Cold Revenge

[Uma semana antes]

RM tinha voltado para os EUA com Jungkook e foi no apartamento em que Jin morava sem nem mesmo voltar para sua casa. A saudade que ele tinha do mais velho era assustadora, algo que ele nunca havia sentindo antes e que ainda o perturbava.

Jin era educado, gentil, amoroso, tudo que ele nunca havia tido contato antes em sua vida e isso devia deixá-lo animado, mas algo dentro de si lhe dizia que nada no mundo era tão perfeito assim. RM não tava nem um pouco animado para descobrir qual era o defeito de Jin, pelo menos não agora.

- Deixa eu adivinhar. Você não aguentou o JK, fugiu do serviço e agora está aqui me pedindo abrigo. - Jin falou da porta semiaberta, o roupão de cetim azul amarrado na altura da cintura, o sorriso gentil no rosto e o coração acelerado de felicidade e surpresa.

- Se eu fosse me abrigar em algum lugar, o apartamento que meu chefe paga para você, não seria minha primeira opção. - RM soltou sua bolsa de viagem no chão, agarrando Jin pela cintura até que o menor se encaixasse em seus braços.

RM puxou os lábios de Jin com os dentes, sentindo gosto de maçã caramelizada em sua língua.

- Senti sua falta. - RM sussurrou nos lábios de Jin, que sorriu imediatamente com as palavras.

- Então, por que não entra e vai tomar um banho enquanto eu preparo algo para gente comer?

RM sorriu com o fato imutável de que Jin sempre daria um jeito de alimentá-lo.

- Você parece cansado. - Jin falou assim que RM botou os pés para fora do banheiro, o roupão rosa ficava um pouco grande nele, por causa das costas largas de Jin.

- Você fica incrível de rosa. - Jin sorriu com a careta que RM fazia enquanto olhava para o próprio corpo, indeciso sobre o elogio do mais velho.

- Gosto de rosa. - Foi o que ele decidiu por fim.

Jin aproveitou que o roupão estava aberto e deslizou suas mãos pela cintura de RM, os deixando arrepiados e sensíveis com o simples contato.

- Eu fiz salada e salmão grelhado. - Jin sussurrou em seu ouvido aproveitando para beijar seu pescoço.

- E de sobremesa? - RM perguntou malicioso enquanto descia suas mãos para cobrir a bunda de Jin, a apertando levemente.

- Você tem o cara mais bonito do país deitado na cama te esperando.

RM se afastou para olhar a cama, a testa enrugada, um sorriso presunçoso no rosto.

- Onde? - Ele perguntou levando um tapa no ombro.

- Você vai achar ele chutando a sua bunda para fora do apartamento se não se retratar o quanto antes.

- Desculpa. - RM pediu imediatamente com medo das consequências, mas o sorriso permaneceu onde estava.

Jin fingiu não notar a ironia nas desculpas e a aceitou, guiando RM para a mesa de jantar que ele preparou enquanto o mais novo tomava banho.

Os dois riam um do outro, um pouco mais alto que o normal, depois da quarta taça de vinho.

Seus olhos percorriam seus corpos descaradamente, mas por algum motivo eles conseguiram manter o assunto aleatório e longe de segundas intenções.

Jin rodou o indicador na taça de vinho, indeciso se comentava algo ou não.

- O que foi? - RM perguntou curioso.

- Lembra quando me contou que você e Yoongi estavam investigando a GCE?

RM concordou com a cabeça, um pouco chateado por Jin ter começado aquele assunto.

- Você disse também que  Yoongi está tentando ajudar?

- Sim eu disse.

Jin se levantou elegantemente, arrastando a taça de vinho com ele até estar no colo de RM, que segurou firme sua cintura enquanto beijava seu peito e sentia o cheiro maravilhoso de baunilha e canela que o mais velho exalava de seus poros.

- Não precisa dar voltas príncipe, eu disse que te contaria tudo.

- Não me chama assim. - Jin respondeu bravo, mas vacilou com as palavras conforme a risada grave de RM reverberava por seu peito nu.

- Desculpa.

- Enfim, você acha que ele iria até onde por Jungkook?

RM deu de ombros.

- O que quer dizer?

- Não sei, você acha que ele arriscaria sua carreira para ajudar Jungkook? - RM enrugou a testa diante a pergunta. - Co...mo você mesmo disse que ele estava fazendo… - Jin resolveu acrescentar com dificuldade.

Os olhos tensos  e pensativos de RM encararam os confusos de Jin. Os lábios do mais velho secaram com o nervosismo, o forçando a passar a língua neles.

RM tirou sua atenção dos olhos brilhantes, para logo em seguida pousar nos lábios cheios e convidativos de Jin.

Ele se aproximou, beijando Jin de forma desesperada, porém apreciativa.

- Eu entendo que esteja preocupado com seu melhor amigo, mas Suga não podia se importar menos com sua carreira profissional. - RM puxou o lábio inferior do mais velho, sentindo suas pernas amolecerem quando o gemido baixo e contido do garoto chegou à seus ouvidos. - Posso te garantir que Suga está desesperadamente apaixonado por Jungkook e como ele tem complexo de herói, se jogaria na frente de uma bala pelo mais novo.

Jin gemeu mais uma vez, os olhos pesados foram difíceis de abrir e se concentrar no assunto, seu corpo estava mole e errático, sendo mantido pelas mãos firmes de RM.

