Special - Lucas Pt. 02

Lucas estava irritado e puto com Jimin. Eles foram em silêncio até a tal festa surpresa, nenhum dos dois conseguiam olhar para o outro. Lucas ainda carregava uma excitação interrompida, assim como sabia que Jimin sentia o mesmo tipo de frustração, talvez isso que o irritasse ainda mais, saber que mesmo com a realização de que seus sentimentos eram reais, nada além do que aconteceu  no carro voltaria a se repetir. Ele podia sentir seu corpo emanando a desesperança de tudo aquilo.

Quando  chegaram na casa de Lia, Lucas pulou do carro, sem esperar que ele parasse completamente. Ele sentiu a densidade do ar aliviar assim que se distanciou da presença marcante do mais velho, como se finalmente fosse possível respirar adequadamente.

Jimin ia embora, mas não queria deixar as coisas com Lucas daquele jeito, ele amava o moleque afinal e tentaria resolver aquela bagunça, mesmo que pra isso tivesse que se distanciar mais uma vez da sua família.

Ver o carro de V só o convenceu ainda mais a entrar na festa.

Jimin se surpreendeu quando encontrou pessoas muito mais velhas do que ele imaginava ver numa festa de alguém como Lucas. Talvez ele tivesse essa visão de Lucas como uma criança, mas depois da pequena experiência que teve com o garoto em seu carro, ele sabia que essa versão de Lucas criança não faria mais tanto sentido quanto antes.

V estava conversando animadamente com alguns modelos da mesma firma que o patrocinava, mas ele não estava afim de ir lá e fazer um social. O que era estranho, porque Jimin sempre estava animado para fazer isso.

Seus olhos foram automaticamente guiados até o mais novo, que parecia animado e sorridente, como se nada tivesse acontecido.

Merda! O garoto era lindo.

Aqueles olhos negros e brilhantes, os cachos impecáveis e macios, a pele bronzeada, o sorriso de lado.

Era torturante de assistir. Era magnético, todos reagiam à presença de Lucas, ele não era exceção.

Depois de quase uma hora de festa, Jimin já tinha alcançado seu limite de saco cheio enquanto bebia com V em quase nenhum diálogo em frente ao bar improvisado no jardim. Uma comoção se fez presente no meio do salão de vidro colocado em cima da piscina para que tivessem espaço para dançar e uma cadeira foi iluminada com a ajuda dos holofotes externos do lugar.

- Isso vai dar merda. - V disse vendo Lucas, agora pra lá de bêbado se encaminhar para o centro enquanto analisava as pessoas a sua volta.

- Ele não vai… - Jimin apertou o copo de vidro em sua mão, sentindo seu corpo vibrar com o nervosismo.

- Eu acho que vai. - V disse sorrindo de canto.

Jimin não achava a ideia tão odiosa a princípio, era só diversão, era o dia do garoto afinal, mas sua opinião virou completamente dos  avessos ao ver que Lucas escolhia um cara que ele nunca viu antes, bem mais velho que o menor, talvez até mais velho que ele para participar da brincadeira. O sentando na cadeira enquanto mandava a música começar.

- Que porra ele pensa que tá fazendo? - Jimin soltou um grito sussurrado, colocando o copo no balcão do bar com violência enquanto jogava seus cabelos para trás com a ponta dos dedos.

- Jimin, para com o drama. Lucas não é mais uma criança.

A cadeira estava de costas para Jimin, então ele não podia ver a expressão do estranho quando Lucas se aproximou, ameaçando sentar em seu colo, mas Jimin podia muito bem ver a expressão do mais novo e isso era excruciante.

- Se seus pais estivessem aqui…

- Mas eles não estão. Não seja o tio careta, por favor. - V disse entregando outra bebida nas mãos de Jimin, que pegou automático enquanto encarava Lucas no meio da pista de dança.

O menor tinha os cabelos molhados de suor colando em sua testa, um sorriso leve nos lábios cheios e o infeliz sabia rebolar como ninguém. Ele mordeu o lábio inferior e piscou para o cara na cadeira encostando uma mão em seu ombro enquanto mexia os quadris conforme a música.

- Sem contar que eu fazia bem mais que Lapdance na idade dele. - V terminou de dizer com um sorriso torto fazendo Jimin querer arrancar os próprios olhos.

Lucas não sabia de onde tinha criado coragem para fazer aquilo, provavelmente depois de ter visto a cara de choque de Jimin do outro lado da pista.

O cara sentado na cadeira no meio da pista de dança se chamava Kai e era um grande amigo do tio JHope. Ele e seu tio dançaram em alguma companhias de dança juntos depois que saiu do exército.

Lucas saiu com ele algumas vezes, mas nunca passou de beijos quentes, tudo culpa de Jimin.

Ele queria perder a virgindade, já estava mais que pronto pra isso, mas ninguém parecia bom o suficiente, ninguém parecia Jimin o suficiente, então nunca aconteceu.

Talvez hoje Lucas mudasse isso, já que estava decidido a esquecer de vez o mais velho.

Ele se sentiu um pouco mais idiota ao lembrar de tudo que aconteceu no carro entre eles. Jimin era provavelmente hetero, com pena dos sentimentos que ele alimentava em vão.

Jimin sempre foi uma pessoa boa, provavelmente não queria rejeitá-lo para não o machucar, afinal ele pareceu ter tirado suas dúvidas depois do beijo. Viu que estava exagerando, que Lucas não significava nada pra ele afinal. Pelo menos foi o que o menor havia concluído com as atitudes de Jimin depois do beijo.

Lucas se sentia ainda mais apaixonado no entanto.

O que fodia a porra toda.

Seu corpo inclinou voluntariamente na direção de Kai e ele ia se afastar mais uma vez, provocando o mais velho, porém seus olhos caíram em Jimin do outro lado da pista e ele não pôde ficar mais surpreso com sua reação.

Jimin parecia em choque, petrificado.

Lucas sorriu e mordeu a orelha de Kai, rebolando a bunda no começo de ereção do mais velho.

Kai gemeu, segurando firme na cintura de Lucas enquanto pessoas sussurravam, riam e assobiavam em suas direções.

- Isso tá errado. - Jimin disse quase sem ar.

Que merda era aquela que ele tava sentindo?!

- Deixa o garoto se divertir. - V disse alegre enquanto assobiava com a cena ainda mais sexy que Lucas fazia ao se levantar e dançar de costas para Kai que se mexia incomodado na cadeira.

- Ele está quase transando com aquele idiota na frente de todo mundo. - Jimin gritou fazendo V o olhar estranho.

- É só uma dança irmão. - V disse começando a se preocupar com a atitude de Jimin.

Jimin fechou a boca, cruzando os braços enquanto aceitava ser torturado em silêncio por seus próprios pensamentos.

V tinha razão. Era só uma dança e Lucas tinha idade o suficiente para saber o que queria. Ele, mais que ninguém, era prova disso.

Jimin apertou as mãos em punho, lembrando mais uma vez do beijo de Lucas, do gosto da sua boca e da textura da sua pele.

