CAPÍTULO 1 - Nova casa, novos amigos?

Hoje - 13 de janeiro, Switzerland

Não sei se me sinto muito contente nesse momento. Jogado no banco de trás de um carro em movimento, se encontra eu, Alexander. Filho mais novo de Marta e William, um casal que se separou a poucos meses e meu pai pelo o jeito, não aguentou a pressão de cuidar de três filhos, sozinho.
Não posso dizer que William seja um pai ruim, mas também não posso afirmar que ele seja um pai maravilhoso. Minha mãe, por outro lado, sempre foi atenciosa e o cuidado que tinha com todos, era excelente. Mas, para onde ela iria com um filho depois de uma traição? Não a julgo, eu também não saberia. Depois do ocorrido, com toda certeza sua vida vira de ponta-cabeça e por sorte, dois de seus filhos já tinham atingido a maioridade, Adrien e Ander; os gêmeos de dezenove anos. Então, sobra apenas eu com quinze anos, no primeiro ano do ensino médio.

— Alec, saia desse livro um pouco e observe a estrada, esses campos são perfeito. Estamos quase chegando a casa da sua mãe.

— Nossa pai... estou super animado para chegar até lá, Uhum... — Bufei e volto a olhar meu livro por um curto período de tempo, já que meu pai resolve tomar o objeto que antes estava em minhas mãos. Suspirei e assim que levo meu olhar até a janela do veículo, vejo matas, campos extensos e ele tinha razão... uma bela visão para quem está passando.

Ver um lugar tão florido, montanhas com gramas verdinhas e pontos brancos bem distante, admito que sinto um certo aconchego. Mas, saber que irei morar com minha mãe e um padrasto a qual não cheguei a ver sequer, fotos. Isso de certa forma me assusta um pouco.
Coloquei minha mão para fora do carro e faço ondas no vento, aquela brisa e o sol na temperatura certa, me faz lembrar de piquenique, leitura ao ar livre, mergulho com amigos... amigos que eu espero conseguir.

Quando o carro adentra aquela cidade que não era tão grande assim, sinto um certo aperto no peito, sabia que em breve estaria oficialmente morando com minha mãe e o marido novo dela. Que terei de fazer novos amigos, conhecer novos lugares, frequentar uma escola nova e me adaptar a outros costumes.
Voltei a pegar meu livro e fechar a janela do carro, mas em segundos o veículo para em frente a uma casa de dois andares, branca, uma cerca bem pintada e um gramado impecável. Cheguei a ver gaiolas com pássaros que pelos os deuses, quem gosta de viver preso?

— Alec, chegamos. — Meu pai disse com um suspiro que pelo o jeito, assim como eu, ele não estava muito animado com essa ideia.

Vi uma mulher magra, com roupas que pareciam aconchegantes, cabelos grisalhos, unhas bem vermelhas, uma maquiagem leve no rosto e aquele sorriso que encantava qualquer pessoa. Aquela era minha mãe, senhora Miller. Marta Miller.
Desci do carro com meu ânimo de sempre e sinto os braços da mulher me envolvendo em um abraço apertado que parecia que iria me matar a qualquer momento.

— Meu filhinho! Que saudades eu estava de você meu amor! — Disse a mulher que me apertava como nunca, me deixando até sem fôlego.

— Mãe... já chega mãe, eu também estava com saudades da senhora. — Bati duas vezes em seu braço para ela me liberar e assim que percebe, se afasta um pouco e começa a beijar todo meu rosto e cabelos.

— Meu menino está magrinho meu Deus! Como pode? Seu pai não cuidou de você? — Ela disse indignada já que eu tinha perdido três quilos, mas não era por falta de comida.

— Eu não tenho culpa se nosso filho é ruim para comer, deveria força-lo a comer uma coisa que não queria? — Disse meu pai enquanto retirava as malas do carro.

— Seu traste! Você deveria procurar outra opção para ele, não deixá-lo sem comer nada! — E ela volta a beijar meu rosto.

— Mãe... — Suspirei e me afasto para conseguir pegar uma das malas que estavam com meu pai e assim que a puxo, começo a arrastar até a entrada da casa. — Seu marido está aqui? — Perguntei ja abrindo a porta e vejo um homem alto, cabelos grisalhos, barba bem feita e os olhos claros. Mas vejo também uma menina de mais ou menos seis anos de idade, loira com olhos azuis piscina, segurando uma bandeja com bolinhos.

