Free will is just an illusion

- Tudo o que eu quiser? - Suga sussurrou a pergunta entre os lábios do mais novo, arrepiando cada parte de seu corpo.
Jungkook concordou com a cabeça quando Suga se afastou para olhá-lo.
- Ok, então você pode me dizer o que fazer? - Suga perguntou sério fazendo Jungkook rir e concordar e mesmo que seu corpo gritasse para acelerar o momento, ele decidiu que prolongá-lo, o máximo que pudesse, seria o melhor a fazer.

- Eu até posso, mas não quero.

Os dois pararam no momento, dividindo uma troca de olhar demorada que foi dissolvido assim que Suga movimentou as pontas dos dedos pelas coxas do mais novo, vendo sua boca abrir em um gemido silencioso em resposta, o que foi o suficiente para Suga parar de se preocupar em fazer algo errado e ligar o seu dane-se mental no instante em que inclinava o corpo para beijá-lo.

Jungkook sentiu seu corpo vivenciando diversas sensações só com o beijo que Suga distribuía por todo seu corpo, ele queimava ao mesmo tempo em que suava frio com a textura macia, molhada e quente dos lábios do mais velho.

Eles estavam rindo num instante e no outro Jungkook era só gemidos nas mãos de Suga que o aprisionava firme entre eles.

Ele notou Suga se afastar e tentou não reclamar em frustração, mas o som saiu de sua garganta antes que ele pudesse fazer algo a respeito.

-Calma, prometo que não vou fugir. - Suga sussurrou debochado, mas tremeu os braços que sustentavam seu peso quando Jungkook arrastou as unhas curtas pelo corpo do mais velho em direção ao seu pau e o mastubou de modo lento e torturante, devolvendo o sorriso torto e debochado que tinha recebido.

- Espera. - Suga pediu quase em um sussurrou, mordendo o pescoço de Jungkook para reforçar o pedido.

- Não quero esperar. - A voz de Jungkook saiu rouca, ele mal tinha percebido quanto desejo tinha acumulado por Suga desde o momento em que o viu sentado do outro lado de uma mesa redonda de reuniões, o rosto entediado, a gravata frouxa no pescoço, ele estava tão sexy que Jungkook precisou se agarrar no tampão de vidro da mesa à sua frente para não morder os lábios e gemer com aquela visão.

- Sua mão...me tocando. - Suga estava com dificuldades de formular a frase, a garganta seca, os olhos revirando em sua órbita fechada através dos cílios longos e preguiçosos, o corpo arrepiado exalando tensão.

- Sua boca, me beijando. - Jungkook falou no mesmo tom do mais velho, deixando claro que ele não precisava se esforçar para terminar a frase porque entendia o que ele queria dizer enquanto sentia os lábios de Suga tocarem suavemente seu ombro.

Suga se afastou do mais novo, sentando sobre suas pernas para poder olhá-lo melhor.

- Deixa eu te assistir enquanto você se dá prazer. - Suga pediu vendo Jungkook ir com sua mão imediatamente para própria ereção.

Seu pau estava latejando, com pré gozo o suficiente para lubrificar sua mão que movimentava lentamente diante dos olhos vidrados de luxúria e tesão de Suga, a boca vermelha e inchada entreaberta, os olhos brilhantes encarando o mais velho que soltou um som direto da garganta enquanto o olhava possessivo. Jungkook fechou os olhos, sentindo que estava prestes a gozar, mas seu corpo gelou ao sentir mãos ásperas impedindo o movimento lento e contínuo que fazia.

- Não. - Suga sussurrou para os olhos indignados e agora bem abertos do mais novo.

- Por que?

- Não quero que goze ainda. - Suga falou enfiando dois dedos na boca de Jungkook que começou a chupá-los imediatamente, sem tirar os olhos de Suga nem por um segundo.

- Você tem os olhos mais brilhantes que eu já vi. - Suga tirou os dedos da boca de Jungkook e desceu até a entrada do mais novo.

- Esse é o elogio mais estranho que já recebi. - Jungkook tentou rir, mas foi interrompido pelos tremores que seu corpo sentia com Suga rodeando seus dedos molhados e insistentes na sua entrada agora pulsando com seu toque.

