Doubt, Passion and Pain
[Semanas Antes - Hospital Mount Sinai de Manhattan]
Jungkook acordou com a maior dor no corpo da sua vida. Ele sabia que estava no hospital de alguma forma, provavelmente pelo cheiro de Éter e Iodo que entravam pelo seu nariz, mesmo com os tubos de oxigênio bloqueando boa parte de suas vias aéreas.
Ele conseguiu abrir os olhos, mas doíam muito e exigia uma grande quantia de energia para mantê-los aberto, então ele resolveu fechá-los.
Estava sonolento e um pouco aéreo por causa da medicação no seu soro, então não se importou em dizer que tinha acordado quando a porta do seu quarto abriu. Jungkook pensou ser uma enfermeira ou algo assim, mas os passos cessaram e tudo que ele podia ouvir, além do apito da máquina que dizia seus batimentos cardíacos e saturação, era uma respiração pesada, como as dele.
Ele sentiu uma mão tocar as suas e pensou se não devia abrir os olhos e anunciar que havia acordado, pois aquilo estava começando a parecer assustador, até ele ouvir.
- Eu fui tão idiota. - Suga disse.
Suga devia estar com muita dor, dava para ouvir na sua respiração pesada e na sua voz esvaindo sempre que ele precisava puxar o ar.
Jungkook sentiu seu corpo ficar rígido e tenso e pensou se Suga não teria reparado, mas ele parecia distraído com seus próprios pensamentos de qualquer forma.
- Eu tenho em mente o grande otário que você é, por tudo que faz sem ao menos se sentir culpado, por ter me usado, por ter feito o que fez com Dahyun. - Suga puxou o ar mais uma vez. - Por que diabos eu não consigo te odiar? Por que eu não simplesmente te mato agora mesmo? Não é como se você não merecesse.
Jungkook sentiu a respiração de Suga fazer cócegas nas suas bochechas, depois sentiu os lábios do maior em sua testa.
- Acho que sei porquê. Quem eu tô tentando enganar? Eu te amo. Cada beijo, cada toque se toca mais doce a cada dia. - Suga resmungou algo que Jungkook não conseguiu entender, mas ainda assim ele não teve coragem de abrir os olhos ou de se mexer. Diabos! Ele mal conseguia respirar.
- Quão doentio é isso baby? Eu amo o responsável por tirar a vida da única pessoa que já me amou depois de me ver por quem eu realmente sou. - Suga tossiu algo molhado, sujando as mão de Jungkook que estava entrelaçada na dele. - Quão doentio é isso?
Jungkook abriu os olhos depois de ouvir um baque, encontrando Suga caído no chão desmaiado e havia sangue escorrendo de sua boca, provavelmente parte do mesmo sangue que ele sentia escorrendo em sua mão.
- Enfermeira. - Jungkook gritou o melhor que pôde.
A última memória que Suga tinha em sua mente era a de Jungkook deitado numa cama de hospital aparentemente destruído. Ele ainda não sabia como tinha tido forças de sair do seu quarto para ir no quarto do mais novo, mas isso definitivamente não estava na lista de suas melhores idéias, pois tinha desmaiado aos pés da cama.
- Achei que não ia acordar nunca. - Uma voz doce falou, se levantando da poltrona para se aproximar dele.
Jimin tinha o olhar preocupado e cansado, mas o sorriso enorme no rosto escondia boa parte do quanto realmente estava perturbado.
Suga odiava o quanto seu corpo se encheu de adrenalina por achar estar olhando para Dahyun, até sua mente lembrá-lo de que não era o caso.
- Você não está no quarto errado ? - Suga perguntou sem coragem de perguntar diretamente sobre Jungkook.
- Jungkook está bem, sua recuperação foi inacreditável e ele já se encontra com o macacão amarelo rumo a sua cela. - Jimin respondeu um pouco mais animado do que deveria.
Suga respirou aliviado, se odiando por isso imediatamente.
...
[ Atualmente ]
Jungkook se afastou dos braços de Suga, rindo baixinho quando o mais velho o procurou mesmo dormindo pesado.
Ele estava profundamente apaixonado por Suga, era incontestável e irreversível, deveria assustá-lo, mas não era o caso. Jungkook se sentia completo e mesmo com toda a confusão em sua vida, ele se sentia pela primeira vez em paz.
Seus olhos faziam ruguinhas nas laterais, a medida que seus sonhos tornavam mais intensos, sua boca estava entreaberta, puxando o ar com violência para dentro do corpo, os cabelos negros caídos preguiçosamente sobre seus olhos.
