Polaris Star
Jungkook soltou o nó apertado da sua gravata, olhando seu reflexo cansado no espelho por mais tempo do que gostaria de admitir. Os olhos cansados, olheiras fundas ao redor, a boca machucada pela quantidade de vezes mordida em sinal de nervosismo.
Ele tinha acabado de sair do seu julgamento, que foi mais uma passagem na lista de células terroristas que ele entregou de mão beijada para CIA, salvando sua pele de toda a maldade na qual esteve envolvido por todos esses anos.
Era estranho o fato de ter passado por tudo em um estado de torpor variado entre a realidade e o rosto de decepção de Suga, quando o abandonou nos degraus do lado de fora daquele mesmo prédio.
- Você foi bem. - Seu pai entrou falando.
- Obrigado. - Jungkook disse sem muita vontade, virando as costas para seu reflexo.
- Eu sei que está bravo comigo e não estou dizendo que não tem razão, mas eu precisei me afastar. Pelo bem da empresa, pelo nome dela.
- Eu entendo. - Jungkook resmungou indo até a janela da sala enorme que não via uma atualização na decoração desde os anos vinte e sua recessão.
Eles estavam na sala de espera, aguardando sua pena leve por ter agido contra lei, mesmo que tenha se redimido a respeito, afinal o promotor de justiça não queria parecer benevolente demais com alguém de alta classe social, não ia cair bem nos jornais.
- Por que o humor sombrio? Tivemos uma vitória hoje.
Jungkook deu de ombros, o olhar vasculhando a imensidão jornalística que tomou as escadas da suprema corte à espera de alguma migalha de informação sobre seu julgamento fechado e um tanto quanto obscuro.
- Filho. - Seu pai encostou a mão no ombro de Jungkook, mas se afastou rapidamente ao sentir o garoto se encolher em resposta. - Sei que isso tudo parece frustrante, mas você precisa reagir.
Jungkook revirou os olhos, ignorando a vista só para manter uma distância de seu pai.
- Eu não sei se você é capaz de sentir culpa ou não, mas se é por isso que está aqui, não perca seu tempo. - Jungkook resmungou se servindo de Whisky puro.
Seu pai fez uma cara estranha para o líquido âmbar, mas não soltou nenhum comentário a respeito.
- Sei que está chateado comigo, só não jogue sua vida fora por isso.
- Que vida pai? Minha empresa é sua, minha carreira é sua. Que vida que não quer que eu largue? - Jungkook perguntou com irritação e tédio em sua voz estridente.
- Seu casamento não é. - Sr. Jeon falou com uma pitada de rancor em seu tom seco.
- Meu noivado é uma farsa.
Seu pai negou com a cabeça.
- Seu casamento é um bom começo, um começo estável e imprescindível para o seu sucesso.
- Que romântico. - Jungkook ironizou enquanto bebia o líquido que odiava em sua fala pura, mas que tinha o gosto da boca da pessoa em que ele fingia tentar esquecer.
- Não é para ser romântico, é para ser prático. O que você acha que vai ter com esse seu segurança?
Jungkook sentiu sua respiração falhar enquanto o coração disparava e seu rosto se tornava um tom desagradável de vermelho.
- Eu sei sobre tudo que acontece naquela empresa Jungkook, você já devia saber disso a esse ponto. - Seu pai sentiu a necessidade de explicar pela cara chocada de Jungkook.
- Onde quer chegar com essa conversa? - Jungkook disse assim que se recuperou da honestidade de seu pai, eles nunca foram tão claros em suas conversas antes.
- Jenny sabe sobre a sua vida pessoal e não se importa, você sabe sobre a vida pessoal dela e até onde eu sei, também não se importa. Vocês tem um bom acordo entre vocês. Ela vem de boa família, isso é algo que a sociedade aceita. Por que jogar tudo isso pro ar?
- Não vejo como isso é da sua conta, sinceramente.
