4 | La Push

CAPÍTULO QUATRO
"Ele parece ser bem legal."

    — Você deveria ter batido a cabeça com mais força! — grito, fechando a porta do meu quarto com força.

— Billie! — repreende Charlie, no topo da escada.

— Ah, é? — Bella gagueja para terminar de formular uma resposta. — As pessoas não tem culpa que você não vai conhecer um Jensen Ackles na sua vida, Billie!

— Bella, por favor! — Charlie ataca de novo, mas logo se é ouvido uma porta batendo e Charlie tentando abafar um riso incrédulo.

As coisas estavam bem calmas entre Bels e eu desde dois dias atrás, que foi o seu acidente. Voltamos para casa e passamos o dia inteiro juntas, rindo da cara que Tyler fez quando Charlie proclamou que ele teria sua carteira de motorista retirada.

Eu até cozinhei para essa... garota! Sabe o que ser uma irmã boa resulta na sua vida? Pois bem, ter alguém como Bels para te acordar às 04h da manhã pra falar que sonhou com Edward Cullen!

Aquele garoto mal entrou em nossas vidas e já estragou o meu sonho com Dean Winchester, o meu atual esposo imaginário.

Bels simplesmente bateu em minha porta e pensando ser algo sério — porque ela havia acabado de sofrer um acidente —, eu acudi ela, apenas para ouvir sobre o seu sonho estranho com o vampiro. Ela não gostou quando eu a expulsei do meu quarto e agora, na hora de ir pra escola, ela jogou na minha cara que Jensen já é casado! Que outrage!

Depois que meus ânimos se acalmam, eu me arrumo pro maldito passeio que a escola havia preparado para hoje para os alunos do segundo ano. Eu queria não ir, mas é de biologia e eu sou péssima em biologia.

— Ja estão bem? — pergunta Charlie quando entramos ao mesmo tempo na cozinha.

Nos olhamos de canto de olho e enquanto eu vou pegar uma água, ela recolhe suas chaves da mesa.

— Não — falamos juntas, em uníssono. Me viro para sair da cozinha e ela vem para terminar de entrar, o que faz com que colidíssemos. — Sai da minha frente — voltamos a falar juntas. — Sai você!

— Tá bom — ouvimos atrás de mim e Charlie recolhe meus ombros, me empurrando gentilmente para o lado para que Bels passe.

— Estou indo — aviso, já saindo.

— Você não sabe dirigir! — ela me lembra, resmungando algo para Charlie antes de correr atrás de mim.

— Eu vou de a pé.

— Você nem sabe por onde ir — Bels volta a jogar na cara e agarra meus ombros, me empurrando para a sua lataria velha. — Entra no carro.

Bufo, reconhecendo o ponto que ela tem. Quando sento no banco do passageiro e ela no do motorista, partimos as duas emburradas para a escola.

Ao chegarmos, estou me arrumando para descer enquanto Bels está presa com um Mike super nervoso para pedir que ela vá ao baile com ele. Ao percebe isso, na hora que eu passo ao seu lado, ela agarra minha mão, pedindo silenciosamente para que eu a salve daquilo.

Ela sabe exatamente o que eu vou fazer quando sorrio diabolicamente.

— Mike, minha irmã aqui gosta de flores, está disposto mesmo a comprar pra ela? — Bels revira os olhos e Mike arregala os seus, assentindo freneticamente. — Bom garoto. Ela também gosta de um garoto que tenha lábia — completo em seu ouvido, meus olhos fixados em Edward que não parava de encarar. — Tchau, tchau.

— Lil! — Bels esbravejou, nervosa. — Volta aqui!

Dou as costas para a direção onde eu estou indo e aponto meus dois dedos indicadores em sua direção, dizendo em voz alta o suficiente para que ouvisse com clareza:

— Lembre-se, Bels. Sem lábia, sem lábios — digo rindo, deixando uma garota quase explodindo de tanta vergonha para lidar com um garoto mais iludido ainda.

Passo pelo vampiro de topete que ainda estreitava os olhos na direção da minha irmã e percebo que o cara de porte muito grande está se acabando de rir com o Micah.

— Verde é o quê? — o professor de biologia pergunta, vendo a minha careta ao ter que subir naquele ônibus. — Ótimo. Venham.