Jungkook queria entender porque achava aquilo, a visão mais linda do universo. Algo com seu leve murmurar sonolento, ou como a luz da lua refletia nos lençóis ao seu lado, talvez a forma como sua mão estava espalmada nos peitos de Jungkook, deixando um formigamento distinto na parte em que o mais velho tocava.
Ele não saberia dizer o que era, mas era bom.
Suga abriu os olhos lentamente, piscando de maneira preguiçosa antes de finalmente focar no rosto do mais novo, como se Jungkook tivesse entrado em seus sonhos e o acordado.
- Achei que dormiria para sempre. - Jungkook soltou o ar sem conseguir impedir seus pensamentos apaixonados em relação ao garoto na sua frente.
- Eih! Ainda nem amanheceu. Você conseguiu dormir ? - Suga perguntou com a voz rouca e a mente finalmente desperta.
- Durmo feito um bebê ao seu lado. - Jungkook sussurrou dando beijos leves na linha da mandíbula do mais velho.
- Ah é?! - Suga pegou Jungkook pela cintura e o girou na cama fazendo o garoto soltar risadinhas altas e soluços adoráveis. - Então quer dizer que eu te causo sono.
- Não. Para. - Jungkook tentou se livrar das cócegas do maior, mas seu acesso de riso tirava toda sua força.
- Pois fique sabendo que você é um bebê o tempo todo. - Suga disse parando as cócegas para beijar a barriga do mais novo onde tinha torturado com a ponta dos dedos à pouco.
Jungkook suspirou baixo, pela sensação dos lábios do mais velho contra sua pele. Os olhos fechados com força, a boca parada em um gemido silencioso. Suga não conseguia imaginar visão melhor.
-Toma um banho comigo? - Suga perguntou, a voz ainda rouca, as mãos descendo até as coxas do mais novo que parecia perdido em sensações. Seus lábios passaram por seu estômago descendo com um rastro de saliva pela sua virilha.
Jungkook abriu um olho, a sobrancelha levantada em desafio.
- Tá me chamando de fedido?
Suga subiu pelo corpo do garoto, fingindo cheirar as partes em que ele sabia que a respiração pesada ia causar cócegas no mais novo, que se remexia incomodado tentando afastar a cabeça de Suga com as mãos.
- Ta meio fedidinho mesmo. - Suga distribuiu beijos pelo pescoço de Jungkook e levantou da cama para pegar o garoto no colo.
- Não me chama de fedido. - Jungkook fez um bico enquanto batia no braço do mais velho que achava graça da sua atitude exagerada.
- Preciso confessar. - Suga sussurrou no ouvido de Jungkook enquanto esfregava suas costas com aquele aroma de erva doce impregnando o ar.
Seus corpos colados e o sabonete deslizando pelo corpo do mais novo. Suga estava mais provocando do que realmente dando banho, mas era bom, quente e nenhum dos dois pareciam notar há quanto tempo estavam realmente ali. Com a água corrente, quente, caindo em seus corpos colados.
- O que? - Jungkook perguntou voltando a morder seus lábios finos quando sentiu a mão de Suga descer por seu abdômen.
- Hm? - Suga estava distraído, sentindo as costas de Jungkook apoiadas em seu peito, sua boca deixava beijos provocantes em seu pescoço e na base de sua orelha.
- Você disse que precisava confessar algo. - Jungkook fechou os olhos sentindo sua pressão baixa provocar-lhe tonturas, as ondas de ar quente que emanava no local deixou sua visão turva e incerta.
- Eu fico paralisado toda vez que essa bunda se encaixa no meu pau. - Suga disse com naturalidade, o que deixou Jungkook ainda mais tonto, mas não o bastante para que não respondesse rebolando sua bunda até encaixar o pau de Suga entre a sua bunda. O que era uma das várias vantagens do mais velho ser relativamente mais baixo que ele.
- Cadê o RM? - Jungkook perguntou entre gemidos enquanto Suga arranhava seu abdômen com as unhas curtas.
- Não sei se gosto de ouvir o nome de outro cara na sua boca enquanto você geme gostoso assim. - Suga parou com a mão áspera no pescoço de Jungkook, o forçando a deitar em seu ombro.
Ele sentiu Jungkook engolir seco a medida que uma mão apertava firme sua garganta e a outra descia o acariciando até terminar alisando sem cuidados o pau duro do mais novo.
- Você é tão bruto. - Jungkook disse com a voz falhando e rouca pelo aperto da mão Suga que dificultava sua respiração.
- E você gosta. - Suga sussurrou masturbando o mais novo.
