10 | Imprinting

CAPÍTULO DEZ
"Não é mais a gravidade que me segura
em pé, não é mais a Terra
que me prende ao chão."

| Capítulo narrado por Paul Lahote |

— Paul! Volta já aqui! Garoto!

Com a mochila leve sobre os meus ombros, bato a porta principal daquela casa pelo que deve ser a décima vez apenas nessa semana de merda.

Os gritos do velho ainda são ouvidos por mim por alguns quilômetros, mas eles não demoram para se tornar apenas ecos em minha lembrança quando eu finalmente saio do caminho da floresta e paro na frente da cabana familiar.

Não tem necessidade de avisar a minha presença, já que antes mesmo de eu chegar na varanda da casa, Sam sai e cruza seus braços, me esperando parar em sua frente.

— Posso passar uns dias aqui? — pergunto emburrado, apontando de um jeito bruto para a sua casa.

— Você tentou? — Sam ainda estava com aqueles braços cruzados e o ar sério. — Precisa tentar, Paul. Ele é seu pai.

Bufei, movimentando meu corpo em algumas passadas para esfriar meu sangue. Não é um movimento fácil de se fazer, se considerar que eu só ando esquentado desde a transformação. Literalmente.

Sam foi o primeiro a se transformar de todos nós, seguindo por Jared e depois, eu. O primeiro mencionado aceitou o peso nas costas que é ser um Alfa, cuidando de tudo que nos envolve.

Desde as lendas, com os velhos Ateara, Black e Clearwater, até nossos estudos. Estou no último ano e foi um péssimo momento para virar uma criatura do tamanho de um cavalo e que tem ligações mentais com seus irmãos de matilha.

Acho que isso tende a piorar quando você tem uma relação de merda com o seu pai, está quase repetindo seu último ano na escola e tem problemas de raiva.

— Posso ou não? — quis terminar logo aquela discussão que se repetia por semanas.

Jared, sendo um adolescente tanto quanto eu, tinha suas responsabilidades joviais. Então concordamos que enquanto uma semana o outro ficava por aqui na reserva para cuidar das rondas, o outro ficava em casa para socializar, fingir que é normal e ir à escola.

Essa semana era a minha vez, mas junto como qualquer outra, eu não aguentava dois dias na mesma casa que Daniel Lahote, o cara que fez o favor de me entregar seus genes estragados.

Sam saiu da minha frente, permitindo a minha entrada em sua casa. Fui recebido na cozinha por Emily que estava retirando suas luvas de cozinheira.

— Paul! — ela parecia mesmo feliz em me ver, então tentei desmanchar a carranca. — Estou assando bolinhos. Vai querer agora ou prefere esperar esfriar?

Fico sem jeito quando ela se coloca na ponta do pé pra deixar um beijinho gentil em meus cabelos e penso em recusar, apesar da fome. Era muito tarde. Eu precisa dormir.

Mas Sam chegou por trás e seu olhar me dizia que se eu fizesse seu imprinting triste, iria sair de sua casa na mesma hora. Com isso, tentei enrolar ao dizer que só precisava de um banho e que já ia descer para comer.

Como Sam queria, ela ficou feliz e me ajudou com o lance da toalha que eu sempre esqueço de trazer.

Quando a água bateu no meu corpo completamente nu, deixei que meus ombros curvassem e me escorei na parede, a água gelada caindo pelas minhas costas. Respirei fundo, como milhares de conselheiras já me induziu a fazer, mas isso só servia para que meu sangue esquentasse mais ainda e eu suspirasse de raiva.

Quando se vive pela raiva, tentar se controlar é um processo ardil e pesado. Ser um lobo aumentou as chances de eu estourar a qualquer momento e matar o ser humano que está enchendo o meu saco.

Esse ser humano tende a ser o meu progenitor, só que matá-lo está fora de questão, então a cabana de Sam costuma ser o refúgio que eu busco para não me transformar e arrancar a cabeça de Daniel Lahote.

Como Sam costuma me lembrar cada maldita vez que eu volto com o rabinho entre as pernas: Daniel é o meu pai.