- Eu gosto de ouvir você gemer. - Suga colocou aos poucos os dois dedos para dentro de Jungkook.

- Espera...Não. - Jungkook tentou impedir Suga, mas o mais velho agarrou suas mãos com a sua que estava livre e as levou acima de sua cabeça, o travando na cama, o que automaticamente fez com que ele se inclinasse sobre Jungkook.

- Não quero que fale. - Suga terminou de enfiar os dois dedos em Jungkook, então passou a movê-los dentro do mais novo, descobrindo o que ele sentia a cada movimento.

- Você está com dor. - Suga falou enrugando a testa.

- Jura? Não tinha reparado. - Jungkook revirou os olhos e tentou se soltar do aperto de Suga, mas parou com um suspiro, seguido de um gemido quando Suga acertou sua próstata.

Suga sentiu seu coração acelerar quando ouviu Jungkook gemer e se desmanchar nos seus dedos que aparentemente encontraram o lugar certo. Ele pensou que nunca se sentiria tão satisfeito e feliz com algo, mas então o mais novo gozou por todo seu abdômen enquanto gemia seu nome, em um tom exausto e simplesmente encantador.

Seu cabelo estava uma bagunça, sua mãos caíram moles ao lado do corpo quando Suga finalmente as soltou. Jungkook resmungou um pouco quando Suga se afastou, mas voltou a gemer baixo, puxando os cabelos de Suga quando ele desceu por seu corpo e passou a lamber e chupar sua entrada dolorida.

Jungkook gostaria de se irritar com Suga por ter enfiado os dedos nele, sem nenhum cuidado ou lubrificação, o machucando, mas tudo que conseguia pensar era em como nunca tinha gozado daquela forma antes.

- Espera, por favor. - Jungkook choramingou entre gemidos quando Suga enfiou a língua na sua entrada. Ele estava tão sensível, pensou que gozar de novo iria demorar um tempo de dolorosas sensações, mas se surpreendeu sentindo aquele familiar aperto no estômago assim que Suga apertou com força sua bunda, o fazendo rebolar instintivamente no rosto do mais velho.

Suga subiu para chupar suas bolas e logo em seguida seu pau. Ele estava uma bagunça e assistir o mais velho lambendo sua glande e a chupando enquanto olhava dentro de seus olhos o fez perder sua noção de limite. Jungkook segurou a cabeça de Suga e o empurrou em direção ao seu pau, o fazendo engolir ele todo, o mais velho engasgou várias vezes, mas não tentou impedir. Ele gozou na boca de Suga que se livrou das puxadas de cabelo de Jungkook para respirar e tossir.

Jungkook olhou desafiador para Suga, pensando que provavelmente ia ser xingado ou algo assim, ele podia ser bem filha da puta na cama quando queria e Suga parecia trazer seu pior.

- Desculpa. - Suga falou limpando a boca com as costas da mão e sorrindo tímido. - Não sei fazer direito, eu acho. - Ele acrescentou quando Jungkook pareceu confuso.

Ele arregalou os olhos se sentando na cama para se igualar a altura do mais velho e o pegou pelos ombros o deitando na cama.

- Eu achei que esse lance de inexperiente era mentira depois de tudo que me fez sentir nessa cama. - Jungkook passou a língua pelo pau visivelmente necessitado de Suga. - Mas agora, honestamente tenho medo do que poderá fazer quando tiver experiência no assunto.

Suga gemeu sentindo os dedos finos e delicados de Jungkook segurando firme a base do seu pau enquanto rasgava o envelope laminado da camisinha.

Ele se posicionou em cima de Suga e permitiu que o mais velho entrasse nele enquanto era segurado por mãos firmes.

- Porra! Você é tão quente. - Suga gemeu com a sensação de ter Jungkook daquela forma, se abrindo para ele a medida em que investia para dentro da entrada apertada do mais novo, mas ele precisava de mais, muito mais.