Jungkook sentiu suas pernas instáveis, mas Suga o mantinha no lugar. Seu corpo estava quente, sua mão áspera e lenta tirava a capacidade de fazer algo que não fosse gemer baixo, ao mesmo tempo que tentava assimilar todas aquelas sensações.
- Você é uma delícia Kookie. - Suga soltou a respiração pesada, sentindo o mais novo se esfregar em seu pau duro que deslizava soltando pré gozo na bunda de Jungkook.
- Suga Oppa. - Jungkook gemeu conforme o mais velho aumentava a velocidade dos seus movimentos constantes.
Suga gemeu com a voz delicada e suave soprando seu nome por aqueles lábios vermelhos e convidativos. Jungkook não aguentou mais tempo que aquilo, gozando na mão de Suga e espirrando no azulejo.
- Você é a minha perdição garoto. - Suga resmungou limpando Jungkook antes de sair do box como se nada tivesse acontecido, deixando um garoto perdido em pensamentos confusos pra trás.
...
Jungkook finalmente tirou forças para sair do chuveiro, ouvindo Suga conversar com alguém do outro lado da porta do banheiro.
Ele secou seus cabelos com lentidão, mordendo os lábios para esconder o sorriso quando lembrou da reação possessiva de Suga ao vê-lo perguntar de RM.
Era provavelmente ele quem estava conversando com Suga agora.
Jungkook vestiu um moletom do mais velho que estava jogado no banheiro, para ele não precisar sair de toalha com RM na casa, apesar de que a ideia de provocar mais ciúmes em Suga não parecia tão ruim.
Ele percebeu que a porta não estava completamente fechada, sobrando uma fresta entre o batente e a porta. Sua mão travou na maçaneta, notando mais vozes do que o que deveria, todas desconhecidas, nada de RM. Suga também não parecia muito simpático, na verdade foi a voz assustadoramente grave e irritada de Suga que o fez parar.
Pela sua visão, tudo que podia enxergar era Suga ajoelhado no chão do quarto.
Por algum motivo desconhecido, Suga soube no mesmo momento o que Jungkook planejava fazer.
Seus olhos se encontraram por uma fração de segundo, o suficiente para Suga balançar negativamente sua cabeça e desviar a atenção dos homens ao seu lado.
Eram dois homens e Jungkook pôde vê-los melhor, depois da curiosidade aumentar o fazendo abrir um pouco mais a fresta da porta.
- Já disse. Assim que soube do vazamento de informações enviamos o garoto para bem longe. O quão burros você acha que somos? - Suga disse com a voz entediada e dominante, ainda que estivesse ajoelhado e com as mãos na cabeça, Jungkook se arrepiou com a forma que Suga lidava com a morte, com aquele sorriso cínico manchando seu rosto com uma incompreensível satisfação obscura.
Como se ele não se importasse o suficiente para que parecesse importante.
- O problema é que a informações que temos é que você nunca sai do lado dele. - O homem cuja a arma estava apontada para a sua cabeça, deu uma joelhada no rosto de Suga enquanto o outro ao seu lado segurava seus ombros com força.
Suga cuspiu sangue no chão, aos pés do homem armado e sorriu. Sangue cobria seus dentes de forma não natural.
- Se tem tanta certeza. Por que não procura você mesmo? - Suga perguntou olhando para seu agressor no olhos.
Ele levou um soco, dessa vez no olho esquerdo se inclinando para o chão por alguns segundos, mas logo voltou a sua postura anterior, as mãos na cabeça, o sorriso convencido no canto da boca.
Jungkook se afastou da porta, suas mãos tremendo horrores enquanto uma gota de suor escorria de sua testa. Ele não podia mais ver aquilo.
Droga. Droga. Droga.
Ele sabia o que Suga estava fazendo, eles conversaram várias vezes sobre isso na sua viagem de carro até ali.
Suga estava irritando os homens para distraí-los, dando tempo para que ele fugisse pela saída de emergência, que ficava atrás do armário de toalhas na despensa ao lado do banheiro.
Jungkook conseguiria ir para lá fácil, Suga iria distraí-los tempo suficiente, provavelmente pegando a arma do homem que bateu nele. Ele estava confiante demais, Jungkook já viu como Suga agia, aquilo parecia ridículo perto do que Suga enfrentou no hotel onde eles foram atacados.
Então por que diabos ele estava apanhando?
" Se você quer realmente se livrar de um agressor, é só fazê-lo pensar que está no comando. Se fingir de rendido pode te levar onde uma vítima raptada está, te dar tempo para analisar uma estratégia de fuga ou até mesmo estudar os pontos fracos do seu inimigo, uma perna manca, um ferimento recente, qualquer coisa. Tempo é a chave, é tudo que precisa a seu favor".
