Be Grateful For What

- O que você quer? - Suga perguntou indiferente.

Jungkook o olhava descaradamente, vestido com uma Boxer colada ao corpo, deixando bem pouco para a imaginação. A linha V destacava acima do tecido fino e preto.

- Eu... - Jungkook engoliu em seco, olhando para o corpo do mais velho.

Suga carregava a tatuagem de uma âncora com botas de soldado ao lado de uma caveira e embaixo a escrita U.S.NAVY em seu peito, ao lado subia um dragão de Komodo, da pelve, onde parte o tecido fino escondia, subindo até quase o pescoço.

Suga coçou o nariz com a mão que carregava o copo da bebida, tomando mais um gole do líquido enquanto esperava pacientemente Jungkook recuperar o poder da fala.

Ele tinha noção do quão impressionante o contraste dos seus músculos ficavam com suas tatuagens, apesar das cicatrizes que rodeavam partes do seu corpo, ele não se incomodava, tinha orgulho de cada uma delas.

Suga adoraria sorrir debochado enquanto o garoto babava no seu corpo, mas uma provável ereção estava começando a pensar em surgir enquanto Jungkook o admirava e mordia os lábios finos e delicados ao mesmo tempo.

Jungkook finalmente o olhou nos olhos, e os do garoto pareciam queimar de algo que Suga poderia jurar que era desejo.

O mais novo desviou o olhar ao mesmo tempo em que Suga sorriu malicioso para as mãos do garoto indo automático para uma visível ereção por cima da calça preta e apertada que vestia.

- Vim avisá-lo para ficar longe de V. - Jungkook falou, perdendo a sensibilidade do momento e colocando sua cara de riquinho metido para funcionar no lugar.

- Só isso? - Suga perguntou fechando a cara ao lembrar com quem estava falando.

- Taehyung só quer se divertir e você só vai se machucar com ele, não que eu me importe com você, mas eu definitivamente me importo com ele e não quero ver você colocando as mãos no meu amigo e se você pensa...

Suga bateu a porta na cara de Jungkook que o olhava com olhos arregalados antes da visão ser bloqueada pela porta que fechava bruscamente entre os dois.

Ele suspirou aliviado pelo silêncio que dominou o ambiente na ausência da voz irritante de Jungkook em seu ouvido.

Ele estava saindo do banho, com a toalha amarrada frouxamente na cintura enquanto secava os cabelos com outra, quando a porta foi batida de novo e ele pensou seriamente em não atender, mas ela foi aberta em seguida de qualquer forma fazendo Suga se posicionar na defensiva pela intromissão, apesar de aos olhos do intruso ele parecer apenas alguém entediado e distraído.

- Onde eu coloco ele? - V perguntou apontando para JHope sendo carregado em seu braço, bêbado e quase desmaiado.

Suga sorriu, apontando para ao sofá com a cabeça.

- Como é que ele ficou bêbado em tão pouco tempo? - Suga perguntou tirando os sapatos esquisitos de JHope enquanto V colocava almofadas para apoiar a cabeça do mais velho.

- Tequila meu amigo. - V respondeu fazendo Suga concordar com um sorriso irônico para o garoto do outro lado do sofá.

V rompeu o olhar analisando o pequeno apartamento com curiosidade.

- Então é aqui que mora. - V foi até a janela da sala, dando de cara com uma placa azul de néon em formato de uma perna e salto alto, anunciando uma sex shop à frente.

- Bonita vista. - ele falou olhando para trás com um sorriso irônico e as sobrancelhas levantadas fazendo Suga rir divertido.

- Não é um palácio, mas tem suas vantagens. - Suga falou apontando com a cabeça para que ele o acompanhasse.

V deu uma última olhada em JHope que dormia tranquilamente e assim o fez, com a curiosidade ainda exposta no rosto.

Suga entrou no quarto, sorrindo debochado quando ambos se olharam e os olhos seguiram para a cama ao mesmo tempo.

- Você é direto. - V falou ainda sorrindo sem se ofender.