— Olá, Alec... Prazer, sou David e essa é minha filha, Sand. — Disse o homem já estendendo a mão para mim, mas me mantive parado.

— Alexander, por favor... — Disse ainda olhando para ele e apenas coloco as mãos nos bolsos. Voltei até onde estava minha mãe e sussurrei bem perto dela. — Não me contou que ele tinha uma filha. ~

— Alec... ela é apenas uma criança. — Disse meu pai e fiquei emburrado por um certo tempo até voltar a porta e me abaixar para ficar da mesma altura que a menina loira.

— Eu sou Alexander, prazer em conhecê-la. Esses bolinhos é pra mim? — Apontei para os bolinhos e abro um sorriso amigável.

— São todos para você! Eu mesma fiz, sozinha. Quer dizer... tive ajuda da Tia Marta, mas foi só um pouquinho! — Ela sorriu e pego um bolinho para agradá-la, me colocando de pé logo depois.

— Sand, por que não mostra o quarto para o Alec? Você quem escolheu boa parte da decoração, lembra? — Disse minha mãe para a garota que segurou minha mão e me obrigada a adentrar aquele lugar que assim como por fora, parecia bem aconchegante.

Fui com a menina para o segundo andar onde tem um corredor não muito pequeno, com três portas de cada lado e muitos quadros. Até mesmo uma foto minha com minha mãe, em uma viagem que fizemos para fora do país.
Enquanto observava tudo com bastante atenção, vejo Sand abrir uma porta branca e adentrar toda contente, então faço o mesmo, me deparando com um quarto bem decorado. Vejo de primeira a grande janela de vidro, paredes com um azul caro, estrela no teto, uma cama com cobertores limpos, travesseiros que pareciam extremamente fofos e frases que cobriam toda uma parede.

— Gostou das frases, né? Você adora livros e todas foram tiradas dos seus livros preferidos. — Minha mãe disse encostada na porta, de braços cruzados e o meu padrasto do lado.

Apenas concordei com a cabeça e fui até minha mala, abrindo a mesma sobre a cama e começando a retirar minhas roupas. Vejo meu pai entrar arrastando mais três malas e o meu padrasto trazendo algumas caixas com meus objetos.
Comecei a desfazer tudo, colocando livros em uma linda estante branca que tinha próximo da grande janela, coloquei as roupas dentro de um guarda-roupa cor de madeira e vejo meus pais conversando no final do corredor, pareciam está discutindo, como sempre.
Voltei a arrumar tudo em seu devido lugar, e assim que término, coloco meu aquário próximo da janela ao lado de um vaso com planta.

— Tudo em seu lugar... — Olhei no relógio ali na parede e percebo que passei mais tempo ali do que o planejado.

— Filho, vem almoçar! — Minha mãe gritou do primeiro andar e apenas fiquei calado.

Pego uma toalha que estava bem dobrada no guarda-roupa e sigo para uma segunda porta presente em meu quarto, revelando um banheiro bem organizado assim que o abro. Retirei as roupas que estavam comigo até o presente momento, coloco em um cesto de roupas sujas e tomo um banho calmo, demorado. Sinto a água percorrer todo meu corpo, fazendo meus fios ondulados e compridos, caírem sobre meus olhos.
Depois e um bom banho, saio com a toalha contornando minha cintura, a procura de uma roupa mais quente. Encontro um suéter cinza, calças preta e uma cueca da mesma cor. Quando coloco tudo, apenas chacoalho meus fios ondulados e desço para o primeiro andar.

— Nossa, ele está tão cheiroso! — Minha mãe volta a beijar meu rosto e apenas neguei com a cabeça, me sentado ao lado do meu padrasto.

— Fiquei sabemos que você adora ler, tem uma biblioteca bem próxima aqui de casa. — David falou com empolgação enquanto olhava para mim e apenas dei de ombros.

— Vá com calma, David. Ele ainda precisa se adaptar a casa nova e tentar fazer amigos. Se ele conhecer a biblioteca, não vai querer sair de lá. — Disse minha mãe enquanto sorria.

— Você falando de calma? A mulher que já está casada outra vez? — Meu pai disse enquanto bufava e sorria de forma irônica... e lá vamos nós para uma nova briga.

— Por que tocar nesse assunto, William? Pelo menos eu esperei me separar de você, não cheguei a te trair com qualquer homem que nem você, que me trocava por qualquer vagabunda enquanto eu cuidava dos nossos filhos! — A mulher cuspiu as palavras e se antes sorria, tudo que restou nesse momento foi uma cara fechada e olhos cheios de lágrimas.