O passeio de ônibus durou pouco tempo para a felicidade da minha pequena fobia social, Bels e eu descemos separadas. Ela ficou sendo acompanhada dos amigos e eu fiquei um pouco mais para trás. Até estarmos na estufa e ter vários corpos colados e muitos gritos.

— Ae, Billie — viro a cabeça para ver Tyler mais na minha frente, segurando um copo de adubo e um machucado no canto da testa. — Se eu beber isso, você aceita ir ao baile comigo?

— Se você beber isso, eu nem falo mais com você — dei a real, fazendo uma careta de nojo pro líquido em suas mãos.

Ele e os outros riram, enquanto eu continuava o meu caminho pelas plantas. Mais uma vez, não é a minha coisa favorita do mundo, mas é até mais interessante que toda essa gente.

Quero dizer, eu não tenho aversão à jovens, eu sou uma. Mas eles tendem a gritar demais e eu, uma garota que foi acordada no meio da madrugada para ouvir sobre um vampiro que usa mais spray de cabelo do que respira, é meio decepcionante.

— Senhorita — ouço de repente, uma figura aparecendo do meu lado tão de repente que me faz dar um sobressalto no lugar de susto. — Desculpe-me, não queria assusta-lá. Aceite essa flor de desculpas.

Jasper inclinou uma pequena flor da cor lilás para mim e sorriu com apenas um canto da boca, dando um ar sensual a covinha que furou a sua bochecha e o deixou mais jovial e eu já falei sensual?

Balancei a cabeça de leve, afastando estes pensamentos idiotas e aceitando a flor que ainda estava inclinada pra mim. Assim que eu a pego, os braços dele se entrelaçam nas costas e continuamos andando.

Jasper estava com um suéter azul e por baixo, uma camiseta de botão cinza, junto de seus cachos desarrumados, ele nunca esteve tão bem.

Roubando as flores dessa estufa, Sr. Hale? — zombei, inclinando um sorriso. Ele me olhou sugestivo, se divertindo com a situação. — Você é um homem mal.

Ele se coloca em minha frente de uma forma graciosa, uma de suas mãos indo para a mesa ao meu lado que continha as plantas, ofuscando a minha partida. As pessoas desviam-se da gente, nunca deixando de dar uma espiada de rabo de olhos.

— E isso te assusta, senhorita Swan? — ele me questiona, sua voz consideravelmente mais baixa, sua cabeça inclinada para frente e os dedos deslizando da mesa.

— Pareço alguém que se assusta fácil? — devolvo, quando ele da mais um passo na minha direção pouco depois de olhar em volta.

Seu sorriso vira algo mais fixado no seu rosto, transformando o ar em tensão e deixando-me encurralada para sair dessa.

Mas então meus olhos chegam aos seus olhos cor de ouro derretido e vampiro brilha em minha mente. É difícil lembrar de que esse ser charmoso e cavalheiro é uma criatura sugadora de sangue.

Principalmente quando ele me encara com esse olhar, como se quisesse desvendar tudo o que há em mim. Não é nem de perto o mesmo olhar que Bels recebe do seu vampirinho de topete, é um olhar mais suave, sem nenhum desejo de se alimentar do meu sangue.

É por isso que é tão difícil de me lembrar sempre em que posições nós dois estamos; de lado opostos. Em contra partida, é normal que ele tenha esse charme todo, ele foi recriado para atrair suas vítimas. Ele pode estar fazendo isso comigo agora e aqui estou eu, flertando com um vampiro. Céus!

Ele parece perceber a mudança brusca em meus sentimentos, pois franze as sobrancelhas e recua. Antes que ele pudesse me olhar com seus olhos que são envoltos em ouro derretido e tem a essência de um buraco negro, corro dali para fora.

Meu plano era ficar dentro do ônibus até que o professor decretasse que poderíamos voltar pra escola, mas estes planos foram ao chão quando eu estreitei meus olhos para a dupla que parecia estar discutindo bem sério entre os dois ônibus.

Passei por Alice e Micah que só observavam e decidi que seria uma ótima hora para atrapalhar quando Edward sussurrou:

— Você não sabe de nada.

— Está tudo bem por aqui? — Bels recuou assustada e Edward demorou para desviar sua atenção para mim. — Bels?

— Está — ela mente, desviando das minhas íris. — Edward e eu só estávamos conversando.