Suga tirou a toalha da cintura ficando completamente nu na frente de V, mas abriu uma gaveta da cômoda e colocou uma calça jeans larga antes que V pensasse na situação de maneira mais aprofundada.

- Nem tanto. - Suga respondeu e pegou uma garrafa de champanhe de cima de sua cômoda e pulando a janela ao lado.

V se assustou, correndo até a janela em pânico, mas se acalmou com a risada de Suga olhando para seu desespero.

- Muito engraçado. - ele falou pedindo ajuda do Suga para subir também.

Eles estavam numa laje que estruturava o bar abaixo deles. O lugar estava impecavelmente limpo, fazendo V ter certeza que algumas manias do exército permaneciam para sempre.

Suga andou preguiçosamente até a lateral da laje.

V abriu a boca impressionado com a vista.

No que seria o telhado do prédio tinha uma pequena área coberta para o que deveria ser um depósito para guardar ferramentas e essas coisas, mas Suga colocou um tapete surrado que cobria parte do cimento áspero do lugar, algumas almofadas e lamparinas antigas que iluminavam o local conforme ele as acendia. Era aconchegante, confortável e nada característico da personalidade que V imaginava para Suga.

Ele foi andando à passos lentos, enquanto Suga ligava uma vitrola velha, com estrutura alta do chão como um tripé.

Ele colocou para rodar um disco do que V achava ser Etta James, mas não tinha certeza.

- Romântico demais para um primeiro encontro. - V falou vendo Suga ignorar o tapete e ir até a ponta do prédio, sentando com as pernas para fora.

- Isso não é um encontro. - Suga falou abrindo o champanhe sem dificuldades.

V sentou ao lado, olhando receoso para a avenida abaixo deles. Não era tão alto, devia ser o equivalente há três andares, mas não significava que a sensação de medo fosse passar só porque ele chegou a essa conclusão racional.

- Então, ele ainda faz isso? - V pegou a garrafa de champanhe, tomando um gole antes de devolvê-la.

Suga recebeu uma garrafa de champanhe aparentemente cara da empresa Golden Closets entertainment, quando conseguiu a vaga de segurança do famoso Jeon Jungkook. Ele jogou em qualquer canto do apartamento, na ideia de depois jogar no lixo, mas acabou esquecendo.

- Acabou o Whisky. - Suga declarou como se fosse desculpa o suficiente para beber o líquido rosa, com espumas que coçavam seu nariz.

- Isso explica muito. - V respondeu, sendo totalmente sincero.

A visão que tinha dali era incrível. A cidade corria à distância, prédios ou casas eram organizadas por suas similaridades, enquanto que ali onde estavam, tudo que viam eram parques forrados de árvores e trilhas.

- Não sabia que aqui podia ser tão bonito. - V falou honestamente.

- Quem tem o costume de julgar o livro pela capa, raramente tem contato com bons conteúdos. - Suga riu quando V bateu no peito fingindo sentir dor.

- Você é tão bruto. - V falou com os olhos brilhando para Suga.

- Você fala como se fosse um elogio. - Suga riu da cara ofendida de V.

- É um elogio. - V falou bufando por causa das sobrancelhas de Suga que se arquearam em resposta.

- O que faz aqui Taehyung? - Suga perguntou sem olhar para o mais novo que desistiu oficialmente de pedir a Suga que o chamasse de V.

Ele honestamente meio que gostava do seu nome entoando naquela voz rouca e baixa do mais velho.

- Vim trazer o JHope. - V deu de ombros.

Suga bebeu mais do líquido rosa em silêncio, assimilando as buzinas e a fumaça com cheiros distintos que saiam da cidade que não dormia e iam até ele.

- Você já fez isso. - Ele falou depois de um tempo considerável. - JHope já está aqui em segurança, então acho que a pergunta é o que ainda faz aqui. - Suga perguntou finalmente olhando para o cara podre de rico, com uma maquiagem perfeita, brincos de diamantes e os cabelos cinza impecavelmente escovados, sentado numa laje de um apartamento velho no Brooklyn, sorrindo como se não quisesse nada diferente.