Seu corpo não vacilou nem por um instante em se virar e empurrar Jungkook na cama, sem sair de dentro dele quando percebeu que queria controlar a situação. Suga investiu cada vez mais forte e mais lento no mais novo que choramingava um som prazeroso, os olhos fechados com firmeza, o lábio inferior sendo torturado por seus dentes enquanto o mordia. Suga apertou ainda mais forte a cintura de Jungkook, sentindo suas pregas apertarem seu pau por causa da dor. Ele soltou um som gutural enquanto sentia todo seu corpo responder unicamente a Jungkook, o tirando do controle que ele pensava que tinha. Seu cabelo molhado e grudado em sua testa, cobria vez ou outra sua visão, lhe dando tempo para sentir todo aquele momento sem se perder completamente naqueles olhos hipnotizantes que o tirava da realidade e o colocava em outro lugar.

Ele puxou o rosto de Jungkook para trás pelo queixo e beijou sua boca, sugando seus lábios enquanto gozava dentro do mais novo que amoleceu nos braços de Suga assim que ele diminuiu o aperto em sua cintura.

Suga caiu em cima de Jungkook, a respiração comprometida, seus corpos suados e frios, a pele ainda estática e completamente dolorida.

Jungkook sorriu beijando o pescoço e o ombro de Suga o ouvindo gemer algo ininteligível enquanto saia de dentro dele. Ele não saberia descrever melhor sensação que aquela. Imaginar que o sexo com Suga era provavelmente bom era uma coisa, vivenciar tudo aquilo em apenas uma noite, era surreal demais para ele.

- Adorei o cabelo aliás. - Jungkook soltou vendo Suga soltar uma risada alta e gostosa que fez sua boca imitar o gesto e seu coração acelerar com uma sensação desconhecida.

...

Suga levou Jungkook até seu carro estacionado em frente ao apartamento, no que Dahyun costumava chamar de "a hora morta", que era aquele meio termo onde ainda não é dia, mas a noite já terminou em uma imensidão cinza a espera do sol nascente.

Suga só notou que estava sorrindo feito um idiota, quando o carro já virava a esquina para entrar na avenida principal.

Ele não se sentiu mal por tudo que aconteceu e isso foi de certa forma singular, não porque deveria se sentir mal, mas porque pela primeira vez se permitiu sentir algo que ia além de prazer momentâneo.

- Achei que você não fosse capaz de um sorriso genuíno. - Uma voz um tanto quanto familiar soou, saindo da parte escura da calçada e parando embaixo da luz fraca e amarelada do poste, assim que ele atravessou a rua para subir de volta para seu apartamento.

Suga sentiu os ossos se transformarem em gelatina, e ele não tinha certeza se de um modo tão figurativo quanto parecia, as mãos em punhos, o corpo em alerta.

Dahyun?

Suas dúvidas foram tiradas quando reconheceu o loiro, com lentes verdes, uma jaqueta colorida de lantejoulas e a calça branca, rasgada, colada no corpo, os brincos longos e brilhantes. Ele saiu da baixa iluminação com um sorriso fraco no rosto e os olhos avaliativos parecendo de alguma forma magoados.

- Park Jimin. - Suga falou entredentes, mas relaxou o corpo ao mesmo tempo em que deixava as feições demonstrarem pela primeira vez seu nervosismo. - O que quer? Como sabe onde eu moro? O que faz aqui?

O dia não tinha começado ainda, mas isso definitivamente não impedia Brooklyn de acordar. Carros começaram a passar na 4° avenida mais movimentada do bairro, fumaças com cheiro de café, massas e gordura tomavam o corpo dos comércios, porém o vento gelado e a umidade do ar por falta do sol, piorava a sensação gélida que o ar tinha quando batia de frente com o corpo de Suga parado de forma não natural, demonstrando óbvio desconforto numa zona de sentimentos ainda desconhecida.

- Calma, respira primeiro. - Jimin riu, mas levantou as mãos em rendição ao encostar na parede de tijolos vermelhos, do prédio na lateral da escada que subia para o apartamento do mais velho.

Suga ficou em silêncio, vendo Jimin acender um cigarro numa lentidão proposital enquanto apoiava um dos pés na parede de um jeito relaxado.

