01. epílogo

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Seoul - Coreia do Sul, 22:45

JIMIN

PLANTÃO NOTICIÁRIO;

— A polícia de Seoul acaba de encontrar o corpo do ator e roteirista Park Minho. A perícia está no local colhendo provas, tudo indica que o homem de 31 anos foi assassinado friamente. Funcionários da casa não estavam no local no momento do crime e nada foi captado pelo sistema de segurança. A polícia irá passar o caso ao FBI que assumirá a investigação...

Desligo a televisão inspirando fundo o ar e me levanto da poltrona indo em direção cozinha. Minhas mãos ainda tremiam violentamente enquanto aquelas imagens horríveis surgiam como flash em minha mente. Um arrepio macabro corta meu corpo atingindo em cheio minha espinha, quando aquele rosto reluz em minha memória, me dando a certeza que ainda teria pesadelos horrendos com aquela cena.

Mansão de Park Minho,
duas horas atrás:

— Tem certeza de que não quer ir comigo? — Ele pergunta, colocando a última peça de roupa na mala.

— Tenho, Minho. Eu não tenho nada a ver com esse mundo de celebridades e com toda certeza só iria te fazer passar vergonha nessa festa.

— Bobagem. — Ele murmura vindo até mim, segurando minhas mãos com delicadeza. — Sabe que se mudar de ideia, basta me ligar, né?

A sobrancelha levantada no final da frase me faz sorrir.

— Sim! — Assinto confirmando minha fala.

— Ótimo! — Ele sorri e então me beija na bochecha.

Minho se afasta com um brilho nos olhos e suspira pesado. Abraço meu corpo o observando ir até a mala e então ele caminha até a porta. O rapaz me estende a mão e caminhamos juntos até a garagem subterrânea que havia na mansão.

Park Minho é meu primo de terceiro grau. Crescemos juntos na fazendo de meu avô, onde morávamos todos juntos. Nossa família sempre fez questão de manter os laços estreitos. Meu avô era um famoso fazendeiro na região e tinha milhares de terras espalhadas pelo estado. Eu nunca fui tão ambicioso quanto meu primo sobre o futuro, fui criado em família tradicional onde aprendemos que mulheres devem primeiro ter conhecimentos sobre a casa e filhos e depois, talvez um dia, poderiam se aventurar a fazer algo da vida.

Minho sempre foi diferente de todos. Desde criança ele sonhava em ser um grande ator de cinema, estar sempre nos holofotes da mídia e acumular diversas riquezas. Foi ele quem me "desvirtuou" dos caminhos que minha mãe tanto demorou a me colocar na cabeça.

Assim que ingressou no teatro local, já logo foi chamado pra uma audição em Seul pra estrear uma peça lá. A família toda foi contra no início, mas ele bateu o pé insistindo e não tiveram como pará-lo. Aos poucos foi ganhando mais visibilidade e quando seu primeiro filme foi lançando, o tendo como ator secundário, vi nos olhos de minha família o brilho flamejante do orgulho. Logo após isso resolvi ter uma conversa definitiva com meus pais sobre meu futuro e, tamanha foi minha surpresa quando meu pai concordou em me deixar vir para a cidade que nunca dorme.

Eu sempre fui apaixonado pela escrita. Ingressei nesse ramo aos 12 anos, quando ainda era somente um passatempo. Conforme fui crescendo, tal arte começou a correr por minhas veias e fui investindo cada vez nisso. Meu primo, que na época ainda morava em um apartamento singelo num bairro mais afastado do centro da cidade, me ofereceu estadia, pra que eu pudesse participar dos concursos de escritores amadores em uma das melhores faculdades do país. Eu me achava um tanto velho demais pra poder me matricular, no auge de meus 18 anos, tendo em vista que a maioria dos participantes eram mais novos que eu, mas ainda assim queria tentar.

Acabei ficando em quarto lugar, o que me deixou um pouco triste no inicio, mas meu primo não desistiu e disse que me ajudaria. Tentando me motivar ainda mais, mexeu seus pauzinhos me apresentando para alguns de seus contatos em uma universidade comunitária  e em pouco tempo ingressei nos estudos. Depois de dois anos, quando acabei o curso, consegui arrumar um emprego em uma biblioteca aonde conseguia ler e praticar mais minha escrita. Uns dos amigos de meu primo, que também trabalhava no teatro, me ofereceu um estágio como seu assistente e eu aceitei de cara. O ajudava corrigindo textos, escrevendo peças e até mesmo da direção. Eu amava aquele mundo e acabei descobrindo outra paixão, a atuação.

— Você já vai? — Ele me pergunta quando entramos novamente no quarto espaçoso e eu assinto.

— Sim, já tá ficando tarde, é melhor eu ir antes que escureça totalmente.

— Tudo bem. Assim que chegar lá te ligo, ok?

— Ok.

Ele me abraça brevemente e eu giro sob meus tornozelos indo até a saída. Minha visita tinha sido totalmente desproposital. Minho nunca atendia ninguém sem hora marcada, mas quando soube que ele iria viajar pra Boston, afim de começar as gravações de um novo filme que faria, tive que vir me despedir pessoalmente.

Desço as escadas em direção ao hall de entrada e inspiro o ar sentindo o cheiro amadeirado invadir meus pulmões. A casa de Park Minho era extremante deslumbrante. Oh, casa não, mansão! Ele havia feito uma bela aquisição quando optou pelo imóvel localizado na ilha de Seoul. Minho gostava do estilo de vida alto padrão que levava, mas afinal, quem não gostaria?

