Crazy Things
Ele estava agachado numa posição inferior a de Jungkook.
O mais novo olhava para ele através da janela espessa, as mãos se apoiavam uma na outra atrás das costas, para que os tremores fossem contidos. O reflexo do seu rosto através do vidro era absoluto, como num espelho. As lágrimas corriam soltas dos olhos, pelo rosto, pingando por fim da linha da mandíbula no terno de tecido fino e opaco. Sua boca estava aberta em um grito silencioso fazendo com que algumas lágrimas também iluminassem seus lábios delicados. Os cílios pesados se encostavam numa velocidade preguiçosa, os olhos negros brilhavam uma beleza agonizante.
Suga tentava levantar, mas algo o segurava no chão. Ele forçou os braços e as pernas se moverem, mas nada que pudesse fazer resolvia. O céu lá fora começou a explodir uma luz azul e roxa, emitindo um som explosivo ritmado. Suga viu os ombros de Jungkook subir e descer pelo choro ininterrupto.
Por que não me deixou morrer?
Ele sentiu as palavras arrepiando sua nuca e apesar de estar olhando para Jungkook naquele momento, ele não o viu pronunciando nenhuma palavra, ainda assim era o som da sua voz que tinha ecoado em seu ouvido.
O céu trovejou mais uma vez o fazendo se transportar da cena e cair na realidade, percebendo que as trovoadas era só o despertador e que mais uma vez, seja sonho ou realidade, ele havia deixado Jungkook sozinho com seus demônios. Em teoria, ele achava isso mais que justo, porém na realidade a visão do Jungkook angustiado tomava sua mente já quase completamente repleta do garoto.
Ele não lembra a última vez que pensou em um homem por tanto tempo, seja como for, em nenhum dos seus momentos no passado foi por algo amoroso, pelo menos era o que ele pensava na época.
Suga levantou da cama, o despertador dizia ser 4:50am , que era exatamente o tempo que precisava para resolver algo antes de ir até o apartamento do seu patrão, para viajarem no feriado.
Ele abriu a porta quase caindo, do estojo onde guardava a escova e a pasta de dente. Mexeu na pequena porta, medindo o quanto aquilo demoraria para cair e decidiu que aguentava mais um pouco até precisar de um conserto.
Suga pegou a máquina de barbear, percebendo que tinha esquecido de comprar pilhas novas e o jogou de qualquer jeito no estojo, escovando os dentes, agradecido por ainda ter pasta de dente.
-Você não tem casa não? - Suga perguntou para JHope que se alongava em seu sofá, parecendo um gato preguiçoso.
- Sobre isso... - JHope começou, mas parou colocando a blusa que usou para se cobrir à noite no sofá e indo até a cozinha preparar comida.
- O que foi dessa vez? - Suga perguntou entediado.
JHope já era quase um nômade de tanto que se mudava, e a casa de Suga sempre foi seu refúgio temporário.
- Nada! É que não deu muito certo com a Lia. - JHope falou sorrindo largo.
Como esse cara consegue continuar sorrindo, com uma vida tão desgraçada como essa?
-Tem um depósito minúsculo no telhado se o sofá não servir, podemos colocar uma cama lá ou sei lá. - Suga falou enrugando o nariz para o leite azedo que ele quase tomou direto da caixa.
- Deixa que eu faço o café. - JHope falou bocejando largo.
- Já estou saindo, só volto depois do feriado, então pode usar a cama enquanto isso. - Suga falou pegando a jaqueta de couro jogada no balcão e a pequena mala que tinha preparado para a viagem.
- Vai a trabalho? - JHope perguntou vendo Suga confirmar.
- Granada?
- Hamptons. - Suga respondeu indo até o quarto depois de lembrar de algo. - Aqui tem dinheiro para a semana, compra pilha se lembrar. - Suga falou vendo JHope confirmar com a cabeça.
- Eu tenho dinheiro. - JHope falou um pouco ofendido.
- Não, você não tem.
- Do que você tá falando?
- Se a Lia não te expulsou de casa, cadê sua mala?
- Como sabe que a Lia me expulsou?
Suga olhou para a roupa de JHope mais uma vez.