- Eu vim atrás de uma noite divertida. - V falou sorrindo para ele com delicadeza.

- Divertida? - Suga sorriu maldoso para V, levantou com agilidade deixando os músculos de suas pernas destacarem na calça jeans quando fazia isso e ofereceu a mão para V que aceitou sem questionar.

Suga tinha desligado o som e colocado a garrafa vazia em qualquer canto, antes de voltarem para o quarto sem muito no que pensar, como numa automática reação.

- Então acontece que você é realmente direto. - V falou vendo o mais velho fechar a porta depois de conferir JHope dormindo tranquilamente na sala.

- Eu nunca disse que não era. - Suga respondeu indo a passos lentos até o maior, parando no meio do caminho para guardar a arma que de alguma forma foi parar jogada no chão entre eles, junto com as peças de roupas que tinha usado no bar. Ele conferiu a trava de segurança e a colocou na cômoda, mentalmente se xingando por ser displicente em relação a isso.

- Por que é tão excitante te ver mexendo numa arma antes de me foder ? - V falou se aproximando do mais velho que encostou na parede lateral sem perceber ao tentar criar distância com a aproximação do mais novo.

- O que foi? - V perguntou alisando o peito de Suga com as unhas curtas, às descendo até sua virilha para subir para seu pau, o apertando firme.

- Acha que pode fugir de mim? - V perguntou estalando a língua no final da frase.

Suga sorriu torto para o garoto, encostou a cabeça na parede e o forçou a ficar de joelhos, empurrando sua cabeça para baixo enquanto fechava os olhos em expectativa.

V abaixou a calça de Suga, mas o surpreendeu quando começou a chupar suas bolas ao invés do pau semi ereto do mais velho.

Suga engoliu em seco soltando o ar em forma de uma gemido baixo enquanto acariciava os cabelos do mais novo.

V tinha a boca perfeita e sabia disso, ele gemeu enquanto colocava o pau de Suga na boca, indo da cabeça até a base, com a língua macia e suave o acariciando, alguma vezes de maneira sutil, outras nem tanto.

Suga vacilou o apoio das pernas, a respiração saía tremida e falha quando descobriu que não aguentaria muito daquilo.

Ele afastou V com relutância, se sentando na cama, na tentativa de recuperar um pouco da oxigenação no cérebro, pois a falta dele o deixava tonto e lento.

V passou as mãos nos cabelos de um jeito sexy e nem um pouco abalado, indo de joelhos até Suga, para se sentar entre suas pernas e encostar a cabeça em sua coxa, parecendo mais uma criança do que o cara que o chupava segundos atrás.

- Você nunca fez isso antes? - V perguntou vendo Suga sorrir maldoso em sua direção.

- Quero dizer, com outro cara.

Suga negou com a cabeça, rindo nervosamente antes de alisar uma das mãos trêmulas na perna.

- Não gostou? - V perguntou tocando na virilha de Suga automaticamente o fazendo interromper a respiração por causa de seu toque.

- É diferente. - ele falou um pouco confuso quando V voltou a se ajoelhar no meio de suas pernas para chupá-lo.

- Diferente como? - Ele perguntou tirando a boca do pau excitado e gotejando pré gozo de Suga.

Suga sentiu o corpo pesado mais uma vez, mas não queria conversar no momento, então empurrou a cabeça de V de volta para a sua ereção mais que necessitada de toque, esquecendo seu receio com o sentimento diferente, levemente bruto e descuidado que fazia toda a diferença entre ser chupado por um cara ao invés de uma garota, era como se ele soubesse exatamente onde tocar, o que fazer e qual pressão necessária.

Suga gemeu alto acariciando os cabelos do mais novo sem controle para fazer algo além disso.

...

Suga acordou com a dor de cabeça do ano. Aparentemente o champanhe não era só ruim no gosto, ele também causava uma ressaca infernal.