Ele não queria fazer parte do que quer que fosse planejado por Jimin, então sem pensar muito já estava subindo as escadas, na intenção de deixar Jimin curtindo seu momento sozinho seja lá qual fosse, quando o menor finalmente resolveu falar.

- Eu fiquei sabendo que está com a minha arma.

Suga desceu de costas os dois degraus que tinha subido, enrugando a testa curioso ao olhar para o melhor que não se virou para encará-lo.

- O que? Você não achou que era o único que sabia investigar aqui, certo? - Jimin perguntou, rindo alto enquanto jogava a cabeça para trás de maneira exagerada.

- O que quer? - Suga perguntou a contragosto.

- Quero de volta o que é meu.

- Vai fazer o que com ela, caso eu devolva. Tentar matar seu irmão mais uma vez? - Suga perguntou com a voz baixa e lenta. O que de alguma forma deixava o clima ainda mais apreensivo.

Jimin não soube o que dizer depois do momento de óbvia tensão, mas se recompôs rápido demais para que Suga percebesse algo.

- Acho que isso não é da sua conta. - Jimin respondeu fazendo um bico fofo, nada característico da personalidade que Suga tinha em mente.

- Eu sou o segurança dele.

Jimin bufou com aquele testamento.

- Um segurança que gosta de fodê-lo nas horas vagas.

Suga travou a mandíbula enquanto calculava o quanto se beneficiaria enfiando aquele cigarro aceso pela garganta do garoto com a feição petulante.

- Volta em horário comercial. - Foi o que disse no entanto, parecendo desinteressado com o assunto, o que fez Jimin quase se dobrar ao rir do mal humor do mais velho.

- Como diabos você consegue se relacionar com meu irmão tendo esse temperamento afinal? - Jimin perguntou divertido, tragando uma boa quantidade da fumaça que puxava do cigarro entre seus dedos.

- Acho que isso não é da sua conta. - Suga falou olhando ao redor enquanto colocava as duas mãos no bolso da frente da calça jeans e pulava de leve, tentando se livrar do frio e a umidade típica de todo começo de manhã.

Jimin apontou o maço de cigarro na sua direção, ele pensou em recusar, mas acabou aceitando com um aceno e recebendo um cigarro já aceso, preso entre os dedos pequenos e delicados de Jimin.

- Vou devolver, assim que pegar de volta. - Suga respondeu a pergunta já quase esquecida de Jimin.

- Ah! Sim, você mandou puxar a patente dela. Tinha me esquecido. - Jimin falou parecendo mais divertido do que deveria com a situação.

- Me diz uma coisa. O que pensou quando descobriu que o assassino de Jungkook era nada menos que o próprio irmão? - Jimin perguntou quando notou a situação um pouco mais relaxada entre eles.

Suga soltou a fumaça do cigarro pelo nariz, olhando Jimin com perturbação. Ele era tão pequeno, tão aparentemente frágil e inseguro e ainda assim Suga se sentia de certa forma amedrontado, pois não conseguia ler o menor. Jimin era a porra de um mistério aos seus olhos e ele não gostava nem um pouco disso, ele sempre foi muito bom em ler pessoas.

- Você não é um assassino se não matar alguém. - Suga resmungou desinteressado em jogar o pequeno jogo que Jimin estava criando ali.

- Isso não é necessariamente verdade, eu já matei antes, mesmo que não tenha encostado um dedo na vítima em questão. - Jimin deu de ombros tentando parecer indiferente, mas seus olhos vagaram para um lugar distante por um tempo e quando voltaram não pareciam mais os mesmos de antes, contendo algo que Suga não sabia ao certo dizer o que era.

Suga queria avaliar Jimin. Se perguntar o porquê que tanto ele quanto Jungkook não pareciam se importar com nenhum tipo de consequência para suas ações exageradas, mas por algum motivo, até então não claras em sua mente, tudo que fez foi fumar seu cigarro em silêncio, admirando o céu, agora azul claro se tornar irrelevante, se comparado com o barulho de buzinas e a agitação transitória de um começo de dia agitado e ordinário.

- Não vai me chamar para entrar?

- Não.