Porra! Que inferno.

A música parou e todos aplaudiram o pequeno show que Lucas havia dado.

- Você quer sair daqui? - Kai perguntou segurando a cintura de Lucas enquanto todos voltavam a dançar ao redor deles.

- E ir pra onde? - Lucas perguntou sorridente.

- Sei lá. Qualquer lugar onde eu possa te beijar assim. - Kai disse selando seus lábios delicadamente na boca do menor.

- Ok. - Lucas sussurrou ainda um pouco indeciso.

Eles foram meio que aos tropeços em direção a casa, acabando no banheiro do andar de cima onde era tudo mais silencioso.

De repente Lucas não tinha mais certeza se queria ser tocado da forma que Kai o tocava.

Ele estava com o corpo completamente apoiado no azulejo do banheiro, seus cílios vibravam conforme Kai investia sua ereção contra seu quadril. Lucas gemeu involuntariamente, mas afastou Kai logo em seguida.

- Tá tudo bem? - Kai perguntou preocupado, se afastando mais ainda do mais novo.

- Sim! Desculpa. - Lucas tentou sorrir.

- Eu fiz algo errado? - Kai estava genuinamente confuso.

- Eu só preciso de um tempo sozinho. Desculpa. - Lucas pediu mais uma vez com aquele sorriso sem graça fixo no rosto.

Kai o encarou pensativo, concordando várias vezes com a cabeça por nenhum motivo específico.

- Não tem porque pedir desculpas. - Kai sorriu carinhoso e se afastou, fechando a porta do banheiro e deixando Lucas sozinho com seus pensamentos como ele havia pedido.

Merda!

Lucas abriu a torneira da pia, deixando a água gelada entrar em contato com seu rosto, em contrapartida, suas mãos quentes faziam o serviço reverso, esquentando sua face conforme a água escorria por seus dedos, fazendo ele precisar repetir o mesmo processo diversas vezes.

- Que merda foi aquela? - Jimin disse aos berros quando entrou no banheiro, trancando a porta logo em seguida.

Lucas bufou audivelmente ao se virar para encarar o mais velho.

- O que quer de  mim Jimin? - Lucas perguntou entediado.

Jimin se remexeu incomodado, olhando a frieza que a desesperança colocava nos olhos negros do mais novo.

Era isso que ele queria não era?! Que o menor recuasse ?! Mas, então porque incomodava tanto pensar que Lucas estava desistindo deles.

- Por que fez aquilo na pista de dança ? - Jimin perguntou quase choramingando, o que chamou a atenção de Lucas.

- Por que isso é da sua conta?

- Lucas…

- Não. Quer saber? Eu não quero ouvir. - Lucas secou o rosto e atravessou o banheiro em direção a saída, sendo interrompido pelo braço estendido de Jimin.

Ele suspirou pesado ao sentir o braço quente de Jimin sobre seu corpo.

- Desculpa. - Jimin pediu encostando a mão no pescoço do mais novo e apertando numa espécie de massagem acolhedora.

Lucas precisou puxar o ar para os pulmões para que não gemesse com a sensação de Jimin o tocando daquela forma.

- Me Desculpa? - Jimin pediu sussurrando próximo do seu ouvido.

Porra! Sacanagem.

- Pelo que ? - Lucas perguntou com a voz rouca, engolindo em seco, assim que levantou o rosto para encontrar o olhar impassível de Jimin.

A tensão entre os dois era tão palpável, que Lucas sentiu o peso fisicamente o atrair para o mais velho enquanto ambos resistiam a tal força invisível.

- Por tudo. - Jimin se afastou de Lucas, fazendo menor lamentar com um bico nos lábios.

Jimin puxou os cabelos para trás, encostando o corpo no azulejo gelado da parede onde Lucas estava há poucos minutos.

- Você sabe. Me desculpa por isso. Por causar no seu aniversário, pelo que aconteceu no carro, por tudo.

Lucas o encarou sem nenhuma expressão, uma mania que ele pegou do seu pai Suga através da extensa convivência.

- Você tá me dizendo que se arrepende do nosso beijo? - As mãos de Lucas tremiam, ele estava com raiva e mais uma vez frustrado.

Ele não podia acreditar no que ouvia.

- Sim. - Jimin sussurrou engasgado, como se temesse a própria resposta ou duvidasse dela.

Lucas se aproximou, prensando o mais velho ainda mais na parede enquanto apertava forte sua cintura e se encaixava entre suas pernas.

- Então… Você não gostou? - Lucas sussurrou a pergunta no ouvido de Jimin, aproveitando para encostar de leve seus lábios no pescoço quente do maior, descendo até sua clavícula e depois esfregando seu nariz ali, como que para absorver o cheiro de Jimin.

Ele estava cansado de resistir, de esperar Jimin tomar atitude. Talvez fosse o álcool, mas era mais provavelmente só o cansaço acumulado ao longo dos anos de esperança silenciosa.

- Para. - Jimin choramingou um pedido fraco enquanto apertava o quadril de Lucas a ponto de deixar futuras marcas.

- Você quer, então por que eu deveria parar? - Lucas perguntou mordendo o pescoço de Jimin para depois passar a língua, na intenção de aliviar a pequena dor que seus dentes causaram.

- Isso é tão errado. - Jimin disse suspirando um gemido quando Lucas passou a chupar sua pele sensível.

- Você tem um gosto tão bom Hyung. - Lucas disse ao se afastar para logo em seguida capturar os lábios cheios de Jimin com seus dentes.

- Não. - Jimin disse aleatório, correspondendo o beijo quente de Lucas.

- Não. - Ele falou dessa vez mais convincente, empurrando Lucas com toda sua força.

Lucas precisou de alguns segundos para entender a rejeição, passando a mão no rosto na tentativa de conter o grito que ameaçava sair da sua garganta.

- Que porra Jimin? Você quer. - Lucas disse indignado. - Então por que fingir o contrário?

- Não me chama assim. - Jimin pediu irritado enquanto passava mais uma vez os dedos entre suas mechas lisas.

- É a porra do seu nome, não é?! - Lucas mordeu o lábio inferior apertando sua ereção por cima da calça jeans.

Jimin o deixava louco.

Jimin arregalou os olhos ao ver a cena de Lucas tão excitado na sua frente. Ele tossiu sem graça, trocando o peso dos pés enquanto engasgava em tentativas falhas de formação de palavras.

Normalmente Jimin era a perversão em pessoa, algo em Lucas o deixava desconcertado, como nunca ninguém conseguiu deixar antes.

- Isso tá errado Lu. - ele finalmente disse, afinando a voz no final da sentença.

- O que tá errado? - Lucas perguntou voltando a se aproximar do mais velho.

Ele tava no seu instinto “foda-se” a esse ponto, justamente por saber que Jimin fugiria novamente depois dessa noite. Iria embora e só voltaria anos depois. Se voltasse.

- Essa porra toda tá errada. - Jimin resmungou vacilante enquanto se sentia esmagado pela presença cada vez mais próxima do mais novo.

