Capítulo 12

Era fim de tarde quando o Peregrino da Alvorada chegou na costa da Ilha de Ramandu, um pouco mais cedo do que o previsto já que Eustáquio deu uma forcinha puxando o barco quando os ventos se foram, o que fez Mila sentir orgulho do garoto.

A mata do local era densa, tinham que ir abrindo caminho devagar por não saber exatamente o que poderiam encontrar ali, afinal eles já tinham visto de tudo naquela viagem.

— Parece inabitada — Áurea comentou após descer o barranco com a ajuda de Lúcia — Não tem cara de que algum fidalgo passou por aqui.

— Tem cara que nenhum ser humano passou por aqui. Está tudo tão intocável — Mila disse olhando para a árvore que parecia ser mais velha do que ela — Só não digo que estamos na ilha errada por causa da estrela estar bem aqui em cima, e tem algo dentro de mim falando que vamos encontrar alguma coisa aqui.

Mais alguns passos depois, as três pararam olhando para o mesmo ponto fixo.

— Vocês sentem isso? — perguntou Lúcia olhando para uma parte mais escura da floresta até um brilho azulado iluminar um pouco o local — Parece…

— Magia — completou Áurea andando na frente e sendo seguida pelas outras.

As três saíram um pouco mais a frente chamando atenção de Caspian e Edmundo, que estranharam elas irem para a parte mais fechada da mata.

— Onde vão? — perguntou Edmundo vendo as três saírem praticamente correndo.

— O que elas estão fazendo? — Caspian perguntou para o rei justo até notar também a luz azulada — Acho que é aquilo que elas viram.

— Vamos então. 

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Assim que Mila afastou um galho que tampava a passagem, viu uma mesa extensa repleta de comida dos mais variados tipos. Frutas que pareciam suculentas, sobremesas, algumas carnes com um cheiro delicioso que fez seu estômago roncar pelo tempo que não fazia uma refeição como aquela.

— Alguém me belisca — pediu baixinho vendo que ali tinha uma jarra de suco de uva, o seu favorito, inteiro à sua disposição até sentir um beliscão nas costelas — Aí!

— Você pediu — brincou Caspian antes de se afastar dela examinando a mesa farta recém descoberta — O que é isso?

— Tem alguém ali — Áurea apontou para a ponta da mesa.

Em meio aos galhos das árvores e das sombras, três homens estavam sentados de cabeça baixa com pratos, talheres e copos vazios na frente de cada um.

— Os brasões, são os lordes — observou Dellavita vendo os anéis com desenhos diferentes nas mãos de cada um deles.

Lúcia afastou o cabelo de um deles e deu um pulo para trás de susto ao ver que eles estavam respirando, e de olhos bem abertos.

Todos entraram em estado de alerta.

— É a comida! — Caspian disse para a tripulação, que começava a pegar algumas frutas para comerem, fazendo-os soltá-los assustados.

— Espere — Mila falou tirando os galhos secos de cima de uma faca que parecia diferente dos demais talheres — É de pedra.

— É a faca de pedra. É a mesa de Aslan — anunciou Edmundo.

— As espadas dos fidalgos — Áurea disse pegando a espada nos três homens que estavam dormindo, enquanto Edmundo com Lúcia colocavam as outras que o rei justo cuidava na mesa.

— Tem seis — disse Edmundo.

— Falta uma — Caspian murmurou um tanto decepcionado.

Os metais das espadas começaram a brilhar em um tom de azul, e do céu, um brilho foi descendo até onde eles estavam transformando-se em uma mulher com um sorriso nos lábios.

— Viajantes de Nárnia, bem vindos à Ilha Ramandu. Vocês passaram por muita coisa até estarem aqui, não estão com fome? 

Com um aceno da mulher, as velas na mesa se iluminaram e a comida ficou com um aroma ainda mais delicioso tornando-se irresistível para todos ali.

— Por favor, a comida é para vocês. Todos são bem-vindos à mesa de Aslan.

A mulher pálida e brilhante sorriu para a tripulação, passando confiança para saborearem os alimentos.

— Quem é você? — Áurea perguntou.

— Sou Liliandil, filha de Ramandu. Sou a guia de vocês — respondeu a estrela.

— Você é a estrela — constatou Caspian vendo a mulher assentir.

— Se preferirem, posso trocar de aparência e voltar a ser uma bola de luz.

— Não! — respondeu Edmundo fazendo com que Áurea lhe olhasse mortalmente e cruzasse os braços, e quando o Pevensie se deu conta da ação da namorada, sabia que aquilo não iria passar em branco.

— E o que houve com eles? — Mila perguntou intrigada, desviando a atenção do possível conflito, apontando os lordes que dormiam.

— Esses homens estavam sendo violentos entre si quando chegaram no litoral, e violência é proibida na mesa de Aslan. Então foram postos para dormir.

— Eles ainda vão acordar? — perguntou Lúcia.

— Quando tudo se acertar — garantiu Liliandil — Rápido, não temos tempo a perder.

Liliandil saiu andando para dentro da floresta, sendo seguida por Caspian, Mila, Áurea e os Pevensies até a borda da ilha, deixando a tripulação para trás comendo na mesa.

— O mago Coriakin lhes falou da Ilha Negra — a estrela falou olhando para o horizonte, onde uma ilha coberta por um nevoeiro denso preto com verde poderia ser vista.

— Sim — respondeu Caspian.

— Em breve, todo o mal será derrotado — a estrela suspirou como se finalmente chegasse a hora depois de anos aguardando.

— Temos somente seis espadas, sabe onde a sétima está? — perguntou a Dellavita para a estrela que apontou para a Ilha Negra.

— Lá dentro, vão precisar de muita coragem — Liliandil se virou para os cinco — Não percam tempo, se alimentem na mesa de Aslan e acabem com esse mal que assombra Nárnia. 

— Acabaremos — garantiu a Bianchi para a estrela, que sorriu com a determinação da garota.

— Adeus.

Liliandil se afastou um pouco e um brilho intenso surgiu, sua imagem desapareceu tomando lugar de uma bola de luz antes de voltar aos céus.

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Notas da autora: Hey pessoal, como estão?

Teve momento da Áurea tendo ciúmes do Edmundo, momento brincadeira de Milaspian e a chegada na mesa de pedra. A hora de enfrentar a Ilha Negra está chegando, e com isso o fim da fic também. O que será que vem aí?

Me digam o que estão achando, quero saber tudo!

Até o próximo!

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