- Você tá vestindo uma camiseta velha de pelo menos dois números menores que o seu, o que significa que saiu às pressas e Lia te amava, se te expulsou de casa é porque você a traiu e ela descobriu, então vai precisar comprar roupas e utensílios. - Suga procurou as chaves da moto, encontrando jogadas ao lado da tv. - Então, não. Você não tem dinheiro.
JHope bufou com a intromissão de Suga, mas sorriu logo em seguida, voltando animadamente ao seu espírito alegre que Suga achava incrivelmente irritante.
- Ok detetive, boa observação, mas eu não a trai, foi algo de momento.
- Você acabou de definir a palavra traição Hoseok.
- Não acabei não. - JHope falou enrugando a testa pensativo.
Os dois se olharam sorrindo com a irmandade que carregavam estampada nos olhos.
- Aproveitando que eu coloquei um teto sobre a sua cabeça, pode fazer um favor para mim?
JHope gargalhou enquanto confirmava com a cabeça.
- Sabia que isso não viria de graça. Espero que não saia caro.
- Falei que você estava sem dinheiro. - Suga respondeu, tirando a arma enrolada numa toalha da bolsa de academia que tinha jogado no canto da sala quando chegou na noite interior.
- Acha que consegue usar a base de operações para descobrir a quem pertence essa arma? - Suga perguntou como se tivesse pedido para que ele levasse a roupa na lavanderia.
- Posso saber por que? - JHope perguntou desenrolando a arma com cuidado para olhar melhor.
- Ainda não. - Suga respondeu colocando seu óculos aviador.
- Feito. - JHope respondeu como se estivessem numa negociação acirrada.
Suga sorriu em agradecimento e pegou a pequena mala e o capacete para partir.
- Você vai visitá-lo? - JHope perguntou vendo Suga travar os passos na porta sem responder.
- Manda um "Oi" para mim. - JHope pediu antes de Suga fechar a porta cortando o final do pedido de JHope.
...
O sol nascia às 5:30 a.m, então Suga pôde ver a luz rosa, se transformar em laranja e amarela opaca enquanto estava na estrada. Ele queria se sentir bem com aquilo, mas sua mente explodia de lembranças que um dia foram boas, agora essas mesmas lembranças eram arrancadas do seu coração e corriam seus órgãos, enquanto tudo que ele podia fazer era assistir.
Ele suspirou alto ao descer da moto, dentro do cemitério de Arlington, onde descansavam os fuzileiros que morreram em combate.
Suga roubou um buquê de flores roxas, ao passar pelo imenso corredor de estacas brancas que contavam os mortos. Número 2889 era o número da estaca dele. Ele agachou no túmulo, limpando a placa com o nome do garoto e colocou o buquê de flores ao lado.
- Você disse que o seu primeiro beijo foi comigo e eu mal tive tempo de pensar naquilo no momento. - Suga disse sorrindo para algumas árvores altas que se mexiam com o vento.
- Você teve sorte, te conseguiram um lugar na sombra. - ele falou, imaginando sua risada estridente e exagerada explodindo em seu ouvido.
Ele se sentia um lixo por todas as vezes que reclamou do som daquela risada, ele daria tudo para ouví-la novamente.
- Te amo irmão. Semper Fi, certo?! - Suga bateu duas vezes a mão no peito e virou de costas sentindo que sua alma ficava ali, cuidando do seu pequeno.
...
Acho que era salvo dizer que Suga não estava no seu melhor dia para aturar o mimado do seu patrão, mas aparentemente ele tinha uma boca para alimentar agora e por mais que treinar novos recrutas fosse uma posição de renome dentro do departamento de fuzileiros, não era uma posição com um bom salário, então não era como se Suga fosse pedir algo a JHope, sem contar o fato de que o garoto tem sido praticamente seu colete salva vidas por todo esse tempo e ele jamais teria coragem de negar algo a seu irmão de guerra.
- Então quer dizer que além de intrometido, acha que pode chegar atrasado também? - Jungkook perguntou quando viu Suga se juntar à RM na pequena roda de funcionários que o acompanhariam à Hamptons para o feriado.
Suga não respondeu, mas sorriu um pouco sem graça para ele.
Jungkook sentiu sua nuca arrepiar com o olhar invasivo que Suga jogava em sua direção, como se de alguma forma ele pudesse enxergar dentro da sua mente.
Como ele podia me olhar tão intimamente assim?