- Isso é errado? - Lucas perguntou chupando o lábio inferior de Jimin com força.

Sua boca ficaria muito inchada depois disso e Lucas não conseguia parar de imaginar aqueles lábios enormes e vermelhos ao redor do seu pau.

Esse era o negócio. Apesar de Lucas nunca ter tido algo com Jimin, ele o imaginava tanto em suas noites solitárias e em todas as vezes que se masturbava, que aquilo tudo acabava sendo familiar de um jeito esquisito. Agora que ele conhecia o beijo de Jimin, é como se aquilo jamais tivesse sido um fato desconhecido para ele antes.

Jimin gemeu dentro da boca do menor, finalmente reagindo ao beijo enquanto voltava agarrar sua cintura pequena e fina.  

- É errado a forma que eu te toco Jimin? - Lucas perguntou arranhando o abdômen de Jimin por cima do tecido fino da sua camisa.

- Lu. Por favor. - Jimin pediu encostando sua testa no ombro do mais novo.

Jimin podia, tanto estar pedindo para que Lucas continuasse, quanto que parasse, a esse ponto.

- É errado quando eu desejo sentir seu pau na minha boca? - Lucas perguntou abrindo o zíper da calça do mais velho.

Jimin gemeu rouco mordendo o pescoço de Lucas quando sentiu a mão do menor tocar sua ereção por cima da sua boxer. E porra! Ele tava tão duro que chegava a ser vergonhoso.

Lucas sentiu suas pernas tremerem em resposta aos seus dedos alisando a glande que molhava o tecido com pré gozo.

Jimin não disse mais nada, então ele aproveitou para colocar sua mão dentro da boxer de Jimin, gemendo alto quando sentiu a ereção do mais velho em suas mãos. Jimin era tão sensível, sua pele era tão sedosa e delicada, as veias entre seu membro excitado pulsava nos dedos do menor.

A outra mão de Lucas apertava o pescoço de Jimin com firmeza, o deixando mole e instável.

Lucas massageou as bolas do mais velho e passou a excitá-lo com os movimentos de vai e vem, usando o pré gozo como lubrificante.

- Eu tô fazendo certo Jimin. Eu aprendi direitinho? - Lucas perguntou de um jeito infantil e inocente, algo que deveria ter feito quando o incidente com a banana aconteceu.

Jimin choramingou algo ininteligível no meio dos seus gemidos dolorosos.

Lucas puxou Jimin pelos cabelos na intenção de beijá-lo, mas não conseguia tirar os olhos da sua mão o masturbando da forma que ele sonhou por todos aqueles anos fazer.

Ele se assustou quando Jimin gozou silenciosamente em sua mão. O deixando maravilhado com o que tinha acabado de fazer.

Ele deu prazer para Jimin pela primeira vez.

Lucas olhou para cima com o começo de um sorriso no rosto, que foi desmanchado assim que viu a expressão do mais velho.

Jimin tinha grossas lágrimas escorrendo por suas bochechas vermelhas, seus olhos torturados lhe encaravam com vergonha e seu corpo inteiro tremia instável.

- Jimin Hyung? - Lucas o chamou aturdido, limpando sua mão suja de porra de forma desajeitada pela sua blusa.

Jimin soltou um gemido amargurado junto com um soluço.

- Eu sinto muito. - Jimin disse limpando o nariz com as costas da mão. - Eu sinto tanto. - Ele finalmente perdeu as forças que tinha, sentando de qualquer jeito no chão assim que fechou sua calça.

- Eu…porra. - Lucas puxou os cabelos em desespero.

Ele não perguntou.

Não perguntou se podia fazer aquilo.

Ele sentia como se tivesse abusado de Jimin ou algo assim.

Porra! Ele se sentia um lixo.

- Eu…Você...você não queria? Eu te machuquei? - Lucas suspirou pesado com a realização do que tinha feito enquanto Jimin voltava a sua atenção de maneira confusa para o mais novo.

- Porra! Eu...eu sinto muito. - Lucas sentiu suas lágrimas descerem imitando as de Jimin.

Ele tava tão preso nas suas próprias vontades que não parou para pensar nas de Jimin.

Afinal, o mais velho estava falando “não” desde o começo, não estava?!

Lucas balançou a cabeça confuso, saindo envergonhado e às pressas do banheiro, sem saber exatamente pra onde ia. Seus pés tropeçavam entre si e sua visão estava turva pelas lágrimas.

Ele atravessou a festa de forma nublada e inconsciente, até perceber que uma das várias pessoas pela qual ele havia trombado no caminho o agarrava firme, o sacolejando de leve para que ele voltasse a si.

- Lucas. Você está bem? - V perguntou sacolejando o mais novo mais uma vez.

- Tio V? - Lucas perguntou quase sem voz, enrugando a testa confuso.

- O que houve? - V perguntou focado nas lágrimas do menor depois de procurar o motivo da sua aflição pela escada de onde Lucas tinha vindo.

- Me leva pra casa. Por favor. - Lucas pediu formando um bico com seus lábios molhados de lágrimas antes de abraçar V com força e desespero.


Lucas rolava na cama, sentindo seu corpo flutuar conforme a mente martelava a cena de Jimin balançando os ombros de tanto chorar no chão do banheiro da casa de Lia.

Ele o deixou lá, daquele jeito, como se já não tivesse feito estrago o suficiente.

Mas o que ele devia fazer?! Jimin não devia o querer por perto depois do que ele havia feito.

Ele passou cada mísero detalhe da noite em sua cabeça, milhões de vezes.

Sentindo seu corpo convulsionar a cada “Não" e “ Isso é errado” que ele lembrava de ter saído da boca do mais velho.

- Eu sou tão merda. - Lucas resmungou enfiando o rosto no travesseiro na tentativa vã de abafar seus pensamentos.

Ele estava prestes a repassar seu pior pesadelo pela milésima vez na cabeça quando um barulho de porta abrindo chamou a sua atenção.

- Jimin? - Lucas sussurrou confuso enquanto sentava ereto na cama.

Seu motivo para futuros pesadelos entrou no quarto com o rosto determinado e bem mais confiante.

- Olha… - Lucas ia começar a falar, mas Jimin tapou sua boca com uma mão, sentando no colo do mais novo agora em choque.

- Acho que você entendeu tudo errado pequeno. - Jimin disse acariciando a mandíbula de Lucas com a mão livre.

Lucas sentiu, antes do pensamento se quer formar em sua mente.

Jimin o olhava diferente. Com desejo,  pela primeira vez. O mais velho o via de forma diferente agora, era perceptível em cada detalhe exposto em seu rosto.

Era ridículo a essa altura, mas as bochechas de Lucas se coloriram a medida que ele notava o olhar predatório de Jimin vacilar dos seus olhos para sua boca.

- Eu estava lutando contra meus próprios sentimentos antes, mas depois que me fez gozar daquela forma, é como se não pudesse segurar o que eu sinto, como uma válvula quebrada e isso me assustou.

