07. não toca no nome dele!
Oii espero que gostem do capítulo de hoje! boa leitura a todos ♡︎
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JungKook
— A aula deu certo? — Olho por cima do ombro e vejo Lalisa entrar, ela pega uma cadeira sentando ao meu lado.
— Não poderia ter sido melhor! — Ironizo e ela sorri, coçando a nuca.
— Dê um desconto pra ele, o garoto tem um trauma.
— Todo mundo tem um trauma, Manobam. Se fosse assim ninguém se levantaria da cama pra nada.
— Mas o dele ainda é recente.
— E você acha que ele vai ter tempo? — Digo a encarando com certa frustração. — O cara tá solto! Ninguém sabe o paradeiro do maluco. E se ele aparece hoje e tenta alguma coisa?
— Nós estaremos aqui.
— E se nós não formos o suficiente?
Seu semblante muda. Franze o cenho demonstrando estranheza e sinto meu coração apertar com tal pensamento.
— Você se importa tanto assim?
Meu rosto esquenta e desvio o olhar, voltando a limpar a arma.
— Claro que não. — Digo dando de ombros, tentando parecer sincero. — É só que... Bem, todos deveríamos ter a chance de aprender a nos defender, não?
— Claro, tenente... Com toda razão.
— Pois sim. — Continuo limpando o cano luminoso, tentando ao máximo não encara-lo.
Esconder a verdade de Jimin era fácil, ele me odiava o suficiente para não perceber o que estava acontecendo, mas Lalisa... Me conhece a tempo demais para saber exatamente o que sinto somente olhando em meus olhos.
— Espera, essa é arma que o deu para usar? — Aponta para o objeto em minhas mãos.
— Sim.
Ela toca minha coxa e a encaro, estranhando.
— Essa é a arma? — Arqueia uma sobrancelha, alternando o olhar entre a pistola e eu.
— Sim ué, por quê?
— JungKook...
— Tenente Manobam!
— Ah corta essa, te conheço desde pirralho, porra.
Bufo, guardando a pistola na caixa e jogo o pano branco sobre a mesa.
— O que tem essa ser a arma?
— Você sabe o que tem! — Se aproxima mais, observando afim de ter certeza que não havia ninguém ao redor. — Não vejo essa a dez anos.
— Pois viu agora. Não faça alarde disso, não tem nada demais.
— Nada demais? — Sorri sugestivamente e se encosta na cadeira. — Nem Jaemin viu essa...
Empurro sua mão, tirando-a de minha perna e puxo seu colarinho, fechando meus dedos ao redor de sua garganta.
— Não toca no nome dele! — Digo entredentes e ela levanta uma das mãos em sinal de rendição enquanto bate com a outra em meu braço, pedindo trégua.
— Desculpa! — Diz com certa dificuldade. A encaro, ódio ainda correndo em minhas veias. — Me desculpa!
Solto seu pescoço e me levanto, derrubando a cadeira no chão. Pego a caixa de madeira e saio dali sem olhar para trás.
— JungKook, não fique assim. Não falei por mal!
— Volte ao trabalho, Lalisa! — Grito com a voz dura.
Passo pela porta do celeiro e vou até a área de ensaio. Organizo as garrafas no local, deixando a caixa de madeira sob a mesa e me dirijo a casa. Entro na sala, vasculhando o local e nem sinal dele.
— Jimin? — Grito seu nome, vasculhando nos outros cômodos.
Nada na cozinha também. Subo as escadas sem pressa, bato na porta de seu quarto e quando não obtenho resposta, entro no cômodo.
Jimin não estava na cama.
Vou até o banheiro constatando que estava vazio e uma onda de desespero toma conta de mim.
— Jimin! — Chamo seu nome voltando ao corredor. Entro em meu quarto rápido como um tiro. — Jimin ! — Ele também não estava ali.
Corro pelo corredor conferindo as portas, todas trancadas. Saio da casa, praticamente voando.
— Taehyung, Chanyeol ! — Chamo os dois que tomavam conta da vigia da frente. — Vocês viram o Jimin ?
— Quem?
— O Daiki ! Viram ou não?
— Não. — Respondem em uníssono.
— Ele não tá na casa. Passem a informação e comecem uma varredura pelo terreno. Agora!