- Podemos ao menos discutir a possibilidade?

- Não.

Jimin bufou contrariado, mas ainda assim tudo parecia muito divertido para ele.

Suga no entanto, odiava pessoas que pareciam não ter problemas, ninguém era feliz o tempo todo, em sua opinião.

- Você não sabe quem o Jungkook é realmente, mas vai saber. - Jimin sorriu amargo enquanto jogava o cigarro no chão e pisava em cima para apagá-lo com a sola de um sapato de aparência cara.

- Deixa eu ver se eu adivinho, você veio aqui me alertar sobre seu irmão, só porque é um ótimo ser humano?

- Eu já te disse porque eu vim.

Suga respirou fundo tentando se controlar.

- Bom, então acho que acabamos. - ele falou indo em direção a escada mais uma vez.

- Dahyun morreria de novo se visse isso. - Jimin falou fazendo Suga reagir antes mesmo de pensar, num instante ele estava na direção da escada e no outro suas mãos o puxavam pela gola da jaqueta e o levantava para igualar suas alturas, mesmo que não fosse muito a diferença.

- O que foi que você disse? - A voz de Suga era uma mistura de sussurros e engasgos, Jimin não tinha dúvida alguma de que o mais velho estava transtornado.

- Me solta e eu te conto. - Jimin pediu tocando delicadamente as mãos que seguravam o seu pescoço violentamente e mesmo que seu corpo implorasse para lutar contra a pressão em sua garganta, ele amoleceu o corpo e esperou, torcendo para que sua teoria funcionasse.

Suga largou o garoto, notando a própria mão com pequenos cortes por causa da pressão que fez ao apertar as malditas lantejoulas.

Jimin sorriu com a realização de que Suga era exatamente a pessoa que imaginava ser.

- O que você está fazendo? - Suga tinha os olhos brilhando de um jeito anormal, seus lábios tremiam levemente e era óbvio seu transtorno, mesmo que mais ninguém que passasse por eles notasse, Jimin conseguia ver, talvez sentir mais do que ver.

- Você não acha coincidência demais JHope te arranjar o único emprego que poderia te dar acesso a uma cópia melhorada do seu namorado morto? - Jimin ajeitou a gola da jaqueta tentando manter o mínimo de compostura que ainda restava.

- Cuidado com a boca. - Suga apontou o dedo na direção de Jimin, mas parecia mais distraído do que focado em realmente parecer uma ameaça.

Os dois ficaram em silêncio, mesmo que Suga parecesse agitado demais, vacilando a pose de indiferença, os olhos que antes brilhavam, agora vagos e a boca mexendo de um jeito quase imperceptível.

- Vai me chamar para entrar agora? - Jimin perguntou debochado, mas não se atreveu a rir, alisando o pescoço em busca de alguma forma de alívio.

Suga apontou a escada, os olhos assassinos, mas a expressão um pouco mais controlada.

Jimin olhou para os dois lados da rua, pensando se era uma má ideia tanto quanto parecia ser, mas subiu as escadas assim que ignorou o instinto de sobrevivência impresso em sua mente.

A primeira coisa que Suga fez quando abriu a porta destrancada do apartamento foi pegar a garrafa de whisky onde tinha deixado da última vez, mas dessa vez não se incomodou em pegar um copo.

- Senta. - Suga apontou o sofá com a mão que segurava a garrafa contendo o líquido âmbar já pela metade.

- Pode me dar algo gelado para eu colocar no pescoço? - Jimin perguntou manhoso enquanto se jogava no sofá.

- Não.

- Mas...

- Jimin. - Suga o alertou, deixando claro pelo tom de voz que já estava sem paciência , o que fez Jimin se encolher sutilmente mesmo que jamais admitisse o fato.

Suga tomou um longo gole da bebida e passou a mão nos cabelos vezes seguidas enquanto ziguezagueava em frente o mais novo.

- Começa. - Suga praticamente rosnou.

Jimin cruzou os braços irritado e soltou bruscamente o ar, parecendo mais uma criança mimada do que alguém realmente bravo.