— Emily deixou os bolinhos na mesa, o sofá já está arrumado — Sam indica a mesa e depois o sofá cheio de cobertores e um travesseiro. — Jared está na ronda, mas amanhã ele vai pra casa e você está no lugar dele.

Aceno com a cabeça, um agradecimento preso em minha garganta. Mas quando eu o olho nos olhos e ele aperta um pouquinho o meu ombro antes de subir até o seu quarto, eu sei que ele sabia bem o quanto eu era grato pela sua hospitalidade.

As luzes se apagam conforme ele vai desaparecendo da minha vista e eu arrasto meu corpo até a cozinha, pegando uma cerveja na geladeira e me agarrando na cadeira, meu estômago resmungando de felicidade ao comer os bolinhos maravilhosos de Emily.

Quando termino de me alimentar, anseio pelo sono, mas ele não chega. Encaro a cerveja vazia em minha mão e trinco meus dentes ao lembrar que meu metabolismo aumentou e eu não fico bêbado tão fácil assim.

Meus olhos partem para a mochila que eu deixei deitada na poltrona. Penso um pouco antes de tomar a decisão. Não quero estragar nada para Sam, muito menos lhe dar mais trabalho ficando bêbado. Eu deveria pensar direito, arquitetar ou apenas saber me segurar.

Mas eu não era o que pensava na merda antes de fazer.

Pego a mochila e saio da casa de Sam, me esgueirando até a floresta enquanto abro a mochila e retiro o frasco de álcool.

Daniel é um emprestável na maioria de toda a sua existência, tanto como um pai quanto como um trabalhador. A única coisa que ele sabe fazer direito é ser um bêbado, viciado em todo tipo de droga.

Eu não curto muito esses seus lances de substâncias que te viciam, mas de vez em quando suas garrafas caras que ele paga através de apostas que ganha uma vez ou outra, serve para alguma coisa.

Abro a tampa da garrafa que antes seria um problema pela falta de força, mas que agora é como levantar uma pena.

Viro a boca da garrafa em minha garganta, sentindo o líquido encher a minha boca e queimar a minha garganta quando eu o engulo. Esse é dos fortes, observei enquanto via o líquido transparente balançar dentro da garrafa.

Continuo vagando pela floresta e bebendo, desfrutando da minha solidão e quietude enquanto posso.

Penso em me transformar, mas para isso, eu teria que largar a bebida e eu não estava muito pronto para parar de sentir a queimação satisfatória em minha garganta.

Desde que eu virei o protetor dessas terras, meu momento preferido é quando estou transformado. É aquele momento em que eu posso correr na velocidade da luz, sentir o vento balançando os meus pelos e todos os problemas virando meros centímetros de importância.

Sei que virar um lobo foi literalmente o meu destino, mas eu não escolheria nada diferente se pudesse. Acho que dentre tantos erros, o universo ter dado-me os genes quileutes foi o maior acerto que eles puderam pensar para mim.

Não há uma outra vida. Não há outro motivo que me faça sentir vivo; bem. Ouso dizer que me prefiro transformado do que na forma humana e não tenho vergonha nenhuma.

Se eu não precisasse de coisas básicas como comer, tomar banho e aguentar a vida humana, eu jamais deixaria de ser um lobo. A vida como um lobo, penso pelo o que deve ser a milésima vez desde que me transformei.

Não teria nada que me fizesse se sentir mais feliz, mais determinado; mais vivo.

Em algum momento da noite eu começo a rir de mim mesmo, a garrafa fica mais leve, meus passos menos coordenados.

Penso que eu sou um lobo e rio, penso em Daniel e gargalho. Caio por um momento, tropeçando nos meus próprios pés e rio mais. Quando volto a me levantar, olho para as minhas próprias mãos vazias. A garrafa sumiu.

Foi abduzida. Olho para o céu, esperando ver a nave extraterrestre. Jared gostaria de estar aqui, ele adora um lance com ET ou será que é com bicho papão? De qualquer jeito, Jared é um cagão.

Jared é um cagão e está na ronda. Talvez quem devesse estar fosse eu. Eu sou melhor. Fico muito mais atento que ele. Ele só fica lembrando da... como é o nome dela? Ah, puta que pariu, eu vou lá saber!