- O que você sente agora? - Lucas perguntou assim que sua boca se fez livre das mãos de Jimin.

- Eu queria poder voltar atrás e dizer que não sinto nada, mas não consigo tirar a visão do seu pau na minha boca. - Jimin disse sorrindo torto para o olhar de choque que Lucas dava pra ele.

Lucas suspirou com Jimin que agora rebolava sua bunda em sua virilha. Sua cabeça chocou contra a cabeceira da cama e suas mãos apertaram o quadril do mais velho.

- Você tem certeza? - Lucas resolveu perguntar dessa vez, impedindo que Jimin se aproximasse para beijá-lo.

- Só se você tiver. - Jimin disse com um sorriso carinhoso no rosto.

Lucas suspirou com a cena, se achando a pessoa mais sortuda do mundo, por ter Park Jimin no seu colo, mas o momento de reflexão não durou muito porque Jimin o beijava de um jeito tão quente agora que era impossível formar qualquer linha de raciocínio.

Ele desceu suas mãos até a bunda de Jimin e a apertou, ouvindo o mais velho gemer deliciado em sua boca.

Jimin se afastou com relutância do mais novo, levantando da cama para tirar sua roupa.

Tudo que Lucas podia fazer era assistir.

Jimin tinha um corpo incrível e mais uma vez, Lucas temia conhecer cada milímetro dele.

Seus olhos nublaram conforme Jimin se aproximava dele para tirar suas roupas também.

Ele se sentia tão quente e deliciosamente ansioso.

- Eu não quero ser uma total decepção pra você, então não me deixa nervoso com esse sorriso. - Jimin disse um pouco sem graça enquanto livrava os lábios de Lucas de suas mordidas tensas.

- Eu… eu nunca fiz isso antes. - Lucas gaguejou ainda mais sem graça.

Jimin tentou não arregalar os olhos em choque, mas era difícil esconder sua surpresa.

- Você  tem certeza que quer perder sua virgindade comigo? - Jimin perguntou enquanto passava os dedos de leve pelo peitoral exposto do menor.

Eles não deviam ter tido essa conversa enquanto estavam vestidos?!

Lucas soltou uma risada seca para ironia da pergunta, o que fez Jimin sorrir também, pouco antes de tomar os lábios do menor com certa urgência.

O que aconteceu em seguida ficaria marcado para sempre na mente de Lucas. Conforme Jimin se aproximava, colando seus corpos, Lucas pôde sentir cada parte quente de sua pele responder a de Jimin.

Ele sentia as pernas bem torneadas de Jimin ao grudar na lateral da sua coxa. Ele sentiu seu peito ficar sem ar ao queimar quando os mamilos excitados de Jimin roçaram por sua pele. Sua boca quente fazia um barulho gostoso de beijo molhado e suas salivas se misturavam aliviando a dor das mordidas e chupadas entre seus lábios sensíveis e doloridos.

Isso tudo era muito incrível e Lucas adorava cada segundo daquele tenso momento, mas nada nunca iria se comparar à sensação das suas ereções batendo uma contra outra.

Lucas gemeu alto, olhando confuso para Jimin de volta no seu colo.

- Ah! Jimin. Que porra. - Lucas balbuciou perdido em sensações.

Jimin pela primeira vez não sentiu a necessidade de brigar com o mais novo pelos palavrões, aliás ele descobriu que adorava a boca suja do garoto e isso era novidade.

O mais velho não resistiu em juntar suas ereções que já se tocavam, em sua mão, os masturbando em um movimento lento e torturante.

Lucas puxou o ar com força, revirando os olhos com a  mão áspera de Jimin batendo a punheta mais gostosa que ele já sentiu em toda sua curta vida.

Suas pernas tremeram, o avisando que ele já havia chegado ao seu limite. O que deve ter servido de aviso para Jimin também, porque o mais velho parou o que fazia e se afastou, sorrindo ao notar a decepção nos olhos, agora abertos e em alerta, de Lucas.

Jimin se inclinou, beijando a parte de dentro da coxa de Lucas, deixando o garoto ainda mais tenso.

Não era algo que ele já se imaginou fazendo um dia.

Ao contrário do que Lucas pensava dele. Jimin jamais tinha transado com um cara antes. Aliás ele jurava que era hétero, até descobrir que não era.

Jimin sempre foi do tipo provocador e não ligava em provocar homens também, mas nunca passou disso, provocações.

Ele gemeu quando sentiu a textura fina da pele de Lucas ao chupar suas bolas, fazendo um barulho molhado conforme o lambia.

Lucas puxou os cabelos de Jimin de um jeito agressivo e descuidado, suas mãos tremiam e suavam conforme ele se esforçava para manter os olhos abertos, assistindo a tudo aquilo sem gozar.

Caralho! Era a coisa mais difícil do mundo de fazer.

A sensação da língua de Jimin roçando contra o seu pau foi a gota d'água.

Em sua defesa, ele duvida que exista alguém capaz de se segurar quando a boca cheia, inchada e vulgarmente vermelha de Jimin está ao redor do seu pau e enquanto os gemidos que o mais velho solta por sua garganta vibra na pele sensível da sua glande.

Então Lucas sentiu que tinha motivos o suficiente para não se sentir culpado em gozar na garganta quente e apertada do mais velho, gemendo ao vê-lo engolir toda sua porra com vontade, os olhos abertos implorando por mais enquanto sua boca sugava tudo que podia.

- Você tem um gosto tão bom Lu. - Jimin disse de um jeito fofo enquanto se engatinhava até altura dos lábios do mais novo para beijá-lo. - Sente seu gosto na minha língua. Não é bom?! - Jimin disse de um jeito preguiçoso.

Lucas só conseguia gemer em resposta, se sentindo mole e instável.

Jimin se afastou do mais novo, olhando com curiosidade ao redor. Os tios de Lucas sempre arranjavam um jeito de enfiar camisinha por seu quarto, então Jimin não ficou muito surpreso quando abriu a primeira gaveta do criado mudo e encontrou uma caixa cheia delas. O lubrificante foi uma agradável surpresa no entanto.

Lucas estava prestes a entrar em uma espécie de sono profundo devido a queda de pressão que sofreu com todas aquelas ondas de prazeres indescritíveis, quando sentiu um gel gelado escorrer por sua entrada.

Ele abriu os olhos um pouco em pânico, mas não disse nada.

O mais novo sonhou acordado com Jimin por anos, sentindo seus sentimentos renovados a cada sorriso soltado na sua direção, palavras carinhosas ou um toque desproposital. Não era agora que ele ia começar a dizer não. Apesar de ter tido que morder o lábio inferior com toda sua força para não deixar as palavras de misericórdia saírem teimosamente por sua garganta.

Lucas estava tão sensível que ele enxergava pontos pretos invadindo sua visão toda vez que Jimin esfregava os dedos contra sua pele.

O mais velho enfiou o primeiro dedo na sua entrada, gemendo ao sentir Lucas o engolir com a pressão dos seus músculos tensos.

- Lu. Você precisa relaxar. - Jimin pediu amoroso.