Ele levantou da cama, notando que V não estava mais ali. Ele honestamente esperava que ele não estivesse mais no apartamento. Não porque foi ruim, aliás não aconteceu nada além de V o chupando a noite anterior, mas o fato de Suga mal conseguir falar depois da visão do garoto de olhos castanhos o olhando de maneira inocente enquanto engolia toda sua porra, aquilo foi definitivamente demais para ele.

- Você parece um lixo ambulante. - JHope falou colocando uma caneca de café em cima do balcão e virou a tomar um suco verde estranho.

Seu sorriso parecia irradiar radiação, de tão brilhante.

- Como é que você consegue passar de bêbado quase morto, para personal trainer viciado em suco Detox, em menos de 24horas? - Suga tomou o café negando com as mãos o açúcar que JHope estava prestes a pôr em sua caneca.

- Eu só tenho uma maneira diferente de encarar minha ressaca. - JHope falou sorrindo largo enquanto deitava o rosto em uma das mãos, com os braços apoiado no balcão. - Aliás RM ligou, falou que passa aqui para irem juntos até a GCE para provarem o uniforme formal de hoje a noite.

- RM? GCE ? Hoje a noite? Em que língua estamos falando aqui. - Suga resmungou virando todo o café quente pela garganta.

JHope levantou uma sobrancelha quando o viu ficar vermelho, por provavelmente ter queimado a língua e a garganta com a temperatura do café.

Ele encheu um copo de água da pia e colocou em frente a Suga que não queria confessar que tinha feito merda, mas tomou a água em quase desespero quando alívio se tornou uma palavra mais forte que orgulho.

- Namjoon. Golden Closets Entertainment e Desfile da Gucci. - JHope falou devagar, levantando um dedo por vez, conforme ditava a ordem para as siglas que havia usado.

Suga baixou a cabeça, massageando a nuca enquanto gemia frustrado com a lembrança de que fora escalado para o evento daquela noite.

- Posso te fazer uma pergunta? - JHope perguntou enquanto mexia na geladeira em busca de materiais para fazer um omelete, já que Suga parecia precisar se alimentar, depois de ficar branco feito papel com as informações que ele havia dado e que pela cara do menor devem ser novas a ele.

- Se eu disser não, você vai perguntar mesmo assim.

- Você e V ontem... - JHope começou, travando no meio da frase enquanto analisava Suga com atenção. - Enfim, vocês estão envolvidos emocionalmente?

Suga enrugou a testa, colocando a mão no local logo em seguida, pela pontada de dor que o movimento brusco lhe causou.

- Você parece meu pai falando. - Suga resmungou vendo Jhope rir da ofensa como se fosse uma piada extremamente engraçada. - Não sei o que quer dizer com, emocionalmente envolvidos, mas ele fez um boquete em mim ontem e foi embora antes que eu acordasse. Você pode classificar como achar melhor.

JHope perdeu o sorriso, transformando a descontração em preocupação.

- Você está bem? - Ele perguntou parando de cortar os tomates do omelete para dar atenção ao amigo.

- Só um pouco surpreso. - Suga sorriu tímido para JHope, na tentativa de tranquilizá-lo.

Ele era tão feliz o tempo todo que era desesperador pensar que você tirou o sorriso de alguém como JHope que não fazia mal a ninguém e sempre queria ajudar.

- Não gostou?

Suga deu de ombros.

- Acho que o problema é que eu gostei demais.

- Você tem medo de se relacionar com homens?

O barulho da frigideira tomou conta do pequeno apartamento, tranquilizando ambos com o cheiro de comida que preenchia o ar de maneira acolhedora.

- Acho que estou assustado por não querer me envolver com mulheres, depois de apenas uma noite de nada sério com alguém que eu nem conheço. - Suga falou enquanto recebia um prato com omeletes e mais café na sua frente.

- Você acabou de definir seus relacionamentos dos últimos sete anos, não sei porque a surpresa. - JHope falou, quase se arrependendo pela feição descaracterizada de Suga ao ouvir.

Há sete anos atrás. Suga sofreu o pior trauma amoroso que alguém podia ter e JHope presenciou quase todo o processo da relação entre eles. Não era de se admirar que Suga nunca mais se envolveu com ninguém, o trauma fez um buraco em seu peito e deixou seu coração sangrando até hoje.

