Capítulo 10
Após os acontecimentos daquela noite, o Peregrino da Alvorada avistou uma ilha depois de mais alguns longos dias no mar. A tripulação logo se apressou para desembarcar e explorar o local, principalmente na busca de alimentos.
— Tem certeza que não vai? — Lúcia perguntou para Mila.
— Não, pretendo ficar aqui mesmo com Gael — sorriu para a menina — E tomem cuidado, não sabemos o que se pode ter aí.
— Vamos ficar bem — garantiu Áurea — Estou mais preocupada com você.
— Não fique — pediu a Bianchi — Estou bem de verdade.
— Hm...posso perguntar uma coisa? — Gael se pronunciou e viu as três concordarem — Vocês também têm pesadelos?
— Está tendo pesadelos? — Lúcia perguntou sentando-se na cama ao lado da garota e vendo a menor concordar de cabeça baixa.
— Tenho medo de não encontrar mais a mamãe.
As três se entreolharam e Mila pegou a escova que tinha na gaveta, sentando atrás da garota e dando tapinhas para sentar na sua frente.
— Posso pentear seus cabelos? — perguntou erguendo a escova. Gael logo se posicionou na frente da Bianchi sentindo os carinhos nos fios castanhos — Sim, também temos pesadelos às vezes, e temos muito medo deles assim como você.
— Verdade?
Áurea assentiu e se sentou no chão de frente para a menor.
— Com toda a certeza, ninguém é privado dos pesadelos.
— Mas, Áurea, você tem sonhos bonitos — disse a menina — Pelo menos, sempre contamos histórias sobre seus sonhos bonitos.
— Quem dera todos fossem bonitos, tive alguns bem feios — garantiu a loira se lembrando do ataque falho ao castelo de Telmar quando os quatro reis estavam em Nárnia — E o pior é que eles se realizam, então eu faço uma coisa para impedir que isso aconteça.
— O que? — a menina perguntou curiosa e empolgada, faria qualquer coisa para não ter que sonhar novamente com sua mãe indo embora.
— Penso com o meu coração e desejo que tudo seja falho, que nada daquilo aconteça.
— E funciona?
— Claro — garantiu Mila — Porque um sonho é um desejo que seu coração faz, inclusive, minha mãe cantava algo para mim assim quando era pequena, quer ouvir?
— Quero — Gael sorriu.
Mila pensou um pouco em como era antes de sua mãe morrer, ela ainda era pequena e até diria que menor do que Gael quando a mulher adoeceu, mas os dias ensolarados penteando e trançando seus cabelos eram marcados em sua mente como se fossem recentes.
— Era mais ou menos assim...
A dream is a wish your heart makes
When you're fast asleep
In dreams you will loose your heartache
Whatever you wish for you keep
Have faith in your dreams and someday
Your rainbow will come smiling through
No matter how your heart is grieving
If you keep on believing
The dream that you wish will come true
Sem que as quatro percebessem, Caspian estava do lado de fora da cabine ouvindo Mila cantar. O rei nunca havia chegado a ouvir diretamente a garota fazer isso, mas ouvia a cantoria dela quando acreditava estar sozinha nos fundos da biblioteca ou nos estábulos escovando os cavalos, era até mesmo um calmante para Caspian nos dias estressantes como monarca, o que fez o hábito de apreciar a voz dela em segredo.
A dream is a wish your heart makes
When you're feeling small
Alone in the night you whisper
Thinking no-one can hear you at all
You wake with the morning sunlight
To find fortune that is smiling on you
Don't let your heart be filled with sorrow
For all you know tomorrow
The dream that you wish will come true
When you can dream
Then you can start
A dream is a wish you make with your heart
Gael agarrou Mila em um abraço e a Bianchi acariciava suas costas calorosamente, imaginando a dor da garota e jurando para si mesma que faria o possível para ela ter a família completa novamente.
Duas batidas na porta quebrou o silêncio entre as quatro, e quando Mila levantou os olhos, notou Caspian.
— Estamos prontos para ir — disse o rei.
— Certo… Gael, porque não vamos falar com o seu pai e deixar os dois conversarem? — propôs Áurea para a menina que assentiu.
As três saíram do quarto deixando os dois sozinhos, não sem antes um olhar carinhoso Áurea acompanhado de um sorriso de lado.
Os dois ficaram em silêncio, Mila começou a pentear os próprios cabelos e Caspian olhar para os pés sem saber como iniciar uma conversa direito após a conturbada noite.
Após o beijo.
Ele sabia que ela não se lembrava, também não havia como por estar em estado de delírio, mas toda vez que olhava para o rosto da garota...ou os lábios dela, a sensação de borboletas no seu estômago era constante.
E ele não sentia algo tão intenso assim desde de Susana Pevensie, até se arriscaria em dizer que o que sentia por Mila era mais forte do que pela rainha gentil.
— Vocês vão explorar a ilha — ela quebrou o silêncio vendo o rei assentir — Sinto muito por não ir, só não considero muito…
— Seguro? — supôs.
