17 | Laurent
CAPÍTULO DEZESSETE
"Estou falando do meu coração, que se parece tanto com o vazio que ele deixou em seu quarto."
— Eu acho que vou enlouquecer — Bels disse pela centésima vez, quase abrindo um buraco no chão de tanto andar pra lá e depois pra cá. — Lil! Está me ouvindo?
— Claro, Bel — murmurei monotonamente, rolando a tela do notebook. — Jake está doente e você quer levar sopinha de letras pra ele. Vá em frente, irmã.
— Isso é sério?!
Olhei-a sem entender.
Abaixei os ombros e soltei uma lufada de ar. Ok, eu não estava prestando 100% de atenção nela, mas mesmo sem ter ouvido uma palavra desde que ela entrou por essa porta, eu sabia que ela estava falando sobre Jacob e seu sumiço desde do cinema.
Bella levou muito a sério a nossa ideia de seguir em frente — o que me deixa muito feliz — e passou a comer novamente na escola com seus amigos e aceitar o pedido de Mike para assistirem um filme.
Ela levou Jacob e ele saiu todo estressadinho porque ela negou um beijinho. Agora ele estava ignorando ela e sempre que a mesma ligava para a casa dos Black, o pai dele atendia e dizia que ele estava doente.
Bels não acredita em nada disso e sabe que Jake está a evitando por algum motivo — especificamente, a sua forma egoísta de dizer que nunca poderia ter sentimentos por ele, mas que queria o mesmo por perto.
Viu? Eu já sabia.
— Pode fingir que está prestando atenção?
Respirei fundo para acalmar o reboliço dentro do meu peito e abaixo um pouco a tela do meu computador, sem encarar o conteúdo que eu deixei explícito na tela principal.
Encarei minha gêmea.
— Pode falar — sorri, forçadamente.
Mas ela pouco se importou se eu estava afim ou não — que é o caso aqui — de ouvi-la, ela só começou a despejar tudo o que começou quando passou por essa porta mais cedo.
E eu tentei. Eu juro que tentei o máximo não deixar que minha mente pegasse outro rumo, mas assim que ela
começou a frase "Eu gosto de Jacob, mas..." minha mente tomou vida própria e dispensou o que ela estava falando, apenas para que eu pensasse melhor no que eu queria fazer.
— Billie!
— Desculpa! — Ergui os braços em rendição. — Eu só estou com... — meus olhos se desviam para o computador — muita coisa na cabeça.
Veja bem, minha querida irmã sempre foi um pouquinho lerda e eu diria, um pouquinho sonsa. É claro que eu não esperaria que ela notasse o meu rápido desvio de atenção e pegasse meu computador do meu colo, encarando a página e o conteúdo que estava impregnado na minha mente.
No momento em que ela franze as sobrancelhas, eu me deparo com a vontade de ela ter visto algo constrangedor, como um site pornô, mas eu sei que ela viu:
— Passagens aéreas para a Virgínia? — Ela me encara com dúvida. — Está planejando uma viagem para Mystic Falls? Por que? Elena está bem?
— Ela tá bem — acalmei suas dúvidas ao me levantar da minha cama. — Eu só queria visitá-la. Faz um tempo.
— E não estava planejando me contar?
— Claro que estava — revirei os olhos, fazendo pouco caso. — Mas você invadiu o meu quarto primeiro com seus problemas amorosos.
— Primeiro, não são problemas amorosos — ela pontuou e eu tive que segurar a vontade de revirar os olhos novamente. — Segundo, eu acho que concordo. Seria uma boa visitar eles.
— É — acenei, querendo me xingar internamente.
— Eu só preciso resolver isso com o Jack primeiro — ela mordeu os lábios. — E a gente pode ir falando com o Charlie.
— Acha que ele vai permitir uma viagem no meio do semestre?
Dei de ombros, sabendo que não.
E é por isso que eu estava planejando fazer isso sozinha. Eu não estava planejando... pedir. Odeio ser um fardo para Charlie, mas é melhor que ele fique preocupada com apenas uma filha do que as duas.
É um jeito egoísta de pensar. Eu deveria estar fazendo de tudo para não estressa-lo, visando tudo o que ele
passou com Bella nos últimos meses.
Mas é algo que eu preciso descobrir e algo me diz que Elena Gilbert — que também está na lista — pode ter algo que me ajudará a responder. Mas seja o que seja, sei que não é uma coisa que eu queira que Bella saiba ou se envolva.