...

POV Jungkook

Eu me olhava no espelho do salão oval, na casa da minha namorada, enquanto ela aparentemente esqueceu o horário do evento e resolveu trocar de roupa, pois minha gravata não tinha combinado com o tom que ela havia escolhido.

Ele conhecia Jenny desde os cinco anos de idade. Sua família tinham negócios entrelaçados com as dele, sendo assim, sempre que tinham eventos de feriados ou comemoração entre as empresas, eles estavam juntos.

Jungkook odiava a garota, porque ela sempre fingia se machucar para que ele apanhasse do pai e não é como se seu pai precisasse de muitos motivos para bater nele de qualquer forma.

Eles viraram colegas próximos com a idade, até o dia em que ele e Jenny beberam todas numa festa de ano novo e acabaram na cama, transando feito coelhos a noite toda.

Quando os pais de Jenny os pegaram na cama, pelados e ainda perdidos com o excesso de bebida e algumas substâncias ilegais ainda presente no corpo, Jenny disse que eram namorados, mas não queriam contar a ninguém por não querer uma atenção excessiva dos paparazzis em cima deles.

Isso pareceu ter acalmado a família dela, mas não a de Jungkook. Assim que seus pais ficaram sabendo, fizeram tanto escândalo que ele acabou na porta da mansão dos pais de Jenny, com um buquê de flores numa mão e as alianças de compromisso na outra.

- Da próxima vez que for trocar a cor da sua gravata, eu precisarei saber com pelo menos dois dias de antecedência, ficou claro? - Jenny perguntou apoiando suas mãos em seu antebraço, as enormes unhas pintadas de dourado, contrastando com seu vestido verde esmeralda.

- Desculpa Jenny. - Eu disse querendo muito resmungar, feito uma criança que odiava levar bronca, mas ignorei com todas as forças o desejo repentino.

Assim que saímos da limusine para o tapete vermelho, o evento sofreu uma pausa de troca de atenção e então flashes e perguntas começaram a explodir em direção ao casal mais falado de Nova York, pelo menos no momento, eu sempre achei que a cidade perdia o interesse nas coisas com uma facilidade descomunal.

- Sorria mais amor, você parece odioso assim. - Jenny falou em seu ouvido, aproveitando para ajustar sua gravata impecavelmente no lugar.

Eram táticas comuns para casal no tapete vermelho e realmente, as fotos ficavam encantadoras, mas falsas como o inferno.

Eu sorri mais uma vez para a minha namorada, porém perdi o sorriso na metade do processo quando percebi a presença dos meus seguranças próximos a nós.

Ok! Tá, talvez não "meus seguranças", mas a do segurança novo em específico.

Era um absurdo abrir a porta da sua casa de cueca. Não era?!

Não é como se eu tivesse passado a noite pensando em cada detalhe daquele corpo esculpido pelo próprio diabo.

Que?! Não. Quem está pensando em homem pelado? Eu não!

- Vamos amor. Eles já tem fotos o suficiente para, pelo menos uns três cachorros cagarem.

- Não fala assim, são jornais e revistas de renome. - Jenny falou acelerando o passo para acompanhá-lo até as enormes escadas que davam entrada para o desfile.

Eu dei um beijo em Jenny, pensando se algo poderia ser mais frio que aquilo, ele odiava essa rotina em que tinha se enfiado. Até sua carreira parecia tediosa ultimamente.

- Vem logo, você precisa se trocar para o desfile. - Uma garota falou para mim, já me empurrando em direção a um corredor cheio de Araras com roupas, demarcadas por placas com os nomes das pessoas, que estavam definidas pela ordem de entrada para desfilar, sendo ele o último a entrar. O que era algo de muito prestígio e V garantiu que era ele quem seria o assunto da noite.

- Precisa de um segurança para te acompanhar senhor. - A garota com headphone, um tablet e a camiseta preta escrito Staff, falou me olhando com impaciência.

