1 | Rebeldia intensa

CAPÍTULO 1
"Ser  rebelde  é  amar  com  intensidade."

    Existem dois tipos de pessoa quando se trata de mudanças; aquela que recebe tudo de braços abertos e com um sorriso no rosto e aquela que parece que está sendo arrastada para os lugares.

Normalmente, essa última é intitulada como rebelde. Mas ser rebelde é acreditar em suas convicções e não trai-las por jeito nenhum? É gostar de morar mais em um lugar quente do que em um frio? É ter preferência sobre sua mãe e o seu pai? É acordar em uma manhã de domingo e ter que se despedir do lugar que você passou quase toda a sua vida?

Ser rebelde é amar com intensidade. Não é odiar cada ser vivo, responder seus pais e sair escondido de casa.

Ser um adolescente rebelde é ser intenso, acreditar e defender suas teses, é no meio de todos, ser distinta. Ser adolescente, na maioria das vezes, é ouvir que você está errado consequentemente pelos adultos, é ter seu esforço e dor diminuída.

E eu quero dizer, você consegue me ver? Além de tudo isto, eu quero dizer. Você consegue ver as rachaduras, o desafio que é estar bem todos os dias?

Você consegue me ver? Não. Ninguém nunca conseguiu me ver e agora, me pegando pensando nisso, acho que é até melhor ser a irmã gêmea da garota que sofre em silêncio do que ser a adolescente rebelde; intensa.

Pessoas não conseguem lidar com pessoas com a intensidade elevada, elas se assustam e vão embora. Todos.

Lil, está na hora — a garota de pele pálida, cabelos castanhos escuros e olhos castanhos invade o meu quarto. — Vamos tomar café da manhã com mamãe e Phill e depois vamos, ok?

Isabella Swan, minha irmã gêmea. Ela é a garota que sofre em silêncio, a inversão da rebeldia e intensidade. Aquele tipo de pessoa que transparece solidão e timidez.

Bella, como gosta de ser chamada, tem o meu rosto. As únicas coisas que nos difere são meus fios negros, sua pele sendo mais pálida do que a minha, meus olhos azuis esverdeados — que herdei de mamãe — e nossa personalidade. Somos a encarnação do: "Caramba, vocês são tão diferentes!"

Só que no sentido mais... interno.

— Bel, que cara é está? — puxei seus ombros com o meu braço, fazendo seu lado do corpo colar ao meu. Ela me encarou com os olhos estreitados e eu sorri. — Não está feliz? Você que preparou essa viagem, certo?

Ela revirou os olhos e empurrou meu corpo, deixando-me rindo sozinha enquanto saio do quarto e vou até a cozinha comer uma última vez com mamãe pelos últimos meses.

Bella sempre gostou de pensar mais nas pessoas que ela ama do que nela mesma, nossa rotina costumeira dita isto em duas linhas.

Dois anos atrás, ela inventou um intercâmbio em uma cidade pequena da Virgínia, onde passamos tempo o suficiente para estragar a minha ingenuidade sobre o mundo.

Sua última causa foi dar a ideia de mudarmos para Forks, a cidade mais fria do Estado, onde nosso pai morava, para que Reneé — nossa mãe — pudesse aproveitar suas férias do trabalho com o marido, Phill.

O problema é que minha irmã odeia frio e dar essa ideia foi como um tiro no próprio pé.

— Bels, veja pelo lado bom — grito pela casa, correndo atrás dela. — Você não vai precisar reclamar mais do seu odor no calor.

— Billie! — ela repreendeu-me, suas bochechas tomando um tom muito forte de vermelho por Phill, nosso padrasto, ter ouvido.

— O quê? Quem você acha que preparou aquela mistura de vinagre e limão, Bels? — me refiro há cinco anos atrás, quando Bella e eu estávamos entrando na puberdade e ela ainda não sabia o que era desodorante.

Minha irmã é cheirosa e tudo mais, entretanto, ficar irritando-a com coisas que a tiram do seu eixo é muito bom. Principalmente quando ela faz aquela cara dela de nervoso em que suas bochechas ficam inchadas.

— Meninas, venham comer! — mamãe chama, me fazendo empurrar Bella para chegar primeiro.

Ela reclama de eu ainda ser uma criança, mas acaba soltando uma risada quando eu tento refutar de boca cheia.