— Oh, contou à ele sobre o son...- — Bels pula encima de mim, tampando a minha boca bem na hora em que Alice se aproxima com seu irmão e o namorado. — Mhmhmhmh!

— Vocês vão no nosso ônibus? — Alice chega perguntando, as mãos entrelaçadas com o namorado.

Bels retira a mão da minha boca e se vira para responder a vampira, mas Edward e a sua cara de sociopata topetudo interrompe ela com:

— Não, nosso ônibus está cheio — da um soco na porta do seu ônibus para que o motorista abrisse a porta manualmente.

Bels se afasta, visivelmente mal pela troca de humor do vampiro.

— Cuidado, Edward — em pé no primeiro degrau do ônibus, ele se vira para mim, estreitando seus olhos para Jasper ao lado de Micah antes me olhar. — Quero dizer, tente não sentar na janela. Sei que você deve passar muito spray, mas o vento pode estragar o seu cabelo de calopsita.

Micah solta uma gargalhada e pelo olhar de repreensão que recebeu do irmão, ele tampa a boca com a mão livre. Não me deixei se alterar, continuei encarando Edward com um sorriso forçado.

— Sinto muito por ele, senhorita — Jasper se compadece com a grosseria do irmão quando ele simplesmente vira as costas para mim. Eu estava tentando ser gentil! — Ele é... complicado.

Complicado tipo... quer sugar até a última gota do sangue da minha irmã, mas é muito tímido para isso, juntando com a sua zero falta de lábia e seu transtorno de bipolaridade, acaba se tornando difícil resistir a ficar perto de Bella. Eu entendo!

Tudo bem, nem todos tem a mesma educação que você, Sr. Hale — torci a boca quando percebi o que eu falei. Aquela coisa de falar demais, eu já expliquei!

— Me acha educado? — ele arqueia as sobrancelhas, um sorriso meramente convencido como se eu tivesse acabado de falar que ele era o homem mais charmoso do mundo. Oras, ainda tinha Jensen, vamos com calma!

— Acho que Bels está me chamando — apontei para minhas costas.

— Bella está te chamando? — ele repete, tombando a cabeça. É claro que ele sabe que é mentira, ele tem ouvido super aguçado. — Acho que não. Mas vou deixá-la fugir dessa vez.

— Fugir? — tossi de volta, colocando uma mão em minha cintura. — Não estou fugindo, Sr. Hale.

— Pode me chamar de Jasper.

— Tudo bem — acenei, recuando pro meu ônibus que já estava começando a entrar gente —, Sr. Hale — sussurrei ao virar-lhe as costas.

— Eu ouvi isso! — ele pontuou, a voz tendo um tom a mais para que eu pudesse ouvir.

Eu, como resposta, simplesmente olhei sobre o meu ombro e sorri para ele. Ele pareceu ficar petrificado por algum tempo, mas não pude confirmar, já que Mike, Eric e Tyler entraram com uma minhoca no ônibus, causando o maior alvoroço nas garotas.

(...) Casa dos Swan

Duas batidas em minha porta soam naquela noite. Depois que eu confirmo que a pessoa pode entrar, a porta se abre em uma fresta e aos poucos Bels entra com uma xícara.

— Oferta de paz — ela inclina o copo para a sua frente e se senta na ponta da minha cama.

Estreito meus olhos para ela enquanto também me solte com as costas na cabeceira e pisco para o conteúdo no copo. Praticamente posso ver meus olhos brilharem quando eu pergunto:

— É bolo de microondas? — controlo meu sorriso para não ser tão fácil, mas assim que ela confirma e me estende, eu já estou tomando da sua mão e dando uma bela de uma colherada. — Isso aqui tá muito bom!

— Podemos voltar a nos falar sem patadas? — eu já havia perdoado ela desde cedo, mas finjo pensar um pouquinho. — Vamos lá, você já quase contou do sonho para o Edward e me deixou na cozinha com Charlie com aquela conversa estranha sobre mamãe e Phill.

Giro meus olhos pela seu melodrama, mas realmente aceito suas desculpas quando ela promete que não vai mais "ameaçar" o meu possível casamento com meus personagens fictícios.

Eu não acredito, porque ela realmente adora passar na minha cara que eles não existem, mas tudo bem. O importante é que ela fez bolo de microondas para mim e agora estamos deitadas lado a lado, ombro a ombro, encarando o teto.