Vou em direção a cozinha, saindo pela porta que havia ali e levo minha mão até o bolso traseiro da calça, afim de chamar um Uber. Tateio o local e um certo desespero surge em meu interior. Logo me dou conta de que havia esquecido o celular em seu quarto. Dou meia volta, entrando de volta na casa e subo as escadas com calma. Ao chegar ao segundo andar novamente, ouço uma conversa um tanto estranha.

— A culpa não é minha! Eles me escolheram!

— Eu também não tenho culpa. — Me assustei ao ouvir a segunda voz. —  Ele também me escolheu.

Como Minho iria viajar, havia dispensado os funcionários, já que não iria precisar de seus serviços pelo próximo mês. Haviam somente ele e eu na casa.

Dou mais alguns passos na ponta do pé, me encostando na parede e então escorrego sobre a madeira, afim de olhar dentro do quarto.

Minho estava parado, a um metro de distância do outro homem. Ele tinha um olhar de pavor nos olhos e suas mãos estavam levantadas como se estivesse em rendição. O outro homem usava uma roupa toda preta e um boné desenhado na cabeça.

— Por favor, não faça isso!

— Você não me dá ordens. — De repente o homem levanta a mão e eu me assusto com a visão que tenho em seguida.

Ele segurava uma arma preta. Sem pestanejar dois disparos foram ouvidos, deixando um zunido agudo em meus tímpanos. Minho cai no chão em um baque surdo, seu corpo já sem vida. Minha mão vai a boca, afim de impedir o grito de horror que queria sair.

O homem se vira em direção a porta e abaixa a cabeça pegando um lenço branco do bolso de trás da calça. Ele limpa o cano da arma e a mão respingada de sangue. Guarda o tecido no mesmo lugar e ajeita a arma nas costas. Volta com o celular na mão direita e um maço de cigarros e um isqueiro na esquerda. Leva um até a boca e acende, parece discar algo no telefone e então coloca o aparelho na orelha. Me retraio quando ele dá o primeiro passo e corro até o fim do corredor, me escondendo na biblioteca.

Ouço alguns passos na madeira rústica do chão e então tudo é um extremo silêncio. Ofego desesperado, ainda em choque e me assusto com as lágrimas quentes tocando minha mão. Saio do cômodo e volto ao quarto. Ao entrar, o choque me estagna no lugar e o ar me falta aos pulmões.

Minho estava caído no chão. Um buraco atravessava sua testa e outro seu peito. Havia sangue para todo lugar espalhado junto de sua massa cinzenta. Seus olhos estavam abertos assim como sua boca. Me aproximo ajoelhando e toco seu peito. Ele não subia e descia como normalmente fazia, quando ele estava respirando.

Encaro os olhos opacos e um gemido estrangulado sai de minha boca.

Meu primo está morto.

Olho sobre a cama e vejo o celular ali, vou até o aparelho e disco o número de emergência.

911 emergência, qual a sua emergência?

— Houve um assassinato. — Minha voz sai trêmula, doída, falhada. — Meu primo está morto!

Senhor, me diga seu nome e o endereço, por favor.

Meu corpo todo treme. Meu primo continuava ali, petrificado no chão encarando o teto, sem ver nada. Me aproximo dele e fecho seus olhos sentindo a pele se enrijecer.

— Venham rápido, por favor.

Encerro a chamada e saio dali na hora. Corro desenfreado pela escada e só então me dou conta.

O assassino ainda pode estar aqui.

Saquei o celular novamente e ligo para meu amigo. Chama uma, duas vezes, até que sua voz surge do outro lado.

Fala, bebezão.

— Vem me buscar! — Minha voz sai embargada e só então percebi que ainda estava chorando.

Jimin, o que aconteceu? — Ele diz com urgência e tão aterrorizado quanto eu.

— Vem me buscar! Minho... — De repente minha garganta se fecha. Dor lasciva invade meu corpo e sinto meus músculos se reterem.

Meu primo está morto.

Departamento de Polícia de Seoul, 23:23

Entro no lugar sentindo o sangue correr forte por minhas veias. Lágrimas turvam minha visão e um gemido sôfrego está preso em minha garganta. Caminho até a mesa de um dos detetives com certa pressa, urgência. Me sento chamando sua atenção. A recepcionista havia me mandado até aqui. O homem levanta sua cabeça, girando um pouco a cadeira de couro, e então me encara.

Ele é moreno, cabelos lisos muito bem cortados, usa uma blusa com gola rolê e um blazer social preto por cima. Ele retira os óculos e estreita os olhos.

— Posso ajudar?

— Eu vim aqui denunciar um assassinato. — Medo e angústia presas em minhas cordas vocais. Minhas mãos ainda tremulam.

— Qual seu nome, meu jovem?

— Park Jimin.

Ele saca a caneta do bolso direito do blazer e pega uma prancheta, anotando algo em uma folha.

— E quem foi assassinado? —
Pergunta com certo tédio na voz e eu fecho forte os olhos.

A imagem de meu primo estirado no chão não sai de minha cabeça, todo seu sangue espalhado pela madeira, sujando o carpete.

— Park Minho.

As sobrancelhas dele saltam em atenção e ele se inclina sobre a mesa.

— Você era o quê da vítima?

— Primo.

— O que você tem a dizer sobre o crime?

— Tudo. — Inspiro.

Eu vi tudo.

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