Jungkook achava que Suga devia saber seu lugar, afinal era absurdo um empregado agir daquela forma. Ele achava um absurdo o garoto o olhar daquela forma tão íntima, era como se ele o conhecesse, mesmo que ninguém realmente conhecia.
Eles entraram em carros separados. Suga foi dirigindo a Land Rover com os funcionários e RM dirigia a Mercedes sozinho com Jungkook, já que Jenny tinha resolvido ir mais tarde com suas amigas.
- Você acha que aquele segurança novo está realmente apto para o serviço? _ jungkook perguntou para RM depois de um tempo de estrada.
- O que quer dizer senhor? - RM perguntou olhando distraído para o retrovisor, conferindo se o carro de Suga o seguia.
- Não sei, acho que ele se mete onde não deve. - Jungkook falou encerrando o assunto quando colocou o óculos escuros e se ajeitou no banco para cochilar durante a viagem.
Jungkook acordou com um barulho de estouro na sua lateral traseira, pulando pelo barulho enquanto via RM dar seta para entrar no acostamento.
- O que foi isso? - Jungkook perguntou assustado.
- Provavelmente um pneu furado senhor. - RM falou descendo do carro para falar com Suga que encostava logo atrás ligando o pisca alerta.
Ele queria voltar a dormir, mas Suga tinha tirado a jaqueta de couro, vestindo uma camiseta branca esgarçada na gola, a arma marcando em suas costas, o jeans rasgado e escovado pelo tempo de uso. Suga rodou o macaco, levantando levemente o carro, enquanto soltava uns gemidos pelo esforço. Jungkook abaixou o óculos, olhando pelo retrovisor Suga limpar o suor da testa com o dorso da mão livre.
Ele soltou um suspiro, ao ver Suga rir largo para RM que falava algo baixo, era um sorriso doce e infantil, nada característico que tinha salvado sua cabeça de levar um tiro em menos de 24 horas.
Suga baixou a cabeça negando algo enquanto ainda sorria, então bloqueando o próprio rosto com a lateral oposta do outro braço, ele inclinou a cabeça de leve para sua direção, o encarando pelo espelho com uma sobrancelha levantada e o que parecia ser o começo de um sorriso malicioso no rosto.
Jungkook voltou o Ray ban de volta no lugar, relaxando o corpo no banco, como se não tivesse sido pego encarando seu segurança, apesar do rosto vermelho e formigando e o coração a mil não deixá-lo enganado.
Ele se xingou baixo quando a cabeça se inclinou para o lado sem seu comando, vendo Suga se levantando com uma ferramenta na mão, o pescoço com a ponta de uma tatuagem brilhava com suor. Jungkook gemeu baixo com a visão, apertando a ereção que se formava no meio das pernas enquanto se ajeitava na tentativa de disfarçar o volume indesejado para RM que abria a porta do carro.
- Estamos prontos para ir? - Jungkook perguntou mal humorado.
Rm olhou no retrovisor mais uma vez confirmando com a cabeça.
- Estamos sim, senhor. - RM respondeu fazendo perceber que ele estava se comunicando com Suga antes.
- Você e o Yoongi já trabalharam juntos? - Jungkook perguntou fingindo se esforçar para lembrar o nome do segurança.
- Não senhor. - RM respondeu mostrando que não se estenderia, então ele voltou a fingir dormir, mas tudo que ele conseguia ver, quando fechava os olhos, era o sorriso tentador do seu segurança, o desafiando através de um reflexo de espelho.
...
Suga devia tentar descansar, depois de carregar tanta mala para o quarto principal da mansão de Jungkook no dia anterior, ainda mais que teria que estar acordado para cobrir o perímetro durante um luau que teria na praia naquela noite. Ele tinha raiva de pessoas que olhavam outras como se fossem baratas, por causa de seu poder aquisitivo, então se irritava com quase tudo que vinha de seu patrão, mas ele tinha que admitir, essas pessoas eram animadas quando se tratava de uma festa. Suga queria dormir desde que chegou naquele lugar.
Ele colocou um moletom, os fones de ouvidos e atravessou a casa abandonada, já que estava de madrugada e ninguém tinha acordado ainda.
Seus cílios piscavam preguiçosos, enquanto ele atravessava a pequena ponte branca de madeira que dava para a praia privada da casa.