— É algo semelhante.
Caspian notou ela terminar de trançar os cabelos de forma lateral com delicadeza, e sorriu.
— Faz tempo que eu te vejo fazendo isso pessoalmente, digo, a trança.
— Ah — ela abaixou o olhar para a ponta dos cabelos — Ainda não perdi essa mania, só não faço na vista de todos.
— Você fazia no começo quando se mudou pro castelo, toda vez que me via.
— Você notou!?
— Notei.
As bochechas da Bianchi coraram em um vermelho fraco, algo que a deixou adorável e ainda mais bela na opinião de Caspian.
— Ah, tem um motivo.
— Posso saber qual?
— Outro dia majestade — ela sorriu de lado — Acho melhor ir, podem estar te esperando.
Em um timing perfeito, Ripchip apareceu na porta do quarto.
— Com licença milorde e milady, mas estamos prontos. Até mesmo aquele rapazinho.
— Estou indo Ripchip — disse Caspian e o rato se curvou deixando os dois sozinhos novamente — Você vai ficar bem?
— Sim, e espero que você também — Mila deu um beijo na bochecha do rei antes de sorrir — Cuidado.
— Eu sempre tomo.
— É com isso que me preocupo.
⟅✾⟆
Era quase fim de tarde quando os marinheiros voltaram para o navio, Mila ajudou com o que pode no descarregamento da comida, que era bem pouca comparada às expectativas que tinham.
— Não conseguiram muita coisa? — perguntou para Drinian.
— A ilha é vulcânica, não tem muita vegetação — explicou o capitão.
Lúcia já estava de volta com feições nada amigáveis, o que era algo estranho para a mais nova dos Pevensies.
— Lu…O que houve?
— Caspian e Edmundo! Eles quase se mataram por causa de uma água que transforma tudo em outro, uma disputa de espadas idiota sobre quem manda mais ou quem manda menos, eu… — disparou a garota sendo acalmada por Mila e por Gael, que levou copos de água.
— Calma, relaxa.
— É porque você não viu — Áurea se pronunciou dessa vez após beber um pouco do líquido, e com uma expressão tão irada quanto a de Lúcia — Era claramente uma tentação da névoa, algo bem forte que pude sentir, e os dois brigavam feito dois imbecis.
— Eles chegaram a se machucar?
— Não — a loira disse mais calma após virar a água garganta abaixo — Mas só porque eu e a Lu intervimos, se não, estariam se matando até agora.
O barulho de algo pesado voando nos céus chamou a atenção de todos no barco, e quando olharam para cima, um dragão voava próximo as velas do navio.
— Isso é um dragão? — perguntou Mila olhando para cima e quando o animal soltou fogo, um tanto desengonçado, ela constatou que tinha algo errado.
Os marujos no navio tentavam acertar o animal, até que com um grunhido, ele partiu novamente para a ilha vulcânica até voltar segundos depois carregando Edmundo.
— ED! — Áurea gritou após ver o moreno — EDMUNDO!
— EDMUNDO! — gritou Lúcia se virando para os marinheiros — Eu preciso voltar para lá.
— E vamos — garantiu Bianchi se virando para Drinian — Arrume um bote, eu vou para a ilha com Áurea, Lúcia e Gael.
— Milady — hesitou Drinian.
— Por favor.
O capitão concordou e em poucos instantes, elas estavam no bote sendo levadas até a ilha. Ao chegarem na praia, Áurea viu que Edmundo estava são e salvo ao lado do dragão, o que fez com que a loira saísse correndo do barco para abraçar o moreno.
— O que houve aqui? — Mila perguntou para Caspian vendo que o dragão estava ao lado deles.
— Ele é o Eustáquio — explicou o rei.
A garota arregalou os olhos e fitou o dragão tentando relacionar o garoto com o animal na sua frente, e só pode fazer isso graças aos olhos azuis humanos do mesmo.
— Ele deve ter tocado em algo — constatou após ver que ele tinha um bracelete.
— Mas todo mundo sabe que o tesouro de um dragão é encantado, todo mundo em Nárnia — explicou Caspian.
— Não podemos deixá-lo — falou Lúcia.
— Mas não podemos levá-lo — disse Drinian — E não tem meios de se aquecerem.
Na mesma hora, Eustáquio soltou uma labareda de fogo em um galho seco que havia ali, o que iniciou uma pequena fogueira.
— O que disse? — Ripchip perguntou irônico fazendo todos rirem.
— Então vamos nos arrumar, passaremos a noite na praia — decretou Caspian.
⟅✾⟆
Notas da autora: Hey pessoal, como estão?
Milaspian é tão fofo juntos, aliás adorei esse nome e aderi ♥️
Eustáquio é um dragão, e já estamos caminhando para perto do fim... O que virá? Já adianto que tenho uma pequena surpresa no final desse livro, provavelmente dois bônus...
Me digam o que estão achando, quero saber tudo.
Até o próximo!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top