Era esse tipo de coisa que Suga dizia a ele quando resolvia perguntar sobre o assunto.
Jungkook treinou autodefesa com JHope e ele era um ótimo professor, mas nunca teve a crueldade nos olhos que Suga tinha quando falava sobre matar alguém. Era assustador, mas vê-lo ajoelhado com uma arma apontada para sua cabeça era ainda pior.
Ele não fazia ideia de onde Suga estava com a cabeça quando montou esse plano inútil. Jungkook nunca fugiria dali com Suga correndo risco de vida por sua causa.
Jungkook balançou as mãos agitadas, as apertando em punho ao lado do corpo enquanto andava em círculos no banheiro.
Suga levou uma coronhada com a 38 do seu agressor sentindo imediatamente tonto e a beira da exaustão. Ele não sabia quanto tempo mais seu corpo aguentaria, não entrava na sua cabeça porque Jungkook demorava tanto. Eles conversaram milhões de vezes sobre aquilo. Não que Jungkook fosse o culpado, afinal RM saiu de madrugada do chalé para descobrir o porquê de uma brecha na segurança ter sido emitida pelo rádio, se Suga tivesse seguido seus extintos, eles estariam a milhas de distância dali. Talvez alguns dos socos, fossem merecidos.
Ele só queria que Jungkook saísse vivo disso, não se importava exatamente com o que aconteceria a si próprio. Era seu modo soldado ativo, proteger os que não conseguiam se proteger sozinhos.
Por que diabos o moleque nunca o escutava?
A porta do banheiro foi escancarada pegando os dois estranhos de surpresa, menos Suga que já esperava por isso. Bom! Pelo menos era o que ele precisava que acontecesse.
Um dos agressores correu atrás de Jungkook, foi a oportunidade perfeita para Suga, pois o outro homem se distraiu por uma fração de segundo, o suficiente para que Suga pegasse a arma da sua mão, ao mesmo tempo em que passava a faca que ele carregava escondida no punho esquerdo, dentro da manga do seu moletom, na artéria livre da perna do homem, a tróclea femoral, ou seja o lado de trás do seu joelho. Aquilo provocaria um êmbolo no seu sangue além do extravasamento, o matando aos poucos se ele não morresse com a hemorragia. Aquilo era procedimento padrão para fuga imediata, então foi uma atitude calculada apesar de automática, principalmente porque o impossibilitava de andar.
Suga sabia que tinha assinado a morte de alguém e ele sinceramente não se importava. Ele levantou ao mesmo tempo que em ouviu um tiro ser disparado zumbindo forte em seus ouvidos.
- Merda.
Suga correu em direção a dispensa e quase foi atingido por um corpo que caía à seus pés.
- Por que diabos você não fugiu como combinamos? - Suga gritou fazendo o mais novo tremer em resposta.
- Você estava apanhando. - Jungkook resmungou, os olhos vazios e desfocados, as mãos trêmulas.
Algo não estava certo.
Suga precisou de usar um pouco de força para tirar a arma da mão petrificada de Jungkook.
- Já acabou JK. - Suga resmungou ajudando o garoto a se levantar.
- Eu o matei. - Jungkook resmungou, os olhos vítreos se movendo de forma confusa.
Jungkook olhou para o corpo sem vida à sua frente. Sangue escorrendo de um pequeno e disforme buraco em seu peito.
- Eu o matei. - Ele sussurrou em choque.
A porta do chalé abriu com violência fazendo Suga colocar Jungkook atrás de seu corpo enquanto apontava a arma recém tirada das mãos do mais novo, na direção da movimentação desconhecida.
RM apareceu pela porta, os olhos aflitos abaixando o rifle assim que viu Suga.
- Por que a demora? Você tá começando a parecer um policial. - Suga resmungou levando Jungkook para longe dos corpos. Principalmente do que ainda gorgolejava sangue aos pés da cama no quarto.
- Eih! A base de comunicação era longe sabia? - RM falou na defensiva.
- Qualquer coisa que te faça dormir a noite garotão. - Suga respondeu rindo enquanto se aproximava do maior.
Jungkook sentia seu corpo inteiro vibrar enquanto sua cabeça era uma imensa bagunça vazia.
Ele matou alguém, uma arma fez isso. Tirou uma vida desconhecida, apagou uma existência.
Ele tinha família?
Uma pessoa amada para quem voltar?
Um filho que o esperava na janela o seu retorno que nunca chegaria?
Uma arma fez isso. Era isso que ele era? Era isso que ele vendia?