— Eu estou sem fome... posso voltar para meu quarto? — Disse já me colocando de pé e apenas espero a confirmação da minha mãe.

— Não, sente-se para comer. — Disse meu pai, mas assim que minha mãe concorda com a cabeça, saio da mesa e vou direto para o quarto de antes.

Assim que adentro o mesmo cômodo de antes, observei melhor as paredes do meu quarto e em específico, aquelas frases que tiro foto de algumas e coloco em meu Instagram. Vejo algumas curtidas e comentários chegando, sento próximo da janela, abro meu notebook que estava próximo e respondo alguns amigos.
Vejo uma mensagem chegando que me deixa animado e não respondo, já abro uma videochamadas.

— Alec! Como você está pequeno? — Disse meu irmão mais velho, Adrien.

— Adrien! Eu estou com tanta saudades! E sobre bem ou não... não consigo responder ainda. — Suspirei e levo minha mão esquerda até a boca, em específico, as unhas.

— Alec, precisa se soltar e relaxar um pouco. Procura fazer amizades, você é extremamente legal. — Disse o menino que logo foi interrompido por alguém.

— Olá pirralho, como está se saindo? — Vejo o rosto de Ander invadir o vídeo e acabo sorrindo.

— Estou me saindo muito mal, irmão... papai já até brigou com a mamãe e você sabe o clima estranho que fica. — Suspirei. — Eu estou com muita saudades de vocês.

— Como já está com saudades? Você saiu desta casa hoje ainda. — Ander gargalhou e apenas fiz bico. — Tudo bem, tudo bem... estamos com saudades de você também. Prometo que visitarmos você em breve.

— Você promete mesmo? — Disse mais do que animado

— Prometemos. Temos que ir agora, estamos saindo para a aula. Boa sorte ai pirralho. — Ele sorriu e dessa vez, eu também.

— Até... — Desligo a vídeo chamada e me deito na cama que tinha bastante espaço, não demorando para apagar completamente.

20:43 PM

Acordo com uma luz no rosto e ao olhar através da janela, vejo apenas um breu. Desço as escadas com calma e encontro meus pais conversando juntamente com David que até agora não tinha o aceitado muito bem.
Caminhei com calma e com uma certa manha, até minha mãe e me sento ao seu lado.

— Mãe... estou com fome. — Sussurrei com os olhos fechados e me deito em seu colo.

— Você dormiu durante a tarde toda, não comeu nada no almoço... estava adivinhando que iria acordar faminto. — Ela gargalhou e beijou minha testa. — Fiz uma torta de frango e tem suco na geladeira, vai lá comer um pouco.

Concordei com a cabeça e me afasto da mulher, caminhei até a cozinha e retiro uma fatia generosa da torta de frango que era a especialidade de minha mãe. Pego um pouco de suco na geladeira e me sento no balcão mesmo, começando a comer de forma contente até ver meu padrasto adentrar o cômodo.

— Todas as tortas que sua mãe faz, fica uma delícia, não e verdade? Minha preferida é a de frutas vermelhas. — David diz com um sorriso enorme no rosto, mas continuei calado. — Você não é muito de conversar, certo?

— Eu só não quero conversar. — Me afastei ali do balcão e coloco o prato na pia, caminhando outra vez para a sala onde já encontro meu pai próximo da porta.

— Alexander, vem aqui se despedir do seu pai, já estou indo para casa. — Disse William, meu pai.

— O senhor vai agora? Está muito tarde, fica muito perigoso durante a noite, pai. — Falei realmente preocupado com o homem que me abraça bem apertado.

— Eu vou com cuidado, se cuida amigão... me liga quando precisar e quando não precisar também. — Rimos junto e ele passa pela a porta, me deixando sozinho com minha mãe e padrasto que ainda se encontra na cozinha.

Observei o carro do meu pai se afastando cada vez mais até desaparecer e suspiro sentindo minha mãe me abraçar. Escondo meu rosto em seu corpo e apesar de sentir saudades do meu pai que partiu, estava com tanta saudades do cheiro de minha mãe. Cheiro de roupa bem lavada e hidratante de frutas.
Me afastei do abraço e sinto sua destra sobre meus fios que estavam um pouco bagunçados.

— Tente dormir outra vez, amanhã chamo você para a escola. — Concordei com a cabeça e volto ao meu quarto, me deitando outra vez entre aqueles cobertores quentinho e apago outra vez.

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