É isso! Temos que trocar de ronda já! Ronda não, lobo? De lugar? Balanço a cabeça, perguntando-me se eu já estava bêbado. Procuro a garrafa, mas ela realmente foi abduzida. Jared gostará de saber que ET's existem.

Ele vai querer trocar de ronda... lugar, lobo comigo. Tropeço em algo, mas por pura sorte consigo encontrar algo para me firmar. Uma árvore. Tento respirar fundo, não posso virar um lobo bêbado. E se algo der errado?

E se uma parte minha ficar como humano e outra como lobo? E tudo isso por causa da bebida! Jared jamais parará de caçoar de mim. Talvez seja melhor que ele seja abduzido mesmo.

— Oi? — escuto no fundo da minha mente. Procuro pela familiaridade ao sentir meu lobo se revirando dentro de mim, mas não reconheço.

Talvez eu esteja ficando maluco. Talvez o abduzido vá ser eu. Pergunto-me se Jared ficará com ciúmes.

Sinto minha boca se abrindo para falar alguma coisa, mas eu não raciocino e nem consigo entender o que eu digo. Até ter uma mão entrando em contato com o meu ombro.

Minha pele se arrepia de forma imediata, meu lobo rosna dentro de mim e é automático quando a embriaguez se torna baixa e eu prenso a pessoa na árvore em que eu estava me segurando.

A primeira coisa que meus olhos falhos percebem é seus cabelos negros caindo sobre os seus ombros e seu rosto claro, seu arfar ao ter as costas prensadas brutalmente na árvore e os seus olhos assustados que chegam até os meus.

E tudo simplesmente desmorona.

Eu já ouvi falar sobre isso, todas as vezes que estou nas mentes dos meus irmãos de matilha, eles conseguem se controlar, mas sempre deixam escapar o primeiro momento, aquele em que seus olhos batem de encontro com os dela e tudo simplesmente muda de lugar.

De repente, não é mais o ar que lhe permite estar respirando, suas batidas de coração não são suas, não são o motivo para estar vivo. Tudo o que você amou um dia, todo aquele sentimento intenso de prazer, paixão e amor que teve por outras pessoas se torna opaco, inalcançável e vago.

Todo o amor pelos seus pais, pelos seus irmãos de matilha, pelo o que você é, se encaixam em uma pequena caixinha que é entregue somente àqueles olhos.

Tudo gira em torno dela; tudo é ela. E pensar em se afastar se torna a tarefa mais impossível que você já teve o desprazer de fazer. Aquele laço pequeno que interliga todos os seres humanos fortalece como braceletes de ferro em torno dos nossos corações; do meu coração.

Não é mais a gravidade que me segura em pé, não é mais a Terra que me prende ao chão. Como se fosse apenas para dar razão à minha fala, a garota desvia seus olhos dos meus e meus joelhos simplesmente enfraquece e eu vou ao chão.

Meu prazer de ficar bêbado corre pelos ares, agora eu sou apenas uma confusão de cores, vozes e pensamentos. Seu toque ainda resiste em minha pele e sinto como se cada átomo, célula e partícula do meu corpo se revirasse para sentir mais daquela pele, daquele toque delicado e... morno.

Mas o toque se torna apenas uma lembrança quando eu ganho forças para olhar em volta e me descubro sozinho.

Meu corpo começa a tremer pela compreensão do que acabou de acontecer. Até eu explodir em uma bola de pelos e sair disparado, meio grogue. Jared, que não havia sido abduzido, se mostra bem interessado pelo o que acabou de acontecer.

"Paul? Você... Esse é o meu garoto!" Eu rosno para ele tanto mentalmente quanto audivelmente, mas é a última coisa que eu faço antes de me destranformar e desmaiar.

(...) Cabana do Sam

    Eu nunca pensei muito sobre aquela magia poderosa que os nossos ancestrais deixaram pra nós. Foram poucas as vezes em que eu realmente parei e pensei e foi apenas para desdenhar sobre e garantir pra mim mesmo que jamais me deixaria ser o poodle de ninguém.

Não depois do que eu vi de perto o que fez com Sam. Ele estava bem feliz com a sua antiga namorada, Leah Clearwater. Eles eram felizes, se amavam.