O café da manhã foi leve, com um 'quê de despedida. Depois dele, nos preparamos para seguir viagem até o aeroporto. Mamãe quase não nos soltou e Phill ficou resmungando a viagem inteira sobre o frio, as praias e como eu gostaria de Forks.

Um pouquinho diferente de Bel, eu adoro o frio! Minha aversão à praia me ajuda com isto, então eu não tenho nenhum tipo de problema com ventos frios, chuva e atemporal.

É a época mais gostosa do ano e me mudar para uma cidade que todo dia é frio não vai ser algo tão difícil de se realizar.

— Pode segurar na minha mão se quiser, medrosa — Bel tirou sarro de mim ao me ver ansiosa, no banco do avião, esperando pela sua decolagem.

Eu mostrei língua pra ela e Bella riu antes de conectar seus fones e realmente deixar uma de suas mãos livres pra se eu quiser.

Um pequeno spoiler: Eu realmente esmaguei os ossos de Bel quando o avião decolou.

(...) Forks, WASHINGTON

— Eu só não entendo o motivo de odiar tanto o frio — eu resmungava para a minha irmã dentro do carro de polícia. — Quero dizer, isso pode voltar como carma para a tua vida, irmãzinha.

O homem no volante me encara rapidamente pelo retrovisor e vejo ele crispar os lábios para não rir.

Charlie Swan, o Chefe de Polícia do condado de Forks e também, o nosso pai. Charlie conheceu Renée em sua adolescência, um pouco pra fora da cidade, então sempre foi um amor fadado ao fracasso.

Mas adolescente são teimosos e eles tentaram até ter... a gente. O pacote de felicidade que durou meses antes de explodir.

Renée sempre teve o espírito livre e nunca
gostou de se prender há algo tão pequeno quanto está cidade, Charlie era o completo oposto e se viu preso nesse espaço pelos pais doentes. Sentimentos se confundem e é questão de tempo até se tornar algo bem pequeno no peito, se não há atenção para ele.

Foi isto que aconteceu. Os dois se separaram e minha irmã e eu ficamos com mamãe, enquanto visitávamos Charlie algumas vezes até os 4 anos.

Foi um período tenso, principalmente pela depressão de mamãe, ela não conseguiu superar sozinha. A gente ajudou, minha eu de apenas seis anos tentava acudir a mulher que sempre me deu o calor. Ela melhorou, mas sua vida ficou radiante ao se encontrar com Phill.

Acho que o amor é uma droga viciante e não importa quantas vezes você caia e se machuque, no final, sempre vai estar procurando por ele.

Por isso que nada de amor pra mim! Não estou afim de continuar o ciclo dos meus pais e, se tudo o que eu tenho que fazer é não me apaixonar, Tsc! Fácil, fácil!

— Irmãzinha, eu já te disse — resmunguei, já em outro assunto para atormentar Bella. Ela revirou os olhos quando eu me coloquei entre os bancos e segurei seus ombros por trás. — O melhor que você pode fazer por nós é cuidar mais destes lábios.

— Vê o que eu tenho que aguentar? — ela ironiza para Charlie, que nega com a cabeça com um brilho no olhar.

Eu finjo um engasgo, ofendida.

— Sabe, nunca se sabe quando terá que beijar alguém, Bel — decidi devolver na mesma moeda, sabendo que ela iria arregalar os olhos e suas bochechas iriam queimar. — Você não vai querer que este alguém acabe cortando seus lábios.

— Bel&Bil... — murmura nosso pai, optando pelo nosso apelido de infância que ele usava para chamar as duas ao mesmo tempo. — Chegamos!

Ele para em frente a sua casa e nós deslizamos pra sair do carro. A casa estava exatamente igual há quando vínhamos aqui com 4 anos.

Como sempre, o ar confortável me fez suspirar em derrota. Forks sempre teria uma parte do meu coração.

Charlie nos ajuda com as malas para subir as escadas e depois apresenta os nossos quartos. Era apenas um, bem grande, quando vínhamos aqui nas férias. Como Bel e eu éramos crianças, não tinha o porquê de ter dois quartos separados.

Mas fico realmente surpresa em ver que ele havia separado o espaço ao meio, construído uma parede, rebocado e pintado pra formar o quarto de Bel e o meu.

— Sinto muito pela janela — diz Charlie ao entrar pela porta aberta. — Não deu tempo de colocar a tranca, mas eu faço essa semana ainda.

