Born a tiger and treated like a dog
Suga sentiu que estava sendo observado enquanto dormia, talvez essa fosse uma das vantagens de acordar e ainda assim se manter com os olhos fechados, aqueles momentos em que você têm esperança de que o sono vai voltar e você irá aproveitá-lo mais um pouco. Porém, esse era um pensamento que sempre o confundiu, afinal ele não entendia porque uma pessoa tinha essa obsessão em olhar a outra em um momento tão vulnerável.
- O que está fazendo? - Suga perguntou com a voz rouca de sono, os olhos abertos da melhor forma possível, já que o sol vindo da janela prejudicava boa parte de sua visão.
O som do grafite que Suga ouvia riscar, parou de abrupto quando Jungkook tirou sua atenção do caderno para encarar o mais velho.
Ele estava sentado no chão, encostado na cômoda ao lado da única janela do quarto, um caderno velho, com uma capa couro velha e rabiscado, aberto em seu colo, uma perna jogada, relaxada contra o chão enquanto a outra dobrada, apoiava o caderno para que ele desenhasse Suga dormindo.
Seu braço esticado fechou a cortina que havia aberto, deixando Suga dilatar as pupilas, focando inteiramente sua atenção nele.
Tudo que Suga conseguiu enxergar naquele momento era seu caderno aberto nas mãos de Jungkook, o assustando pra inferno.
- Não devia mexer no que não é seu. - Suga falou se sentando na cama ainda sonolento enquanto coçava os olhos na esperança de acelerar o processo de raciocínio.
- Não li nada, só peguei uma folha para desenhar. - jungkook colocou o caderno ao seu lado olhando Suga com um sorriso torto no rosto.
- Ainda assim, não é seu.
- Café a direita. - Jungkook apontou para uma caneca fumegante, no criado mudo ao lado de Suga.
Suga pegou a caneca, acenando em agradecimento assim que o vapor do café entrou em contato com seu rosto, o despertando.
- Eu tenho que dizer. - Jungkook fez um som de quem usa toda sua força, quando levantou do chão usando apenas uma mão. - Não imaginava alguém como você usando um diário. - Jungkook pegou a caneca de Suga quando se aproximou e a colocou mais uma vez no criado mudo, suas bocas tocaram uma na outra com o auxílio dos dedos de jungkook que levantava a cabeça do mais velho na sua direção, como distração para sentar em seu colo.
- Não é um diário. - Suga falou franzindo a testa. - É só um caderno onde ponho meus pensamentos quando estão perturbando minha mente. - Suga desceu o rosto para beijar o pescoço de Jungkook, o mordendo com força como um castigo pela intromissão em sua vida particular, mas o mais novo gemeu ao sentir dor, excitando Suga mais do que deveria, já que estava bravo.
- Isso parece a definição de um diário pra mim. - Jungkook soltou risadas curtas e infantis deixando Suga sem reação por um tempo.
- Talvez eu devesse te ensinar boas maneiras. - Suga falou virando Jungkook na cama e deitando metade do seu corpo em cima do mais novo.
- O que vai fazer? - Jungkook o olhou desafiador.
- Vou fazer com que aprenda a não mexer mais no que não é seu. - Suga baixou uma das mãos pelas coxas de Jungkook alisando sua pele macia entre os dedos.
O ar parecia rarefeito de repente, os olhares entre eles brilhavam de um jeito distinto, porém similar, como se de alguma forma, somassem em algo novo e desconhecido.
Suga notou que o clima tinha mudado de descontraído para algo mais quando ouviu a respiração pesada de Jungkook sair em lufadas de ar , o acordando para a estranheza entre eles.
- Vou tomar banho. - Jungkook falou depois de tossir sem graça. Suga se afastou do mais novo, o liberando ao se deitar de costas na cama, as mãos na cabeça, a respiração pesada e os olhos injetados.
Já era difícil lidar com os sentimentos de gostar de alguém, em alguns momentos odiá-lo. Agora gostar e ao mesmo tempo ser encubido de descobrir se ele é uma pessoa boa ou ruim já era demais, até mesmo para ele.
- Espera! Eu gosto daquele pirralho? - Suga sentou de abrupto pensando se falar sozinho em voz alta era um mal sinal, mas sua análise pessoal foi interrompida pelo barulho de chuveiro no cômodo atrás de si. Pensar no corpo definido de Jungkook sob a água fumegante era alucinante, a água descendo por seu torso, os cabelos lisos caídos nos olhos, a boca rosada molhada com água corrente, os cílios longos e marcantes em destaque, as bochechas rosadas pelo vapor.
Ele levantou da cama pegando a xícara de café no processo e foi até seu caderno jogado no chão.
O grafite ainda marcava a página em que Jungkook usou para desenhar.
Era um desenho dele dormindo, era incrivelmente perfeccionista.
O garoto tinha talento.
Ele só esperava que Jungkook não tivesse lido nada dali, não estava pronto para mostrar aquele lado dele a ninguém ainda, mas a sensação ter Jungkook lendo seus pensamentos, parecia algo ainda pior, ele se sentia impotente revelando suas fraquezas para alguém tão perfeito quanto o mais novo.
Suga genuinamente desconfiava se existia algo que Jungkook não fosse capaz de fazer com uma assustadora excelência. Ele puxou o ar, tentando relaxar, provando ser algo inútil assim que o soltou, largou a xícara em qualquer canto indo em direção ao banheiro.
...
- Eu fui o abandonado dessa vez. - Suga falou no ouvido de Jungkook colando seu corpo nas costas molhadas do mais novo ao mesmo tempo que fechava a porta do box que havia aberto.
Um cheiro bom de camomila ia até ele através do vapor quente da água corrente.
- Sentiu minha falta? - Jungkook se virou para abraçar Suga, mordendo os lábios ao sentir o corpo nu contra o seu.
- Senti. - Suga sussurrou em seu ouvido, aproveitando para morder levemente sua orelha antes de voltar a encará-lo.
Ele desceu as mãos da cintura de Jungkook e apertou sua bunda, o empurrando para o azulejo gelado da parede.
- Não, por favor. Estou destruído, preciso recuperar minhas forças. - Jungkook choramingou, rindo ao mesmo tempo.