— Ei, Lil — ela me chama ao deixar a cabeça tombar pra me encarar. Eu solto um muxoxo para que ela pudesse continuar. — Mas é sério, vai se tratar. Quem sabe não se apaixone na vida real.

Solto uma risada por não esperar isso dela e pego a primeira coisa na minha frente — ou seja, meu travesseiro — para acertar o seu rosto.

No outro dia, quando o sinal bateu para irmos até o refeitório, me atrasei um pouco mais e quase podia sentir Bels enraivada por tê-la deixado ser acompanhada sozinha por Jessica.

A garota não era ruim, víamos isso e éramos totalmente contra rivalidade feminina, mas Jessica tende a ser um pouco... intrometida quando é em relação os Cullen e para o azar da minha irmã, parece que ela chamou muita a atenção dos vampiros.

Quando eu cheguei na mesa deles com a minha bandeja, Mike estava encima da sua cadeira, braços esticados, imitando um... surfista?

Bels e eu trocamos olhares de escárnio, achando graça naquela atitude idiota que o loiro fazia.

— Mas também vamos ver baleias — adicionou Angela, quando percebeu que Bels não ficou muito agradável com a notícia de surfar. — Vá com a gente. Sua gêmea com certeza vai.

— Eu vou? — repeti, engolindo o primeiro pedaço de minha pizza.

— La Push, bonecas. É La Push — Eric tentou a convencer, mas o seu tom foi quase como se ele implorasse por ser derrotado.

— Se parar de dizer isso, a gente vai — decretou Bels risonha, enquanto mordia a sua maçã. Não me impedir de rir como os outros.

Era bom ver ela se soltando aos poucos e criando raizes. Raizes humanas, eu adicionei ao ver que Edward seguiu minha irmã até o lugar onde as comidas eram vendidas.

— Ei, Billie — voltei minha atenção para Mike que se sentou em sua cadeira. — O que há com sua irmã e o Cullen?

Retirei meus olhos do casal estranho que ele estava falando e estudei a expressão de Mike. Uma antiga conversa com Bels veio a minha mente, especificamente a qual ela me explicou o fora — de maneira educada — que deu em Mike, que a convidou para o baile.

Ele parecia mesmo afim de Bels, mas não do tipo afim "oh, meu Deus, eu amo ela", é mais do tipo "ela é novata e gostosa."

— Deve ser o spray de cabelo — dou de ombros e Eric ri com Tyler, enquanto Mike fica com aquela cara de bosta.

Por sorte, o sinal bateu e Bels parou de ser o espetáculo com o seu carrapato de presas. Me prontifiquei a ir logo para a minha aula de Química, pois se eu chegasse atrasada em mais uma aula, meu nome estaria na boca do conselho para me expulsarem daqui.

A professora chegou um pouco depois de mim e eu apreciei a arte de chegar adiantada, pois pude escolher o meu lugar. Escolhi a última carteira. A sala era cheia de gente, eu podia muito bem abaixar a cabeça e fingir que não existo.

Pego meu caderno para me camuflar e começo a risca-ló enquanto ela explica alguma coisas sobre funções químicas ou sabe sei lá o que ela está falando.

A cadeira ao meu lado foi arrastada, mas eu nem me dei ao trabalho de levantar a cabeça. No meio dessas cabeças claras, o meu cabelo negro se destacava e eu estava morrendo de medo de me destacar para a professora e ela vier perguntar alguma coisa sobre o que está explicando.

É frustrante ser burra. Eu queria gostar de
exatas, mas sempre que vejo números na minha frente é como se minha cabeça fosse explodir. Como agora; pra que eu quero saber como é o processo da H2O?

É água e fim.

— A professora está vindo — sussurrou aquela voz rouca e sexy, que eu já acostumei a me arrepiar sempre que a ouvia pela primeira vez ao dia.

Rapidamente regressei uma página, na qual eu tinha usado há alguns dias para tentar fazer um dos deveres desse assunto. Assim que ela passou do meu lado, eu comecei a escrever qualquer fórmula. Tipo, qualquer fórmula mesmo.

Apenas fiz um C — porque geralmente sempre tem um C — e segui caminho devagar o suficiente para que ela voltasse a andar pela sala antes que percebesse algo de errado.