- Eu conheci Dahyun na escola, éramos próximos quando morávamos em Busan. Nós estudamos juntos por um longo tempo e éramos conhecidos como os irmãos gêmeos, por causa da aparência. Porém, o fato que você realmente deve estar se perguntando é como JHope sabia disso? - Jimin cruzou as pernas embaixo do corpo e apoiou a cabeça em uma das mãos, apoiadas pelo cotovelo.

- Minha mãe convenceu o pai de Jungkook a dar um jeito de Dahyun ficar num regimento no exterior e já que ambos os governos estavam liberando as fronteiras e disponibilizando os soldados, não tinha porque ele não conseguir. - Jimin levantou a cabeça para poder juntar suas mãos numa brincadeira aleatória com os dedos.

- A família de Jungkook queria muito Dahyun longe de mim, fariam o que fosse preciso para deixá-lo o mais longe possível, eles diziam que ele era uma " má influência". - Jimin fez aspas com os dedos, rindo desgostoso da situação. - Eu amo minha mãe, mas ela se tornou outra pessoa depois que se casou com aquele idiota.

Suga negou com a cabeça do começo ao fim das informações desenfreadas que Jimin jogava distraidamente para cima dele.

- Isso não faz sentido nenhum, é muita coincidência, o fato de todos nós estarmos reunidos agora é ainda mais impossível. - Suga resmungou procurando o plausível no improvável.

- Nem tanto. - Jimin sorriu quando Suga parou de se mexer agitado para prestar atenção nele. - A família do Hoseok sempre foi próxima da família de Jungkook e eventualmente da minha também. - Jimin deu de ombros. - JHope ficou no melhor batalhão porquê o pai de Jungkook conhecia um cara, que conhecia um cara, você sabe como funciona. Eu nem saí da base no meu tempo de serviço, Jungkook também foi bem inútil para o serviço americano, confesso que surtei com a morte de Dahyun e culpei todos eles por isso, ainda os culpo na verdade.

- Então a única coincidência aqui, sou eu? - Suga perguntou um pouco menos confuso.

- JHope falou que você ia ficar num regimento de merda se ele não tivesse puxado um pauzinhos, quando você era recruta, mas no exército quase tudo roda em cima de indicações e favores, então... - Jimin deu de ombros indiferente.

Suga não estava acostumado em ser favorecido, ele achava que tudo que acontecia era um resultado de seu esforço e competência, mas agora não tinha mais tanta certeza e isso o enfurecia.

- Quando eu questionei Hoseok, ele disse que conheceu JungKook na academia da infantaria. - Suga pensou alto.

- Bom, sinto ser quem te traz essa notícia, mas pessoas mentem. - Jimin falou sorrindo para a cara nada receptiva de Suga. - Não tô dizendo que JHope é uma pessoa ruim, só tô dizendo que eu sou único que acha que você precisava saber a verdade.

- E como eu sei se você não está mentindo?

- Você não sabe.

Suga puxou o ar e quase arrancou seus cabelos com os dedos mais uma vez.

- Jungkook sabe sobre tudo isso? - Suga perguntou sentindo um choque nervoso passar por suas veias com a ideia. De alguma forma parecia pior quando a ideia de traição era relacionada ao Jungkook.

- A cabeça daquele garoto vive enfiada embaixo da terra, ele não se interessa por nada que não seja de seu próprio interesse, acredite. - Jimin parecia refletir em algo realmente incômodo enquanto falava aquilo e na visão de Suga aquilo pareceu explicar um pouco do seu rancor pelo irmão, mesmo que ao mesmo tempo não explicasse nada. Lógico que o fato dele estar sentindo um ódio inexplicável por todos que ele considerava próximos à ele ajudou em sua análise.

- Eu acho que preciso pensar um pouco. - Suga falou por fim, vendo Jimin concordar exageradamente com a cabeça, mas sem sair do lugar. - Sozinho. - Suga achou por bem acrescentar, apontando na direção da porta que começou a abrir sozinha, deixando Jimin com a boca aberta como se Suga tivesse acabado de fazer um truque de mágica.

JHope e V entraram no apartamento de um jeito relaxado, com sacolas de compras nas mãos enquanto sorriam de alguma conversa deixada pra trás no corredor.