Eu posso fazer sozinha.
Sem Kurt, sem o livro e, de preferência, sem Bella.
(...)
Eu não consegui encontrar sobre esse livro em lugar nenhum. Era quase como se ele não existisse mais e eu sabia que agora que estava com Kurt, pega-lo não era uma opção, então eu precisava de quantas referências eu conseguir.
Acho que não vou conseguir nada chegando em Mystic Falls falando apenas sobre um livro que tem o nome da minha prima e que tem algo haver comigo.
É o que eu consigo presumir pelo livro ter sido destrancado com a menção do meu sangue.
Mas não é certo.
Eu duvido muito que a biblioteca da escola ou da cidade tenha algo sobre isso. Então, minha última e única referência foi a biblioteca que eu sabia ter na mansão dos Cullen.
Fazia um bom tempo que eu não vinha aqui, desde o meu último aniversário, para ser mais precisa. E eu fiquei pensando se eu deveria ou não deveria vir aqui, invadir esse lugar abandonado que um dia foi repleto de risadas, toques e intimidade; memórias.
Eu sabia que não ia ser fácil, mas eu não estava esperando menos sobre isso.
Então eu só... fui.
Tentei colocar na minha mente que eu não estava invadindo a casa de ninguém, porque ninguém mais morava ali. Mas era difícil pensar sobre isso quando se via a casa tão... igual. Os móveis ainda estavam do mesmo jeito. Para pegar o que eu queria, eu meio que esperava que estivessem mesmo.
Eu só não esperava sentir tanto ao encarar esse lugar por dentro.
As memórias arrastaram-se para mim. As risadas... parecia que estava soando no pé do meu ouvido. Depois, as confissões. Tentei não pensar neles — nele — enquanto fazia o caminho direto para a biblioteca.
E consegui pelo tempo em que fiquei ocupada procurando qualquer sinal de uma resposta. Mas eu não consegui.
Estava quase desistindo quando passei em frente ao quarto dele. Consegui resistir à tentação durante três passos, mas depois eu parei, respirei fundo e recuei novamente, tocando aquela porta e ouvindo o som esmagador que ela fez ao se abrir lentamente.
Tudo estava igual.
Tudo estava aqui.
Aquela janela que cobre a parede toda estava aberta e um dos meus momentos favoritos com ele veio à tona. Quando ele me disse sobre o companheirismo. O quanto era importante para um vampiro.
Não tão importante assim, pensei, entrando com um passo de cada vez, sentindo a poeira ao redor, o vazio de algo que uma vez foi tão brilhante, esplêndido e lugar secreto das coisas mais bonitas.
Não estou falando do quarto dele.
Estou falando do meu coração, que se parece tanto com o vazio que ele deixou em seu quarto.
Soltei um suspiro curto, me arrependendo imediatamente de ter parado aqui e recuei para correr pra longe, admitindo que essa foi a pior escolha que eu fiz durante muito tempo.
Mas algo invadiu a minha visão. O pequeno cesto que ele usava para jogar fora suas coisas.
Junto com o meu coração, tinha um pequeno papel amassado naquela lata. A única coisa que parecia ter sobrado do seu íntimo.
Eu sabia que não deveria pegar.
Eu sabia que se pegasse, as coisas não seriam tão fáceis assim. Mas eu peguei.
E fugi.
Quando cheguei em casa, minhas costas pesando pelo papel estar no fundo da minha mochila, eu só ouvi a gritaria vindo da cozinha. Confusa, me aproximei aos poucos.
Era Bella, Charlie e o amigo de caça dele, Harry Clearwater.
Mas eu nem tive tempo de descobrir o que estava acontecendo.
— Billie, onde você estava?! — Charlie pergunta exasperado, se levantando da cadeira. Bels estava em sua frente, parecendo nervosa.
Intercalei meu olhar entre eles, sem entender.
— Por aí.
— Por aí? — Ele repetiu. — Tudo bem. Você sabia que sua irmã estava na floresta sozinha?
— O que? — Encarei Bella, que abaixou os olhos. — É claro que não.
Charlie soltou um riso pelo nariz e minha atenção foi para ele.
— É claro que não — ele repetiu novamente, mas dessa vez, estava claro que ele me culpava. — Vamos, Harry.
Os dois saíram da cozinha.