Suga beijou seu pescoço, soltando o ar violentamente, encostando a testa no ombro do mais novo.
- Normalmente eu sou o preguiçoso numa relação. - Suga se desgrudou de Jungkook entrando na corrente de água entre eles para tomar banho.
- Você já esteve numa relação antes?
- Não.
Jungkook ficou um tempo encostado no azulejo, tentando fazer sua respiração voltar ao normal depois de tudo que Suga o fez sentir em menos de um minuto corrido.
- Estamos numa relação? - Jungkook pegou a bucha de banho para dar banho em Suga, que aceitou sem problemas ser mimado pelo mais novo, levantando o braço quando precisava ou suspirando quando Jungkook se tornava mal intencionado durante sua função e aquilo não era nem de longe algo ruim.
- Uma relação caótica ainda é uma relação. - Suga disse, os olhos fechados o impedindo de ver Jungkook travar seus movimentos com o choque da honestidade crua do mais velho.
- Tá tudo bem? - ele perguntou abrindo os olhos para encarar o mais novo quando sentiu falta do seu toque.
Jungkook concordou com a cabeça olhando distraído para um ponto nas costelas de Suga.
- Eu te machuquei ontem ou algo assim? - Suga perguntou, agora realmente preocupado com o pensamento no qual tinha sido alheio até agora.
Jungkook pareceu voltar à realidade, negando com a cabeça para a pergunta preocupada do mais velho.
- Não, você não fez nada que eu não quisesse ontem a noite. - Jungkook respondeu sorrindo ironicamente levantando uma sobrancelha de forma sugestiva para Suga que deu o sorriso gengival e doce, aquele que Jungkook descobriu ser seu preferido.
...
- Tem algo te perturbando? - Jin perguntou para o distraído Jungkook.
Eles estavam tomando café no Senza Gluten, um bistrô italiano na Sullivan St. com a Bleecker. Jungkook estava menos estressado agora que podia respirar o ar gelado da manhã, aliás Jin escolheu aquele restaurante justamente porque tinham mesas na rua, ao ar livre, onde o menor poderia pensar melhor e com mais clareza. Também ficava na esquina da NYU School Law, onde V tentava se formar em direito já há cinco anos.
Jin passou o endereço para eles se encontrarem lá.
V sempre dava a desculpa de não ter tempo para assistir todas as aulas por ser o modelo mais requisitado no mundo da moda e por isso estava tão atrasado nas matérias, mas a realidade é que ele vivia em festas e baladas e se formar estava implicitamente no final da sua lista de prioridades.
- JK fala comigo. O que aconteceu? - Jin insistiu, assistindo Jungkook batucar os dedos na mesa enquanto maltratava seu lábio inferior com os dentes, os olhos transparecia seu lado pensativo.
- Eu dormi no Suga ontem. - Jungkook parou de falar, vendo Suga a menos de dez metros deles, concentrado nas pessoas que passavam, como se fosse um predador pronto para dar o bote caso alguém demonstrasse alguma ameaça.
- Ele fez algo com você ? - Jin perguntou preocupado, fechando as mãos em punhos e pressionando os lábios em uma linha fina, apreensivo.
- Oh! Ele fez muitas coisas comigo, acredite. - Jungkook deu seu sorriso mais cafajeste para Jin que se acalmou um pouco, seu senso protetor quando se tratava do mais novo era sem precedentes, seu lado mais insano.
- Mas não é essa a questão, eu não consegui dormir, então fui desenhar pra, sei lá, passar o tempo. - Jungkook olhou para Suga mais uma vez, seu corpo tremendo numa resposta física ao que sentia no coração.
- Ele não gostou? - Jin perguntou, imaginando que Jungkook deve ter usado o garoto como modelo para seus desenhos e Suga não tinha gostado ou algo assim.
- Não sei, não mostrei para ele.
- Então qual é o problema?
Jungkook deu de ombros e pegou a xícara com chá de camomila em suas mãos finas e delicadas. Aquele cheiro o lembrava muito o da pele do mais velho, mas tudo o lembrava de Suga, então talvez fosse só coisa da sua cabeça.
- Eu precisava de folha e acabei me deparando com uma espécie de diário do Suga.
- Suga? - Jin enrugou a testa. - Que apelido kinky é esse?
- Não sei, não fui eu que inventei, todos chamam ele assim. - Jungkook falou divertido.
- Espera um pouco! Você não leu né? - Jin perguntou vendo Jungkook travar seu olhar apreensivos nos dele.
- Porra, Jungkook! Você tá muito ferrado se ele descobrir. - Jin mordeu sua torta folhada de morango, agradecido pelo gosto altamente gorduroso e açucarado dos italianos.
- Eu sei disso, mas me preocupo mais com as coisas que encontrei escritas lá.
- Ai Deus, isso é tão errado. - Jin limpou alguns farelos da massa crocante no canto da boca, tomando um gole da sua água com gás antes de retomar o assunto. - Não vou muito com a cara dele e você sabe, mas até eu acho que invadir a privacidade do garoto dessa forma, não tá certo. - Jin negou com a cabeça algumas vezes antes de voltar sua atenção para o doce, já pela metade na sua frente.
- Eu tirei foto.
- Jesus.
Jungkook pegou o celular, procurando a foto que tirou as pressas.
- Quer saber o que é ou não? - Jungkook perguntou impaciente.
Jin respirou fundo olhando pensativo para o aparelho nas mãos de Jungkook.
- Tá, mas depois você vai apagar. - Jin apontou o dedo no rosto de Jungkook, mas pegou o celular em suas mãos mesmo assim.
" Foi por volta dos dezoito anos que desenvolvi fobia social.
Certo! isso foi quando a minha mente começou a ser gradualmente poluída
Por vezes eu tenho medo de mim mesmo também
Graças à depressão que me assume
E todo o meu auto- ódio
Min yoongi já está morto ( eu o matei)
Comparar a minha paixão pela morte com a paixão dos outros é agora uma parte da minha rotina diária
O doutor às vezes pergunta se eu já...
... Eu respondo sem qualquer hesitação que sim
Estranho que seja algo comum pra mim?
Eu não me importo.
Porra! Que inferno!