- Mais uma vez, é da minha conta porque é da conta da empresa. Sua vida é pública e isso não vai mudar nunca. Não vê que vai arrastar nosso nome na lama se abandonar a pobre garota por causa de uma paixão suja dessas?
Jungkook bateu o copo de whisky com violência sobre o mogno escuro ao lado do sofá, suspirando alto em resposta.
- Minha vida não é de ninguém além de minha.
Seu pai passou a mão na testa tentando se acalmar ao se sentar na poltrona de frente para Jungkook.
- Eu nunca te julguei por seus negócios ilegais, aliás sempre tive orgulho do quão economicamente promissor você sempre foi. Tudo que estou dizendo é que você tem algo bom com a Jenny, apesar de estarmos em pleno século XVI, isso não faz diferença nos tablóides. Não tem porque largar seu sonho por alguém como aquele garoto, não vale a pena. Case-se com Jenny e continue suas aventuras por baixo dos panos. Quem disse que você precisa perder algo?
Jungkook respirou fundo, pensando no porquê ele tem ouvido os conselhos do seu pai por todos esses anos. Eram conselhos bem genéricos afinal.
- Ele não merece isso. Nenhum dos dois merecem, aliás. - Jungkook falou baixo, quase que para si.
- Não seja ingênuo filho, a vida não se baseia no que você merece ou deixa de merecer.
Jungkook largou a bebida de vez, sentindo o gosto de Suga em sua língua.
Droga.
Talvez seu pai estivesse certo, talvez as coisas simplesmente não podiam ser diferente do que já eram.
- Sr. Jeon, A câmara solicita sua presença. - Uma secretária falou fazendo os dois homens inclinaram suas cabeças em atenção ao ouvir o sobrenome no qual ambos compartilhavam.
…
- Você está dizendo que vai desistir? - JHope perguntou depois de ouvir tudo que Suga tinha a dizer.
Suga deu de ombros, se jogando na sua cama cansado.
- Não preciso fazer nada. Jungkook já fez por nós dois. - Suga resmungou pensativo.
Seus olhos vidrados no teto do seu quarto, sentindo a presença de JHope somente por seu peso no canto da cama.
- O garoto está obviamente aterrorizado, todos ficam quando você entra nesse modo sociopata de lidar com a morte, não pode culpá-lo.
- Não o culpo, é exatamente por isso que não vou fazer nada a respeito. O garoto está certo. - Suga colocou as mãos cruzadas atrás da cabeça, pensando no quanto sentia falta do mais novo, mesmo que tenha passado apenas uma semana da última vez que o tinha visto.
Pelo que RM tinha informado, foi tudo bem no tribunal, apesar de Jungkook ter deixado uma quantidade de dinheiro exorbitante como multa e cancelado sua tour por conta de alguns serviços comunitários e um mês de prisão domiciliar. Fora isso a pena do mais novo foi ridícula em comparação aos seus crimes.
- Ouvir que Jungkook está certo é uma experiência estranha. - Jimin disse entrando no quarto sorridente, contaminando JHope com seu sorriso largo imediatamente.
- Pequeno, senti sua falta. - JHope disse pegando o garoto que resmungava sobre seu tamanho ser uma média aceitável, em seu colo.
- O que faz aqui pirralho? - Suga perguntou fechando seus olhos cansados.
- Vim falar com você. - Jimin respondeu simplesmente. Algo nele havia mudado, Suga não sabia dizer o que era, mas podia sentir.
- Sobre o que ? - Suga perguntou com uma nota de indiferença e irritação em seu tom.
Um silêncio tomou conta do quarto, um silêncio pesado e incômodo.
- Bom! Vou deixar vocês conversarem. - JHope disse se retirando do quarto.
O silêncio se manteve fiel entre eles, porém quando Suga já estava quase pegando no sono, a voz suave e incerta de Jimin o despertou.
- Eu me acertei com Jungkook.
Sua voz lhe lembrava sons de sinos. Ora suave, ora alegre, ora irritante.
Suga abriu os olhos preguiçosamente, encarando Jimin com seu rosto inexpressivo.