— Que diabos aconteceu aqui? — Virei-me para ela. — Você estava na floresta sozinha? Fazendo o quê?
— Eu vi lobos enormes, Lily! — Ela arregalou os olhos, se lembrando da cena. — Eram enormes mesmo. E eles atacaram... o Laurent.
— O vampiro de dreads?
— Sim. Ele veio me ameaçar. Disse que Victoria quer vingança pelo o que fizemos com o James.
— Era só o que faltava — murmurei, forçando a mandíbula. — Ei, ei! Onde você pensa que vai?
Bella para no portal da cozinha para a sala, parecendo mesmo surpresa por ter sido pega.
— Eu tenho algumas coisas para terminar de resolver com Jack.
Ah, certo. Ela está falando de quando ela foi o visitar na chuva e ele "terminou" com ela. Sinceramente, eu acho que Bels tinha uma tara por rejeição. Normalmente, quando alguém te rejeita, você fica triste e logo supera, você não corre mais atrás dela.
É idiotice.
Sem falar que é humilhante.
— Pode esquecer — descartei a ideia. — Você não pisa pra fora dessa casa até eu resolver isso.
Ela revirou os olhos para mim e depois colocou suas lindas mãozinhas na sua cintura.
— E como você vai resolver isso, Lily?! Assim como eu, você é humana e ao menos que esteja escondendo um ser poderoso embaixo do seu travesseiro, acho melhor eu não depender muito de você.
— Ah, vai se ferrar — cuspi, sem seriedade. — Ou vá continuar gravando mensagens de voz sem fim — falei com um ar de sonhadora. — Só não saia por aquela porta.
Bels bufou, mas deu meia volta e subiu as escadas com raiva.
Mas ela tinha um ótimo ponto.
Eu não tinha nenhuma carta na manga e também não era alguém com habilidades o suficiente para a proteger caso essa ameaça de Laurent resolva rastejar até aqui. Minha única opção era ligar para Kurt.
Mas eu não faria isso... Não agora.
As coisas estavam sob controle. Não estavam?
A incógnita continuou ao passar do dia, mas as coisas foram esclarecidas no meio da noite, onde eu fui inocentemente até o quarto da minha irmã para ver como ela estava e descobri o motivo dela ter aceitado tão fácil a ordem de ficar em casa.
Imagine a minha surpresa ao ver ela e Jack tão perto, o dito cujo sem camisa e muito forte.
Foi questão de segundos para eu interligar o motivo dos lobos não terem me deixado ir visita-los e a sumida de Jack. Ele estava se transformando. Ele estava transformado.
Foi o que eu pude deduzir quando eu vi ele pulando pela janela do segundo andar da minha casa, pronto para correr de volta até a reserva.
Apenas encarei Bella com uma expressão fechada, mas ela desviou os olhos. Com algo entalado em minha garganta, saindo quarto dela e voltei ao meu. Não sei como consegui dormir naquela noite, pois assim que o relógio bateu às quatro da madrugada, eu já estava de pé, me preparando para a cena que eu estava prestes a fazer.
— Lily? — A voz drogada de sono de minha irmã me chamou. — Tá indo pra onde essa hora?
— Tenho umas coisas para fazer — respondi, sem parar pra dar-lhe atenção.
Mas eu pude ouvir a forma como ela quase caiu da cama e logo depois, correu escadaria abaixo para me alcançar. Ignorei ela e peguei meu casaco pendurado na porta.
— Está indo pra reserva, não está? — Ela perguntou novamente quando eu abri a porta. — Eu quero ir junto.
— Não — foi a única coisa que eu disse antes de bater a porta atrás de mim e marchar até aquele carro.
Embry, que estava de pé me esperando encostado no carro, abriu a porta do passageiro para mim passar. Ele deve ter percebido minha carranca, pois não falou nada enquanto fazia seu caminho até a reserva, onde a matilha já estava me esperando em frente a cabana do Sam.
A matilha incompleta.
— Quando vocês pretendiam me dizer mesmo? — Fui irônica, batendo a porta do carro.
— Foi culpa minha — se responsabilizou Sam quando eu cheguei próximo à eles. Devolvi o sorriso para Emily. — Achei que podíamos esperar um pouco mais. Até Jacob estar pronto para se aceitar.
— E o que deixar de contar pra mim prejudica nisso? Além é claro, da minha irmã?!