Respirando fundo, grata por não ter sido pega quase que dormindo em sua aula, virei-me para ele.

— Obrigada — agradeci aos sussurros, querendo rir por sentir que estávamos sendo algum parceiro de crimes ou algo do tipo. — De novo.

— De novo? — Jasper perguntou, tombando a cabeça para me olhar com mais qualidade.

— Você meio que me segurou para que eu não me colocasse em frente a um carro descontrolado — expliquei e sua expressão se tornou menos confusa. Eu não havia agradecido ainda por aquilo, apesar de sentir que eu poderia ter livrado Bels daquilo. — Então sim, obrigada, Sir Hale.

— Sempre à postos, senhorita — sussurrou a última parte provocador, pelo uso da formalidade mesmo depois que ele já dispensou.

— Eu não me lembro de vê-lo nessa aula semana passada — comentei, ainda aos sussurros para a professora não nos chamar a atenção.

Jasper se virou pra frente, postura impecável, diferente de mim que dava pra notar os problemas na coluna que eu estava propicia a ter.

— Precisei aumentar minha carga horária — ele explicou, mesmo não precisando. Seus olhos rolaram até o canto para me encarar. — Questão de hábito.

— É bom em exatas? — perguntei para descontrair quando o sinal tocou e começamos a nos arrumar juntos.

Ele demorou um certo tempo para responder, o que eu achei estranho, pois foi uma pergunta bem simples.

— Bastante — ele me disse quando eu estava prestes a passar pela porta da sala. Com alguns passos, já estamos caminhando lado a lado. — Você é?

— Se colocar números na minha frente, Sir Hale, eu grito! — Jasper solta um riso baixinho, mas que chega aos meus ouvidos.

Por algum motivo, me sinto bem por fazê-lo rir. Ele não está com a mesma cara de dor que as outras pessoas dizem que ele tem.

— Medo de números, Esquilinha? — uma voz nova chega por trás de mim e para do meu outro lado, ainda estou me recuperando do susto quando observo o rosto animado de Emmett Cullen. — Tem coisas mais perigosas quando escurece.

— Emmett... — repreende Jasper, em um tom de aviso.

— Ta bem — o grandalhão ergue as mãos em rendição, começa a andar de costas, de frente para mim. — Seu medo é totalmente verídico. Sua sorte — aponta seus dedos indicadores pra mim — é que parece que o melhor aluno de exatas gostou de você... — prolongou a última parte.

Veja bem, eu não sou muito de me envergonhar, mas é impossível não o fazer agora. Crispo meus lábios, negando com a cabeça enquanto desvio meus olhos e sinto minha bochecha esquentar.

Quando viro minimamente a cabeça para encarar Jasper, ele está com o seu sorriso usual de canto, fazendo charme. Giro os olhos com graça.

— Olá, eu sou Alice! — ah, meu Deus! Eu vou ter um infarto se continuarmos assim. Se não soubesse o que eles são e fosse chutar igual minha irmãzinha, diria fantasma. — A gente tem Artes juntas.

— Sim, já nos apresentamos — sorri para a garota que passou a andar com Jasper ao lado. — Como vai, Alice?

— Eu vou bem! Estou ótima — sua áurea de alegria é tanta que até acaba acertando Jasper que solta um risinho baixo e depois olha com um olhar repreendedor pra irmã. — Eu adorei o seu estilo, mas... quer ir fazer compras comigo?

— Oh — Oh? É isso que você tem a responder quando uma vampira te chama para ir às compras? Uau, Billie, você realmente vai morrer.

Passamos juntos pela porta que dá para o estacionamento e paramos antes que cada um siga seu caminho, para ouvir a minha resposta. Eu não podia recusar eles. Qual é...

Alice está me olhando com esses olhos âmbares arregalados, as mãos juntas ao corpo como em uma oração, pronta para pular de alegria se eu aceitar ou fechar esse sorriso ansioso se eu não aceitar.

— Não se sinta obrigada a nada, senhorita — Jasper resmunga, trocando um rápido olhar com a irmã que abaixa seus ombros. — Alice vai entender se...

— Claro, que dia? — interrompo o loiro ao ver o quão fraca eu sou quando se depende daquele sorriso quase morto no rosto da vampira. Vampira.