Ele sentiu gotas geladas de orvalho no vento enquanto corria. A headband estava molhada com suor e o ar da madrugada, mas ainda assim ele se sentia bem por se exercitar um pouco, como se algo dentro dele pudesse respirar toda vez que sentia o vento bater bruscamente em seu corpo quente e cansado, talvez fosse o principal motivo por ter comprado a sua moto velha, o outro motivo foi definitivamente a falta de dinheiro.
Suga olhou em direção ao mar, já quase todo iluminado pelo dia nublado que nascia diante de seus olhos. Sua visão periférica detectou alguma movimentação, mas não é como se ele achasse que tinha algo ali.
Seu corpo congelou, o obrigando a parar de correr com a visão de uma pessoa surfando há alguns metros dele, não que fosse algo incomum, mas a forma que ele mexia o corpo ou passava as mãos nos cabelos enquanto sentava na prancha, esperando uma onda grande o suficiente para valer o esforço era familiar demais.
- Dahyun? - Suga sussurrou com a voz engasgada, sabendo que tinha enlouquecido de vez.
Ele balançou a cabeça para limpar a insanidade de sua mente fisicamente e voltou a correr, mas agora é porque precisava sair dali o mais rápido possível mesmo.
Sua respiração falhou, ele colocou as mãos nos joelhos, tentando recuperar o ar roubado de seu peito, já há uma distância considerável de onde estava.
- Você está bem? - Ele ouviu alguém perguntar, mas ainda não tinha assimilado a pergunta quando a pessoa tocou em seu ombro, fazendo com que Suga puxasse o braço que o tocara, o derrubando no chão enquanto deitava em cima do estranho e com seu antebraço forçou a nuca dele em direção ao gramado.
Seu treinamento de autodefesa foi automático, mas o fato de ter travado depois disso, não.
Jungkook arregalou os olhos ao se sentir travado no chão. Suga estava com o peso do corpo em cima dele, era difícil de respirar com o braço do menor em seu pescoço, os olhos de Suga tinham um brilho diferente, como se tivesse furioso com ele, mas ele não lembrava de ter feito nada para provocá-lo.
Seus olhos desceram para a boca aberta do mais velho, que jogava ar quente em seu rosto.
Jungkook notou Suga voltando à realidade e mentalmente se lamentou pelo peso sumir do seu corpo, enquanto seu segurança engolia em seco e se levantava em um único movimento, oferecendo uma das mãos para ajudar o mais novo a fazer o mesmo.
- Desculpa. O senhor me pegou de surpresa. - Suga falou parecendo tímido.
Jungkook estava limpando sua calça branca, antes limpa, quando notou Suga se mexendo sem sair do lugar, parecendo completamente constrangido.
- Que porra foi essa? - Jungkook gritou, quase sorrindo pelo susto que Suga levou com seu tom.
- Não devia abordar alguém daquela forma senhor. - Suga falou, tentando controlar a raiva que sentiu com o tom que o mais novo tinha usado com ele.
Jungkook levantou uma sobrancelha enquanto se aproximava do seu segurança que parecia se segurar muito para não socá-lo ou algo assim.
- Quantas vezes você vai testar minha paciência até que eu o demita por justa causa? - Jungkook perguntou enquanto olhava nos olhos de Suga, que no momento parecia neutro demais para o seu gosto.
Por que esse segurança mexe tanto comigo?
Jungkook tentou não transparecer o fato de que Suga não estava mais abalado com sua presença, mas a raiva era grande demais para que conseguisse segurar os músculos do seu rosto em uma feição neutra.
Suga no entanto, por fora parecia estar neutro e aparentemente entediado depois da pergunta idiota do mais novo, mas por dentro tudo que ele queria era agarrar o garoto pelos braços, o problema é que os pensamentos a seguir eram mais confusos que práticos, ele ficava vacilando entre querer beijar, foder ou socar aquela boca, numa diferença de tempo curta demais para o bem da própria sanidade.
O silêncio ficou extremamente desconfortável entre eles, porém quando Suga estava prestes a dizer algo, sua visão notou mais uma vez uma movimentação estranha e seus olhos foram imediatamente para o que o incomodava.