Jungkook sabia o que ele fazia, ele não era idiota, mas a prática era muito mais cruel do que ele jamais imaginaria. Ele sempre teve uma ideia de que vendia armas para pessoas ruins, então se eles se matassem melhor para o resto da humanidade, mas quando aquele homem parou de respirar por suas mãos, o fez pensar em quem ele achava que era para decidir quem vive e quem morre.
Ele era um monstro. Era o que suas atitudes tinham a dizer sobre ele, mas agora olhando para Suga brincando com RM enquanto planeja uma saída daquele lugar em segurança, lhe fez pensar no tipo de homem que ele amava. Alguém que matava com um sorriso no rosto. Alguém que não se importava se seus pés descalços manchavam de sangue o carpete claro da sala de estar.
Quem era Suga afinal?
Ele o conhecia realmente?
Se ele era um monstro, o que ele podia dizer de Suga?
...
- Tem certeza que não quer que eu te acompanhe? - Suga perguntou pegando na mão insegura de Jungkook.
Jungkook sorriu sem graça, descendo um degrau da enorme calçado do juizado federal onde iria testemunhar contra a milícia para quem ele vendia as armas roubadas, em troca de imunidade total pelos seus crimes.
- É um julgamento fechado. - Jungkook disse revirando os olhos.
- Eu dou um jeito. - Suga sorriu para o mais novo, ignorando a frieza com que Jungkook devolvia o sorriso.
- Eu prefiro que não entre. - Ele disse soltando das mãos de Suga.
- Kook. - Suga o chamou subindo as escadas para se aproximar do garoto, mas travou os passos quando percebeu Jungkook tremer com a ideia de ser tocado por ele. - Eu fiz alguma coisa? - Suga baixou a mão parada no ar, olhando nos olhos frios de jungkook.
Jungkook negou rápido demais.
- Obrigado por tudo que fez, por ter me mantido à salvo.
Suga concordou distraído, pensando em todas as possibilidades que talvez tenha feito para chatear o mais novo.
- Jungkook, se eu te fiz alg...
- Eu não sou o Dahyun.
Os dois se olharam por um tempo. Suga não demonstrou nenhum sentimento para o mais novo, mas por dentro, tudo que sentia era confusão.
- Eu sei. - Ele sussurrou sentindo um bolo na garganta.
Jungkook soltou o ar, obviamente irritado com a conversa.
- Eu ouvi o que disse aquele dia no hospital. - Jungkook falou vendo Suga enrugar a testa em confusão. - Ouvi você dizer que não poderia amar o homem responsável pela morte da única pessoa que te amou por quem você realmente é.
- Jungkook...
- Deixa eu terminar.
Suga mordeu os lábios, contendo tudo que precisava desesperadamente dizer mesmo que não soubesse as palavras.
- Eu não abri meus olhos e avisei que estava acordado aquele dia porque tive medo de você, medo do que diria, medo do que faria comigo se eu dissesse algo errado. - Jungkook cruzou os braços, tremendo com o vento gelado que espalhava entre eles. - Medo de você.
Como se Suga tivesse levado um soco, seu corpo foi para trás com o impacto daquelas palavras, o rosto pasmo enquanto seus pés desciam um degrau de distância do mais novo.
Ele tentou vasculhar no semblante de Jungkook alguma outras explicação para suas frias palavras, mas não parecia haver nada além de indignação e medo ali.
- Entendo. - Suga conseguiu sussurrar de volta. - Eu sinto muito.
Suga virou as costas para o garoto, antes que Jungkook lhe dissesse mais do que ele já sabia. Ele sabia em seu coração que Jungkook nunca amaria ele todo, inclusive seu lado sombrio em incompreensível. De alguma forma, ele sabia que tinha perdido Jungkook no momento em que abriu seu peito e o deixou entrar.
Suas dúvidas eram enormes quando Jungkook pediu para deixá-lo entrar, mas ele o amava. Ele queria que Jungkook o conhecesse por completo, então ele ouviu o desejo do mais novo e o deixou entrar, o deixou ver tudo que ele realmente era. Ele devia ter percebido que o tinha perdido naquele mesmo momento, ele deveria pelo menos ter imaginado.
Suga estava de costas e já há alguns metros de distância, então não pôde ver Jungkook vacilando nas escadas. Ele queria voltar atrás em tudo que disse, afinal ele estava assustado sim, mas não é como se não amasse Suga, era mais como se o amasse ao ponto de odiar o lado em que o colocava em perigo. Era isso não era ?
Ele o amava.
- Senhor Jeon. A imprensa está chegando, o senhor precisa entrar. - Uma assessora legal disse quando se aproximou de Jungkook, o fazendo segui-la depois de virar as costas para o motivo de todas as suas dúvidas, paixão e dores.
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