— Protegemos sua irmã — ele deu ênfase.
— Obrigada — cuspi. — Mas agora ela está maluca com a ideia do sobrenatural de volta para a vida dela e o seu lobinho novo entrando no quarto dela a noite não está ajudando.
— Jacob foi até Bella?
— Sim. Escuta... — soltei o ar, liberando a tensão. — Não é por mal, Sam. Sinto muito pelo Jake e se tiver algo em que eu possa ajudá-lo, eu me comprometo. Mas quero Bella muito longe disso, da última vez que ela se envolveu com o sobrenatural não deu muito certo.
— Isso porque da última vez ela se envolveu com chupadores de sangue — especificou Paul, saindo pra fora da cabana com seu cabelo desengonçado. Ele me olhou por um curto momento antes de olhar pro carro atrás. — Quem foi te buscar?
— Eu — Embry ergueu a mão, se colocando ao meu lado com um sorriso tímido. — Ela me ligou.
— Você ligou pra ele? — Paul repetiu o fato, parecendo ofendido. — Por que não ligou pra mim?
Não tive uma resposta na ponta da minha língua. Mas eu sabia que era porque eu estava com medo de encara-ló depois de tudo o que eu desabafei naquela estrada para ele. Fazia um tempo que eu não me abria assim pra uma pessoa.
— Os bolinhos já estão no forno — avisou Emily, cortando o ar ao chegar até mim pra me cumprimentar do jeito certo com seu abraço. Quando ela se afastou, tocou em meus braços. — Fique e coma com a gente.
— Na verdade — Sam começou, se aproximando da esposa que se afastou de mim —, os meninos e eu temos que ir atrás do Jacob para o treinamento dele.
— Eu posso ir? — Me meti no meio na mesma hora.
Eu sei que era bastante intrometido da minha parte, mas Jake também era meu amigo e além de julga-lo, eu queria poder estar pra ajudar também. E pra deixar claro que manter distância de uma certa garota com o mesmo rosto que o meu é uma boa.
Por um milagre, Sam concordou.
Prometi pra Emily que voltaria aqui depois e ela concordou, entendendo completamente as principais prioridades e parecendo até feliz com o fato de que me reconciliei com a minha irmã.
A caminhada começou com Sam liderando o caminho, seguido de Jared e Embry.
Paul e eu andávamos lado a lado.
Eu percebia o seu olhar sobre mim, era meio impossível de não perceber. Paul Lahote podia ter várias qualidades, mas saber disfarçar não era uma delas. Ou ele só não se importava mesmo.
Teve uma hora em que eu retribui o olhar e acabei travada. Quer dizer, minhas pernas continuaram a andar, meu coração continuou a bater e eu continuei respirando, mas nada disso estava sob o meu controle nesse momento. Apenas a forma como eu o analiso.
Ele também continua andando, mãos nos bolsos, cabelo um pouco mais arrumado pelos seus dedos, a cabeça tombada para baixo e seu olhar erguido para mim.
Ao contrário de mim, seus instintos deixavam que ele realizasse aquela ação, de não desviar o olhar, mas eu tive que fazê-lo para saber que eu não iria tropeçar a qualquer momento. Isso ou o simples fato de que requer um tipo de força para bater de frente com ele.
— É muito pedir que você confie em mim? — Ele diz, em um tom baixo que não impede os outros de ouvirem, mas eles são respeitosos o suficiente para disfarçar. — Quero dizer, pra uma carona, ao menos.
— Paul...
— Apenas espero que não seja por medo — ele revelou, desviando os olhos. — Porque estou entrando nessa sem medo, Billie. É difícil pra mim também.
E isso me persegue pelo resto do caminho. Sua voz só para de soar no meu ouvido quando outra grita, rompendo meus tímpanos.
O sol já está iluminando o céu quando vejo Bella pisar dura até a gente e gritar:
— O que você fez?
Os lobos param um ao lado do outro e eu repito o gesto, sem saber o que fazer até que Bella empurra Sam, que quase nem se mexe.
— Bels, calma!
— Ele não queria isso — ela se desvincula do meu toque e fico ao lado dela, de frente para os lobos.
— O que fizemos? — Repete Paul, tomando a palavra. — O que ele fez! O que ele disse?
Observo a forma como suas narinas dilatam e como Sam puxa Paul para trás. É como se fosse um passe de mágica. Um segundo passa e BOOM! Paul Lahote vira uma bomba relógio.