Ele parou de falar, olhando de Suga para Jimin vezes consecutivas e depois para a garrafa de bebida na mão de Suga e novamente para seus rostos.

- O que tá acontecendo aqui? - JHope perguntou assim que deu de cara com Jimin, acenando infantilmente para os dois do sofá.

- Eu achei que tinha visto o carro do Jungkook ontem a noite do bar, no outro lado da rua. - JHope falou confuso.

- Oh! Você viu certo, nós estamos alternando o turno para ver quem conquista o Yoongi primeiro. - Jimin sorriu genuinamente, agora trazendo V para o momento de completa curiosidade e extrema confusão entre os envolvidos na conversa bizarra que acontecia ali.

- De qualquer forma, se tem o Jimin no meio é algo problemático - V disse divertido quando ninguém continuou o assunto, na tentativa de acabar com a guerra de olhares de JHope para Jimin, de Suga para JHope e por aí vai.

- Você pretendia me contar o motivo de ter me arrumado esse emprego? - Suga praticamente rosnou para JHope enquanto apontava para Jimin.

- Feliz Jimin? - JHope perguntou amargurado.

- Eu disse que ele precisava saber. - Jimin respondeu cansado do assunto.

V pegou as sacolas das mãos de JHope e foi em silêncio para cozinha sendo seguido por Jimin que adoraria ter ficado para assistir o circo pegar fogo de perto, mas dava para ouvir da cozinha e não era aconselhável ficar perto de Suga quando ele estava naquele estado. Ele sabia disso agora.

Jimin alisou mais uma vez o próprio pescoço enquanto sentava no balcão e assistia V preparar o café da manhã, assobiando uma música infantil como se dois adultos não estivessem prestes a cometer um crime há menos de dez metros de onde eles estavam.

- Eu ia te contar. - JHope começou com a voz um pouco falhada e a feição amedrontada quando percebeu o que exatamente Jimin tinha ido fazer ali.

- Quando? Sério Hoseok, quando? - Suga colocou a garrafa de Whisky no rack distraído, os olhos avermelhados.

- Eu...

- O que você pensou? Que eu ia casar e ter filhos com um garoto, só porque ele parece alguém que eu amo?

Suga estava distraído com seus pensamentos vindo em ondas claustrofóbicas e constantes, então não notou todos virarem a cabeça na sua direção, analisando pasmos o que ele havia dito despercebido.

- Ama? - JHope sussurrou juntando as sobrancelhas num vinco frustrado. - Ele tá morto, quando diabos você vai colocar isso na sua cabeça?

Jimin puxou o ar dramaticamente com as palavras pesadas de JHope o que fez V revirar os olhos enquanto colocava de qualquer jeito uma caneca de café na frente do menor e se servia de uma também, debruçando sobre o balcão para finalmente assistir a discussão.

- Sabe, é esse o seu problema. Você vive jogado nos cantos, na maioria das vezes bêbado, com a cabeça presa no passado, canonizando alguém que nem é tão santo quanto você pensa...

- O que quer dizer com isso ? - Suga interrompeu sentindo pontadas de dor na cabeça conforme aquela conversa evoluía. - O que quer dizer com " nem tão santo"? - Suga insistiu.

JHope puxou o ar o soltando em seguida em óbvia irritação.

- O que eu quero dizer. - JHope começou, com a voz calma e ditada, tentando não perder o controle das sua já escassa paciência com aquele assunto. - Você nunca me ouviria se eu te dissesse que você precisa curar esse luto de uma vez, não te faz bem remoer sobre o assunto o tempo todo, porém...

- O assunto é uma pessoa, não um objeto no qual eu posso me desfazer e esquecer que existiu há qualquer momento... - Suga interrompeu mais uma vez já exaltado, sem conseguir se conter em falar sobre o quanto Dahyn era importante e merecia ser tratado como tal.

- Porém... - JHope quase gritou, mas voltou a voz normal quando Suga se calou. - Eu ouvi na reunião de TEPT que para você lidar com um problema, primeiro você tem que falar sobre ele. Acredita em mim, eu não juntei vocês pela aparência de Jimin. - JHope falou apontando para Jimin que fez um bico chateado quando a atenção voltou para ele.