— Tudo bem — dou de ombros, deixando minha mochila de costas cair na cama de casal. — Adorei o que fez com o cômodo. Realmente... estava começando a pensar em como iria ter que furar meus ouvidos para não ouvir os roncos de Bel.

Charlie solta uma risada curta, mas acaba por me enviando um gesto de repreensão enquanto tossia para disfarçar.

Diferente dele e de Bel, eu peguei a parte espírito livre de mamãe. Não no sentido de viajar — apesar de que eu amo uma viagem —, mas cruzando o sentido de falar demais. Tipo, mesmo.

Eu costumo não falar muito com pessoas que eu não conheço, fico tão quieta que sou considerada minha irmã por alguns segundos. Mas ao pegar intimidade ou talvez, quando eu fico nervosa com alguém tipo Charlie, eu acabo baixando este gene em que meus lábios simplesmente não param de se mexer.

É bom na hora, principalmente se for algum assunto que eu goste, mas depois fico me remoendo por ter falado tanto.

— Não queria que ficasse repetitivo, por isto optei pelo azul escuro — ele apontou para o papel de parede e depois para os lençóis da minha cabeça. — O roxo ficou pra sua irmã, mas se você quiser trocar, tem uma loja legal na reserva e...-

Decidi que interrompê-lo seria o melhor ao perceber que falar sem parar ao estar nervosa era uma coisa que eu havia pegado dele.

— Não, relaxe — fiz um gesto de desdém com as mãos. — Eu adorei, algo mais frio e tal.

Ele assentiu e ficou me encarando por mais algum tempo antes de dizer que iria descer e que era para eu chamar Bel daqui a pouco, pois tinha uma surpresa para nós duas.

Eu me apressei em retirar as coisas mais importantes da mala; meus cadernos, estojo, fotografias e meu laptop. Quando eu acabei, passei as mãos pelo meu cabelo e sorri animada para Bel que tinha aparecido na porta do quarto.

— O que achou? — expus a mesinha de estudos que eu tinha acabado de arrumar.

— Acho que você está esquecendo de um pequeno detalhe — minha irmã estraga prazeres apontou para a minha mala de roupas abertas, onde as peças transbordavam.

— E você veio aqui para me ajudar? — joguei contra. — Oh, obrigada, Bel.

— Ah, não, nem ferrando — ela negou com a cabeça e eu arregalei os olhos pelo palavriado. — Temos visitas. Acho que você vai gostar.

Estreitei meus olhos em sua direção e segui a jovem pela escada, logo segurando a porta para que eu mesma passasse.

— Bel&Bil, lembram de Billy Black? — perguntou Charlie, encostado em uma lataria vermelha.

— Você parece muito bem — elogia minha irmã e meus olhos se prendem no jovem rapaz ao lado do homem de cadeiras de rodas.

— Jacky? — murmuro em um fiapo de voz, reconhecendo a peça que me olha e sorri.

— E aí, pestinha.

Deixo o apelido de infância de lado — por enquanto — e pulo em seus braços para um abraço onde ele agarra minha cintura e eu bagunço seus cabelos.

Jacob, Bella e eu costumávamos ser grandes amigos quando a gente ainda vinha passar as férias por aqui. Ele era mais novo, então Bel e eu sempre o fazíamos brincar das coisas que queríamos.

Como por exemplo... quando fizemos ele comer lama.

— Eles são sempre assim? — minha irmã pergunta para Jacob, querendo dizer sobre os mais velhos que ameaçavam se bicar no meio da rua.

— Está piorando com a idade.

— Hey, meu pai nem é tão velho assim, tá legal? — defendo o homem. — Talvez apenas... fora de moda.

— Obrigada, Billie — ironiza Charlie, se aproximando de novo.

— Que é isso, eu sempre parto pra sua defesa, meu velho — Billy ri atrás de meu pai que lhe lança um olhar de poucos amigos.

Charlie apresenta a gente para o nosso presente de boa vindas, a lataria em que eu estava encostada e super falando mal na minha mente. Quero dizer, estou feliz em ter um carro — apesar de não saber dirigir —, mas... isso?

Olho para o sorriso animado de Charlie ao ver a reação maravilhada de Bella, então decido contracenar para que ele não se sinta mal. Eu realmente gostei de sua atenção, ele deve ter gastado uma grana com isto, então vamos focar mais na intenção, sim?

— Ei, Lil, tá pronta pra carona de sua irmã mais velha para a escola? — Bella me chama para me provocar e eu me encosto na porta do motorista, meus braços apoiados na janela.