— Esse sábado — respondeu ela, de volta com tudo o que ela tem de especial.

— Ah... — murmuro descontente e apesar de seus olhos brilharem, nenhum deles parece confusos sobre a minha reação. — Pode ser outro dia? Minha irmã combinou pra irmos à praia La Push com os outros nesse dia.

Emmett solta um som de desdém brincalhão e cruza os braços, seus músculos quase estourando a pobre da camisa.

— Praia em Forks? — ele debocha, mas parece ter algo a mais ali. — Vocês realmente são malucos. Vão congelar.

— É bom andar pela areia — dei de ombros, segurando a mochila com mais precisão. Encaro Alice. — Sinto muito, podemos ir outro dia?

— Claro — ela sorri, mais não com tanta vontade. Micah chega por trás dela e lhe puxa pela mão, antes dela ir, envia um olhar estranho pra Jasper. Um olhar... culpado?

A loira modelo é a próxima a se aproximar e estou pronta para conversar com ela pela primeira vez, tipo, eu quero mesmo. Talvez ela me dê umas dicas sobre cabelos ou sobre qualquer outra coisa.

Estou consertando meus ombros quando ela passa por mim e apenas puxa Emmett pela mão, o qual vai com um sorriso bobo e apaixonado.

No final, sobre apenas Jasper e eu, um de frente para o outro.

— La Push, é? — ele perguntou tranquilo, mas realmente tinha algo te incomodando. — Se divirta.

Viro minha cabeça quando escuto o motor da lataria de Bels. Ela estava me esperando.

— Vou ter que- — Jasper não está mais lá quando eu me viro para se despedir. — Ok...

Ando até Bels que destrava a porta para que eu entrasse e da partida para sair do estacionamento.

— Jasper Hale, hã? — ela resmunga, um sorriso malicioso. — É disso que eu estou falando ao se apaixonar na vida real.

— Por Jasper Hale? — faço pouco caso. O garoto tem tudo de bom, mas é... vampiro. Se eu entrar pra esse mundo, Bels vai virar alvo. — Acha que eu sou você que fica obcecada com um Cullen depois de uma semana de aula?

Ela gagueja, mas quando ouve a minha risada, solta um muxoxo e pisa mais no acelerador.

(...) La Push

Aperto meus olhos enquanto inclino minha cabeça pra cima, aproveitando o vento frio que bate contra o meu rosto. Eu realmente amo frio, apesar de estar tremendo com dez mil agasalhos cobrindo o meu corpo.

Bels está sentado na parte de trás da van de Tyler, que acabou sendo liberada de qualquer multa. Apesar de não ter trocado os pneus, não é culpa dele pelo chão estar coberto de gelo.

Ela está tão agasalhado quanto eu, dos pés a cabeça. Com nossos cabelos cobertos pela touca e pelo capuz do casaco, só da pra nos diferenciar através de meus olhos vidrados e os castanhedos dela.

Quando o assunto se voltou rapidamente pra garotos e baile, decidi que era uma ótima hora pra fazer a única coisa que eu costumava fazer quando estava em uma praia; andar pela areia.

Bels tentou me acompanhar, mas Jessica interrompeu quando chegou vestida a caráter com Mike e engatou em uma conversa com minha irmã. Sai de fininho antes que ela pudesse me ver e quando estava longe o suficiente, retirei meus chinelos para tocar a areia.

De princípio tive um sobressalto, pois ela estava muito gelada, mas aos poucos fui me acostumando e comecei a arrastar o meu pé.

A conversa de mais cedo com Elena voltou à minha mente. Ela estava mal, dava pra ver pela sua voz chorosa e o seu jeito desesperado para terminar a conversa, principalmente quando eu pedi para falar com Jenna.

Jenna Sommers era irmã de Miranda e sendo a mais próxima dos irmãos Gilbert, ficou com sua custódia. Eu adorava ela. Nos vemos uma ou duas vezes em meu tempo na cidade.

Comentei com Elena sobre a possível conversa que ela teve com Bels, algo sobre ela ter que sumir. Mas ela se fez de sonsa e disse que era apenas uma viagem da escola e não queria que ficássemos preocupada.

Perguntei de Stefan e pareceu que sua voz se animou mais. Foi quando eu chamei Bels para a conversa e ficamos falando sobre o namorado de Elena e a nova obsessão de Bella por Edward Cullen.