Todas esses xingamentos, eu falo para esconder o meu lado fraco
Sem contar que tem esses dias que eu desejo que pudesse apagar".
Jin arregalou os olhos à medida que lia, os tirando do celular para encontrar os de Jungkook.
- Eu nem sei o que dizer. - Jin devolveu o celular para o mais novo.
- E isso nem é a pior parte, mas não tirei foto do resto. - Jungkook tomou o resto do seu chá já frio.
Jin concordou distraído.
Ele odiava Suga sem saber o porquê, só que ele sentia que o menor escondia Algo, mas agora era impossível não se sentir, no mínimo, complacente a sua postura autoritária e reclusa.
- Ele parece alguém que sofreu muito pelo jeito que escreve. - Jin se virou um pouco para olhar Suga ao lado de RM, focado demais para perceber a atenção que os dois davam a eles.
- O cara literalmente foi para guerra em pleno século XXI , acho que ele tem direito de ser assim, honestamente. - Jungkook sentiu a respiração pesada, como algo pressionando seu tórax, comprimindo o ar em seu peito.
- Não sei, parece mais que isso. - Jin se distraiu mais uma vez com o pedaço de doce, se lamentando antecipadamente por já estar quase no fim.
Ele analisou Jungkook se remexendo desconfortável na cadeira e voltou seu olhar para o motivo do incômodo repentino do mais novo.
V tinha finalmente chegado e conversava animadamente com Suga, apoiando seus dedos longos no braço do mais velho de um jeito íntimo demais para ser algo casual e bem intencionado.
- Você tá tão ferrado JK. - Jin falou soltando uma risada engasgada e cômica demais para que não provocasse mais risadas de qualquer um que ouvisse, mas Jungkook no entanto, enrugou a testa e apertou a cadeira apreensivo e sem se afetar com a diversão de Jin à suas custas.
V foi atraído pelo som da risada de Jin e falou algo para Suga antes de beijar seu rosto e caminhar até os meninos.
- Oi. - V sentou na cadeira vaga, olhando tanto para Jin quanto para Jungkook curioso quando nenhum deles respondeu.
- Aconteceu alguma coisa?
Jin e Jungkook se entreolharam, mas não falaram nada.
V deu de ombros e chamou o garçom para fazer seu pedido, sem insistir no assunto ou se preocupar com ele. Uma coisa que ele havia aprendido com o tempo é que quando os meninos tinham algum problema, eventualmente eles acabavam abrindo a boca.
Jungkook aproveitou o garçom que tinha se aproximado da mesa para pedir mais um pouco de chá.
- Vocês vão ajudar na mudança do Suga e JHope? - V perguntou distraído com seu pedaço de Cannoli siciliano com raspas de limão e muito chantilly.
- Droga.
Todos olharam para Jungkook que tinha derrubado chá na camiseta branca, antes impecavelmente limpa.
- Você tá bem? - V perguntou entregando seu guardanapo de linho para Jungkook se secasse. Jungkook o pegou com violência e começou a esfregar a camiseta visivelmente transtornado.
- Mudança? - ele perguntou balançando a camiseta para secar mais rápido.
V implorou ajuda para Jin com o olhar, mas Jin o ignorou, olhando seu Cannoli enquanto levantava uma das sobrancelhas.
Ele suspirou fundo, entregando o doce para Jin que começou a falar assim que pegou com o garfo o primeiro pedaço da sua barganha.
- Jungkook tá com ciúmes, porque você sabe de uma suposta mudança na qual ele não fazia a menor ideia que aconteceria. - Jin falou com comida na boca, chantilly escorrendo no canto dos lábios.
V passou o polegar no canto da boca de Jin, lambendo o dedo sujo de chantilly. Jin mal pareceu notar.
- Eu não tenho culpa, tô transando com o colega de quarto dele. - V respondeu naturalmente, enquanto cutucava Jin para ganhar um pedaço de doce.
- Espero que JHope saiba que ele é só o cara com quem tá transando, pra você. - Jungkook respondeu ainda estressado por Suga não ter falado nada sobre aquilo com ele.
V continuou comendo em silêncio enquanto Jin falava nada específico sem parar.
- Eih! Não fica assim, ele não queria mudar de qualquer forma, ele só tá fazendo isso por JHope. - V falou depois de dar um soco de leve no braço de Jungkook.
- Aliás, você podia ajudar na mudança. Eu ofereci para pagar alguém, mas JHope disse que Suga precisa de um culpado caso algo se quebre e não dá para fazer isso com uma empresa terceirizada.
Jin riu divertido com o que ele considerou ser uma piada, pois não conhecia Suga tão bem assim para saber que não era.
- Quando? - Jin perguntou distraído.
- Nesse domingo e o RM vai. - V mostrou seu sorriso malicioso para Jin.
- Pode contar comigo, eu faço o almoço.
- Você é o melhor. - V se inclinou para dar um beijo no rosto de Jin.
- Eu não sei se vou. - Jungkook respondeu, depois que os dois olharam na sua direção em expectativa.
- Caso decida que sim, preciso dizer que Jimin vai também.
Jin puxou o ar dramaticamente fazendo V rir da cara dele, já Jungkook parecia ter levado um tapa na cara.
- O que ele vai fazer lá? - Jungkook perguntou alarmado.
- Já disse, ajudar na mudança. - V falou revirando os olhos.
Todos sabiam que o clima entre os dois irmãos não eram dos melhores, mas ninguém sabia que Jimin quase estourou os miolos de Jungkook, se Suga não tivesse impedido a tempo. Então fazia sentindo ninguém se importar com os dois a menos de cento e cinquenta metros de distância um do outro mesmo se odiando, mas Suga ter aceitado algo assim, sabendo do quanto eles realmente se odiavam era o que tinha deixado Jungkook indignado.
- Você vai? - V perguntou com seus olhinhos de cachorro abandonado ativados.
- Vou pensar.
- Ok, mas pensa com carinho.
Jungkook sorriu sem graça para V levantando da mesa antes dos meninos.
- Posso falar com você? - Jungkook puxou Suga pelo braço quando saíram do bistrô.
- Tem que ser agora? - Suga perguntou vendo RM ignorá-los completamente enquanto assumia o posto de Suga em silêncio.