- Então Jungkook pode confiar em Yoongi com sua vida? - Jin perguntou engolindo seco depois de um tempo tentando formular a pergunta. Ele mordeu os lábios quando uma das mãos de RM alisou o volume em sua Boxer vergonhosamente úmida por causa do pré gozo que ele liberou com apenas um beijo do mais novo.

Jin ainda ficava impressionado com o poder que RM tinha sobre seu corpo.

- Por que o assunto agora príncipe?

- Já falei para não me chamar assim.

- Desculpa. - RM respondeu automático, levantando Jin no colo para levá-lo até a cama.

- Estou perguntando porque me preocupo com meu amigo, não posso? - Jin respondeu malcriado.

- Pode, príncipe.

- O que está fazendo? - Jin perguntou fingindo ainda estar chateado pelo apelido que o mais novo deu a ele.

- Estou reivindicando minha sobremesa. - RM respondeu jogando Jin na cama, que gargalhou com a ação do mais velho.

Sua risada foi cessando à medida que RM se engatinhava por cima de seu corpo com um olhar predatório e autoexplicativo.

Jin levantou da cama, afastando os braços enormes de RM do seu corpo à medida que saía em direção a sacada. Os passos silenciosos alcançaram a sacada, que ele fechou sem fazer barulho para não acordar o mais novo.

“Jin? Aconteceu alguma coisa?” - Jungkook perguntou com uma voz sonolenta.

- Temos um problema dos grande JK.

Jin começou a contar tudo que RM soltou por causa da bebida e das suas medidas um tanto quanto perspicaz de conseguir algo. O menor ouvia em silêncio do outro lado da linha.

“ Talvez isso seja uma boa coisa”. - Jungkook falou quando Jin finalmente terminou seu monólogo.

- Você ao menos escutou o que eu disse? - Jin perguntou revoltado, mas tentando manter sua voz baixa.

“ Olha! Suga não vai parar até encontrar algo, talvez seja algo que possamos aproveitar. Você vai até ele e diz que quer ajudar, vou preparar algumas evidências num pen drive para que ele confie em você. Nós fingimos brigar ou sei lá” …

- Você pode finalmente descobrir que ele é um detetive infiltrado. - Jin disse nervosamente entrando no jogo do menor.

“ Como assim?”  - Jungkook perguntou curioso.

- Eu posso me aproximar dele. RM diz que ele quer ajudar, talvez você possa tirar proveito disso, sem contar que ele ainda não sabe que você sabe sobre tudo.

“ Não sei se é uma boa ideia Jin”.

- É a única que temos no momento.

Jungkook suspirou do outro lado da linha, parecendo pensar no assunto.

“Vamos trair ambos os parceiros que temos” . - Jungkook resmungou meio que pra si.

- Eles basicamente nos traíram primeiro.

Silêncio.

“Ok. Bota em ação e depois me fala se ele caiu, eu preciso usar o Suga, não tenho outra saída”. - Jungkook falou tentando se justificar mais do que o necessário.

- Eu sei JK. Vai dar tudo certo!

Jin desligou o celular, a consciência ameaçando pesar, mas o amor que ele tinha por JK ia além de qualquer outra coisa, então ignorou o sentimento incômodo e voltou para o quarto.

...

RM olhou para cima, imaginando qual seria o apartamento de Jin, o café que o mais velho fez e colocou numa térmica para viagem estava em sua mão esquerda, soltando vapores quando entrava em contato com o ar gelado comum de uma manhã em Manhattan.

“Eu espero que seja urgente para  me ligar a essa hora”.

RM sorriu com o mau humor de Suga, mas o sorriso falhou quando lembrou porque estava ligando.

- Coloca o plano em ação. Temos um problema. - RM não ouviu nada do outro lado da linha, imaginando se deveria repetir o que tinha dito, talvez Suga não pudesse falar no momento.

“Qual a senha que vamos usar para quando você estiver em posição? ” - Foi tudo o que Suga disse, interrompendo os pensamentos acelerados de RM.

- Você o ama? - RM falou de repente.

Suga parecia ter levado um soco do outro lado da linha com o gemido indignado que soltou, mas RM educadamente ignorou.

“Ok. E quando eu confirmar, qual vai ser sua senha para dizer que vai fazer o que precisa ser feito?”

RM pensou um pouco enquanto atravessava a rua movimentada para chegar no carro da empresa, estacionado no acostamento desde a noite anterior, o que significa uma óbvia multa no para-brisa lateral do veículo.

- Corre. Eu digo corre depois de receber sua confirmação.

Mais uma vez silêncio total.

“Odeio só a ideia de fazer isso”. - Suga confessou.

- Suga. Você não pode dar pra trás agora, nós precisamos saber a verdade e só assim, decidir o que fazer a seguir.

“Ok”. - Foi tudo que Suga disse antes desligar a ligação na cara de RM, que sorriu colocando o celular no bolso antes de pegar a multa e jogar no porta luvas junto com todas as outras.


“Você tá em Londres com ele?” - RM perguntou do outro lado da linha.

Suga olhou para Jungkook intrigado.

- Sim.

RM respirou pesado através da ligação.

“Você o ama?” - ele perguntou.

Suga olhou mais uma vez para o mais novo, perdido, inseguro, o encarando de volta com os olhos curiosos.