Solto um riso sozinha bem na hora em que ouço alguns gritos mais adiante. Como em um
reflexo, viro-me para me ver e não posso impedir-me de ficar surpresa. Eram três rapazes, seminus.

Veja bem, isso não teria nenhum problema se não estivéssemos em Forks. Mas estamos e se eu, a garota com touca, capuz, três blusas de frio e duas luvas, está quase virando um cubo de gelo, quem dirá aqueles garotos que só se vestiam de bermuda jeans e tem o peitoral descobertos.

E eles ainda estão na água! São três deles e eles parecem estar se divertindo em meio a risadas e comentários altos sobre desafios ou algo do tipo. Os três tem o mesmo estilo de corte de cabelo, a mesma pele bronzeada e não estão nenhum pouco incomodados por estarem dentro d'água, que eu podia praticamente ver as pedrinhas de gelo.

Só percebo que eu ainda estou encarando quando eu recebo a atenção de um deles. Meu coração pula fora da caixa torácica e quando eu o vejo se despedindo dos amigos para se aproximar de mim, quase tenho um infarto.

Desvio os olhos, esperando que isso seja o suficiente para que ele não se aproxime. Como é que eu vou explicar que eu estava olhando para eles com a síndrome de Bella e Edward?

Exato! Olho em volta atrás de Bels. Ela não está por aqui, que pena... não irá poder me impedir de jogar a culpa nela se-

— Oi — estava tão distraída pensando em como eu estava parecendo uma stalker que acabei me esquecendo dele chegando perto de mim. — Desculpe chegar assim, vi você aqui, sozinha e nos olhando com esse olhar de cachorro sem dono.

Meus lábios se entreabriram em choque.

— Eu não tenho olhos de cachorro sem dono! — me defendo, cruzando os braços para ter mais confiança.

Mas como eu adquiro isso se eu estou parecendo um
pincher toda agasalhada enquanto ele está todo confiante sem uma camisa?

Conecto nossos olhos e ele arqueia as sobrancelhas, sorrindo mais amplamente. Logo ele estende a mão e fala:

— Eu sou o Jared — aperto a sua mão e, pasmem! Estou realmente com duas luvas e ainda assim consegui sentir um pingo de todo aquele seu calor. — Você deve ser Billie Swan.

— Todos me conhecem, huh? — tendo descontrair, quando na verdade, me sinto muito nervosa com a alternativa.

— Algo assim — ele responde, coçando a sua nuca. Vira para os seus amigos que estavam encarando a minha direção. — Quer ir conhecer meus amigos? Paul pode ser um pouco estranho e vai te encarar como um pedaço de carne, mas...-

— Billie? — Jared e eu nos viramos em uníssono. Jacob se aproxima junto a minha irmã, mas apesar de ter me chamado, seus olhos estão longe dos meus ao perguntar: — Tudo bem por aqui? Ele está te incomodando?

Sinto-me confusa com o tom que Jacob usa e volto-me para Jared, que não parecia nenhum pouco confuso. Ao contrário, ele sorria como se soubesse de algo.

— E aí, Black — Jared cumprimenta o meu amigo, que continua com a sua cara de poucos amigos para ele.

— Se afaste dela, Cameron — Jared ergue as mãos em rendição, aponta um dedo pra mim e depois recua.

Quando ele está longe o suficiente, volto minha atenção para Jacob.

— O que foi isso?

— Eles são perigosos — Jacob responde, Bels ainda calada ao seu lado.

Olho para o trio de rapazes mais afastado da gente dentro do rio. Jared chega perto deles e é recebido com um tapa na nuca por um, enquanto outro faz uma dancinha estranha que envolve todo o seu corpo e seus braços também. Sem me conter, solto uma risada.

— Ele parece ser bem legal — disse sem pensar, mas pelo silêncio que rolou, encarei Jacob que me
olhava com os olhos estreitados. — Eles — corrigi ao perceber que tinha falado apenas do cara da dancinha. — Eles parecem legais.

— Mas não são. Mantenha-se longe da gangue de La Push, Billie.

Ainda com isso em minha cabeça, termino de observar os três que ainda estão dentro de suas bolhas. Eles não pareciam envolvidos em uma gangue.

Quem são eles?

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