Eles me obedecem na hora. Chanyeol anuncia no rádio a informação e logo todos tomam suas posições. Os agentes que vigiavam a cerca e a única entrada e saída da fazenda entram em posição. Os que estavam perto do celeiro começam a vasculhar a área ao redor. Bato a mão na perna buscando minha arma e só então percebo que estou sem o coldre. Meu coração acelera e minha mente voa para um lugar que não vai a anos.
— Jaemin?
— JungKook! — Ouço sua voz vindo dos fundos do galpão. Empunho minha arma, correndo a plenos pulmões. — JungKook! — As batidas de meu coração pulsando em meus ouvidos. Meu corpo inteiro doía. Chego até o local mas não havia sinal de nada. — JungKook! — Continuo correndo passando pela pequena porta que dava para floresta. Voo pelo caminho estreito desviando das árvores e sinto os galhos arranharem meu rosto. Lagrimas já rolavam por ele sem permissão alguma.
Vejo uma silhueta e disparo. O homem tropeça, caindo e ele vai ao chão junto dele.
— Para bem aí! — Grito, me aproximando e ele tenta se levantar. Dou mais um disparo, dessa vez na outra perna. Ele grita e se senta com ele preso em seu mata leão, a outra mão segurando a pistola. — Solta ele e ninguém se machuca. — Vejo suas pernas ensanguentadas. Sua feição se retorcendo em agonia. — Faz o que to falando!
Ele ri da forma mais macabra possível.
— Jeon... — Ele sussurra meu nome aos prantos, sufocando. As mão segurando o braço do desgraçado.
— Solta ele!
— Nunca me pegarão vivo! — Ele diz e então ouço o som do disparo.
Meu olhos se tornam vermelho sangue e descarrego o pente enquanto grito, exalando toda a dor que sentia.
Recobro a consciência e volto em disparada até meu quarto. Pulo na cama pegando a arma que estava repousada em cima da mesa de cabeceira e saio para o corredor novamente. Quando estava pronto para descer as escadas, ouço um baque surdo no porão. Olho para cima, esperando outro sinal de qualquer coisa que fosse. Anuncio no rádio, chamando por reforços e dois solados entram na casa. Faço sinal para eles, indicando que iria na frente e eles concordam e me seguem.
Vou até a gaveta secreta que ficava no teto, guardando a escada que dava para o porão. Puxo a corda descendo a escadinha de madeira e subo degrau por degrau, fazendo o máximo de silêncio possível. Coloco a cabeça dentro do cômodo, com a arma empunhada e entro. Taehyung vem logo atrás de mim. Haviam caixas enormes espalhadas pelo lugar, móveis cobertos com lençóis e teias de aranha. O cômodo era úmido, escuro e gelado, exatamente da forma como me lembrava. Ouço outro ruído a esquerda e aponto a arma, indo em direção ao som. Pé por pé, com todo cuidado, controlando minha respiração e até mesmo as batidas do meu coração. Faço um sinal com os dedos para o soldado atrás de mim e ele se coloca ao meu lado, já pronto para atirar. O som de algo tilintando fica mais nítido. Me aproximo aos poucos, tentando não imaginar o que poderia estar ali. Usar a emoção nesse momento não era melhor coisa a se fazer. Quando sinto que já estou perto o suficiente, aponto a arma e Kim faz o mesmo.
— FBI, mãos ao alto! — Grito e então Jimin me encara. Ele se assusta com a arma e deixa os objetos em suas mãos caírem no chão.
— Não atira, sou eu! — Coloca as mão para cima e fecha os olhos.
Exalo o ar preso em meus pulmões, completamente tenso e abaixo a arma. Taehyung bufa, tão irritado quanto eu e então anuncia no rádio.
— Encontramos, está no porão. Tudo certo!
Ouço o burburinho do lado de fora da casa e então, ele sai do cômodo nos deixando a sós.
— Que caralho você tá fazendo aqui? — Grito com raiva, guardando a arma no coldre.
Ele abre os olhos e me encara.
— Eu só estava... — Seus olhos se estreitam e cerra os punhos. — Você apontou uma arma na minha cara!
— Você sumiu e eu ouvi um barulho suspeito!
— O barulho suspeito sou eu, idiota!
— E eu tinha como saber, imbecil?
— Você é louco!
— E você é um garotinho mimado, sem noção e chato! — Berro em seus ouvidos, mal percebendo que estávamos com os rostos colados.
Era incrível como não conseguíamos nos manter longe um do outro, mesmo em meio a uma discussão. Como se nossos corpos precisassem ficar perto um do outro. Sua respiração ofegante batia contra a minha, misturando nossos hálitos. O dele cheirava a baunilha. Encaro sua boca que se retraía e uma linha fina. Ele estava furiosa.