- Sim Yoongi. Agora. - Jungkook encarou Suga quase em choque pelo tom que ele usou.
Em algum momento Suga notou que Jungkook não ia dar o braço a torcer, por isso o direcionou de volta para o restaurante, mandando os meninos entrarem no carro enquanto abria caminho para Jungkook ao mesmo tempo que apoiava uma das mãos nas costas do menor, o levando na direção do banheiro.
Suga se afastou de Jungkook quando entraram no banheiro, verificando cada porta na parte privativa, até voltar satisfeito ao não encontrar mais ninguém ali.
Ele se aproximou de Jungkook que deu alguns passos pra trás em sinal de rejeição, mas Suga fez questão de mostrar que só queria trancar a porta e ele estava no caminho, deixando o mais novo ainda mais nervoso e frustrado.
- E então? - Suga perguntou cruzando os braços, agora à uma distância segura de Jungkook.
- Por que não disse que ia se mudar?
- Não pareceu importante.
- Não pareceu... - Jungkook se interrompeu passando as mãos no rosto. - Não pareceu importante? - ele continuou pelo menos dois tons abaixo da sua voz habitual.
- Eu estava dormindo e você me acordou pra transar, no outro dia eu acordei e cinco minutos depois você estava no meu colo. Desculpa se não encontrei um momento para conversas triviais. - Suga quis passar os dedos pelo maxilar travado de Jungkook, ressaltando suas bochechas rosadas, mas percebeu que talvez aquele não fosse o melhor momento se afastando ainda mais do garoto depois de se sentir de alguma forma rejeitado, mas não sem antes sorrir para o bico que se formava nos seus lábios brilhantes e convidativos.
- O fato de Jimin ir ajudar na mudança também não era um assunto que talvez devesse ter comigo? - Jungkook perguntou um pouco mais desarmado a medida que Suga se afastava dele.
- Não sabia que ele ia, não sabia nem que tinha data e hora para o evento, nem sabia quando me mudaria, mas honestamente não é algo que me incomoda. - Suga deu de ombros.
- Não te incomoda. - Jungkook exaltou a voz pela primeira vez, o rosto vermelho, as mãos agitadas. - Ele tentou me matar e você diz que não se importa se ele participar do um almoço de domingo? - Jungkook bateu as mãos impacientes ao lado do corpo. - Eu nem fui convidado. - Jungkook reclamou, agora parecendo mais o garoto mimado que o contratou do que o Jungkook que faz suas pernas amolecerem só por respirar próximo demais do seu corpo.
- Ele tentou atirar em você. Você obviamente não pareceu se opor, o que deveria anular o problema e eu definitivamente não tenho nada com isso. Sem contar que se você se sentisse ameaçado pelo seu irmão, você teria procurado a polícia ou algo assim, o que significa que são duas crianças mimadas tentando chamar a atenção. E se você realmente me conhecesse, saberia que não dou atenção alguma para esse tipo de coisa. - Suga passou as mãos nos cabelos, visivelmente perdendo a paciência. - Isso é entre você e Jimin.
- Não quero você falando com meu irmão. - Jungkook soltou antes de pensar no assunto.
Suga escondeu a vontade de sorrir pelo ataque de ciúmes repentino do mais novo, mas sua raiva ainda era palpável.
- Sinceramente Jungkook, não preciso ouvir essas merdas. Isso é tudo? - Suga perguntou seco.
Jungkook se arrependeu de tudo que tinha dito no mesmo instante, mas não é algo que ele estava disposto a confessar.
- Sim. É tudo. - ele falou com a voz engasgada.
Suga acenou positivamente e esperou paciente que o maior se afastasse da porta, o que ele não fez.
- Se não tem mais nada pra falar, eu tenho que trabalhar. - Suga falou apontando para a porta.
- Você tem que garantir minha segurança, não entendo porquê se afastar de mim consiste em fazer seu trabalho. - Jungkook empinou o nariz para dar ênfase ao argumento.
Suga cruzou os braços o encarando sem dizer uma palavra, não precisou mais do que um minuto para que Jungkook se afastasse, mas ele agarrou Suga pelos braços antes que o mais velho fosse embora.
- Eu...Desculpa. - Jungkook desceu o aperto no braço do mais velho, descendo até sua mão áspera e quente. - Eu estou com ciúmes, acho. - Jungkook soltou uma risada curta e envergonhada, apertando as mãos de Suga em um súbito nervosismo.
Suga encarou suas mãos entrelaçadas, mordendo os lábios como correção pelo pensamento do quanto ele achava aquilo certo. Mas em completa contradição, se livrou da mãos do menor, percebendo o quanto aquilo o havia afetado mais do que deveria.
- Eu honestamente não entendo. - Suga virou para encostar, batendo sua cabeça na porta ao voltar encara Jungkook. - Quero dizer, você já está praticamente casado. Não entendo porque parecer intencionado a começar algo comigo, eu achei que só queria se divertir comigo. - Suga deu de ombros, porém seus olhos demonstravam o quanto aquilo o incomodava.
- Era o que queria quando começamos? - Jungkook perguntou encarando Suga, que pareceu confuso com com a pergunta. - Só se divertir. - Jungkook completou, gerando mais desconforto entre eles.
- Eu não sei. - Suga respondeu sem desviar o olhar.
Nenhum dos dois pareciam ter o que falar, então Suga fez um favor a si mesmo e se retirou sem falar mais nada.
...
Era domingo a tarde e já tinha um tempo considerável que Suga estava no bar embaixo do que ele já podia chamar de, seu antigo apartamento, tomando algo perto do quarto ou quinto copo de whisky enquanto brincava com algumas cascas de amendoim que ele descascou por diversão.
- Você tem que ter um bar quando se aposentar, já consigo até te imaginar comandando um. - Jimin tirou sua jaqueta da Supreme vermelha, amarrando na cintura antes de sentar ao lado do maior.
Suga balançou distraído o restante da bebida no copo, sem prestar muita atenção em Jimin que tinha pedido uma cerveja e batucava as unhas bem cuidadas na madeira velha do balcão.
- Eu estava procurando por você. - Jimin falou sorridente, alegre por nenhum motivo aparente.
- Como sabia onde me encontrar? - Suga perguntou com a voz entediada.