Suga revirou os olhos pela atitude do menor, mas não manteve sua concentração nele por muito tempo.

- Jimin também têm sofrido pelo que aconteceu com Dahyun. - JHope falou por fim.

Suga levantou uma sobrancelha, desacreditado com a informação.

- Bom, pelo menos do jeito dele. - JHope resolveu acrescentar. - De qualquer forma, achei que se ambos conversassem sobre isso se curariam mais rápido, ambos se ajudando, se entendendo de uma forma que nenhuma outra pessoa entenderia. Vocês não me ouviriam se eu fosse claro com minhas intenções, então pensei que se encontrassem ao acaso a conversa uma hora iria surgir - continuou. - Mas depois da sua reação completamente estranha da primeira vez que viu Jimin, fiquei assustado. - JHope falou distraído.

- Pelo menos admite ter se acovardado. - Suga falou ríspido.

- Eu só queria que todos ficassem bem, tanto você quanto Jimin. - JHope apontou para o mais novo, sentado na bancada da cozinha parecendo pela primeira vez aleatório a conversa.

- E depois dançaríamos felizes em direção ao sol ao som de Kumbaya? - Suga falou, bufando entredentes uma risada seca de escárnio.

- Eu tentei por seis meses me aproximar de você, te ajudar, te ouvir, mas tudo que você fez foi usar a pensão do exército com putas e bebidas, desculpa se eu me senti sem opção aqui. - JHope bateu as mãos ao lado corpo, para depois pentear os cabelos lisos e cor de mel para trás com agressividade.

- Quem morreu e te deixou no encargo de "tentar me ajudar"? - Suga perguntou fazendo as aspas no ar com ironia saindo de seus poros e impregnando em todos os seus gestos. - Não preciso da sua ajuda Hoseok, não preciso de você, ninguém te chamou. - Suga gritou as últimas palavras.

- Dahyun morreu. - JHope gritou parecendo sugar o ar da sala com suas palavras. - Dahyun morreu. - JHope repetiu, porém agora com a voz mais calma e pesarosa. - E ele odiaria te ver assim. Foi culpa minha tudo isso, a missão era minha, eu agi mesmo com os segundos de rádio morto e depois eu causei sua dispensa honrosa, eu causei todo seu sofrimento, tudo isso é culpa minha, eu fiz merda. - JHope derramou lágrimas enquanto V saía da cozinha e se aproximava de JHope, o tocando em suas costas na esperança que isso o confortasse.

Suga enrugou a testa confuso com alguma das informações que JHope soltou sem querer, fazendo sua mente viajar confusa para o passado e quando voltou para o presente, ver JHope soluçando um choro sem lágrimas enquanto era confortável por V só o irritou mais.

- Então eu sou seu projeto redenção. Você faz merda e então volta na minha vida para tentar consertar as coisas, para que você possa dormir a noite, sabendo que arrumou todo mal que causou. É isso? - Suga riu amargo mais uma vez. - Pode enfiar sua auto redenção no rabo Hosek, junto com suas falsas intenções nobres. - Suga parou de falar depois de ouvir V suspirar assustado de forma audível, sem perceber e JHope travar a mandíbula e os punhos em revolta, o que fez Suga praticamente salivar para apimentar mais a conversa na intenção de que aquilo se transformasse em algo mais físico, ele estava desesperado para esmurrar alguém e JHope parecia a vítima perfeita.

- Desculpa, só tive boas intenções. - JHope falou olhando tanto para Suga quanto para Jimin, parecendo arrependido, depois que V sussurrou algo em seu ouvido o acalmando imediatamente.

- De boas intenções o inferno tá cheio. - Suga resmungou pegando a garrafa esquecida de bebida e indo em direção ao quarto.

- Me faz um último favor e some da minha frente. - Suga falou quando se virou para eles, antes de entrar no quarto. - Aliás, sumam todos vocês. - Suga gritou já do quarto, descontando na porta o que ele queria ter feito em alguém.

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