— Um minuto, Bel — revirei os olhos. — Este é o tempo de sua velhice. Mas e aí, Jacky, o que acha da carona da idosa de Bella?

— Minha escola é na reserva — faço um biquinho desapontada. — Você tem que conhecer. Vou levar vocês duas pra lá qualquer dia.

— Tem garotos? — mexi minhas sobrancelhas sugestiva e Bel resmungou de vergonha, se afundando no banco.

— O mais perto que você gostaria seria Paul babaca Lahote — resmungou Jacob, revirando os olhos em seguida. — Mas como mencionado, ele é um babaca.

— Gostoso?

— Um babaca — soletra e eu rio, dando de ombros e despedindo-me de Billy com a desculpa de um bom banho e sono.

(...) Forks High School

   Para a nossa completa tristeza, o dia não demorou para amanhecer, deixando uma temperatura boa para ficar enrolada nas cobertas da minha cama. Mas infelizmente tive que acordar quando a traíra de Isabella me jogou da cama!

Após passar no prédio para pegar os nossos horários e nossas notificações para os professores do dia assinar, entramos no estacionamento que estava lotado de gente.

Bel optou pela vaga mais perto e também, onde tinha um monte de jovens que riam do ar que se passava. Não que eu não seja assim.

— Era só o que me faltava — murmurou Bels ao ver os olhares que os jovens dava para ela e a sua lata... carro.

Recolhi minha mochila e saímos ao mesmo tempo. Enquanto Bella tinha seus cabelos castanhos mais claro, meus cabelos eram negros, sua pele era mais pálida que a minha e meu olhos eram mais claros que o seu, todavia, ainda dava para notar a nossa semelhança, tanto é que:

— Uau, gêmeas? — cantarolou um rapaz de porte atlético e pele escura. — Vocês são lindas. Seus olhos são lindos — ele aponta para mim e eu torço a boca como costumo fazer ao receber este comentário. — Belo carro.

Ele terminou com o tom debochado ao ver que não lhe demos atenção o suficiente. Bella, decidida a fugir com o rabinho entre as pernas, agradeceu. Eu não sou de arrumar confusão, mas ele me irritou, então lhe entreguei meu dedo do meio.

O cara se surpreende e depois um sorriso começa a crescer em seus lábios. Terminando de ignorar, eu acompanho Bels até adentrar a escola de vez.

— Acha que vamos ser devoradas? — ela pergunta, fingindo não notar os olhares que queimam nossos corpos.

— Depende, você gosta de presas? — perguntei sugestiva, mexendo minhas sobrancelhas. Bella fez uma careta e grunhiu meu nome em repreensão. Levantei minhas mãos e obriguei-me a corrigir: — 'Tô brincando.

— Você é Isabella Swan — um garoto nos intercepta de repente e eu coloco a mão no peito de susto — e você é Billie Swan, as novas alunas. Cara... vocês são muito parecidas.

— Nem muito, na verdade — acorrento, desejando que ele gritasse na minha cara que estava zoando.

— É... nem tanto — ele repete, presos nos meus olhos. Quando eu desvio nossos olhos, ele balança a cabeça para se afastar da nuvem de hormônios dentro de sua mente. — Sou Eric, os olhos e ouvidos deste lugar. Se quiserem um guia, companhia para almoçar, um ombro para chorar...

A Bels tímida e sem jeito volta a receptar no corpo de minha irmã, fazendo ela gaguejar até conseguir digerir as palavras:

— Sou mais do tipo que sofre em silêncio.

— Boa manchete — apontou ele e começou a andar de costas, apontando seu dedo na minha direção. — Diga-me a sua frase.

— Ah... — intercalei meu olhar entre o garoto com descendência asiática e Bels. — "Não é uma história. São nossas vidas."?

— Uau! Você acabou de pensar nisso aí?

— É uma citação de Supernatural — expliquei, achando-o mais estranho ainda por não conhecer. Ela está bombando!

Depois que o olhar de cachorro abandonado que Bels faz, Eric desiste da matéria que ele já estava montando em sua cabeça, que se consistia na gente.

O sinal tocou um pouco depois e ao comparar nossos horários, nos deparamos com aulas totalmente diferentes. Então, enquanto Bella ia para a sua aula de Educação Física, eu iria me humilhar na de biologia.

As coisas passaram lentas e resumidas em apresentações e perguntas sobre eu ter uma gêmea idêntica, não podemos esquecer do:

— Uau... você usa lente?