- Hobi falou que estaria aqui.
- Hoseok não sabe que eu estou aqui, aliás ninguém sabe.
- Ele parecia bastante certo de onde te encontrar.
Suga acenou para a garçonete que trocou seu copo por um novo, ela encarou Suga com uma cara de poucos amigos, para depois sorrir tímida para Jimin ao colocar o copo de chopp na sua frente.
Jimin sorriu carismático, agradecendo a garota que teria saído saltitante se não tivesse dado de cara com a carranca de Suga antes de partir.
- Não sei bem sobre o lugar, mas a cerveja é ótima.
- O que quer Jimin?
- Tomar minha cerveja. - Jimin fez um bico infantil com seus grandes lábios antes de encolher os ombros e voltar a beber, como se o alarmante "cai fora" tatuado na testa de Suga não o assustasse em nada.
Suga suspirou desanimado, tomando mais da metade da bebida e pegou um dos gelos que boiavam no líquido para travá-lo entre os dentes como distração.
- Nos vemos mais tarde então. - Suga estava prestes a sair, mas Jimin segurou apertado seu antebraço, esperando Suga sentar novamente antes de começar a falar.
- Correndo o risco de passar outra semana com o pescoço roxo. Será que podemos conversar? - Jimin soltou Suga, voltando a beber sua cerveja, dando espaço o suficiente para ele ir embora, caso a resposta fosse não, mas Suga não se mexeu, deixando um silêncio confortável entre eles.
Depois de um tempo Jimin puxou o ar, na esperança de se acalmar antes de tocar no assunto que foi até ali para falar.
- Você vai visitá-lo amanhã? - Sua voz era baixa e pela primeira vez ele estava receoso.
Suga fez um barulho horrível ao morder o gelo em sua boca, sentindo gosto de sangue por ter mordido a língua junto. Suas mãos atrofiaram em cima do jeans, mas seu rosto não se alterou nem por um segundo.
No dia seguinte seria o aniversário de Dahyun e seria o primeiro em que ele não estaria presente para comemorar o fato de ter nascido. Suga sabia agora que Jimin conheceu Dahyun, fez parte de algum momento de sua vida, coletou lembranças boas e ruins tanto quanto ele, talvez até mais, mas ainda parecia bizarro ter essa conversa com um praticamente desconhecido passado. Justo a única pessoa que soube tirar sua mente de uma rotação dinâmica e automática e torná-lo um avaliador de si mesmo, mudando a forma em que ele via as coisas, ainda que não tivesse mudado em nada externamente, foi uma pessoa na qual ele não sabia basicamente nada sobre.
- Eu acho que deveria ir. - Suga tomou sua bebida pensativo com a resposta para a pergunta de Jimin.
- No que tá pensando?
Suga deu de ombros colocando o queixo em uma das mãos apoiadas no balcão, o cotovelo arranhado pelas cascas de amendoim que ele não se incomodou em afastar.
-Me fala. - Jimin apoiou sua mão pequena na coxa de Suga, a apertando como um incentivo para que ele continuasse.
- Eu esqueci completamente. Quão horrível eu sou por isso?
Jimin sorriu de um jeito carinhoso, se afastando para passar as mãos nas mechas agora tingidas de preto, que caíram em cascatas brilhantes em sua testa.
- Você tá vivo, não tem problema se continuar com a sua vida. - Jimin colocou algumas notas no balcão, se levantando para ir embora. - É o primeiro aniversário depois que...você sabe.
Suga concordou sem silêncio, vagando os olhos pelo ambiente umbrífero.
- Talvez eu esteja me intrometendo demais, mas você deveria levar o JK. - Jimin deu de ombros para os olhos arregalados de Suga.
- Por que acha isso?
- Eu nunca vi meu irmão desse jeito, ele parece... - Jimin olhou para cima parecendo pensar numa palavra adequada. - ...melhor.
Suga enrugou a testa, estranhando o comportamento do menor, mas eles não se conheciam, então poderia ser só Jimin sendo Jimin.
- Ele precisa fazer as pazes com suas próprias escolhas, talvez você seja o único que consiga entrar naquela cabeça fechada.
Suga sorriu de um jeito amoroso com o pensamento, enquanto assistia Jimin andar elegantemente para fora do bar.
...
JHope rejeitou a proposta de V para contratar uma empresa para fazer a mudança deles, mas não teria nenhuma objeção se ele tivesse contratado alguém para arrumar aquela bagunça. Não que tivesse muitas coisa, aliás a casa já estava completamente mobiliada, então eles acabaram levando mais roupas e algumas tralhas que Suga achava importante.
Suga era muito apegado com suas coisas.
- O que está cozinhando? - JHope entrou na cozinha, todo sujo de poeira enfiando o rosto na frente de Jin para poder olhar o conteúdo das panelas borbulhando no fogão.
- Para de se intrometer ou não vai comer nada do que eu fiz. - Jin entrou com o corpo na frente de JHope para que ele perdesse a visão da comida e saísse da cozinha.
JHope fez uma careta, com direito a mostrar a língua e tudo mais, quando Jin virou de costas. Ninguém tinha visto, mas ele se sentiu satisfeito consigo mesmo enquanto se retirava, seguindo para os fundos da casa onde imaginava que estaria V, já que ele não o achou em nenhum outro cômodo da casa.
Ele encontrou V sentado numa área coberta, as pernas cruzadas, a bermuda suja por causa do chão comentado que não devia ser limpo já há um tempo, algumas folhas e gramas soltas invadiam o pequeno espaço, seu corpo inclinava periodicamente sobre um piano com uma aparência rústica, porém obviamente caro.
- Gostou? - V perguntou sorrindo quadrado ao se virar para JHope.
- Eu adorei, mas tem certeza que isso é um piano velho e estragado? Porque não parece. - JHope contornou o piano duas vezes antes de perceber o bico de mal humor no rosto delicado de V.
- O que foi? - Ele perguntou sorrindo largo, só porque queria que V sorrisse também.
JHope odiava ver qualquer um chateado e se ele pudesse mudar algo para que isso não acontecesse, ele nem pensava duas vezes.
- Você acha que ele vai notar? - V perguntou se levantando do chão para sentar no banco do piano que estava um pouco afastado de onde estava.