- Dói muito. - Lucas disse de um jeito fofo. Os olhos fechados com força, os dentes enterrados nos lábios, as bochechas vermelhas enquanto cachinhos parcialmente desfeitos pelo suor suavizavam as rugas em sua testa.

- Faz por mim? - Jimin pediu sentindo quase que de imediato seu dedo ganhar um pouco mais de espaço dentro do menor.

Jimin não estava no clima de ser caridoso, aproveitando o espaço recém adquirido para enfiar outro dedo dentro do menor.

- Caralho Lu. Você é tão apertado e quente. - Jimin resmungou enquanto começava a movimentar os dedos com força apesar da pressão contrária que Lucas fazia contra seus dedos, involuntariamente.

Lucas chorou entre os gemidos, porém parecia mais relaxado que antes fazendo Jimin aproveitar para enfiar um terceiro dedo.

- Jimin...ah. - Lucas soluçou assustado e Jimin achou incrível o garoto não pedir para parar ou ir mais devagar.

Ele adorava o poder que tinha sobre o mais novo e em outro momento ele poderia se sentir errado e mal por isso, mas não agora.

Jimin percebeu que a dor do menor diminuía, quando ouviu gemidos baixinhos saindo por entre seus dentes fincados no braços do mais velho.

Ele sorriu quando ouviu Lucas gritar ao sentir sua próstata sendo surrada por dedos impiedosos e gemeu em conjunto com o mais novo ao finalmente tirar seus dedos, já que percebeu menor resistência.

Era ainda melhor ter a pele sensível da sua ereção entrando em Lucas. Tão apertado, tão quente. Mesmo a camisinha não podia impedir a sensação gostosa de estar dentro de Lucas.

- Lu… isso é… tão bom. - Jimin transpirava pelo exercício extenso.

Apesar de se movimentar devagar dentro do menor, ele era tão apertado que Jimin já tinha os cabelos molhados e as costas pingava suor.

Lucas mordeu o ombro de Jimin enquanto arranhava suas costas, a dor fazia com que Jimin não se perdesse em transe, o deixando completamente conectado a Lucas que gozou sem aviso pela segunda vez.

Jimin não conseguiu se segurar por muito tempo, gozando logo em seguida e caindo por cima do menor sem força alguma.


Lucas sentia a luz do sol incomodar seus olhos antes mesmo de abri-los.

Ele teria pensado que a noite anterior não passou de um sonho se não fosse por Jimin agarrado ao seu corpo, ronronando em seu peito feito um gatinho aquecido, o lembrando de cada detalhe do que aconteceu entre eles. Antes que ele pudesse evitar, um suspiro apaixonado saiu dos seus lábios doloridos.

Tudo em seu corpo doía a esse ponto, principalmente a bunda, mas valeu a pena cada segundo.

Jimin era tão fodidamente gostoso, principalmente todo suado e gemendo o quanto ele era apertado e bom.

Lucas balançou a cabeça diversas vezes, se negando a ficar excitado a essa hora da manhã.

Ele estava prestes a levantar para tomar um banho gelado quando a porta do quarto abriu bruscamente e ele escondeu seu corpo exposto, com o lençol apertado entre seus dedos.

- Lucas. Anjinho precisamos conversar, seu tio V me fal… - Jungkook travou no meio do quarto, olhando de Lucas para um Jimin ronronante ao lado da cama.

- Lucas?

- Pai. Você já ouviu falar em bater antes de entrar? - Lucas perguntou indignado, com seu peito dolorido pelas batidas insanas do coração.

Merda! Merda! Merda!

- Que merda tá acontecendo aqui? - Jungkook perguntou agora aos berros acordando Jimin.

- Não é da sua conta. - Lucas resmungou escondendo seu terror com mal humor.

- Jura? Porque parece algo da minha conta. - Jungkook gritou fazendo Jimin pular da cama, ainda meio perdido.

- Kookie. - Jimin resmungou olhando cauteloso para o irmão.

- Que porra ?! - Jungkook soluçou em meio ao pânico, sem saber o que fazer.

- Escuta...

- Sai da minha casa, agora. - Foi o que finalmente saiu da sua voz engasgada e vacilante.

- É tecnicamente a casa de Jimin também pai. - Lucas gritou indignado, já cheio de lágrimas nos seus olhos aflitos.

- Lu. - Jimin tocou nas mãos trêmulas de Lucas tentando acalmá-lo.

O que serviu para Lucas, mas teve um efeito rebote em Jungkook.

- Eu juro que sou eu quem vou tentar te matar dessa vez. - Jungkook gritou passando a mão no rosto, do mesmo jeito que Lucas costumava fazer quando perdia a calma.

- Dessa vez? - Lucas resmungou confuso, olhando Jimin com um pedido silencioso por explicação nos olhos.

- Deixa a gente se vestir e então conversamos? - Jimin pediu com educação para Jungkook.

- Eu juro que eu vou matar você. - Jungkook gritou enquanto chorava audivelmente, mas saiu do quarto, batendo a porta com violência.

Os dois tomaram banho juntos e em silêncio. Lucas chorou nos braços de Jimin pelo que imaginava vir a seguir, quando eles precisassem estourar sua bolha recém criada e partir para uma realidade muito mais complicada.

Jimin consolou Lucas com seu toque delicado e pensativo, mas não falou nada sobre o assunto. Não era hora.

Eles encontraram os meninos na cozinha ao redor da mesa de café da manhã, em silêncio e tensão.

Suga e Jungkook não estavam com eles.

- Cara. Você tá muito fodido. - V falou com a voz abafada enquanto mastigava um pedaço de pão.

- Café? - Jin perguntou, já enchendo a caneca em frente ao menor.

- Eu só sei que vou ganhar uma bolada. - JHope disse sem nenhum remorso.

Jimin levantou uma sobrancelha para o mais velho enquanto tomava seu café.

- Nós apostamos se você tem chances de sair vivo dessa ou não. - Jin disse rindo exageradamente.

- Vivo? - Lucas soluçou engasgado fazendo todos repararem nele pela primeira vez.

Ele parecia uma criança embaixo das asas de Jimin. Sentado ao seu lado, encolhido e assustado.

- Vai ficar tudo bem Lu. - Jimin acariciou o rosto de Lucas que se inclinou automaticamente para o calor da mão do mais velho.

“Lu?” V perguntou sem som para JHope que só deu de ombros, olhando de um ângulo novo para o casal na sua frente.

- Pirralho, vai tentar acalmar Jungkook, porque eu desisto. - Suga disse imponente enquanto sentava na mesa de café sem olhar para ninguém.

- Eu não quero ir. - Lucas sussurrou assustado enquanto todos na mesa se calavam sentindo o mesmo medo.

- Desculpa. Em algum momento pareceu que eu estava pedindo? - Suga perguntou finalmente olhando impassível para o filho.

Lucas conhecia um lado de Suga que quase ninguém sabia que existia.

Ele foi resgatado mais de uma vez pelo pai, quando criança e sentiu o pavor das pessoas que iam contra ele, sentiu sangue espirrar por seu rosto de homens que tentaram roubá-lo do mais velho.