— Que porra quer aqui?
— Nada. — Me empurra, mas mal me mexo no lugar. Passa por mim, indo em direção a escada e eu seguro seu braço. — Me solta !
— Cala boca! — Grito de volta e ele estremece. Me encara de perto, seus olhos nos meus demonstrando todo o receio que sentia e também... Não sei dizer qual foi o sentimento que passou por ali, mas fez seus olhos brilharem. — Você vai me dizer agora o que queria aqui.
— Eu não queria nada! Só imaginei que talvez tivesse um porão aqui e vim atrás.
— E o barulho? Por que está fuçando em coisas que não são suas?
— Não são de ninguém.
— Responde! — Grito novamente, fechando minha mão em seu braço. Ele fecha os olhos e então volta a me encarar.
— Eu vi uma máquina de escrever. — Diz, a voz quebrando um pouco como se estivesse... Triste. — Eu só queria escrever, só isso. — Baixa a cabeça e eu solto seu braço. O encaro um tanto confuso.
— Você não tem caneta? Um lápis, sei lá.
—Tenho. — Ajeita a roupa no corpo ainda encarando o chão. — Eu só... Não sei o que me deu.
— Você só o que? — Pergunto e ele sacode a cabeça, se virando em direção a escada novamente. — Ei! — Seguro sua mão e sinto sua pele quente e macia. — Você só o que? — Minha voz se suaviza sem querer e ele funga.
— Eu sou escritor! E apaixonado por esse tipo de maquinário antigo. Só quis sentir novamente a sensação de tocar as teclas e deixar... — Respira fundo e me encara. Seus olhos brilhavam devido as lágrimas acumuladas. — Deixar que alguma história ou coisa do tipo fluísse. Eu só queria me sentir menos sozinho.
Sua palavras me atingem como um tiro.
— Sozinho? Está cheio de gente aqui.
— Você sabe o que quis dizer. Me desculpa. Não queria mexer nas coisas, foi errado e reconheço isso. — Se vira novamente e vai até a escada. —Não vai mais acontecer. — Desce os degraus sumindo de minha vista.
Vou até onde ele estava a poucos minutos atrás e encaro a máquina de escrever.
Passo os dedos sob as teclas sem tocá-las e meu coração se aperta. Fecho os olhos inalando fundo, relembrando a forma como me olhava.
[...]
Bato na porta de seu quarto e ele murmura algo do outro lado. Não entendo bem e decido entrar mesmo assim. Ajeito tudo sobre a poltrona no canto do quarto e me sento em sua cama.
— Ei. — Toco seu pé por baixo da coberta e ele me encara. Seus olhos estavam úmidos e inchados, demonstrando o quanto havia chorado. Me sinto mal ao ter aquela visão. Respiro fundo tomando coragem, sentindo meu coração se apertar ao vê-lo daquela forma. — O que quis dizer com aquilo? Sobre se sentir sozinho?
Ele senta na cama, fungando e limpando o rosto com a manga de seu moletom. A tarde estava fria devido ao início do inverno.
— Eu sei que não estou exatamente sozinho, mas é assim que me sinto. — Ele respira fundo. — Eu não conheço nenhum de vocês. Seus amigos são cruéis e pervertidos e você... — Ri em deboche. — Você não é exatamente o tipo de pessoa que eu gostaria de ter por perto. — Não sei porque, mas me ofendo com aquilo. — A escrita sempre foi algo que me fez sentir acolhido. É como se meus personagens fossem minha segunda família. Ficar todo esse tempo sem escrever nada fez com que o sentimento de solidão crescesse e... Quando achei a máquina, me senti bem de novo. Pude entrar em meu mundinho particular novamente. — Esboça um sorriso que logo morre.
— Entendo. — É tudo o que consigo dizer. — Bem, não posso prometer que me transformarei em seu melhor amigo e faremos festas do pijama e trancinhas no cabelo um do outro, mas... Se isso faz com que se sinta melhor aqui, então tenho uma proposta.
Ele me encara, totalmente descrente.
— Qual?
— Você me deixa te ensinar auto defesa e em troca... — Me levanto da cama, indo até a poltrona e coloco o trambolho pesado sobre o colchão. — Você pode usar esse treco o quanto quiser.
E lá está ele. Aquele sorriso tão lindo surge novamente, me encantando como sempre. Ele me encara e então seu cenho se franze.