JHope parou bruscamente de andar ao redor do piano para encarar V , com seu olhar desconfiado e o sorriso indeciso.
- Tae o que você fez?
- Eu menti, não achei nenhum piano velho e olha que eu procurei.
JHope arregalou os olhos, olhando mais uma vez para o piano jogado no meio do quintal.
- Isso não é qualquer piano. É um Schwartzmann. E... é novo? - JHope tocou a madeira, agora olhando o instrumento com outros olhos.
- Você não percebeu? Parece velho pra você? - V levantou do banco, agitado e com as forças renovadas. - Isso é ótimo, se você não notou, talvez o Hyung não vá....
- Ele vai notar. - JHope viu os ombros de V se encolher desanimado.
JHope se entristeceu por deixar o mais novo chateado, analisando mais uma vez o piano.
- Eu não acredito que estou dizendo isso, mas talvez se você estragar ele mais um pouquinho. - JHope fechou um dos olhos, se encolhendo pelo susto ao ouvir V dando gritinhos ao seu lado.
- Talvez se eu quebrar algumas cordas. - V abriu o tampo superior do piano já enfiando a chave de fenda que tinha no bolso da bermuda para puxar algumas cordas.
- É bem duro. - ele falou para si mesmo, depois de tentar várias vezes sem sucesso.
Uma faca de corte apareceu na sua visão, o fazendo sorrir.
JHope tinha ido buscar uma antes mesmo dele tentar cortar a primeira corda.
- Depois que terminar de cometer essa atrocidade, vamos para cama? - JHope abraçou V pelas costas, beijando seu pescoço enquanto alisava seus dedos no abdômen cada dia mais definido do mais novo.
- Não é uma atrocidade.
- Isso é provavelmente pecado em algum lugar do mundo.
- Isso também - V se virou para beijar JHope, perdendo um tempo considerável nos seus lábios macios.
JHope sorriu entre os lábios finos de V para depois suspirar quando V apertou seja cintura, firme e possessivo como sempre.
- O que estão fazendo? - Jimin perguntou sem perceber a cara de "Você é idiota?" que JHope fazia.
- Tentando destruir o piano, mas de leve. - V falou apontando para o objeto em questão.
- O que ele te fez?
- Foi o que convenceu Yoongi Hyung a se mudar. - V falou enquanto assistia Jimin mexer na caixa de ferramentas ao lado do piano.
- E é melhor que ele pense que esse piano não passa de tralha velha, não quero nem imaginar o que ele faria se descobrisse que enrolamos ele. - JHope falou parecendo genuinamente apavorado.
- Ele provavelmente beberia todas as bebidas da casa e depois faria aquele tratamento de silêncio assustador. - Jimin falou, distraído demais para notar a troca de olhares entre V e JHope.
...
Suga ficou conversando com os meninos até tarde no quintal e quando eu digo conversando, eu quero dizer, bebendo sua cervejo e rindo das palhaçadas de Jimin e JHope em frente ao Jin que tentava pacientemente fazer o churrasco para eles.
Não era algo que surpreendeu Suga, ma Jungkook não apareceu e o problema não era esse, o problema é que ele sentiu falto do mais novo e isso o incomodava mais que qualquer outra coisa.
Suga não teve muito tempo para olhar o piano no qual o V havia falado, porém ele estava com seu terno, a gravata cinza amarrada apertada demais no pescoço para o seu gosto e uma caneca de café nas mão, encarando o piano na parte coberta do quintal de sua nova casa.
- Acha que tem conserto? - V perguntou, surgindo atrás dele, coçando os olhos de sono, com uma pantufa de pirata nos pés e uma camiseta velha do Monkey D. Luffy esgarçada na gola.
- Não sei te dizer, está realmente bem estragado, até onde eu sei é um monte de madeira velha, mas vou dar uma olhada nele melhor amanhã.
- Eu vou matar Jimin. - V sussurrou com sua voz grossa enquanto Suga passava por ele para entrar na cozinha.
- O que disse? - Suga perguntou curioso, mas V fez aquela cara de perdido, até ele desistir e entrar na casa.
Ainda estava escuro quando RM foi buscá-lo em sua nova casa. Suga ia fazer parte da equipe de segurança de Jungkook num evento de fotos para a promoção de divulgação do seu novo Comeback. O problema é que as reuniões para discussão da sequência da tour sempre acontecia no escritório do Sr. Jeon, pai de Jungkook e se o homem fosse metade do que RM o pintava, o cara era terrivelmente exigente, por isso RM decidiu, junto com Jin, que o uniforme hoje seria o terno mais desconfortável que Suga já vestiu na vida, não que tenham sido muitos.
O escritório era na Wall street e Suga não ficou impressionado, afinal ele sempre imaginou o pai de Jungkook algum figurão de Wall street, mesmo antes de saber que ele era um de verdade, só pela formas que as pessoas o mencionavam, inclusive seus filhos.
Suga estava pegando café da máquina profissional que eles tinham na sala de espera, no seu caminho de volta e ele ouviu a gritaria entre portas fechadas e parou imediatamente. Seu corpo reagiu muito antes da sua mente ao reconhecer a voz exaltada de Jungkook, porém ele conseguiu travar seus instintos protetores antes de invadir o escritório à ponta pés e punhos fechados.
Porém, antes que Suga começasse um pequeno impasse mental, a porta foi aberta com violência e Sr. Jeon saiu batendo os pés corredor a fora.
- O que aconteceu? - Suga perguntou assim que Jungkook parou na porta para assistir seu pai ir para longe de onde estavam.
Jungkook olhou surpreso para Suga, porém pelas mãos instáveis na cintura e o peito demonstrando visivelmente sua respiração descompassada, Jungkook não parecia com paciência para desvendar o que Suga queria com ele
- Ele é um idiota. - Jungkook resmungou passando as mãos nos cabelos de forma sequencial enquanto andava em círculos no corredor em frente a Suga.
- Por que você está assim? - Suga tentou tocar em seu braço para pará-lo no lugar, mas ele o puxou bruscamente.
- Você estava bisbilhotando atrás da porta ou o que? - Jungkook gritou, da mesma forma em que falava com o pai, há menos de um minuto.