- O que eu tenho com isso?
Jimin deu de ombros.
- Eu o culpei todos esses anos, por ter perdido Dahyun, pela separação dos meus pais, por tudo.
Suga sentiu seu peito pesado o impedir de respirar corretamente.
- Ele teve certa parcela de culpa. Você não estava completamente errado. - Suga disse triste com sua certeza.
- Não o culpo por ter tentado tirar Dahyun da nossa vida, as coisas pela qual ele passou, pela qual passamos. Ele o mandou para longe, ele puxou as cordas para que Dahyun fosse para outro país, ele era tão inteligente mesmo tão novo.
Suga sentou na cama assustando Jimin, que não esperava a reação abrupta do maior.
- O que quer dizer com isso Jimin?
- Jungkook sabia dos sentimentos de Dahyun por ele, afinal ele não era idiota, mas ele se sentia sujo e indigno de alguém tão puro, eu o entendo agora.
Suga sentiu um aperto no peito sem saber exatamente o que aquilo significava ou à quem era endereçado.
- Você não o culpa pelo relacionamento que ele tinha com seu pai? - Suga perguntou surpreso, mas Jimin só pareceu triste com aquelas palavras.
- Hyung. Jungkook não te contou a verdade se é isso que você pensa do que aconteceu. - Jimin olhou para as próprias mãos, brincando com seus dedos na tentativa de esconder suas lágrimas, que começavam descer de maneira preguiçosa por suas bochechas rosadas.
Suga suspirou, puxando Jimin até encaixá-lo em seu colo.
- Vai ficar tudo bem. - Suga falou sentindo o menor se enroscar forte nele enquanto o maior alisava seus cabelos loiros gentilmente.
- Ele fez aquelas coisas comigo também, mas ele dizia que eram punições, eu não sabia me defender. - Jimin falava tão baixo, que Suga precisou se esforçar para entender o que o menor dizia. - Eu o culpava pela separação dos meus pais, pela morte do meu melhor amigo. Como eu pude fazer isso? Ele não teve culpa de nada disso. Jungkook só queria Dahyun longe de toda aquela sujeira, ele tentou me proteger também. Eu quase o matei por isso ...
- Você está seguro agora, os dois estão. Ok?! - Suga interrompeu os pensamentos aleatórios do menor e o segurou mais forte, até sentir sua respiração pesar e aquele rosto delicado tombar em seu ombro.
- Os dois estão. - Suga resmungou pensando em Jungkook . Ele sentia tanta falta do seu garoto e tanto ódio por nem sempre tê-lo protegido.
O ódio continuou borbulhando em seu peito, fazendo sua mão tremer. Jimin já dormia há horas no colo de Suga. Ele não reclamou da dormência em seus braços pelo tempo em que segurava o menor, ele não reclamou da necessidade de esticar o corpo ou em como precisava ir ao banheiro. Tudo que Suga fez foi sentir ódio e rancor. Aquelas crianças já sofreram o suficiente por uma vida. Suga tinha certeza disso, apesar de não saber exatamente o que aconteceu no passado, ele podia ter uma vaga ideia e não lhe agradava nem um pouco a pequena parte que ele vislumbrou através de toda dor e mágoa morando dentro dos olhos daqueles meninos.
- Min Suga. - Jimin murmurou parecendo uma criança.
- Hm?!
- Não deixa ele chegar perto do Jungkook. - Jimin parecia apavorado agora.
- Ele quem criança? - Suga afastou as mechas que caíam nos olhos fechados do menor.
- Meu pai. - Jimin rosnou revoltado lembrando Suga de um gatinho bravo por ter que tomar banho.
- Ele está preso pequeno. - Suga enrugou a testa pensativo perdendo o momento de revolta que Jimin soltou em defesa de sua altura. - Eu o visitei não muito tempo atrás, ele está na cadeia. - Suga disse um pouco confuso ainda.
- Ele vai ser solto em alguns meses, acho que por bom comportamento.