Inferno!

- Sim.

Houve um silêncio do outro lado da linha, deixando Suga impaciente e nervoso. Ele não queria ouvir a próxima palavra, não queria nem pensar no assunto, mesmo sabendo exatamente o que seria dito por RM.

“Corre”

Ele travou, sem querer acreditar no que ouvia.

- O que ? - Perguntou olhando com pesar para o garoto.

“ O mais longe e o mais rápido que puder”.

Suga sabia o que devia ser feito a partir dali.

- Ok.

“Te ligo quando for seguro”. - Foi tudo que RM disse antes de desligar.

- O que está acontecendo? - Jungkook perguntou assustado.

- Precisamos ir bebê. - Foi tudo que Suga falou antes de se levantar às pressas da cama se escondendo dos olhos de Jungkook.

...

[ London ]

Jungkook tirou a cabeça do vidro, resmungando pela claridade que incomodava sua visão.

- Bom dia. - Suga sorriu, entregando um copo para viagem de café nas mãos do mais novo.

- Onde estamos? - Jungkook se posicionou no banco, voltando a ficar tenso.

- Não muito longe da sua casa. - Suga falou suspirando desanimado ao notar a cara de desespero do mais novo.

- Relaxa. Eu tenho um chalé perto daqui, eu só queria te deixar o mais longe possível de casa, mas você vai voltar a tempo de fazer a tour em Londres.

- Por que? O que aconteceu?

Suga deu de ombros.

-Não sei ainda, mas RM trabalha comigo nas investigações e prometeu que me ligaria caso estivessem atrás de você.

- O que ? Acha que estão atrás de mim? - Jungkook virou o corpo para o Suga, as mãos vacilantes ao redor do copo com café.

- Não sei. Espera ele me ligar ok?

- Mais alguém trabalha para a porra do FBI dentro da minha empresa que eu não saiba? - Jungkook gritou revoltado.

- Não sei, mas se eu fosse você, não sairia demitindo todo mundo. O departamento tem limites quanto a aceitar sua falta de colaboração.

- Eu não faria isso se não tivesse nada a perder, mas não esqueça que eu sou de fato o criminoso aqui.

Suga apertou a mão no volante, a dor de cabeça começando a dar seus primeiros sinais.

Ele ia começar um grande e longo interrogatório, mas foi interrompido com o telefone que não parava de tocar.

-Diga que você tem boas notícias. - Suga falou, assim que atendeu.

“Você tá onde?”

- Dirigindo.

“No viva-voz então”.

- Sim. Jungkook está comigo.

- Oi Namjoon. - Jungkook falou mal humorado.

“Preciso falar só com você”. - RM enfatizou as palavras fazendo Suga parar o carro no acostamento da autoestrada enquanto Jungkook revirava os olhos.

Jungkook desceu do carro ao mesmo tempo que Suga, mas não saiu andando como o mais velho fez, ele abriu a porta o máximo que pôde e fechou os olhos, sentindo o sol fraco esquentar o rosto, enquanto algumas gotas de chuva molhavam seu rosto.

Por que Londres parecia tão depressiva o tempo todo?

Jungkook abriu os olhos à medida que Suga se aproximava, a postura tensa, a mandíbula destacada pelo nervoso, os olhos furiosos.

-O que aconteceu.

- Eles mandaram uma unidade para a casa de Londres nesta madrugada e não te encontraram.

- O FBI?

- Não. A CIA.

Jungkook se arrepiou. Todo mundo sabia a especialidade da CIA. E quando o quesito era distribuição de armas em solo americano, qualquer pessoa que tivesse a resposta que eles procuravam sumia em umas de suas misteriosas prisões, não importava o quão importante ou quais eram seus contatos.

Jungkook não podia arriscar, ele nunca foi tão grato pela existência de Suga como agora.

- Isso é bom não é? Eles não me acharam… - Jungkook apertou as mãos com força, ignorando o copo de café vazio que caiu amassado no gramado do acostamento.

- Amor. Isso não é tão bom, eles acham que você pode ter fugido, porque nenhum dos seguranças sabiam explicar onde diabos você se meteu e hoje de manhã o Juiz Criminal liberou um mandato para apreensão e busca no seu loft em Manhattan.

- O que? Por que um Juiz faria isso? - Jungkook perguntou com a voz estridente e a agonia nos olhos.

- A ideia de que um possível suspeito pode estar foragido incita qualquer juiz. Kookie, o que você faz é terrorismo doméstico, depois do 11 de setembro qualquer juiz assinaria um mandato, não importa quantos contatos você tenha na câmara judicial.

Jungkook mordeu o lábio inferior sentindo seus dentes o ferindo enquanto passava as mãos nos cabelos, o desespero tomando conta do seu corpo e acelerando o coração dentro do peito frágil.

- Eu to fudido. Eu vou morrer, isso da pena de morte não dá ? Eu vou morrer.

Suga se aproximou, agarrando o mais novo que parecia em transe enquanto rodava sem rumo perto do carro.

- Eih. Não entra em pânico, ok? - Suga liberou o lábio inchado de Jungkook com o polegar, fazendo com que Jungkook parasse de mordê-lo e o encarasse.

- Eu disse que ia até o inferno por você, não disse?

Jungkook concordou com a cabeça começando a chorar, a calma de Suga sendo transferida para ele inconscientemente.