Suga não queria parecer ofendido, mas a verdade é que ele estava. Então tudo que fez foi negar com a cabeça e jogar o copo de café no lixo ao lado de onde Jungkook estava.
- O que quer aqui?
- Não quero nada, fui buscar café e ouvi sua voz exaltada, fiquei preocupado. - Suga baixou a cabeça pela timidez ao assumir que se preocupava com o mais novo, mas Jungkook não estava prestando atenção.
- Estou bem, agora vá embora.
- Por que está agindo assim? - Suga deu um passo à frente, fazendo Jungkook ir pelo menos dois para trás em resposta.
- Talvez eu possa ajudar ?
- Você já fez o suficiente Yoongi.
- O que isso quer dizer? - Suga tinha o olhar magoado, as mãos travadas no bolso, os olhos vidrados, mas a voz permanecia calma.
Ele sempre teve essa coisa de que quanto mais ficava bravo, mais devagar ele falava e mais calmo parecia e ele sabia o quanto isso irritava uma pessoa transtornada, Jungkook não era excessão.
- Some daqui, some da minha vida, você fica me olhando com essa cara pretensiosa e superior, como se retivesse a resposta para tudo. Eu tô cheio de todos vocês. - Jungkook apontava o dedo na direção de Suga, mas agora ele sabia que o mais novo não estava falando com ele, não mais e isso causou um novo tipo de revolta no peito. - Eu não tenho controle de mais nada, nem de você que fica se metendo em tudo.
Suga só aconteceu de estar no lugar errado e na hora errada, mas agora que estava ele queria resolver aquilo.
- O que ele te disse.
- O que?
Jungkook enrugou a testa, as lágrimas que se recusavam a sair, agora escorriam livres pelo rosto, parando em gotas grossas pelo nariz e queixo. Ele estava machucado e Suga podia imaginar o motivo.
- O que seu pai te disse? - Suga se aproximou, dessa vez sem se importar em vê-lo tentar fugir.
Suas costas bateram na porta maciça de madeira de onde ele tinha saído. Jungkook precisava extravasar, ele estava desolado e Suga conhecia o sentimento.
Suga prendeu uma das mãos de Jungkook acima de suas cabeças.
- Me solta.
- Cala a boca e me escuta. - Suga abriu a porta do escritório do pai de Jungkook, o deixando quase no meio da sala.
Ele trancou a porta enquanto desamarrava o nó da gravata. As mangas da camisa foram dobradas até seu cotovelo, ele girou as persianas da janela de vidro e sorriu porque sabia que Jungkook analisava cada passo que ele dava.
- O que ele disse não importa, só importa o que você pensa. - Suga falou jogando a gravata em cima da mesa de escritório do Sr. Jeon para tirar a arma das costas à seguir.
Jungkook vacilou por um instante, mas ao mesmo tempo ele queria a atenção. Algo naquilo o intrigava e o excitava, era como se pela primeira vez ele soubesse com quem estava falando, aliás ele parecia ter acabado de acordar de um transe.
Suga se aproximou e o segurou pelo queixo para beijar seus lábios do jeito que os deixava dormente e vazio depois. Jungkook nunca viu isso antes, nunca sentiu ou ouviu alguém falar sobre isso, a forma como seus lábios se sentiam confortáveis ao toque do mais velho, em como ele tremia em necessidade quando ele afastava os lábios dos seus, a medida que seu coração disparava dentro do peito, ele nunca sentiu algo assim antes, o que fazia de Suga a sua exceção.
Suga afastou toda a papelada, portas retratos e laptop de cima da mesa num único gesto com seu braço que não segurava o mais novo, deixando algumas das coisas caírem no chão.
- O que está fazendo? - Jungkook tentou impedi-lo, mas Suga foi mais rápido, o pegando pela cintura e girando seu corpo de frente para escrivaninha.
- Você quer controle? - Suga puxou o cabelo do mais novo até que ele encostasse em seu ombro e encaixou seu corpo em suas costas. - Então porque não para de reclamar sobre e faça algo.
- Eu não posso controlar isso. - Jungkook engoliu em seco, sentindo os dedos de Suga descendo por seu peitoral, a outra mão puxando seu cabelo enquanto seu lábios judiavam do seu pescoço.
- Se não consegue ter seu próprio controle. - Suga colocou a mão dentro da sua calça. - então arranje alguém que tenha.
- Para. Eu não quero. - Jungkook pediu com a voz vacilante.
- Se não quer por que seu pau está duro? - Suga alisou Jungkook, mas se afastou logo em seguida.
- Onde você vai? - A carência na voz de Jungkook quase o fez voltar atrás, mas o mais novo disse que não queria.
Suga pegou sua arma, colocou a gravata ao redor do pescoço e foi na direção da porta acreditando que não podia livrar Jungkook daquela angústia se ele não quisesse, aquilo era muito familiar para que ele não reconhecesse de longe e ele falou sério no corredor, quando disse que queria ajudar.
- Vou embora.
- Não vá. - Jungkook choramingou as palavras, limpando o queixo cheio de lágrimas enquanto olhava o mais velhos com aqueles olhos enormes, negros, completamente perdidos.
Suga parou com a mãos na porta.
- O que você quer?
- Você sabe. - Jungkook falou, os olhos mudando seu brilho de angústia para mais pura fúria.
- Quero ouvir você falar.
Jungkook vacilou seu apoio nos pés, passando a mão no pescoço, na tentativa de desestressar.
Suga não queria pressioná-lo a fazer algo que se arrependeria, então abriu a porta para sair antes que perdesse seu controle racional, porque o negócio era que Suga estava nervoso, Jungkook estava frustrado e os dois sabiam que isso dava um bom sexo, foi isso que os aproximou afinal.
- Quero que me foda. - Jungkook falou fazendo Suga fechar a porta quase que imediatamente.
- Quero ser fodido em cima da mesa do meu pai. - ele falou um pouco mais confiante dessa vez.
- Parece que alguém tem "Daddy Issues".
- Você não trancou a porta.
Suga colocou a arma na mesa mais uma vez.
- Eu sei.
Ele olhou para Jungkook dos pés a cabeça enquanto se aproximava lentamente.