Suga sorriu, um pouco surpreso com sua felicidade alucinada por ver alguém que ele sabia que não deveria estar ali. Ele nem notou Jungkook reclamando mais uma vez quando saiu correndo em direção ao surfista que estranhamente entrava na casa de Jungkook pelos fundos.
Ele foi até a lateral da casa, de onde o garoto tinha desaparecido, mas quando atravessou a casa, notou que dava direto para o estacionamento, vendo seu fantasma entrar num conversível e sair de sua vista, rápido demais para quem estava numa estrada de terra, levantando mais areia que o necessário atrás de si.
Suga viu a prancha jogada na lateral do estacionamento aberto e se aproximou para tocá-la, como se fosse uma espécie de santo graal ou algo assim.
Ele pegou o celular no bolso, ligando para pessoa menos provável de sua curta agenda de contatos.
"Se ligou para reclamar por estar na praia, não quero saber". - V falou com a voz de quem tinha acabado de acordar.
"Você conhece Jungkook há quanto tempo?" - Suga perguntou, cortando uma provável introdução que deveria vir de sua parte.
"Não sei, muito tempo. Por que?". - V falou parecendo preocupado.
" Então, já veio na casa dele, nos Hamptons?"
" Óbvio que sim. Onde quer chegar com isso?"
Suga mordeu a boca, na dúvida do que dizer.
" Você...Você já ouviu falar de fantasmas por aqui?" - Suga se engasgou todo para dizer, mas aquele rosto estava impresso em sua mente como prova do que via e talvez quisesse demais que fosse Dahyun. Tanto que o fato dele morrer não parecia mais um empecilho.
" Hyung. Você bebeu em serviço? Porque Hobi vai te matar se for esse o caso". - V falou, não respondendo a pergunta de Suga, provavelmente por ser absurda demais.
Me passa o telefone
Suga ouviu alguém dizer para V, depois dele ter ouvido a palavra "fantasma" sussurrada pelo garoto.
Suga reconheceu a frase " Quem? Yoongi? Meu Yoongi? ", saindo da boca do companheiro de V, mas não queria acreditar no seu próprio reconhecimento.
" Não vou entrar na questão de que você ligou para um desconhecido e não para mim porque não vem ao caso agora, mas fazer perguntas estranhas a um desconhecido já é demais". - JHope falou assim que pegou o celular da mão de V que gritou um "Eih, para de me chamar de desconhecido toda hora" ao fundo.
" Hoseok? O que faz com V? Vocês não estão dormindo na minha cama não, né? - Suga perguntou meio sem graça por não ter ligado para JHope primeiro, mas algo em V o deixava à vontade para perguntar ou falar o que quisesse, enquanto com JHope, ele podia sentir o julgamento vindo até da sua respiração.
" Sim. Não te interessa. E não, estamos na casa dele" - JHope respondeu voltando com a felicidade na voz que fazia Suga sorrir em qualquer situação.
" Agora me fala sobre o fantasma". - JHope perguntou, rindo do próprio pedido.
" Eu juro que dessa vez não é besteira Hyung. Eu vi Dahyun. Tenho cert..."
" Não. Yoongi ele ta morto. Morto, entendeu?".
As palavras de JHope funcionaram como um punhal que o atingiu no peito e também o trouxe de volta para a realidade, talvez fosse por isso que não ligou para JHope primeiro. Como se não quisesse acordar daquela realidade subversiva.
" Olha. Ontem foi o feriado de Memorial Day, talvez visitá-lo no cemitério, tenha mexido com você". - JHope falou com uma pena aparente na voz, que Suga particularmente odiava.
" Eu sei que ele ta morto". - Suga falou saindo de perto da prancha ainda pingando água do mar e se afastou do estacionamento.
" Preciso desligar" - Suga falou sentindo o coração voltar a bater regularmente.
" Você vai ficar bem?" - JHope perguntou, mas Suga já tinha desligado.
...
Suga estava se matando com os botões de madeira da camisa com estampas de coqueiro, que ele tinha vontade de jogar no mar para não precisar ouvir alguém falar " Uniforme de Verão" nunca mais.
Ele estava com uma calça larga de sarja e a camisa de turista aberta, mostrando o começo da boxer branca quando alguém bateu em sua porta.
- Já vou. - Ele falou tentando fechar os botões e falhando miseravelmente.