— Por que está fazendo isso?
— Porque você precisa aprender virar gente. E todo mundo merece uma recompensa ou qualquer coisa assim. O negocio é; vai me deixar te ensinar? Em troca pode inventar quantos familiares quiser. Mas só se aceitar a proposta. — Digo firme, afim de que saiba que era pegar ou largar. Ele parece pensar por um instante.
— Certo. Mas não pegarei em armas.
— Nada feito então. — Me abaixo afim de pegar a máquina novamente e ele se atira em cima do objeto, segurando minhas mãos.
— Não! — Sinto seu toque delicado e meu corpo se arrepiar. — Está certo, eu aceito a proposta.
— Ótimo! — Endireito a postura, saindo de seu toque e pigarreio. — Então vamos.
— Agora?
— Sim! Quanto antes melhor. — Digo já saindo do quarto e desço até a sala.
Passo pela porta e ando rapidamente pelo o extenso campo em direção a mesa de ensaios. Abro a caixa de madeira entalhada, afim de conferir que ainda estava ali e a fecho novamente. Olho para trás e Jimin se aproxima.
— Vá até a mesa e pegue a arma.
Jimin me encara confuso, mas segue meus comandos. Ele para em frente a mesa, observando tudo e então passa a ponta dos dedos sobre o entalhe da caixa.
— J.M Quem era?
— Pegue a arma. — Ignoro sua pergunta e ele faz uma careta. Espero que se vire novamente para sorrir de sua gracinha. Ele segura a pistola pesada, mas controla o braço da forma como eu havia ensinado. — Agora vem aqui. — Anda até mim, parando a minha frente. Segurando em seus ombros a viro para a mesa, coloco os fones e os óculos de proteção e levanto sua mão que segurava a arma. — Do jeito que te ensinei. — Digo baixinho, observando os pelos de sua nuca se eriçarem novamente. Não sei porque mas adorava ver a forma como seu corpo reagia a mim.
— Isso. Segura firme. Agora, coloca o pé direito um pouco mais para trás, e endureça o ombro. — Ele o faz exatamente como mando. — Atira! — Sussurro em seu ouvido e a ouço suspirar, tremendo levemente a mão. Ele aperta o gatilho e seu corpo se choca contra o meu. Permaneço imóvel, já sabendo que aquilo aconteceria e seguro firme sua cintura o fazendo resfolegar. O tiro sai lindamente, passando de raspão entre as garrafas três e quatro. — Muito bem. — Digo tirando minhas mão de seu corpo e ele se equilibra novamente. — De novo.
Jimin me encara confuso enquanto dou dez passos atrás, o observando.
— Não vai me ajudar?
Arqueio uma sobrancelha.
— Quer ajuda ou ficar caladinho em mim de novo?
— Idiota.
Prendo o sorriso que ameaçou sair e continuo em meu lugar.
— Prepara. — Ele assume a postura novamente. Haviam várias falhas, mas teria de aprender sozinho. — Aponta. — Fecha um dos olhos mirando na terceira garrafa. Murmuro baixinho para mim mesmo já sabendo o que viria a seguir. — Atira! — Digo alto e firme e ele aperta o gatilho. O coice da arma faz seu ombro saltar para trás. Ele se desequilibra um pouco quase deixando a arma cair. A garrafa continua intacta.
— Tudo errado. — Resmungo me aproximando dele novamente. Ele geme baixinho tocando o ombro.
— O que eu fiz de errado dessa vez? — Diz raivoso e eu me seguro para não gargalhar de sua birrinha.
— Primeiro de tudo, nunca relaxe o ombro. — Seguro em seu braço e dou um impulso colocando o osso no lugar. Um estalo e um grito. Já perdi as contas de quantas vezes já fiz isso.
— Isso dói!
— Quando casar, sara. — Ele revira os olhos e eu continuo. — Segundo, sua postura corporal. — Paro atrás dele novamente e o seguro pela cintura, a posicionando do jeito certo. Minhas mãos apertavam forte seu quadril e ele encolhe a barriga, suspirando. — Pernas fincadas no chão, como as raízes de um carvalho. — Separo suas pernas com as minhas, usando meus pés para posicionar os seus. Espalmo suas costas o deixando ereto e ele morde levemente o lábio inferior.