- Quero o garoto novo. - Falei saindo para a área de troca onde todos os modelos estavam em fases diferenciadas de estarem prontos para a passarela.

Eu sabia o nome do "segurança novo", mas me recusaria a confessar que passei milhões de vezes pelo seu histórico fechado do tempo de exército, curioso com tudo, sem conseguir tirar nada dos arquivos. Tinha tão pouca informação sobre ele e JHope ainda se recusava a abrir a boca.

Eu devia demitir aquele idiota, sem um centavo no bolso, por bater a porta daquele apartamento velho na minha cara, mas então teria que justificar o que estava fazendo no meio do Brooklyn pra começo de conversa e isso era algo que nem eu saberia explicar.

Tinham três maquiadores me deixando pronto para o desfile, quando Yoongi apareceu na ponta extrema do corredor. Eu podia vê-lo através do espelho bem iluminado com lâmpadas amareladas extras nas laterais da penteadeira. Não conseguia parar de encarar o corpo bem delineado no terno do seu segurança, era um inferno saber o quanto aquele bruto me influenciava fisicamente.

Não lembro a última vez que alguém me atraiu dessa forma. Bem! V era alguém por quem eu me sentia constantemente atraído e já tivemos muitas noites de diversão juntos, mas Kim Taehyung não era alguém que você leva a sério se quiser sair sem maiores problemas, além de um coração partido.

Falando no diabo! Taehyung apareceu no estúdio, tomando toda atenção do lugar para si, como um ser das trevas sugador de luz.

Virei o rosto para olhar Yoongi para me distrair do ciúmes repentino, afinal eu era o centro das atenções hoje, não Taehyung.

Yoongi não estava olhando para V e isso fez com que meu sorriso voltasse ao rosto, mas durou pouco. V tinha ido na direção de seus olhos, encostando em Yoongi de um jeito íntimo, porém discreto que ele conhecia melhor que ninguém. Suga sorriu abaixando a cabeça timidamente enquanto V alisava o seu antebraço, dizendo algo em seu ouvido que o deixou ainda mais vermelho e tímido, apesar de não parecer intimidado.

Eu fechei os olhos tentando não pensar naquilo, mas a conclusão era óbvia.

Eles transaram ontem!

Fim do POV

...

No dia em que Suga bateu a porta na cara de Jungkook, ele ficou desnorteado, sem saber se batia mais uma vez para tirar satisfação ou se só ia embora. A segunda opção pareceu a única opção quando lágrimas começaram a descer pelo seu rosto.

Jungkook odiava ser contrariado ou tratado com indiferença, mas por algum motivo, alguém que era pobre e aparentemente não tinha onde cair morto dobrava a sensação, o deixando ainda mais puto.

Ele queria ir embora, mas descobriu que estacionou o Porsche bem em frente ao bar, então quando V e JHope se despediram de RM em frente o local, ele pôde presenciar tudo de camarote. Seu amigo tinha arranjado outras pessoas para se relacionar além dele, como sempre fazia, o deixando sozinho mais uma vez, porém o que ele menos esperava era ver que ao invés de irem embora JHope e V subiram as escadas que ele tinha descido não muito tempo depois, sumindo de vista.

Ele ficava pensando o que aquele bando de pé rapado tinha que os faziam melhor que ele.

Por que V parecia não desgrudar deles depois que conheceu o novo segurança, afinal?!

Jungkook bateu no volante do carro, irritado por ter escolhido Suga para acompanhá-lo na prova de roupas do desfile.

Ele resolveu esperar V descer para dar uma boa lição de moral sobre se misturar com aquele povo, mas acabou dormindo pela demora.

Era quase manhã quando acordou assustado, com barulho de um grupo de adolescentes chutando alguns tambores de lixo e rindo da ação enquanto seguravam garrafas de bebidas quase vazias em suas mãos.

Ele resolveu sair dali, antes que alguém o visse ou coisa assim.

...

Jungkook estava tomando café da manhã quando ficou sabendo que Suga estava ali para conhecer o perímetro e as normas de segurança do apartamento, pois agora era um dos seguranças pessoais de Jungkook.