Suga travou a mandíbula tentando não apertar Jimin protetoramente em seu colo.
- Ele não vai chegar perto de vocês. Eu prometo. - Suga disse acrescentando sua promessa quando sentiu Jimin relaxar visivelmente com seu toque e suas palavras.
- Obrigado Hyung.
- Sempre estarei aqui. Somos uma grande e disfuncional família. - Suga disse, admitindo aquilo com todas as palavras pela primeira vez.
- Obrigado cunhadinho. - Jimin resmungou tentando esconder o rosto sorridente, mas fez bico assim que levou um cascudo de Suga.
Jimin ainda massageava a cabeça quando JHope voltou com uma bandeja de café da tarde para eles.
…
- Você vai? - RM perguntou sentando ao lado de Suga.
- Aonde? - Suga perguntou tirando o braço dobrado dos olhos.
Eles estavam deitados na espreguiçadeira em frente a piscina, observando os meninos brincarem na água. Digo, RM estava de olho neles, Suga só dormia mesmo.
- Na despedida de solteiro do Jungkook.
- Essa pergunta é séria? - Suga se segurou para não colocar a mão no peito tentando diagnosticar se havia algo errado com seu coração ao ouvir o nome do mais novo.
- Acho que se conversassem melhor sobre isso ...
- O tempo de conversa, acabou. - Suga respondeu curto e grosso tentando colocar um fim naquilo.
- O garoto vai fazer a maior burrice da vida dele. Por que você não o impede? - RM parecia realmente entediado com a teimosia dos dois.
- Jungkook já fez muita burrice na vida. Acredite, mais uma, menos uma, não vai fazer diferença. - Suga bufou desanimado e aproveitou para sentar e abrir uma cerveja que achou no cooler ao lado de RM.
- Só que dessa vez, você é o único que pode impedir que algo de errado aconteça.
Suga deu de ombros, sentindo quase que um prazer instantâneo quando o líquido gelado entrou em contato com sua garganta.
- Eu já fiz o suficiente. O manti vivo quando ele precisou de mim. - Suga passou a mão no rosto, tentando se livrar da sensação sem nome que apertava seu peito. - Não tenho mais utilidade para ele.
- Ele disse isso?
Suga bufou ao sentir gotas de água geladas da piscina, espirrarem na sua perna. O lembrando de Jungkook todo molhado, naquela mesma piscina, olhando para ele com olhos curiosos e cheios de expectativas, não muito tempo atrás.
- Ele não precisa pôr em palavras o que está escrito em seus olhos. - Suga suspirou desanimado. - O garoto tem medo de mim Nam. Você tem noção do que é isso? Vê-lo se arrepiar aterrorizado com um simples toque das minhas mãos. - Suga mordeu a boca tentando ignorar o aperto no estômago que sentia ao visualizar suas próprias palavras formadas através de suas piores lembranças.
- Ele pode ter se assustado, como qualquer pessoa longe da sua realidade se assustaria com a guerra, mas não acho que ele tenha medo de vo…
- Ele disse que tem. - Suga o interrompeu terminando sua cerveja em seguida.
- Você deveria tentar pelo menos mais uma vez. - Nam ficou pensativo e concentrado antes de continuar. - Eu sei que é pedir muito de você, mas o garoto tem um coração bom, ele só está perdido. Suga, eu não quero vê-lo infeliz. - RM disse como se morresse de amores por Jungkook.
- Você tá fazendo isso pelo Jin, não está? - Suga perguntou substituindo a confusão no rosto por um sorriso irônico.
- Definitivamente.
…
[ Dois meses depois…]
Suga estava deitado na proa da lancha branca e dourada, agora parado em alto mar. Seus olhos viajavam através das estrelas o fazendo franzir os lábios toda vez que um rojão de fogos estragava sua concentração ao entrar no alcance de sua visão.
Era a despedida de solteiro de Jungkook. Ele como o bom idiota que era, foi.
