nos ajudar.
Por ser no segundo andar, era meio vazio e ainda tínhamos que descer as escadas com nossas mochilas nas costas. Agora no corredor que dava para o refeitório, as poucas pessoas perto observavam a gente como todos os outros dias e só piorou ao adentrarmos o refeitório.
Nossa chegada juntos ao refeitório começou a ser normal para todos verem, mas eles ainda gostavam de ver como se fosse a primeira vez. Ao menos, os murmúrios diminuíram.
Jasper recolhe a minha mochila enquanto eu passo pela fila pra pegar algo pra comer. Eu digo que não precisa, mas ele da a desculpa de que já estava indo para a sua mesa. Pediu também para que eu adicionasse um pouco mais de comida na minha bandeja.
Eu não entendi, mas fiz o que ele disse. Coloquei uma maçã, dois sucos de caixinha e uma banana. Meu estômago roncou com a possibilidade de comer uma porcaria, mas foi uma das coisas que concordamos nessa semana que se passou.
Junto aos nossos estudos, nos dias pares, eu ia ser um pouco mais saudável com o que eu comia de manhã.
— Eu ainda não entendi a parte das frutas — apesar de concordar, eu ainda resmungava. Meu corpo foi seguido por todos os olhares do refeitório. Era a primeira vez que eu sentava junto aos Cullen. — Posso muito bem ser saudável enquanto como minhas frituras.
— Não contou pra ela? — Alice se virou para o garoto enquanto eu me sentava na cadeira que ele havia adicionado ao lado dele.
— Contar o quê? — dei uma mordida em minha maçã. Eu gostava de maçã, mas adorava um bolo de café da manhã.
— Eu previ que você tinha acabado no hospital nesse final de semana — Alice me contou com orgulho, erguendo o queixo enquanto Jasper solta um muxoxo ao meu lado. — Por conta da sua alimentação.
Soltei um riso amargo e compreensivo depois da sua fala e continuei a comer minha maçã. Logo Emmett e Rosalie chegou para sentar com a gente. Edward deveria estar em algum lugar com minha irmã, já que eu não a vi por aqui também.
— Esquilinha — cumprimentou o homem-armário enquanto se sentava ao lado de Rosalie, na minha frente. — Acabei de comprar o mais novo vídeo game das lojas. Tá afim de inaugurar comigo?
Desde que descobrimos nosso gosto em comum sobre algumas... coisas, Emmett e eu ficamos mais próximos nas conversas. Ele também já havia assistido alguns filmes de zumbis, então quando ele me prometeu que iria começar The Walking Dead, fiquei mais simpatizada com ele.
— Emm... — resmungou Jasper, enquanto se inclinava para pegar a outra caixinha de suco da minha bandeja. Ah, entendi.
Eles não comem, mas ainda precisavam disfarçar para os humanos que não tiram os olhos deles todos os dias.
— O quê? — abriu os braços em indagação, logo usando um deles para abraçar Rosalie pelos ombros. — Não estou pedindo para ela enterrar um corpo comigo, Jazz. Se liga!
Jasper fecha a expressão, mas ela acaba se suavizando quando eu solto uma risada e me inclino para dar um hive-five com Emmett que dá língua para o irmão.
— Não quero que se sinta pressionada, senhorita — ele se inclinou para sussurrar como fazemos nos nossos "dez minutos". Os outros fingem estar prestando atenção em outra coisa. — Sei que ainda está tentando se adequar a nossa... amizade.
Rio mais um pouquinho da careta que o pega no final da frase e me inclino para pegar o meu próprio suco. Dou de ombros para ele, dizendo sem palavras que está tudo bem.
— Vamos marcar, Emmett — apontei para ele enquanto Jasper colava a suas costas em sua cadeira e sorria levemente. — Acha que me alcança no jogo?
Ele parece ficar animado com a picuinha pra cima dele e aponta para mim com a mão que não está nos ombros de Rosalie:
— Eu te desafio!
— Tá bom. Você faz meus deveres por uma semana se perder e caso ganhe, o que não vai acontecer, eu te compro um pirulito.
— Como é? — pergunta exasperado, me fazendo prender a risada. — Isso é injusto. Eu nem como. Fala para ela, babe.
Meus olhos caem em Rosalie que estava observando tudo com uma expressão suavizada. Ela tratou de fechar isso quando obteve a minha atenção, mas não foi grossa quando disse:
— Sim, não é justo.
Sorri ainda mais animada porque era a primeira vez que ela me respondia sem nenhuma patada. Peguei Jasper acenando com a cabeça para ela, como se... agradecesse?
— Viu só? — apontou Emmett, pegando a minha atenção.
— E o que você quer, armário?
Micah se engasga ao lado de Alice pelo apelido e tenta disfarçar quando percebe que trouxe a atenção dos humanos ao redor.
— Vai ter que participar de uma pegadinha comigo! — ele nem precisou pensar, como se já soubesse o que queria há tempos. — Cuja missão será... dar um fim no pote de spray do Eddie.
— Fechado!
Encenamos um aperto de mão como se estivéssemos fechando um negócio e rapidamente observamos Alice que ofega baixinho, mostrando-nos que ela teve uma visão.
Soube imediatamente que era sobre o acordo que fiz com Emmett quando ela olhou entre nós dois e riu.
— Você sabe quem vai ganhar! — apontei para ela, como se a julgasse. — Me diga.
— Futuros mudam, minha menina — ela sorri sapeca e se inclina para mim. — Prepare suas matérias.
Sorri convencida para Emmett que cruzou os braços em indignação, mas logo nossa bolha foi estourada. Pelo meu celular.
Vibrando em meu bolso, ele chamou a atenção de todos da mesa. Peguei ele, já começando a fazer um discurso pra Bels que provavelmente me diria que iria matar aula de novo com Edward. Mas ao olhar o visor, não era Bella.
— Lírio? — chamou Jasper, mas eu não tive reação. — Tudo bem?
Era Kurt.
Vamos fingir que The Walking Dead já foi lançado naquela época, tá?
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