Suga o abraçou, arrastando o mais novo até o carro para ter mais apoio enquanto deixava o garoto chorar nos seus ombros.

Jungkook nunca foi tão grato por alguém em toda sua vida. Suga estava lá por ele, quando qualquer outra pessoa teria fugido, sua família inclusa.

Ele se sentia profundidade arrependido por tudo que estava fazendo a Suga, pelas mentiras, as traições, os planos, mas precisava dele, não podia recuar agora.

Ele sentiu o corpo de Suga tenso, enquanto se afastava a contra gosto do mais novo, os olhos brilhando e um sorriso malicioso no rosto.

- O que foi?

- RM provavelmente vai estar na busca.

- Você acha?

- É provável.

Jungkook voltou a girar para lugar nenhum enquanto pensava.

- Kookie, você tem alguma prova que te incrimine naquele apartamento?

Jungkook apertou a palma da mão com o polegar, as pernas tremendo enquanto pensava.

- Amor. Isso é importante.

- Tenho, mas tá no cofre, aquele cofre é impossível de abrir.

Suga suspirou aliviado concordando com a cabeça, as mãos na cintura, os olhos cansados como se tivesse corrido milhas para chegar ali.

- Espera. - Jungkook olhou alarmado para Suga, que assumiu sua pose apreensiva mais uma vez.

- Eu tenho uma pasta de transações que devia ter colocado no cofre na semana passada, mas você apareceu e eu tive que escondê-la o mais rápido possível e acabei esquecendo...eu...Ah Deus!

- O que? Kookie onde está a pasta?

Jungkook travou antes de conseguir falar.

E se Suga não fosse de confiança como ele pensava que era?

- Amor. Uma hora você vai ter que decidir se confia em mim ou não e eu sugiro que decida isso agora. Nossa janela é curta e tem uma boa chance de RM recusar o que estou prestes a pedir.

- Você acha que ele faria isso por mim? Pegar evidências durante uma investigação?

- Ele faria isso por Jin. Definitivamente.

Jungkook suspirou pesado, a cabeça baixa, o coração palpitante.

- E Jin faria tudo por mim. - Jungkook sussurrou.

- Exatamente

Merda. Merda. Merda.

Suga começou a discar um número no celular, em seguida conversar baixo, de maneira corrida e inaudível. Ele se aproximou um pouco mais de Jungkook, as mãos tampando o áudio externo do aparelho.

- Ele disse que aceita. Kookie é agora ou nunca.

Jungkook mordeu os lábios machucados, o choro na garganta, a desistência marcada nos olhos.

Foi naquele momento que o coração de Suga se partiu.

- Embaixo da cama, lado esquerdo.

Suga enrugou a testa.

- Jura? Dava pra ser mais óbvio?

- Avisa logo ele. - Jungkook gritou enquanto Suga voltava a falar no celular, mas sua carranca foi substituída por um sorriso.

Jungkook machucou as mãos com as unhas de tanto que apertava elas contra a pele com a mão em punho.

Suga voltou da ligação abraçando o mais novo pela cintura e beijando sua nuca.

- Vai dar tudo certo. Eu prometo.

- Promete? - Jungkook perguntou manhoso enquanto aceitava os braços de bom grado do mais velho.

- Lógico que prometo.

- Não sei o que faria sem você. - Jungkook sussurrou deixando Suga sem palavras. - Eu sinto muito por tudo que fiz a você, mas não posso me dar o luxo de te perder.

- Mas, você não me fez nenhum mal. - Suga esclareceu enquanto ria um pouco nervoso ao se afastar para encarar Jungkook nos olhos. - Certo?

Jungkook parou de respirar durante alguns segundos, puxando o ar com pressa depois.

- É claro que não, falei por falar.

Suga abraçou o mais novo carinhosamente.

-Isso não importa. Está tudo bem agora.

Jungkook suspirou aliviado.

- Eu te amo. - Jungkook murmurou deixando Suga tenso e confuso.

- Vem! Vamos para ao chalé. - Foi tudo que Suga disse em resposta.

Jungkook saiu do banho um pouco mais leve. Os cabelos molhados tampava boa parte da sua visão.

Seu sorriso enorme se tornou levemente indeciso enquanto assistia Suga desligar o celular da varando do quarto e entrar no apartamento sem notar sua presença.

- Tudo bem? - Jungkook perguntou voltando a se sentir ansioso.

- Na verdade, acho que te preocupei atoa. - Suga disse parecendo extremamente culpado.

- O que quer dizer?

- Alguém barrou um mandato na preliminar de exibição.

- Na minha língua Suga.

- Não teve busca.

- Não teve?

Suga negou com a cabeça.

- Ou você tem um incrível anjo da guarda ou alguém muito poderoso anda te ajudando.

Jungkook enrugou a testa, pensando em quem faria algo assim para ele.

- Enfim, de qualquer forma você não precisa se preocupar com os documentos ou com a CIA tão cedo - Suga falou enquanto se aproximava do mais novo mal intencionado.

Os passos lentos cessaram, ele desenrolou Jungkook da toalha, passando os dedos delicadamente pelo corpo frio do mais novo.

- Você tá cheirando diferente. - Suga sussurrou beijando a clavícula de Jungkook e o assistindo derreter ao toque de suas mãos. - É bom.