Jimin tinha o perturbado a ponto de literalmente arrastá-lo pela porta a fora. Seu smoking parecia desajustado, a tatuagem no pescoço se destacava na luz fulgente da lua. Ele soltou o nó da gravata, a deixando solta ao redor do pescoço e chutou a máscara da festa no convés de madeira clara.
Baile de máscaras. Ele odiava festas em geral, mas tinha quase certeza que despedidas de solteiros deveriam ser mais divertidas que aquilo. Mais do que um bando de pessoas enclausuradas numa pista flutuante em alto mar, muito champanhe nenhuma cerveja ou whisky, todos usando máscaras ridículas, com roupas elegante demais para a ocasião, enquanto tentavam passar despercebidos através das risadas altas, suor e glitter.
Ele ainda não descobriu de onde vinha o glitter.
O único lado bom naquela noite infeliz, foi ter encontrado uma placa de “proibida a entrada” não muito longe de onde se concentrava a festa.
Suga a seguiu de imediato, dando de cara com um espaço inteiro de frente para o mar, era quase silencioso ali, a ponto de escutar o som do vento cortar o Iate, assobiando sons distintos em seu ouvido, como se lhe contassem segredos íntimos.
Suga já estava deitado ali há um tempo, adorando seu momento isolado. Amaldiçoando mentalmente o som de passos que escutava indo em sua direção. Ele realmente queria ficar sozinho.
- O que faz aqui? - Uma voz mais surpresa do que irritada perguntou.
- Eu fui convidado. Por que mais eu estaria aqui? - Suga falou irritado.
- Eu não te convidei.
- Tem certeza? Jimin fez parecer que eu era uma espécie de convidado de honra ou algo assim.
Jungkook gargalhou ao lado do mais velho. Os olhos se fechando em completo êxtase. Suga suspirou desanimado por aquela visão ser infinitamente mais bela do que todo aquele oceano em seus melhores dias.
- Já posso até imaginar as palavras que Jimin usou pra te convencer. - Jungkook disse com a risada mais leve enquanto se sentava ao lado do mais velho, a tensão se dissipando em parte.
- Eu te reconheci através de sua silhueta. O quão assustador é isso? - Jungkook perguntou distraído, admirando a imensidão negra junto com Suga.
- Me reconheceu de onde?
- Meus aposentos ficam bem atrás de você. - Jungkook respondeu de um jeito engraçado, quase que formal demais.
Suga tinha os cotovelos apoiados no deque, então tudo que fez foi deitar sua cabeça para trás, vendo uma imensa janela de vidro expondo alguns móveis de cor clara do lado de dentro. - Por isso é proibido a entrada de pessoas desse lado, meu quarto tem paredes de vidro. - Jungkook explicou sem conseguir desviar os olhos do pescoço de Suga.
- Entendo. - Suga resmungou desinteressado.
Ele estava pensando no quão incrível seria, acordar com aquela imagem pela manhã, quando sentiu dedos vacilantes tocando seu pescoço.
Os pêlos do seu corpo levantaram, como se tivessem levado um choque ou algo tão estático quanto. Suga mordeu os lábios e fechou os olhos implorando por mais um pouco de contato.
Ele se sentia um viciado em abstinência, devido o tempo em que estiveram separados.
-Você fez uma tatuagem nova. - Jungkook sussurrou com a voz quebrada, se sentindo tão balançado quanto ele, devido a aproximação de seus corpos, alheios aos empecilhos que ambos colocaram em suas mentes, como se seus corpos físicos não entendessem o porquê de não poderem se tocar, já que estavam tão próximos um do outro.
Suga tossiu sem graça fazendo Jungkook se afastar assustado, mentalmente se lamentando por ser obrigado a tal.
Suga finalmente conseguiu respirar normalmente na ausência daquele contato perigosamente bom, já que com a distância, o cheiro de canela de Jungkook não o deixava mais tonto e desesperado. Ele se lamentou pelo mais novo não carregar mais o seu cheiro na pele.