— Não me disse nada — respondeu Bels, sem noção do perigo —, pois tem medo de vocês.
Todos eles riem, mas eu não acho graça. Toco no antebraço esquerdo de Bella para ela se acalmar e depois, se afastar. Mas é com o braço direito que ela da um tapa na cara de Paul.
— Tarde demais — avisa Jared.
Dou um passo para trás ao vê-lo crescer em minha frente, descontroladamente, da mesma forma que aconteceu quando ele se transformou em meu aniversário, se "revelando" para mim.
Sei que Bella recuou e me puxou junto dela, mas não penso quando dou um passo à frente para olhá-lo nos seus olhos. Mas não há resquícios de autocontrole nesse momento e eu, uma tola que agiu sem pensar, diante um laço que parecia amarrado em nós dois e que só fez me puxar em sua direção no ápice da sua raiva e transformação, Jared jogou-se sobre mim, me tirando da frente assim que ele explodiu em uma bola de pelos.
— Bella!
Mas ela já estava correndo e Jake também, para a nossa direção. Bella tenta impedi-lo, mas ele pula por cima dela e quando vai na superfície da terra, já está transformando.
Diferente de Paul que tem uma pelagem e olhos acinzentados, Jake era composto por caramelo.
Os dois lobos se atacam, rolando pelo chão, destruindo o caminho onde seus corpos caem. Jared me ajuda a se levantar nesse meio tempo, mas só tenho olhos para a cena em que duas criaturas maiores do que um cavalo brigam entre si, mordendo o pescoço um do outro.
Eles rolam floresta a dentro, deixando pra nós o caos e o barulho de seus rosnados.
— Levem Bella e Billie para a casa da Emily — ordena Sam, percebendo o estado de choque em que nós duas nos encontramos.
O olhar de Bella há medo, receio e... descobertas.
Eu não estou necessariamente com medo. É mais essa coisa que aperta meu peito e me faz parar uma hora outra pela vontade de ficar, sentar no chão e esperar até que os dois voltem daquilo tudo. É a forma como eu me lembro exatamente como eu me senti no ataque de raiva de Paul. Pode ter sido medo.
Mas havia muito mais.
Estava sentada há mais de meia hora no tronco caído que tinha em frente a cabana de Emily. Eu ouvia os murmúrios dela com os meninos e Bella, mas meu mundo estava em silêncio.
Bom, não para os meus pensamentos.
Mas até eles se calaram quando Jake e Paul saíram da floresta, rindo entre si e empurrando um ao outro. Os pés de Paul desaceleraram quando ele me viu sentada no tronco e Jake trocou um sorriso comigo antes de entrar pra cabana com os outros.
— Olha, Billie... — ele estava sério, em pé a minha frente, parecendo completamente desconcertado. — Me desculpa por isso. Eu nunca quis atacar sua irmã e nem se descontrolar na sua frente como naquela vez. Eu sei que você deve estar pensando que eu sou um monstro e tem motivos, mas por favor, não fique com... — ele se interrompe em algum momento. — O que está pensando?
E foi quando ele perguntou e se sentou ao meu lado que eu tive a minha resposta.
— Não estou com raiva de você, Paul — fui sincera, franzindo a sobrancelha por causa disso. — Entendo que você se descontrolou. Minha irmã também não deveria ter dado um tapa na cara.
Ele assentiu, parecendo meio perdido.
— Não me leve a mal, não quero que fique com raiva de mim, mas... por que você não está?
— Você tinha razão — murmurei, envergonhada. — Eu estava com medo. Mas não quero estar mais — puxei o ar com força e disse: — Preciso fazer algo. Fora da cidade. E preciso de alguém para vir comigo. Alguém que eu confie.
Ele estreitou os olhos em minha direção.
— Está tentando me falar que vai chamar Embry de novo?
— O quê?! Não. Paul...
— Estou brincando — ele revelou, abrindo um sorriso enorme. Suspirei, abrindo outro. Mas então seu olhar se tornou mais sério e... suave. — É claro que eu vou com você, Billie. Pra onde é?
Olhei sob meus ombros e vi Bella interagindo com os outros.
— Mystic Falls, Virgínia.
Desculpa pela demora!!!
E eu também não revisei o capítulo, então relevem os erros. Prometo arranjar um
tempinho e arrumar isso.
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