Suga bufou e foi até a porta quando a pessoa impaciente do outro lado, bateu mais algumas vezes.
Ele abriu a porta com violência, olhando entediado para a presença de Jungkook do outro lado.
- Você não usa roupa não? - Jungkook perguntou sorrindo com a cara de interrogação de Suga que olhava para o próprio corpo.
- Estou vestido. - Ele falou voltando a olhar para Jungkook que escondeu o sorriso com uma tosse falsa.
- A camisa ta aberta. - Jungkook apontou o óbvio, quase lambendo os lábios ao olhar mais uma vez para o abdômen todo tatuado à sua frente.
- O quer quer? - Suga falou suspirando impaciente. - Senhor. - ele achou por bem acrescentar.
- Te devolver isso. - Jungkook levantou os fones de ouvido nas mãos.
Suga pegou o fone bruscamente das mãos do seu chefe, imaginando ter derrubado quando derrubou seu chefe e lhe atacou com uma chave de braço em seu pescoço. O pensamento fez com que quase fechasse a porta na cara dele pela vergonha, mas parou quando viu a cara desgostosa que o mais novo fazia na sua direção.
- Obrigado?! - Suga falou, mais como pergunta do que como resposta, sem saber muito o que fazer naquela situação.
Jungkook concordou com a cabeça, ainda perdido na pele nua e pálida do mais velho.
- Quer ajuda? - Jungkook perguntou impressionando ambos, pela sua audácia ao apontar para a camisa aberta do mais velho.
Suga deu de ombros virando de costas para voltar a se arrumar, deixando a porta aberta.
Jungkook ficou um pouco em dúvida do que fazer, mas entrou mesmo assim fechando a porta com as mãos vacilando um pouco.
Suga voltou do banheiro cheirando a desodorante, o que de alguma forma deixou o Jungkook nervoso.
Ele se aproximou de Jungkook, sem hesitar ou parecer abalado de alguma forma, o que mexeu ainda mais com o mais novo. Como se aquele tipo de confiança o excitasse de alguma forma, todo mundo pisava em ovos ao seu redor, ele nem lembrava o que era sentir aquilo, antes de Suga.
- Você pode me ajudar ? - Suga perguntou com a voz grave, próximo demais do rosto do garoto abalado à sua frente.
Suga nunca tinha sentido uma atração nesse nível antes, era tudo extremamente novo para ele, mas ainda assim era como se tivesse vivido aquilo sua vida toda, era de certa forma, confortável.
Sua mente falhava toda vez que Jungkook encostava os dedos delicados e longos em seu peito para fechar os botões, a respiração quente vindo de direções distintas misturavam, depois de se encontrarem no caminho entre os dois.
Jungkook mordeu o lábio inferior na tentativa de conter um gemido com a sensação da pele suave na distância do toque dos seus dedos, mas não resistiu em arranhá-lo depois de fechar o último botão.
- Você precisa ir. - Suga falou com a voz rouca e falhada.
Ele sentiu seu pau ficar duro só com o movimento das unhas curtas de Jungkook na sua pele, o arranhando, não sabia dizer quanto tempo conseguiria segurar a necessidade de jogar o mais novo na cama ao lado deles.
- Por que quer que eu vá? - Jungkook perguntou manhoso.
Suga tremeu com aquele som doce acariciando seu ouvido e esquentando seu rosto.
Jungkook aproximou as mãos mais uma vez, alisando a camiseta recém fechada do mais velho, descendo a mão ainda mais.
Suga parou de respirar, mas não tirou os olhos dos de Jungkook, que brilhavam com desejo e uma fúria que ele adoraria conhecer.
- Esqueceu esse aqui aberto também. - Ele fechou o zíper da calça de Suga, tocando na sua ereção por cima da roupa, com a ponta dos dedos, como tinha feito em seu peito antes.
Suga gemeu baixo e fechou os olhos desejando mais que tudo que aquele toque fosse mais bruto do que o que tinha sentido.
- O que você está fazendo? - Suga perguntou num sussurro, usando o resto de ar que lhe restava no peito, mas quando abriu os olhos, tudo que teve em resposta foi as costas de Jungkook se afastando dele e a porta fechando na sua cara em seguida, o deixando sozinho com seus pensamentos confusos e uma ereção indesejada.
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