Não que eu não goste de ser elogiada, eu gosto! Mas... quando elogiam apenas seus olhos é meio decepcionante.

No começo, não é uma grande coisa, afinal, meus olhos são lindos, que bom! Mas... depois de você cresce, depois que você adquire peitos e hormônios joviais, você começa a encarar as garotas incorporadas e começa se comparar, quero dizer...

Os olhos de todas as garotas são bonitos, mas por que tem algumas que recebem outros tipos de elogios e eu não? Tipo sobre o meu sorriso, a minha personalidade...

Não quero elogios fúteis sobre o meu corpo, tão-pouco tenho paciência para encarar alguém e ouvir a mesma coisa; toda vez.

Quando o terceiro sinal toca, avisando o intervalo, eu quase gemo de tanto alívio. Eu estava morta de fome e precisava comentar com minha irmã sobre o casal meloso que não parava de se beijar em minha frente.

Tipo assim... são sete da manhã!

Infelizmente, ao adentrar o refeitório com os outros, minha irmã já havia sido abduzida pelos jovens e quando eu tentei passar desapercebido, ela simplesmente gritou:

— Lil? — me virei pra ela com um sorriso tenso. — Você não quer conhecer o pessoal? — ela sorri maldosa e eu estreito meus olhos furiosos pra ela. — Venha aqui. Guardei seu lugar.

Tenho vontade de cuspir nela, igual como o meu esposo — Daryl Dixon — me ensinou muito bem, mas eu vou guardar a falta de educação para depois que esse pessoal parar de me olhar.

— Você é a irmã gêmea de Bella? O que eu tô dizendo, é claro que é! — a garota de cabelos loiros avermelhados exclama quando eu sento na cadeira ao lado de Bels. — Eu sou Jessica Stanley.

— Olha a minha garota! — anuncia uma voz atrás de mim, bagunçando meus cabelos.

Eu viro pronta pra atacar, mas antes, aquele mesmo garoto do estacionamento retira a cadeira de onde um loiro estava sentado e os dois começam a correr em volta do refeitório.

— Meu Deus — a tal da Jessica suspira, chegando mais perto de Bels e eu. — Parece o primeira série de novo. Vocês são o brinquedinho novo.

Engasguei com o pedaço de pão que eu havia começado a mastigar e encaro Jessica por trás das lágrimas que se formavam por eu ter me engasgando.

Ela falou mesmo o que eu ouvi?

Abri a boca pra responder, mas um flash cortou os meus pensamentos.

— Desculpe, precisava de uma foto para o artigo — pede a garota que havia acabado de chegar, cabelos lisos e óculos.

Eric defende o nosso querer ao dizer que a matéria não vai mais existir e apesar de parecer bem decepcionada, Angela concorda.

Eu ainda estou encarando Jessica com meus olhos flamejando de ódio. Ela disse "brinquedinho"?

Bel é, certamente, melhor do que eu ao esquecer o que ela disse e ajudar com ideias para novas matérias para o jornal que eu tenho certeza que é fracassado dessa escola.

— Bella? 'Tá tudo bem com ela? — ouço sua voz e aperto a bandeja que minhas mãos seguram.

Minha irmã me chama, mas eu não a ouço. Meu coração começa a pulsar em meu ouvido e eu sinto quando meu sangue esquenta em minhas veias. É uma raiva que eu nunca senti antes, tanta raiva que eu começo a sentir uma dor aguda no peito.

Até Bels me tocar delicadamente, se inclinando para tomar a frente do meus olhos vidrados.

E então, no lugar da raiva, vem a paz. Mas é uma calma tão absurda de boa que meus ombros relaxam, meu coração para de apertar e sinto vontade de sorrir para Bels.

Gaguejo para dizer que só estava pensando na morte de Dean Winchester, mas seus olhos se desviam dos meus e ela toma um foco completamente diferente. Vejo suas pupilas se dilatarem ao perguntar:

— Quem são eles?

Jessica vira a cabeça para ver e Angela quem responde com um sorriso tenso:

— Os Cullen.

Ainda estou drogada com a calma que invadiu meu peito e saboreando o meu pão quando elas continuavam a falar sobre esse pessoal:

— São filhos adotivos do Dr. Cullen e sua esposa. Mudaram-se do Alasca para cá há alguns anos — Jessica explica com um 'quê de êxtase na voz.