- O que significa? - Jungkook fechou a mão em punho, tentando se impedir de tocar ali mais uma vez.
Suga deu de ombros, mordendo os lábios em ansiedade.
- Eu costumo fazer uma depois de perder algo importante pra mim.
Jungkook concordou com a cabeça, ainda distraído com aquelas curvas complexas.
Era um pêndulo. Uma balança como daquelas que representam a justiça. Tinha um sombreado colorido e disforme, tirando um pouco o foco das palavras escritas em hangul embaixo de um dos pesos.
Justo “ 공정한 ”
Jungkook arregalou os olhos enquanto a compreensão chegava em sua mente.
- É uma tatuagem incrível. - Ele sussurrou, engasgando conforme Suga virava o rosto para encará-lo.
- Sim. Incrível. - Suga não tirava os olhos do mais novo que engolia seco em resposta.
Eles sentiam a terrível necessidade de se tocar, mas era como se uma força invisível os impedissem, mantendo eles firmes em seus lugares.
- Eu acho que devo voltar para festa. - Jungkook disse entalado com a dificuldade em respirar, ainda em choque com aquela tatuagem.
- Você deveria voltar. - Suga encarou os lábios de Jungkook sentindo seu corpo formigar com saudade em tocá-los. Ele passou a língua nos próprios lábios tentando lembrar de como era encostar nos do mais novo.
Jungkook concordou um pouco infeliz com a ideia, mas se levantou mesmo assim. Ele queria mais. Sentia tanta saudade do mais velho, aquilo doía fisicamente dentro do peito Ele queria passar o resto da noite ali se pudesse.
- Acho que tive sorte de te ver mais uma vez. - Jungkook não conseguiu se impedir de dizer.
Suga puxou Jungkook por uma das mãos, encaixando seu corpo no dele assim que o garoto caiu assustado em seu colo.
O mais novo o encarou em choque, os dois em uma pausa significativa enquanto tentavam raciocinar o que acabara de acontecer.
- Sorte, é um planejamento que não se vê. - Suga sussurrou automático.
Eles pareceram levar o mesmo tempo para cair em si, pois assim que Suga se aproximou para beijá-lo, Jungkook o recebeu. Encaixando suas mãos no rosto do mais velho e o guiando em um beijo calmo, apesar de desritmado ao toque do seu próprio desespero e fome.
O que não era para ter se iniciado, cresceu de forma descontrolada, sem freio e quando Jungkook deu por si, já estava tirando o cinto da calça de Suga. As mãos trêmulas e desajeitadas demorando muito mais tempo que deveriam naquela tarefa simples. Suga suspirava toda vez que as pontas dos dedos delicados de Jungkook tocavam em sua ereção no processo.
- Porra. Senti muita falta disso. - Jungkook falou um pouco desnorteado por sentir Suga o colocar de joelhos para abrir o zíper da sua calça com os dentes.
Porra!
Suga terminou de abrir a calça de Jungkook, a abaixando junto com a boxer preta. Sua boca foi direto no pau semi ereto de Jungkook o chupando tão rápido que saliva escorria até suas bolas.
Jungkook gemeu puxando Suga pelos cabelos na direção da base do seu pau, fazendo o mais velho engasgar implorando por ar.
- Que fome gostosa amor. - Jungkook falou amorosamente entre seus gemidos.
Suga gemeu choroso em resposta, o fazendo suspirar extasiado com a sensação que nunca sentiu com nenhuma outra pessoa. Aquilo era simplesmente único e viciante.
Jungkook colocou uma das mãos na garganta de Suga, sentindo seu pau entrar e sair com violência, então com a outra ele tampou o nariz de Suga para evitar que o mais velho sentisse ânsia e engasgasse, enfiando seu pau ainda mais fundo, sentindo seu corpo tremer e vacilar em resposta.
Ele não tinha controle algum sobre seu corpo, a ponto de não entender o porquê se afastou da boca do menor, até vê-lo tirar as próprias calças às pressas e esperar por ele.