— A cabeça nunca deve pender para os lados, sempre reta! — Seguro sua nuca e sinto sua pele quente se arrepiar ao meu toque frio, sem querer, permito meus dedos lhe fazerem um leve carinho. — E por fim, nunca... — Me aproximo de seu ouvido dizendo cada palavra dolorosamente devagar. — Nunca feche os olhos. — Mordo a ponta do lóbulo de sua orelha no final da frase e ele me da uma cotovelada. Engasgo levemente com o golpe em minha barriga.
— Nunca mais faça isso! — Diz apontando a arma para mim. Sorrio de sua raiva.
— Se quiser usar isso contra mim, ao menos aprenda a fazer direito. — Seu rosto cora, provavelmente de raiva e volta a posição de antes. — Faça direito! — Grito e ele se irrita ainda mais. Seus olhos me fuzilam e eu acho uma gracinha. Endireita os pés, gira o ombro afim de conseguir melhor estabilidade e mantém os dois olhos abertos dessa vez. — Atira! — Mais um estouro. Mais uma bala jogada fora. — Atira igual homem, porra.
— Vai se foder! — Grita, repetindo a posição. Aperta o gatilho novamente e dessa vez suas mãos voam para cima com o impulso.
— Fraco.
— Cala a boca! — Ajeita os pés. Endurece os ombros. Olhos abertos, cabeça ereta.
— Atira! — A garrafa dança, o vidro permanece intacto. — Acho que você não quer escrever tanto assim...
— Se eu pudesse dar só um tiro na sua cabeça...
— Quem sabe na próxima vida. — Ele grita, atirando mais uma vez. A bala acerta a boca da garrafa. — Você tem só mais uma bala.
— Jura? — Ironiza, engolindo seco. Sua mãos já estavam trêmula, mal aguentando o peso do objeto.
— Façamos assim, se acertar esse, ganhará a máquina... — Digo sério.
— Isso eu já sei. Por isso tô tentando!
— Então consiga!
— É difícil.
— Ok. Se errar terá que me dar um beijo!
Ele se vira para mim. Ódio queimando em brasas em seus olhos.
— O que?
— Isso mesmo. — Pisco um olho para ele e sua feição se transforma, formando uma careta de nojo. Não me deixo abalar. — Vou cobrar e se não pagar a divida, ela dobrará.
— Quem é você, um agiota?
— Prefiro cafetão.
— Você é nojento. — Apesar de sua fala, ele sorri.
— E você parece um pato.
— Eu te odeio.
— Eu te odeio mais! — Grito ainda mais alto que ele e então, vejo o garoto frágil e amedrontado se transformar por completo.
Sua postura muda instantaneamente. Suas pernas eretas e firmes, as costas retas, os braços esticados e posicionados, as mãos segurando o cano da arma com força e então o impossível acontece. O tiro é perfeitamente executado, acertando em cheio o pescoço da garrafa. Ainda não era o melhor resultado, mas sabia que era uma questão de tempo até que aprendesse. Talvez o segredo fosse irritá-lo, deixá-lo nervoso a ponto de querer aprender fazer certo, mesmo que para se vingar.
— Pronto. — Ele diz, jogando a arma na caixa. — Posso escrever agora?
Seguro a pistola com cuidado, encaixando na espuma estofada e fecho a caixa.
— Escrever? Você não acertou.
— Acertei sim! Olha a garrafa. — Diz, apontando para o vidro parcialmente atingido.
— Você acertou a boca dela, o resto continua intacto. Quero meu beijo.
— Se liga, idiota!
— Ei! Não pode quebrar uma aposta.
— Eu não apostei nada.
— Jimin...
— Eu nunca vou te beijar. — Diz com certa arrogância e sinto algo em mim murchar.
— Vai sim, é só questão de tempo.
— A máquina! — Corta o assunto, dando-o por encerrado. — Posso?
— Sim, está dispensado. — Digo com um aceno de mão.
Ele revira os olhos e sai em direção a casa, batendo seus lindos pezinhos no chão. Me divirto com a ceninha, colocando a caixa embaixo do braço, fazendo um leve carinho. Saio dali indo em direção ao celeiro e vou até um armário de madeira que ficava nos fundos. Tiro o cordão com a chave dourada do pescoço e destranco o cadeado, guardando a caixa em seu devido lugar.
— Não se preocupe. — Digo fazendo um leve carinho no objeto, não conseguindo conter o sorriso. — Ele vai aprender.
Tranco tudo novamente, voltando com o cordão em meu pescoço e vou até a casa. A noite já começava a cair e eu só queria um belo banho quente e minha cama.
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