Mas Sam se transformou e quando bateu seus olhos na prima da namorada, Emily, tudo mudou de forma. Cada partícula que compõe o mundo ficou menor ainda diante ao seu amor por Emily, o seu impriminting.

Ele tentou lutar, dividido entre o amor que se transformou em apenas uma pequena preocupação por Leah e todos os sentimentos que domaram por Emily. Mas foi em vão.

No fim, ele não aguentou e como um bobo apaixonado, deixou seu relacionamento de anos para a mulher que uma magia velha lhe proporcionou.

Jared, nem se fala. Kim sempre gostou dele, eu lembro bem agora. Até lhe aconselhei a tirar um proveito, porque ela era bem gata. Uns pegas não iria matar ninguém.

Meu amigo revirou os olhos para mim e disse que não estava afim de Kim. Que estava de boa e não queria ter que entrar em nenhum relacionamento. Então, ele se transformou e além de ter se afastado de mim até eu me transformar também, ficou de mil amores pro lado de Kim, que não demorou para aceitá-lo.

Essas duas experiências só me serviram para me mostrar o grau do erro que essa magia transmite nas nossas vidas.

Porque uma coisa era poder escolher por quem vai sentir toda essa bagunça, outra bem diferente é ter a pessoa imposta pra você e como um idiota, não conseguir fazer nada além de cair de quatro.

Foi quando eu decidi que isso nunca aconteceria comigo. Fiquei tão assustado no primeiro mês que não encarei nenhuma garota nos olhos. Conforme os dias se passaram e o medo se tornou vazio em meu peito, eu superei.

Mas a ideia estava lá. Eu não podia simplesmente parar de olhar nos olhos das pessoas. Então, a decisão foi tomada: no dia que eu tivesse esse tal de imprinting, iria lutar com todas as minhas forças e quando elas acabassem, então, bom, eu acabaria.

Pode-me considerar teimoso, obstinado, mal humorado, o que for. Mas eu não estava e ainda não estou disposto a largar tudo o que eu considerava importante para rodar em torno de uma garota que eu mal conheço.

— Eu conheço ela — reconheço a voz de Jared, e aperto meus olhos fortemente ao sentir uma pontada na minha cabeça. — É a garota que eu falei na praia. Amiga de Jacob Black, a novata da cidade.

— Bella? — pergunta o velho Black, mexendo-se em sua cadeira de rodas.

— Algo assim? — sua voz carrega dúvida. — Bennie?

— Billie.

— Isso.

O silêncio recai sobre a sala e eu tento abrir a minha boca para falar, mas sinto-me cansado demais. Fora a minha cabeça que dói feito um inferno. Nunca mais bebo.

— Você disse que encontrou ele desmaiado? — consigo gemer ao ouvir a voz do meu Alfa. — Esse inconsequente!

— Querido... — quero vomitar com a calma que parece invadir Sam apenas com a voz do seu imprinting.

— Parem de gritar! — minha garganta fere com o rosnado que sai em forma de palavras.

Minhas pálpebras se abrem e eu rolo na cama quando bato de frente com a luz amarelada que balança no teto. Tento voltar a dormir — ignorar tudo —, mas Jared empurra o meu corpo para eu deitar de barriga para cima.

— É sempre um prazer dar de cara com a sua bundinha, Paul — reviro meus olhos por baixo das pálpebras e me arrependo na mesma hora. — Mas da pra você levantar ela dai porque tem assuntos mais importantes pra se tratar.

Solto um bufo longo e me sento na cama que eu reconheço como a do quarto de hóspedes de Sam, o lençol cai para o meu quadril, raspando em minha pele e me dizendo o quanto estou nu da cintura pra baixo.

Penso no short que eu rasguei; agora eu tenho três.

— E qual é essa coisa importante?

Sam está com sua postura usual: braços cruzados, expressão fechada e uma ruga no espaço vazio entre suas sobrancelhas.

— Se vista — ele ordena, Jared e os outros saindo do quarto. — E nos encontre na sala.

Sei que não há espaço para discussão quando ele simplesmente me dá as costas e sai do quarto. Curvo meu corpo e coloco o meu rosto entre minhas mãos que se apoiam nos meus cotovelos em minha coxa.

Merda!