Seu nariz passava de leve sobre o corpo arrepiado do menor até chegar no seu pescoço, onde ele começou a beijar até ouvir gemidos vindo do mais novo.

- Adoro sua boca no meu corpo. - Jungkook sussurrou no ouvido de Suga.

Suga sentiu as mãos tremerem e encostou a testa no peito do mais novo, a boca formigando e os batimentos correndo apressados.

- Você disse ontem que nunca tinha me fodido de quatro. - Jungkook falou pensativo.

- Ok. - Suga riu abertamente, se afastando um pouco do garoto.

- Na nossa segunda noite…

Suga olhou para cima, em busca da memória.

- Ah! Sim. Como pude esquecer ? - Suga perguntou distraído, com a memória daquele dia invadindo seu corpo e o deixando ainda mais excitado.

- Também não sei. Minha bunda lembra até hoje.

Suga gargalhou com as gracinhas do mais novo, parando só para selar seus lábios nos dele.

- Deixa eu ver sua mão. - Suga pediu, agora sério enquanto analisava as linhas roxas das algemas de ontem. - Desculpa. - Suga pediu alisando o local dolorido.

- Eu não vou dizer que não gostei. - Jungkook sorriu abraçando o mais velho pelo pescoço. - Isso seria uma puta mentira. - ele continuou, beijando Suga, dessa vez com tanta intensidade que foi automático o mais velho o pegar no colo.

- Vou tentar me controlar da próxima vez.

- Por favor, não. - Jungkook pediu fazendo um bico infantil enquanto Suga o olhava abismado.

- Onde você aprendeu a ser tão pervertido garoto?

Jungkook ergueu uma sobrancelha desafiadora, mas perdeu a pose ao ser jogado na cama.

- Hyung. - Jungkook gritou indignado enquanto Suga subia em cima dele e o prendia pelos punhos que estavam doloridos demais para que ele tentasse forçar uma escapada.

- A propósito. Eu também te amo. - Suga falou com a voz grave, calma e baixa deixando Jungkook estático e atônito.

Seu corpo todo reagiu, conforme Suga o tocava lentamente, a ponta dos dedos ásperas causando uma fricção agradável na sua pele sensível.

Jungkook gemeu inclinando seu corpo para Suga que aproveitou para beijar seu peito descendo em direção das costelas, umbigo e subindo até sua boca mais uma vez.

- Suga. - Jungkook gemeu seu apelido,  sentindo a mão que não o apoiava suspenso, subir por sua coxa e massagear suas bolas.

- Eu vou pegar leve com você, porque sei que ainda está se recuperando de ontem… - Suga subiu as  mãos, pegou a base do pau do mais novo e começou a masturba-lo lentamente. - Só não se acostuma. - ele sussurrou em seu ouvido sentindo a ereção do garoto aumentar na sua mão em movimento.

Suga soltou o mais novo e aproveitou a mão livre para passar em sua entrada.

- Espera. - Jungkook choramingou manhoso, os olhos fechados com força, as mãos ferindo as costas de Suga com suas unhas. - Eu estou machucado. - Jungkook falou mordendo os lábios com dor.

 Suga sentiu pena do garoto, ele realmente estava andando com dificuldades apesar de não ter reclamado em nenhum momento.

- O que posso fazer por você, Sr. Jeon. - Suga se afastou do mais novo, o analisando enquanto tirava as próprias roupas, já que era o único ainda vestido ali.

- No que está pensando? - Jungkook perguntou de um jeito doce e amoroso enquanto admirava o mais velho tirar a roupa.

- Em formas alternativas de te foder. - Suga respondeu enquanto estalava o cinto da calça e o jogava no chão para só então desabotoar a calça.

- Droga. Por que isso me deixa ainda mais duro? - Jungkook resmungou se tocando depois que não aguentou a ausência de fricção no seu pau excitado.

- Parece que você está se virando muito bem sozinho. - Suga disse prestes a se afastar mais do mais novo que largou seu pau imediatamente, os olhos implorando para que ele não fosse embora.

Suga riu de um jeito perverso deixando Jungkook cada vez mais excitado.

- O que quer que eu faça com você que você não pode fazer por si mesmo? - Suga perguntou se agachando para lamber o pré gozo que escorria da glande de Jungkook, o deixando quente e no seu limite.

- Eu quero te ver engasgando com meu pau. - Jungkook falou descaradamente, mas não pode evitar as bochechas vermelhas pela timidez.

- Você gosta do que é errado, não é bebê? - Suga sussurrou descendo sua língua pela base da ereção do mais novo, até subir e engolir todo seu pau.

Jungkook gemeu fino, puxando os cabelos de Suga que acabou gemendo de dor, causando ondas elétricas de prazer por todo o corpo de Jungkook.

Ele levantou quando sentiu que o garoto estava prestes a gozar e assistiu seus cílios piscarem atordoados, as bochechas vermelhas, os cabelos espalhados no lençol branco, a respiração falha e a boca inchada e mordida.

Suga amava cada detalhe em Jungkook, mas durante o sexo aquilo parecia se intensificar em proporções gigantescas. Ele se sentia o próprio Icarus arriscando se aproximar do sol, atraído por sua beleza estonteante, apesar de saber que arriscava sua irreversível mortalidade na tentativa.

- Vai ficar aí só me olhando? - Jungkook perguntou quando sentiu falta do toque de Suga.