Ele mandou chamá-lo assim que Jenny acordou e se juntou a ele.

- Mandou me chamar? - Suga perguntou com a voz seca de costume.

Jenny parou de cortar os melões em seu prato, olhando para Suga com a boca aberta e pasma.

- Você não pode falar... - Ela começou, mas Jungkook a impediu de continuar com um gesto de mãos.

Suga quis revirar os olhos com toda aquela etiqueta exagerada, mas estava começando a gostar do seu emprego novo e também tinha o fato de uma carta de despejo ter chegado no seu apartamento e ele ficaria na rua se não pagasse urgente os aluguéis atrasados, então ele sentiu que se comportar só mais um pouco não seria algo tão difícil de fazer, pelo menos por mais um tempo, até quitar tudo que devia.

- Eu e minha namorada vamos para Hamptons, passar o feriado e você irá conosco. - Jenny sorriu com o fato de Jungkook o chamar de namorada, coisa que ele normalmente escondia mais do que mostrava.

- Não aceito não como resposta, aliás. - Jungkook achou necessário acrescentar.

- Senhor, sim Senhor. - Suga falou como era costume no exército, vendo Jungkook retesar na cadeira como se fosse uma espécie de desaforo ou algo assim, mas ele foi dispensado em seguida de qualquer forma.

Suga suspirou alto quando viu Jungkook colocar um pedaço de melão na boca da namorada, ele não tinha nada contra, mas era algo irritante ser segurança de passarinhos apaixonados, apesar de Suga se considerar alguém de sorte por não ter sido mandado para rua, depois de ter fechado a porta na cara do seu chefe, que aparentemente queria esquecer tanto quanto ele o acontecimento.

...

- Bom dia. - RM falou jogando um envelope em cima dele assim que chegou no vestiário

- O que é isso? - Suga perguntou abrindo o envelope e dando de cara com várias notas altas de dinheiro, ele estava tão acostumado a viver com o mínimo depois do exército, que nem lembrava a última vez que teve aquele montante em tão pouco tempo.

- É o pagamento pelas horas extras que vamos fazer no fim de semana, nós sempre recebemos as extras antes do pagamento.

- Não sabia que eram horas extras. - Suga falou sorrindo largo para RM.

- Você achou que tinha que trabalhar a hora que o reizinho te chamasse?

- Reizinho? - Suga perguntou com um sorriso ainda mais largo por causa do apelido.

- É como ele é chamado quando não está por perto para ouvir. - RM deu de ombros.

RM era o cara mais simples e calmo que Suga já tinha conhecido, se até ele concordava que Jungkook abusava por causa do seu poder financeiro e status, então é porque a situação já devia estar fora de controle.

- Você vai para os Hamptons também? - Suga perguntou implorando para que não tivesse que aguentar o garoto mimado sozinho.

- Vou e o assessor ranzinza também vai. - RM falou com brilho nos olhos com o excitamento que sentia.

- Assessor ranzinza? - Suga gargalhou com o apelido que tinha dado a Jin na boca de outra pessoa.

- Não gosto, mas o apelido pegou entre os funcionários, quase não consigo chamá-lo de outra coisa. - RM falou rindo do fato junto com Suga.

Suga não tinha como bancar uma academia naquele momento e a chuva anunciando a entrada do verão o impedia de correr no parque como sempre fazia, então ele achou justo usar a academia fechada da firma para fazer seus exercícios mais pesados e foi tomar banho, pensando que poderia terminar o restante das flexões em casa. Ele chegou a conclusão de que se não bebesse tanto não teria a necessidade de fazê-los, mas a vida saudável não parecia compensar, por mais que JHope estava ali para provar o contrário o tempo todo.

Ele voltou para terminar de se trocar no vestiário, juntar o uniforme que precisava ser lavado e estava prestes a ir embora, pois no outro dia teria que viajar com seu chefe Jungkook e a namorada, porém seu corpo entrou em alerta ao ouvir um barulho de um baque numa das salas próximas.

Ele não ouviu nenhum som depois disso, o que era incomum a não ser que alguém não quisesse ser ouvido.