Lucas sabia que Suga jamais o machucaria, mas não é como se quisesse irritar o pai para provar um ponto, então simplesmente bufou e saiu da mesa de café batendo os pés firmemente no chão.

Jimin tomou todo o café da caneca, na esperança de amenizar o nó em sua garganta.

Suga não pediu pra mais ninguém se retirar e o bando de curiosos não fizeram questão de sair, olhando em expectativa para o entretenimento prestes a começar entre ele e Suga.

- Jungkook teve a leve impressão de que você transou com meu filho, dentro da minha casa ? - Suga riu irônico. - Eu disse que ele estava falando merda, afinal quem teria coragem de fazer isso com seu próprio irmão, mas olhando pra você agora, não consigo deixar de duvidar, afinal você parece a porra de um culpado.

Jimin encarou Suga, tentando esconder seu medo por trás do rosto tranquilo.

Lucas não era maior de idade nos EUA, que era o país onde o garoto era cidadão, então não é como se Jimin estivesse certo. Ele poderia ser preso pelo que fez e honestamente ele não julgaria seus irmãos se decidissem fazer isso. Ele teria feito o mesmo se estivesse no lugar de Suga e Jungkook.

- Suga...eu…

- Não. Você não tem moral pra falar comigo agora. Então cala a boca e escuta.

Jimin concordou com a cabeça baixa.

- Você me deve. - Suga disse simplesmente.

Jimin concordou mais uma vez.

Suga havia o protegido quando ele pediu que assim o fizesse. Sangue escorria pelas mãos do maior, graças à Jimin.

Ele jamais esqueceria algo assim.

- O que eu devo fazer? - Jimin perguntou, já sabendo que honraria o que quer que Suga decidisse.

Suga era a pessoa mais esperta que Jimin já conheceu. Ele era silencioso, perspicaz e esperou o momento ideal para cobrar a dívida de Jimin.

- Você vai ficar longe…

- Por favor Yoongi Hyung. Não me afasta da minha família de novo, eu não quero mais ficar sozinho. - Jimin implorou sem se importar o quanto estava se humilhando.

Suga mordeu os lábios encarando os olhos molhados e suplicantes de Jimin.

- Você vai ficar longe de Lucas. - Suga terminou sua frase, pela primeira vez incomodado com os olhos cheios de angústias do mais novo. - Pelo menos até ele completar 21 anos. E então, quando todos forem adultos e responsáveis por seus atos, podemos sentar e conversar de novo.

Jimin sentiu suas pálpebras tremeram com nervosismo.

- Como eles vão ficar longe um do outro? Até eu sei que isso não vai dar certo. - Jin disse, se metendo pela primeira vez.

Jin era mais velho que Suga e era o único que podia se atrever com o menor, então ele tinha certa liberdade em momentos como esse e não se envergonhava nem um pouco em usar sua autoridade. Ele amava os meninos e fazia o possível para manter a paz entre eles, nem sempre era fácil.

- Eu já tinha conversado com V e Hobi antes, sobre Lucas ir para França estudar, podemos antecipar esse plano para depois do casamento. - Suga disse, passando a mão na nuca para relaxar seus músculos tensos.

Jungkook era seu maior desafio naquele plano. Nem fodendo que ele iria deixar Lucas ir para Europa.

- Você não acha que Lucas deveria ter um voto nisso irmão? - RM que até agora estava praticamente estático no canto da cozinha, resolveu dar sua opinião.

Todos olharam assustados na direção da voz, reparando em RM pela primeira vez também.

- Lucas não tem querer depois da merda que fez.

- Lucas não tem culpa de nada disso. - Jimin defendeu, realmente bravo com tudo aquilo.

Ele não queria ser o causador de tanta mudança na vida de Lucas. O garoto teria que se afastar dos amigos, terminar o colegial a distância e se mudar para um lugar completamente desconhecido e longe da família, tudo porque ele não foi forte o suficiente para resistir ao pequeno.

- Eu desapareço. Eu vou embora e vocês nunca mais precisam saber de mim. Qualquer coisa, mas não faz isso com Lucas. - Jimin implorou aterrorizado.

- Lucas precisa disso, ele é muito dependente e Jungkook mal deixa o garoto respirar, vai ser bom pra ele, para nós. Não é como se eu tivesse exilando o garoto, eu tô mandando ele pra faculdade pelo amor de Deus. - Suga respondeu indignado. - Isso se tiver tudo bem para vocês? - Ele completou perguntando para V e JHope sobre o assunto.

Ambos se entreolharam, mas foi JHope que deu de ombros e confirmou com a cabeça.

- Eu não sou idiota Jimin. Eu sei que foi por causa do meu filho que você se manteve todo esse tempo afastado e você tem o meu respeito por causa disso. Esse é o único motivo que me impede de quebrar seu pescoço agora e lidar com as consequências depois.

Jimin engoliu em seco, olhando para os olhos assassinos e gelados de Suga.

Como diabos sabia disso?! Ninguém deveria saber.

Jin era o único que sabia de tudo que Jimin havia passado durante aqueles anos. Ele precisava de um confidente para não enlouquecer afinal.

Ele olhou indignado para o mais velho, que fingiu não notar o que estava acontecendo.

- Enfim, se Jungkook aceitar, é como será feito. - Suga completou.

Era engraçado pensar que Jungkook conseguia obrigar Suga a fazer quase tudo que ele quisesse. Se ele não tivesse visto com os próprios olhos, nunca acreditaria que existiria alguém capaz de dobrar tamanha força da natureza.

- Por enquanto é isso - Suga disse depois de um extenso silêncio.

- Boa sorte em contar isso para o Lucas. - Jin disse sorrindo torto.

- Você fica no estúdio em Brooklyn enquanto isso. - Suga disse por fim, ignorando Jin ao sair da cozinha da mesma forma que entrou.


- Ele devia ter enfiado uma bala na minha cabeça quando teve a chance. Porque eu não vou sossegar até vê-lo se debatendo no chão antes de morrer.

Suga tentar engolir uma risada seca.

- Calma amor. - Suga disse puxando Jungkook para cama onde estava sentado e o sentando em seu colo.

No começo Jungkook era distante e quieto com Lucas. E Suga tinha que lidar com duas crianças cabeças duras, mas então Lucas torceu o tornozelo jogando bola e Suga estava fora do país a trabalho, o deixando com a responsabilidade de cuidar do menor. Jungkook nunca mais foi o mesmo depois disso. Ele mimava e protegia Lucas de tudo obsessivamente e Suga amava isso, porém queria a atenção de Jungkook também. Ele sentia falta disso.

- Você parece tão calmo com tudo isso. - Jungkook limpou as lágrimas de seus olhos, formando um bico com seus lábios finos e delicados. - Ele abusou do nosso filho.

- Amor. Você conhece Lucas, ele nunca faria algo que não quer. Sem contar que o garoto sabe atirar e é um lutador avançado em três tipos diferentes de artes marciais.  O pirralho sabe se defender e honestamente, não é como se Jimin fosse capaz de machucar nosso filho.