O mais velho pareceu acordar de sua transe e se inclinou para pegar lubrificante na sua bolsa de viagem.

- Não. Por favor, não sei se vou conseguir andar de novo se você fizer isso comigo. - Jungkook falou seriamente, apesar do drama envolvido.

- Não vou te machucar.

Jungkook ergueu os punhos, deixando os roxos em evidência.

-Você diz isso agora, mas…

- Você fez isso com você mesmo. - Suga disse beijando seus lábios de um jeito brincalhão que acabou  se tornando algo mais entre um selinho e outro.

Suas línguas quentes provocando arrepios quando se tocavam.

Jungkook gemeu dentro da boca de Suga, sem nem perceber quando o mais velho levantou suas pernas e se afastou, as colocando na frente do seu corpo.

Suga Passou lubrificante no seu pau extremamente excitado e o enfiou entre as coxas fechadas de Jungkook.

Jungkook gemeu, sentindo suas pernas formigando por estar para o alto, mas a sensação do pau de Suga entrando e saindo do meio de suas pernas era bem melhor do que o incômodo.

 Suga estava completamente fora de si ao sentir a pele fina e macia da coxa de Jungkook envolver seu pau que derramava pré gozo na virilha do mais novo.

Ele gemeu, apertando as coxas de Jungkook ainda mais forte, acelerando os movimentos agora descontrolados, porém contínuos.

Sua boca estava seca e, na sua opinião, não existia algo que o deixasse com mais tesão do que Jungkook completamente entregue a ele daquela forma.

JungKook foi automaticamente com as mãos na sua ereção e começou a se masturbar lentamente, os olhos ainda fechados, os gemidos cortados conforme ele precisava respirar.

Suga estava errado.

Ver Jungkook completamente fora de controle daquela forma, dava ainda mais tesão.

- Porra Kookie, não tem nada melhor no mundo do que te ver sentindo prazer. - Suga falou sem ar, enquanto se movimentava entre as pernas de Jungkook, as mãos o segurando firme naquela posição completamente vulnerável a ele.

- Tenho certeza que me ver cavalgar no seu colo enquanto você me abre com seu pau enorme deve ser ainda melhor. - Jungkook disse entre gemidos.

Suga fechou os olhos tentando se controlar, mas as palavras de Jungkook foram seu limite.

Os dois gozaram ao mesmo tempo e foi de maneira completamente despropositada. Uma coincidência agradável.

- É agradável aqui. - Jungkook disse deitado na barriga do Suga no chão da sala, que agora tinha uma lareira ligada, duas taças de vinho ao lado e o som de um piano tocando numa vitrola ao fundo.

- Era dos meus avós. Já pensei em te trazer aqui antes, adorei que tive a oportunidade, apesar das circunstâncias.

Jungkook arrepiou lembrando das circunstâncias e Suga entendeu que ele estava na verdade com frio, mudando de posição para aquecê-lo melhor.

- Minha coxa está toda assada, quero ver como eu vou fazer com o jeans raspando nela, quando eu tiver que vestir roupa. - Jungkook resmungou fazendo Suga rir baixo.

- Você preferia que não tivesse acontecido então? - Suga perguntou, vendo Jungkook se levantar desesperado e sentar em seu colo.

Suas costas bateram no sofá atrás de si enquanto ele tentava equilibrar o garoto para que não se machucasse.

Os dois foram da cena quase desastrosa que eles conseguiram evitar graças ao pouco de agilidade e equilíbrio que sobrou depois do álcool que eles vinham ingerindo a noite toda, para uma situação energizante e repleta de tensão.

- Eu preciso de terapia depois das nossas noites de sexo. - Jungkook falou, parecendo honestamente pensar no assunto.

- Ou você precisa de mais sexo. - Suga disse o deitando no chão para beijar seus lábios entreabertos.

- Isso não faz o menor sentido. - Jungkook falou entre o beijo, o deixando quase ininteligível.

- Você está me corrigindo Sr. Jeon? - Suga perguntou enchendo o mais novo de cócegas que começou a gritar desculpas e às vezes implorar por ajuda para ninguém em específico, já que estavam sozinhos no meio do nada, num país completamente desconhecido.

[ New York ]

- O que faz aqui? - Jungkook perguntou sorridente assim que saiu do carro em frente ao seu loft.

- Vim te levar para comer. - Jin falou sorridente enquanto esperava o menor desembarcar da SUV.

- Você quer comer o que ?

- Comida tradicional.

- Gaonnuri? - Jungkook adivinhou, já que era o melhor restaurante coreano da cidade.

- Deixa eu me arrumar.

- Não! Senão vai começar a desanimar, vamos andando. - Jin o puxou pelo braço, vendo alguns seguranças se moverem de acordo.

- Mas Hyung, é na Broadway, não podemos ir de carro?

- Não aprendeu nada do que eu te ensinei? Andar um pouco faz bem, você precisa de praticar alguma atividade física.

- Você sabe que eu danço, vou na academia regularmente e faço sexo para porra né?

- Olha a boca. - Jin o corrigiu vendo o garoto pedir desculpas ao mesmo tempo que perdia o sorriso do rosto.

- Me conta como foi a viagem. - Jin pediu enquanto dava uma garfada enorme  no seu prato de Bossam.