- Deita. - Suga apontou para a escrivaninha. - Agora.
- E se alguém nos ver. - Jungkook olhou aterrorizado para a porta destrancada.
- Não vou repetir. - Suga se posicionou atrás do mais novo que desistiu de argumentar e fez o que ele pedia.
Ele desceu a calça jeans de Jungkook e se ajoelhou.
A pele do mais novo era suave, seus músculos o definia tanto quanto o tornava delicado. Suga mordeu a parte interna da coxa do mais novo e lambeu em seguida, o ouvindo gemer baixo e abafado por estar deitado na mesa. Ele foi com a língua até a sua entrada, o lambeu e chupou sem perceber por quanto tempo. Jungkook tinha um corpo incrível e Suga adorava cada parte dele.
- Me fode. - Jungkook sussurrou, sua voz estava rouca e vacilante e isso só o excitou ainda mais.
Suga colocou um dedo dentro do mais novo e o girou, ouvindo Jungkook morder o braço para não gemer alto. Suga se levantou, mantendo o menor firme entre suas pernas.
- Geme para mim baby. - Suga puxou Jungkook pelos cabelos enquanto colocava os três dedos de uma vez dentro do mais novo.
Ele é tão apertado e gostoso.
Jungkook foi impedido de abafar seu gemido, então ele praticamente gritou quando sentiu os dedos do mais velho acertando sua próstata várias vezes seguidas.
- Droga. eu vou gozar.
- Você não pode, vai sujar a preciosa sala do seu pai.
- Eu não me importo.
- Não. Você só vai gozar quando tivermos em casa. - Suga tirou os dedos de dentro dele e estava prestes a se afastar, mas Jungkook agarrou suas mãos o impedindo.
- Me fode. - Jungkook se virou e começou a abrir a calça de Jungkook.
- Não. Não podemos.
Jungkook pegou o pau de Suga pela base e se ajoelhou para chupá-lo, apressado, engasgando algumas vezes e olhando para Suga de um jeito que ele quase gozou em vários momentos.
- Você me excitou, se vira. - Jungkook falou quando se levantou e voltou a deitar na escrivaninha, abrindo bem as pernas e empinando a bunda para Suga.
- Você é um pervertido.
- Só me fode Suga.
Depois de ouvir seu apelido na boca do mais novo, ele perdeu completamente a noção do que deveria ou não fazer, então ele pegou as mãos de Jungkook e a forçou para trás, pedindo para ele afastar sua bunda e deixar sua entrada ainda lubrificada com sua saliva, acessível para ele. Suga puxou os cabelos do garoto enquanto enfiava aos poucos seu pau lubrificado com pré gozo dentro do mais novo que fez o som preferido de Suga enquanto era fodido.
- Vai devagar. - Jungkook pediu com a voz embargada e frágil, mas gemeu logo em seguida.
- Cala a boca. - Suga decidiu que uma intenção ignorava a outra e entrou ainda mais no garoto.
Ele podia sentir cada nervura, cada músculo, a textura da sua pele e como ele se contraria com seu pau dentro toda vez que Suga batia na sua bunda ou mordia seu ombro.
Quando Suga gozou dentro do mais novo, ele pensou se não devia ser um pouco justo que Jungkook fizesse o mesmo, ao invés deixá-lo sofrendo, com isso em mente, ele ajoelhou para chupá-lo, até que ele gozasse na sua língua.
Jungkook era tão sexy que Suga se pegou pensando em como pôde ter tido tanta sorte de ter uma pessoa como aquela em seus braços, implorando para ser fodido sempre que ele estavam a menos de dez metros de distância um do outro.
- Vamos para casa Kookie. - Suga falou depois de voltar do banheiro acoplado ao escritório com uma toalha molhada para limpar o mais novo e vestí-lo.
...
Suga sentiu as mãos dormentes pelos tapas que deu em Jungkook na noite anterior, seus lábios inchados e sensíveis das mordidas, ele inclusive podia sentir o cheiro e o gosto dele por todo seu corpo, como se tivesse absorvido sua essência de alguma forma. E mesmo com as pernas instáveis e o corpo dolorido em lugares que ele nem sabia que era possível sentir dor, ele ainda sentia seu pau reagir àquelas lembranças.
Ele foi até a cozinha e preparou p café da manhã de Jungkook, coisa que ele jamais se imaginaria fazendo semanas atrás, ou talvez dias.
Suga acordou o mais novo, com beijos por todo seu rosto, seu braço, sua mão e ele teria continuado se Jungkook não tivesse soltado aquela risada infantil e doce por causa das cócegas.
- Toma seu café da manhã, quero te levar a um lugar. - Suga falou quando deitou ao lado do mais novo na cama e apontou para a bandeja com o café da manhã que tinha preparado para ele.
- Hyung. Você sabe cozinhar. - Jungkook falou quando provou seus ovos mexidos.
- Lógico que sei.
Jungkook sorriu orgulhoso do mais velho, comendo tudo que ele tinha preparado.
- Onde vamos?
- Quero que me conheça melhor e preciso te levar a esse lugar antes.
Jungkook tomou todo suco de laranja num único gole e colocou a bandeja de lado para poder distribuir beijos pelo corpo de Suga.
- Você está totalmente caído por mim.
- Cala boca. - Suga ordenou, perdendo a voz na última palavra quando Jungkook abaixou a sua calça de pijama e enfiou o pau do mais velho até a garganta, lambendo sua glande em círculos quando precisava livrá-lo de sua boca para respirar.
- Se depender de mim, nós não saímos desse quarto. - Jungkook afastou sua boca de Suga para poder falar.
- Continua baby. - Suga empurrou a cabeça do mais novo para o seu pau novamente, o fazendo engolir ainda mais fundo dessa vez, decidindo a velocidade dos movimentos do mais novo, com sua mão o segurando no lugar.
- Bom garoto. - Suga fechou os olhos e deitou a cabeça na cama, sentindo os fios suaves do cabelo de Jungkook entre seus dedos enquanto sua boca quente e úmida o chupava com uma habilidade incrível, era sempre melhor e mais inesquecível que a noite anterior, mas Suga já sabia que o mais novo ficaria cada vez melhor naquilo.
Afinal o garoto era bom em tudo que fazia.
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