- Você tá dizendo que ele queria? Que isso tá certo? - Jungkook tentou se livrar do aperto de Suga, mas o mais velho só sorriu o prendendo ainda mais firme em seus braços.

- Lucas é apaixonado por Jimin desde sempre. O pirralho ria de tudo que Jimin falava e vamos combinar que Jimin não é nada engraçado. Você sabe o quanto Lucas tem tudo que quer, não é como se Jimin tivesse tido alguma chance. Aliás, Lucas me lembra você mais novo. - Suga beijou o rosto de Jungkook enquanto sorria largo para o mais novo tentando se afastar a cada investida, ligeiramente cedendo vez ou outra.

- Não ouse me chamar de velho. - Jungkook bateu em Suga que soltou um “aish"  baixinho, sorrindo safado na direção do mais novo.

- E agora você quer meu filho longe de mim? Eu não vou concordar com isso nunca. - Jungkook fez um bico triste, o olhar chateado capaz de fazer Suga se enfiar embaixo de um caminhão se fosse necessário para aquilo passar e ele voltar a sorrir.

- Amor. Nós precisamos da nossa lua de mel. São só três anos, o garoto vai ficar conosco nas férias de verão e sempre que quiser, com isso nós podemos finalmente ter um tempo para nós. Eu amo meu filho, mas não tivemos tempo algum desde que fomos morar juntos. Por Deus, a casa nova nem tem móveis ainda e já faz dois anos que compramos a maldita.

Jungkook soltou suas risadinhas infantis, tentando ao máximo escondê-las para o mais velho não pensar que tinha ganhado aquela batalha.

Suga ficou sério, beijando a boca delicada do homem que ele tanto amava.

- É só faculdade amor. Isso aconteceria de qualquer forma. Sem contar que três anos é muito tempo, isso foi coisa de uma noite, Lucas vai esquecer Jimin com a distância.

- Não fala o nome desse otário pra mim.

Suga suspirou desanimado.

- Eu odeio a época em que vocês se odiavam. - ele disse com pesar.

- Pois pode se preparando. Porque o ódio é real. Eu nunca vou aceitar meu filho namorando um cara mais velho que eu, que sou seu pai. - Jungkook apontou para ele mesmo indignado.

Suga abraçou o mais novo forte, beijando seu pescoço na tentativa de relaxá-lo.

- Eu te amo. - Suga sussurrou sentindo seu peito apertar com a realização do quanto aquilo era verdade.

Ele nunca se acostumaria com aquilo enquanto vivesse.

Jungkook aceitou os beijos apaixonados de Suga por seu corpo, mesmo que distraído com seus pensamentos.

- Tava pensando. Nós podíamos passar nossa lua de mel na Europa. - Jungkook resmungou inocente, beijando o pescoço de Suga.

- Não. - Suga riu, mordendo o ombro do mais novo. - Nem pensar.

- Gosto da França. - Jungkook disse fingindo não ouvir a negação de Suga.

- Eu disse não. - Suga o jogou na cama, beijando sua barriga exposta pela camiseta que havia levantado.

- Não diga não pra mim. - Jungkook disse bravo, bagunçando o cabelo de Suga enquanto tentava não rir com as cócegas que o mais novo provocava com seus lábios molhados em sua barriga.

- Ne pas. - Suga brincou, falando não em francês e levando um chute próximo demais da virilha.

- Desculpa amor. - Suga disse voltando a encarar o mais novo. - Será que pode ser em qualquer lugar longe da Europa? - Suga fez um biquinho implorando enquanto disfarçadamente protegia suas partes baixas.

O medo era justificável. Jungkook sempre ganhava uma discussão, não importava o assunto.

Jungkook beijou o bico de Suga, rindo orgulhoso do seu poder sobre o mais velho.

- Ok. Mas suas férias vão ser com o nosso filho. - Jungkook disse sério.

- Não dá para ir contra isso. - Suga disse, aceitando os termos da negociação enquanto tirava a camisa de Jungkook para ter mais liberdade ao beijá-lo.



[ Três anos depois…]

21 anos.

Jimin era um assunto esquecido para Lucas agora.

Na verdade, era no que Lucas queria acreditar, mas tem sido algo particularmente difícil de se fazer.

Jimin foi o único por quem ele já foi apaixonado, apesar de ter sido o único que quebrou seu coração também.

Ele ficou desacreditado quando Jimin simplesmente concordou que mandar ele para a porra da Europa era a melhor decisão a se fazer.

Ele não nega que ama Paris com todas as suas forças e a faculdade de artes foi uma de suas melhores escolhas, mas ainda assim nunca foi capaz de perdoar Jimin por ter feito ele se afastar da sua família, tudo por causa de uma maldita dívida entre ele e o seu pai.

Tinha dias que Lucas desconfiava seriamente que sua família era uma versão moderna do clássico “ Poderoso chefão".

Que dívida poderia ser forte o suficiente para Jimin simplesmente calar a boca e aceitar aqueles termos absurdos?!

 Uma parte de Lucas não resistia em pensar que Jimin nunca sentiu nada por ele e que aquela noite no seu aniversário, tinha sido só mais uma transa fácil e sem compromisso.

Lucas não conseguia não pensar nisso. Aliás ele pensava nisso todo ano, no dia do seu aniversário.

Foi depois dos seus 18 anos que ele proibiu festas surpresas ou qualquer outro tipo de comemoração à respeito do seu aniversário. Era doloroso demais.

Então era por isso que ele se encontrava no seu loft antigo e rústico, em plena área industrial, na varanda do prédio velho, com um quadro quase todo branco e as tintas mortas apoiadas em seu braço, enquanto o pincel em sua mão pintava uma tempestade com tons azulados, em um céu sem estrelas e um breu como horizonte.

Ele pegou a tinta branca, fazendo algumas espumas que batiam num barco pequeno onde uma alma desesperançosa encarava sua morte iminente.

Lucas sempre teve propensão ao dramático. Seus professores sempre diziam isso a ele de forma negativa, mas ele deve ter feito algo certo, afinal teria uma exposição numa das casas mais famosas de artes do interior da França, com seus quadros melodramáticos como atração principal.

Ele sentiu frio pela primeira vez, já que vestia só um jeans largo, rasgado, velho, manchado de tinta e um avental nas mesma condições.

Suas costas nuas arrepiaram com o vento gelado que a primavera tinha como característica provocar naquela parte da cidade.

- Você pinta incrivelmente bem Lu. - Aquela voz falou nas suas costas, fazendo todos os pêlos do seu corpo arrepiar.

Ele sentiu o pincel tremer enquanto lágrimas ameaçavam cair por seus olhos antes ressecados.

Lucas teve vários namorados depois de Jimin, mas o mais velho havia estragado isso em sua vida também, pois ninguém tinha sido capaz de fazê-lo sentir o que ele sentiu com Jimin três anos atrás.