- Teve contratempos, mas Suga apareceu para deixar tudo um tanto quanto… colorido. - Jungkook falou, escolhendo um chá da enorme coleção de infusão, que era a especialidade da casa, às vezes se distraindo com a movimentação da Broadway, que era sempre incrível de ser admirada pela diversidade de pessoas que andavam por ali.

- Suga esteve em Londres? - Jin perguntou confuso parando com o garfo no meio do caminho.

- Sim. - Jungkook disse e sabia que seus olhos provavelmente brilhavam por dizer o nome dele.

- Estranho. O Nam pediu a chave do seu apartamento há dois dias, para que Suga pudesse pegar uma blusa que ele esqueceu.

Jungkook enrugou a testa com seus pensamentos a todo vapor, mas logo sorriu entendendo o que tinha acontecido.

- Aconteceu algo insano durante a viagem…

Jungkook começou a contar todos os detalhes da sua quase prisão, decidindo que tomaria chá de erva doce só para lembrar do gosto que Suga tinha quando entrava em contato com a sua língua.

- JK isso tá muito estranho. Primeiro o FBI vai, depois não vai mais. Depois RM vai, depois não vai mais. - Jin balançou negativamente a cabeça em movimentos bruscos. - Não faz sentido.

Jungkook juntou as sobrancelhas, a cabeça a milhão.

Foi no exato momento que o garçom chegou em sua mesa que ele chegou a conclusão do que poderia estar acontecendo ali.

- Não decidiu o chá senhor?

- Não, mas eu quero a conta por favor.

Jin olhou surpreso para Jungkook, ainda com um pedaço de carne coreana entre seus lábios.

- Já vão? - O garçom perguntou amigavelmente.

- Já vamos? - Jin perguntou bem mais indignado que o funcionário.

- Definitivamente. - Jungkook falou impaciente enquanto o garçom, que entendeu a urgência, se retirava para fechar a conta deles.

- Porra! Porra! Porra! Como eu pude ser tão idiota. - Jungkook gritou entrando às pressas no apartamento depois de ter digitado a senha de entrada.

Jin negou com a cabeça o seguindo em silêncio, já que tinha desistido de pedir para ele parar de xingar.

- Eu confiei nele. Ele prometeu, disse que cuidaria de mim, olhando na porra dos meus olhos.

Jin olhou a sua volta. O apartamento parecia estar em ordem.

- Ele não estava com você? Como ele viria até aqui para pegar algo. Como ele sabia a senha da entrada?

- RM veio e eu dei a ele uma vez que estava bêbado demais para digitar.

Jin sentiu o corpo vacilar com a menção ao nome de RM.

- Olha! Você vai me desculpar, mas Namjoon jamais faria mal a você Jungkook.

- Você não entenderia? Ele é fiel ao Suga, não fiel a mim. - Jungkook praticamente jogou a cama para o lado, mostrando uma força admirável, enquanto procurava a pasta com os arquivos. - Nem fiel a você. - ele terminou a frase escorregando no chão com as mãos no rosto.

- Ele levou tudo. Foi tudo uma armação. - Jungkook resmungou , irritando Jin.

- Fala pra fora garoto.

- Eu entreguei de mãos beijadas toda a rota de entrada e saída dos “materiais” que vão para o exterior. - Jungkook respondeu sentindo as lágrimas rolarem por seu rosto queimando por causa do nervosismo.

- Você o que ?

- Cuidado com as palavras, provavelmente ele plantou escutas por toda a casa. Eu me odeio. Como eu fui confiar nele?

- Ele quem? JK calma, respira fundo. Você não tá fazendo o menor sentido.

Jungkook estava pronto para gritar com Jin quando seu celular começou a vibrar no bolso do seu jeans.

- Você é a porra de um filho da puta. - Jungkook gritou no telefone.

- Ah! Desisto. - Jin disse se retirando do quarto.

“Calma bebê, respira” - Suga respondeu sorrindo.

- Não me manda respirar seu traidor de merda.

“Eih! Quem começou as ondas de traições foi você. - Suga riu de forma que Jungkook arrepiasse com o som. - Mandar Jin enfiar a faca nas minhas costas foi a atitude mais amadora que eu já vi em toda minha vida. Jin nunca viraria a casaca. O garoto é leal demais pra isso.

Jungkook chutou o criado mudo com violência, derrubando a luminária no chão.

O barulho foi bem mais escandaloso do que o estrago. Jungkook começou a chorar abertamente, sem pudor e com nada útil passando por sua cabeça.

“Amor…

- Não me chama assim.

“Kookie, eu quero que confie em mim. Eu falei que ia te ajudar e vou, mas não sou um criminoso, se quiser sair dessa o mais ileso possível perante a lei, pode confiar em mim, caso contrário vem em casa e eu te devolvo a porra das pastas”.

Suga desligou a ligação, então Jungkook não teve oportunidade de responder, o que era bom porque ele realmente precisava pensar sobre o assunto.

Ele deixou o braço cair no chão junto com o celular, secou os olhos com a blusa, a visão ainda turva, sem explicação específica para isso.

- Você está bem? - Jin perguntou, trazendo uma xícara de chá nas mãos.

- Eu tô fodido. Ele vai mandar me prender, eu nunca mais vou ver você ou minha família.

Jin apertou seus lábios numa linha de irritação.

- Primeiro, eu também sou sua família então não me separa deles. E segundo, se ele fosse te prender não acha que esse apartamento estaria lotado de agentes neste exato momento?