- Tem certeza?
- Não pergunte. - foi tudo que Suga respondeu antes de deitar as costas no deque de madeira.
Jungkook soltou o ar com violência pela boca, admirando a pele branca e pálida de Suga brilhar com a luz das estrelas, como se refletissem nele.
Ele era tão lindo.
Assim que Jungkook se aproximou, as pernas de Suga reagiram em resposta, cruzando nas costas do mais novo, que se ajeitava com seu pau escorrendo pré gozo e saliva na sua entrada.
Suga fechou os olhos e abriu a boca num “O” perfeito quando Jungkook começou se movimentar.
A dor expressa nas ruguinhas que formavam ao lado dos seus olhos lacrimejantes, era tão cruelmente bela. Jungkook nunca esteve tão apaixonado.
Ele soltou um rosnado grave ao sentir todo seu pau dentro de Suga.
Suga era tão quente e somente seu naquele momento, que quase o fez chorar, sobrecarregado de todas aquelas sensações, chocando em seu peito com violência.
- Posso me mexer? - Jungkook sussurrou porque lhe faltava voz.
Suga gemeu rouco em resposta pelo mesmo motivo.
Jungkook não sabia o quanto precisava daquilo, até realmente ter. Seus movimentos eram lentos, porém brutos e necessitados. Suga no entanto, não reclamou nem um pouco.
Ambos precisavam daquele tipo de contato, algo simples e selvagem.
Suga mordeu o braço de Jungkook quando ele tocou em sua próstata, o fazendo gemer quase assustado com tanto prazer.
Jungkook passou sua mão delicada por toda extensão do pau de Suga, esfregando o dedo em sua glande até senti-lo gozar em seus dedos ágeis. Era calmo e suave a maneira que Suga relaxou a medida que Jungkook acelerou seus próprios movimentos até gozar dentro do mais velho.
Ele não tinha palavras para expressar o quão prazeroso era sentir Suga contrair seus músculos envolta do seu pau enquanto gozava, era tão bom que ele não queria sair de dentro do mais velho, gemendo irritado quando assim o fez.
Jungkook se jogou ao lado de Suga, a respiração entrecortada, os olhos fechando sonolentos. Suga tirou seu smoking e cobriu Jungkook que tremia com o vento salgado e gelado do mar.
- Você acha que estou cometendo um erro? - Jungkook perguntou distraído com a imensidão negra no céu.
Suga ficou em silêncio por um bom tempo, a ponto de só escutarem suas respirações altas e o som das ondas batendo no casco.
- Tá vendo aquela estrela ali? - Suga apontou para a sua esquerda, até ter certeza que Jungkook sabia do que ele estava falando.
O garoto confirmou com a cabeça ainda confuso com o rumo da conversa.
- É chamada de estrela Polaris. Os navegantes costumavam usar ela para se direcionarem. É a estrela mais brilhante vista no céu. E naquela época ela era seu norte, enquanto ela estivesse ali, eles se sentiam confiantes de que ela os guiaria de volta pra casa.
Jungkook sorriu com a ideia de uma estrela significar esperança para um povo.
- Acho que é como eu te vejo. - Suga falou mais baixo e grave do que pretendia. As palavras transbordando sentimentos silenciosos. - Toda vez que olho para você, vejo meu caminho de volta pra casa, minha estrela Polaris.
Jungkook puxou o ar em choque, virando o rosto para encarar o mais velho que sorriu doce em retorno.
- Não importa o que decida fazer amor. Eu sempre vou saber como te encontrar, porque você sempre me guia de volta.
Jungkook se encolheu nos braços do mais velho, seus lábios tocando seu pescoço.
- Eu sou seu lar? - Ele perguntou um pouco sem ar.
- Algo assim. - Suga respondeu rindo com os suspiros sonolentos de Jungkook em seu ouvido.
______________________________________
O nome de Jungkook signifa "Justo" ( Jung) em coreano.
Muito clichê? Acho que gosto dos clichês.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top