Porém, ele sabia através do tio V, que era a fofoqueira oficial da família, que Jimin nunca se relacionou com ninguém depois dele, se tornando uma pessoa quieta, reservada e reclusa.

- O que faz aqui? - Lucas perguntou engasgado enquanto se virava para encarar o mais velho. - Tio. - ele disse com desgosto, carregado de cinismo.

Lucas nunca acreditou em V, até ver com seus próprios olhos o quão apagado Jimin parecia.

Ele ainda conseguia deixar Lucas sem palavras no entanto.

Jimin era quase dez anos mais velho que Lucas, porém o tempo não parecia concordar. Ele estava tão lindo, o semblante mais sério, o rosto mais delineado e marcante, tirando a delicadeza que antes ele emanava. Os cabelos desapontados iluminados pela luz da lua cobriam parte dos olhos brilhantes de Jimin e sua boca volumosa brilhava pelo tanto que ele a umedecia em sinal de nervosismo.

Jimin estava ainda mais lindo! Se é que isso era humanamente possível.

Jimin parecia mais musculoso também e agora tinha uma tatuagem no pescoço que Lucas não conseguia parar de olhar.

- Eu não sei o que estou fazendo aqui Lu. - Jimin disse olhando os próprios pés vacilantes.

- Eu mal percebi onde estava indo, até chegar na casa de V e descobrir que te procurava. No fundo eu ainda tinha esperanças que você voltaria pra mim. - Jimin deu de ombros, soluçando a última parte, mas ainda assim conseguiu segurar o choro que ameaçava desabar sobre seu corpo.

Lucas vacilou perdendo o pincel de seus dedos enquanto encarava o único amor da sua vida.

Jimin estava com vergonha e mal olhava na direção de Lucas. De alguma forma o mais novo sabia que se mandasse Jimin pular do prédio naquele instante, ele simplesmente faria. Ele parecia alguém que havia desistido de viver há muito tempo.

Lucas achou que seria forte o dia que tivesse que enfrentar Jimin frente a frente, mas lá estava ele sentindo seu coração craquelar a cada expressão desolada do mais velho.

- Vai embora Jimin. - Lucas disse firme e amargurado.

Ele percebeu o corpo de Jimin endurecer assim que ouviu seu nome ser pronunciado pela boca de Lucas, mas foi só por um instante, no outro Jimin já concordava ao mesmo tempo que virava para ir embora.

Suas mãos no bolso impediam de mostrar o quanto tremiam, mas as lágrimas não aceitavam mais sua resistência, caindo desmedidas por seu rosto à medida que ele dava as costas para Lucas.

- Espera.

Jimin podia jurar que seu coração parou ao mesmo tempo que seus pés, quando Lucas assim ordenou.

- Antes de ir, eu preciso saber de uma coisa. - Lucas disse vendo Jimin se virar calmamente.

Ele arregalou os olhos e tossiu sem graça ao ver que Jimin parecia ainda mais destruído que antes. Como se tivesse perdido uma batalha contra suas próprias falsas esperanças.

Não passou um dia sem que ele pensasse em Lucas. Ele se alimentava de cada frase onde havia o nome do mais novo envolvido, dentro de casa.

Jimin passou até a aceitar com uma felicidade torturante todas as vezes que Jungkook fazia questão de mostrar para ele as fotos de Lucas com seus vários namorados ao longo dos anos.

Partia seu coração em pedaços micrométricos ao mesmo tempo que o fazia feliz, por ver um sorriso iluminar o rosto delicado de Lucas aparentemente contente por estar com outra pessoa.

- O que quer saber? - Jimin perguntou com dificuldade, pois sua voz estava rouca e falha.

Lucas havia crescido tanto. Ele era tão lindo.

Ele estava tão feliz pelo seu pequeno e cada vez mais arrependido por ter ido lá, chatear o mais novo com sua cara infeliz.

- Você aceitou ficar longe de mim todos esse anos por causa de uma maldita dívida e eu quero saber qual é, acho que tenho o direito. - Lucas disse firme, já que ninguém na família aceitava falar sobre aquilo com ele.

Jimin limpou o rosto de lágrimas, mordendo o lábio inferior que tremia toda vez que ele tentava puxar o ar para respirar.

Ele se sentia patético.

Talvez fosse o que tinha se tornado depois de Lucas. Não tinha mais porque guardar aquele segredo.

- Meu pai abusou de mim, minha infância inteira, eu tenho milhões de partes do meu corpo quebradas por causa dele, afinal ele me amaldiçoava por crescer rápido demais, ficar mais velho, deixar de ser seu brinquedo favorito.

Lucas enrugou a testa, apertando as mãos em punhos enquanto pensava no que Jimin estava dizendo.

- Ele foi preso e me culpava por isso, dizia que eu o tinha entregado para os federais. Ele jurou voltar para se vingar quando fosse solto. - Jimin cruzou os braços na frente do corpo como resposta inconsciente de proteção. - Quando ele estava para ser solto eu pedir ajuda para Suga.

- Suga o manteve na cadeia? - Lucas perguntou distraído com a história.

- Suga mandou matá-lo no dia da sua soltura.

Lucas arregalou os olhos em surpresa.

É por isso que Suga não mandou prender Jimin depois do que tinham feito. Os dois haviam feito algo ilegal, os trancando nesse intrínseco jogo de lealdade irrompida.

Jimin nunca teve escolha.

Lucas concordou com a cabeça, sua mente rodando acelerada à medida que encaixava as peças faltantes daquela história toda.

- Eu sinto muito pequeno. - Jimin resolveu dizer, ainda não atrevendo encarar o mais novo.

- Pelo que? - Lucas perguntou se aproximando.

- Por ter sido motivo da sua tristeza. - Jimin sussurrou aproveitando para erguer o olhar na direção de Lucas.

 Ele se sentia como Ícaro deve ter se sentido ao admirar uma beleza cega e intocável, no entanto tão próxima. Se ele ao menos pudesse esticar o braço.

Não! Ele não podia. Não de novo. Foi por sua fraqueza que eles estavam onde estavam pra começo de conversa.

- Você também foi motivo da minha felicidade. - Lucas sussurrou a centímetros de Jimin, sentindo suas lágrimas desceram por seu rosto, na mesma velocidade em que suas mãos tocavam as trêmulas de Jimin.

- Lu. - Jimin soltou enquanto apertava as mãos delicadas do mais novo.

Lucas livrou uma de suas mãos para puxar Jimin pelo pescoço e o beijou.

Sentindo o gosto melancólico que suas lágrimas provocavam misturadas.

- Eu te amo Lu. - Jimin sussurrou apertando a cintura de Lucas para aprofundar o beijo no qual ele achou que morreria sem provar novamente.

O corpo inteiro de Lucas respondeu ao beijo, como se o reconhece, sentisse saudade de casa, como se aquele ato de carinho só fosse completo quando juntos. Era tão familiar, como se ele vivenciasse aquilo todos os dias pelos últimos três anos.

Como se Jimin nunca tivesse partido.

- Eu também te amo Jimin.

Fim...

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