Jungkook olhou ao redor, o silêncio predominante, exceto pelo trânsito agitado na avenida abaixo deles.

- Você tem razão. Isso não é pior? Viver com esse medo, sem saber quando vou ser preso?

- Acho que você tem que conversar com o Yoongi. - Jin falou amorosamente enquanto juntava os cacos de porcelana da luminária. - Decidir de que lado vocês estão de uma vez por todas.

- Eu acho que eu tenho que matar aquele filha da puta.

Jin suspirou desanimado e decidiu que tentaria colocar bom senso na cabeça do garoto mais tarde.

Suga desligou o celular, os dedos desceram pelas teclas monocromáticas do piano recém reformado no quintal de sua casa.

Ele dedilhava Chopin com seus dedos delicados. Nocturne era sua partitura favorita, seus dedos pareciam conhecer a melodia melhor que sua mente, porque ele não precisava pensar, era algo mecânico, ele mal sabia para onde sua mente tinha ido enquanto admirava o som fabricado por suas próprias mãos.

- Suga. - RM o chamou, abrindo a porta de madeira do porão ao lado da cobertura onde estava.

Suga assistiu o maior desaparecer nos degraus decadentes do local e o seguiu.

O cômodo ainda tinha um cheiro pungente de bolor, mesmo depois das tentativas de sua limpeza e as de RM.

Algumas garrafas de vinho descansavam num canto empoeirado, junto com alguns barris de um tipo de destilado que ainda não tiveram a chance de descobrir qual, mas pelo cheiro de batata fermentada  ele podia jurar ser tequila.

- O que descobriu? - Suga perguntou, analisando a parede recém formada de pistas e provas que conseguiram durante a investigação.

Suga falou sério quando disse que queria ajudar Jungkook, mas seria do jeito dele.

RM tremia, os dedos longos e elegantes balançando uma caneta já toda colada com fita plástica por causa dos maus tratos sofridos nas mãos do maior.

- Namjoon?

- Você não vai gostar nada disso.

Suga mordeu os lábios enquanto analisava o quadro na parede, todas as linhas de barbante vermelhas ligadas às situações que ainda não tínhamos respostas, amarelo para as que eram inconclusivas e verde para as que já foram solucionadas.

Ou seja, o quadro estava predominantemente vermelho.

- Fala logo. - Suga disse quando não achou nada aparentemente relevante no quadro, mas então seu corpo gelou e a respiração travou entre o pulmão e a traquéia enquanto RM apontava ainda indeciso para o círculo na parte lateral do mapa.

Sarajevo, Bósnia.

Suga se aproximou do quadro, os olhos pulsando, junto com seu sangue jorrado de forma violenta por suas veias.

Um zumbido baixo ecoou pelo seu ouvido quando seu dedo guiou o barbante até o centro do quadro.

- Esse é o centro de distribuição? - Suga perguntou aos sussurros.

- Suga você precisa pensar sobre isso. - RM o alertou já prevendo desastre.

- A quanto tempo? Jungkook fazia parte disso há seis meses?

- Suga.

- Responde porra.

RM suspirou entregando a pasta para o menor.

- Sim! Ele estava na frente das negociações. O soldado solitário que invadiu a sede, destruiu tudo e ainda saiu com sobreviventes, era você não era? - RM parou de falar depois que não obteve resposta, mas Suga parecia petrificado olhando o quadro ainda, então ele resolveu continuar relatando o que tinha conseguido tirar da pasta que pegaram do apartamento de Jungkook. - Não tem nada aí dizendo sobre algum envolvimento da parte de Jungkook sobre o tráfico ilegal de humanos, o que significa que pode ter sido uma ação independente da célula terrorista.

- Deserto de Sarajevo. - Suga sussurrou no meio das observações do maior fazendo ele se calar imediatamente.

- O que disse?

- O que não tem neste relatório são as mortes dos jovens soldados que serviram ao meu lado, tentando impedir que esses merdas continuassem dizimando o norte da África com esse armamento. - Suga virou para RM transtornado, os olhos produzindo lágrimas grossas enquanto ele passava por aquilo tudo de novo. - O que não tem na porra desse relatório é o fato de que muito dos meus irmãos morreram, que por desespero e impossibilidade não puderam voltaram para casa porque, pela primeira vez, o meu batalhão falhou com seu primeiro e único juramento de não deixar nenhum irmão para trás enquanto éramos dizimados por esses mesmo terroristas.

- Eu entendo que é algo difícil…

- Dahyun foi um desses soldados. - Suga gritou, saliva espirrando da sua boca enquanto lágrimas desciam por ela.

- Jungkook matou Dahyun. - Suga falou mais baixo enquanto limpava o rosto com a manga da blusa de um jeito bruto e distraído.

- Matou indiretamente.

- Quem  é é você agora. A porra  de um político?

- O que planeja fazer.

- Eu vou vingar meu amigo.

- Min Yoongi. - RM chamou autoritário enquanto o via subir às pressas pelas escadas desgastadas pelo tempo, fazendo barulho a cada passo.

- O que vai fazer? - RM gritou enquanto tentava alcançá-lo.

- Vou cumprir minha promessa e matar o filha da puta. - Foi a última coisa que RM conseguiu ouvir antes de xingar e correr atrás do menor.

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