Dez minutos depois, já vestido com uma bermuda que eu trouxe naquela mochila que se perdeu no meio do caminho, percebi que não podia mais adiar e desci até a sala.

Billy Black e sua cadeira de rodas estava estacionada ao lado da poltrona onde Jared estava despojado e Sam, atrás do sofá.

Decido ficar em pé perto da porta, onde seria mais fácil para fugir da conversa eminente.

— Eu nem sei por onde começar — afirma Sam enquanto descruza os braços e passa uma mão em seu rosto.

— Não precisamos conversar sobre isso — dou de ombros, simplista.

— Você teve um imprinting, Paul! — Sam me adverte, como se eu tivesse falado a pior besteira do mundo. — Não é algo que você possa deixar pra lá e esquecer. Aliás, você nem vai querer.

— Está errado se acha que vou sair abanando o rabinho por uma pessoa que eu não conheço — rosno para Sam, uma atitude ousada que eu nunca fiz. — Eu posso renegar a magia?

Billy encara Sam com as sobrancelhas arqueadas.

— Você não ouve nenhuma de nossas histórias, garoto? — ele avança com sua cadeira para a minha direção. — Nem pense nisso. Você não vai aguentar. Você morre.

— Eu não vou deixar uma magia ditar o meu futuro! — bato o pé e não estou nem aí se pareço uma criança mimada. — Eu estava ótimo sem essa merda...-

— Paul! — repreende Sam pelo linguajar, apenas porque o seu imprinting entrou na sala bem na hora e se assustou.

Quero rir da sua cara, como se ele tivesse acabado de provar o meu ponto, mas o meu lobo ainda tem muito respeito pelo seu Alfa.

— Eu renego! — Jared me encara assustado, talvez se perguntando como eu posso ser tão louco.

— Filho... — Billy tenta avançar, talvez pensando o mesmo que todos ali.

— Quer renegar, Paul? — Sam avança, ficando cara a cara. É a primeira vez que o seu ódio é virado diretamente para mim, o seu Beta. — Ótimo. Você está pronto para as consequências? Está pronto para chegar na frente da garota, explicar tudo o que está acontecendo e renegar ela?! Está pronto para morrer, Lahote?

Ele não levanta um dedo para me acertar na violência, mas sinto como se eu tivesse levado um soco no estômago.

Penso em mim na frente daquela garota, explicando cada lance dos lobos e de suas magias, apenas para dizer que ela era a minha alma gêmea e que eu preferia morrer a estar com ela. Penso sobre isso e meu lobo revira-se para sair, se contorce apenas por pensar em realizar tal ação.

É mais forte do que eu. É mais forte do que qualquer um. Sinto-me enjoado e não sei dizer se é por estar de ressaca ou porque meu lobo está com nojo de mim por tais pensamentos.

— Billie é uma ótima garota — antes que eu pudesse pensar, já estou focando no velho Black. Billie, ressoa o meu lobo, se satisfazendo com o som, com a qualidade e... Balanço a cabeça para apartar os pensamentos. Merda. — Tenho certeza que ela não precisa de um namorado agora. Podem ser amigos.

Tento o máximo não revirar os olhos.

— Sim, ser amigos, sim — debocho cruelmente, minha cara se contorcendo. — E como eu vivo ao deixar de sentir atração por qualquer uma das outras garotas e ficar a mercê dessa... moça?

— É a magia, Paul — Sam rebate. — O quanto antes aceitar, mais cedo irá aproveitar.

— Eu não quero aproveitar — decido, dando as costas ao perceber que essa, definitivamente, era a hora para fugir.

— Paul!

— Deixa ele — continuo ouvindo a voz de Billy quando saio da cabana e retiro meu short para a transformação. — Sam, precisamos convocar o conselho.

— Está pensando o mesmo que eu?

— O quê? — Jared parece perdido.

Começo a correr, mas ainda consigo ouvir uma última coisa antes de estar longe demais:

Espero que estejamos errados e você não precise saber, Jared.


Gente, me desculpem se esse capítulo está meio ruim. Prometo que o próximo POV de Paul estará melhor e eu conseguirei expressar mais coisas. Estar na cabeça de Paul Lahote ainda é meio novo pra mim.

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