— Eles são muito reservados — diz Angela.

— É, eles estão todos juntos — Jessica se inclina para sussurrar e eu percebo que o pessoal de quem eles estão falando estão entrando. — Tipo juntos, juntos. A loira... É a Rosalie...

Ergo minha cabeça ao sentir uma presença passar do meu lado e eu acompanho — como qualquer um desse refeitório — o casal que desfila pelos corredores.

Rosalie é uma garota de cabelos sedosos e loiros. Quando ela passa ao meu lado e sorri para o homem ao seu lado, penso que estou vendo uma imagem dos anjos, pois ela é muito, muito mesmo, linda.

Ela é aquele tipo de garota que faltaria adjetivos para elogia-la. Falar sobre seu sorriso seria pouco demais e do seu corpo, eufemismo.

Só reparo no "grandão de cabelo escuro" quando Jessica começa a explicar sobre ele. Emmett é um armário humano. Seus músculos são anormais e mesmo sobre aquela blusa de manga cumprida, da para saber bem que se uma pessoa como eu tomar um murro daquele cara, iria direto para o IML.

— São uma coisa só — Jessica termina, me fazendo erguer meus olhos para ela. — Nem sei se é uma coisa legal.

— Jess, na verdade, não são parentes — refuta Angela, percebendo tanto quando Bels e eu que Jessica não deveria dar esses tipos de opiniões sobre casais.

— É, mas eles moram juntos — arqueio as sobrancelhas, sem entender a relevância. — É estranho.

— Sem querer me colocar em alguma parede, mas... — chamo a atenção das garotas. — Olha, nesse século em que tudo virou brincadeira, não acha que aquele casal tem mais chances de ficar juntos do que qualquer outro? — Jessica franze as sobrancelhas. — Veja bem, eles cresceram juntos, sabem bem o defeito um do outro e, ainda sim, escolheram enfrentar preconceituosas como você para ficarem juntos.

Bels se engasga ao meu lado e segura uma risada, Angela não tem a mesma consideração com a amiga que revira os olhos para mim e muda o foco.

— E a garota de cabelo escuro é a Alice — ela continua e meus olhos sobem para encarar um novo casal. O homem loiro roda a garota baixinha e eles saem andando juntos. Fofos. — É bem estranha. Ela está com o Micah, o loiro que distribui sorrisos por aí.

Os dois também eram extremamente lindos. Elas continuam sussurrando sobre enquanto eu estou presa no casal que passa ente mim.

A garota tem cabelos repicados em um corte bem ousado e que parece perfeito para ela e o cara, com seus cabelos desajeitados em cachos rebeldes, que distribui sorrisos e sussurros para a tal de Alice, parece simplesmente de outro mundo.

Eles andam como se não pisassem no chão, na verdade, andam como super modelos.

Quando eu penso que acabou, há um último:

— Quem são eles?

— Edward Cullen e Jasper Hale — Jessica revela com um tom sonhador e apaixonado. — Edward é o de topete e Jasper, o loiro com cara de dor. Obviamente, eles são lindos... Mas parece que nenhuma daqui é boa para eles.

Meus olhos sobem e como os outros, acompanho o casal de garotos indo até os outros. Edward tinha a cor de cabelos acobreado, sua pele polida e ele era muito bonito, mas não tinha comparação entre ele e o loiro ao seu lado — que realmente tinha uma cara de dor.

Como os outros, seus olhos nem ameaçaram se desviar pra gente, dando mais firmeza para as palavras de Jessica.

— Sério, não percam o tempo de vocês — ela finge dar um conselho e Bella, que ainda os encarava como eu, volta a sua atenção pra frente, gaguejando que nem estava pensando nisso.

Mas ela olha de novo e eu tento me impedir,
mas há algo neles... há algo naquela pele mais pálida do que a da minha irmã, os olhos brilhantes e a áurea misteriosa que me faz estreitar meus olhos em sua direção.

A intitulada como Alice vira a sua cabeça, como se soubesse que estivesse sendo encarada e seus olhos conectavam imediatamente aos meus. Ela parece ficar estranha com o seu olhar vidrado ao meu por alguns segundos, mas, quando ela pisca e sorri diretamente para mim, a nuvem de confusão dissipa da minha mente.

A droga de paz some do meu peito ao saber com quem... o que eu estava lidando.

O olhar de Edward desvia de Bella e vem para os meus quando minha mente destrava e solta:

Vampiros.

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