Já era tarde e a maioria dos funcionários tinham ido embora, Suga não teria apoio a tempo, então resolveu contornar a sala enquanto destravava a arma e seguia pelas portas dos fundos.

Ele quase bateu na própria cabeça ao notar que a sala era a de reuniões onde tinha sido admitido e que Jungkook normalmente ficava ali.

Pessoas conversavam de forma exaltada e Suga pôde reconhecer uma das vozes.

Ele abriu levemente a porta para ter acesso visual a sala. Jungkook o notou assim que Suga colocou o rosto no espaço que tinha aberto, mas ele o ignorou deixando Suga confuso.

Só tinha uma pessoa na sala com Jungkook, ele estava com uma arma direcionada para Jungkook e parecia fora de si. Suas mãos tremiam perigosamente enquanto o dedo médio permanecia no gatilho. Jungkook parecia relaxado, as mãos nos bolsos e um sorriso leve no rosto, mas o suor descendo na lateral do rosto provava que seu exterior era só fachada.

Suga achou fácil até demais desarmar o agressor e proteger Jungkook, o que algo natural de se fazer, pois era pago pra isso, apesar do seu corpo tremer mais que o normal com a ideia do mais novo correndo risco de vida, porém quando ele foi dar um passo para entrar na sala, Jungkook negou com a cabeça o fazendo voltar a posição anterior indeciso do que fazer, deixando o desconhecido na mira da sua Glock de qualquer forma.

- Por favor, volta para mim. O que eu fiz para você? - O cara armado perguntou a Jungkook que visivelmente pareceu incomodado com a pergunta.

Suga notou o terno caro que o garoto vestia e pelo reflexo da janela de vidro, pôde ver que ele não parecia um assaltante ou algo assim. Era definitivamente alguém da classe social do seu chefe.

- Você disse que entendia. - Jungkook respondeu frio, impressionando Suga que nunca tinha visto esse lado dele, até então.

- Se você não pode ficar comigo, então também não poderá ficar com ninguém. - O homem misterioso falou arrumando a mira da arma que tinha descido um pouco com o tempo de conversa entre eles.

Jungkook derramou algumas lágrimas ao ouvir aquilo sem se mover sob a ameaça, mas Suga não teve tempo de analisar sua expressão ou o que aquilo tudo podia significar. Ele entrou na sala, guardando a arma atrás das costas enquanto tentava não virar um dos reflexos no vidro à vista do agressor. Ele correu a tempo de empurrar os braços do desconhecido para cima. Um estrondo estourou em seus ouvidos, por causa da arma disparada que tinha acertado o teto derrubando gesso neles, da decoração na sanca que foi atingida com o tiro. Suga aproveitou do choque do atirador, que provavelmente nunca atirou antes, para jogá-lo no chão e imobilizá-lo sem muito esforço.

- Solte-o. - A voz de Jungkook chegou aos ouvidos de Suga que não conseguiu deixar de olhá-lo para ver se era possível entender a situação de alguma forma.

Jungkook não repetiu ou o olhou de volta. Ele estava com as mãos cruzadas atrás do corpo, olhando para a cidade da janela da sala.

Suga soltou o agressor que correu do lugar, esquecendo sua arma no chão ao lado deles.

Ele se levantou para seguir o agressor pelo corredor, o vendo pegar o elevador e sumir de sua vista. Suga socou a parede do corredor, por não conseguir olhar para o rosto do desconhecido, aquela história toda tinha sido surreal e Suga não sabia que conclusão tirar daquilo.

Ele pegou a arma jogada no chão com uma toalha limpa da bolsa de academia que tinha jogado perto da porta do vestiário quando ouviu o barulho, depois de ter voltado do corredor conferindo que o estranho tinha realmente ido embora.

Ele suspirou pesado ao notar que Jungkook não tinha saído de sua posição.

- Você está bem? - Suga perguntou sem saber muito bem o que fazer a respeito.

- Você pode ir embora agora. - Jungkook respondeu sem ao menos o agradecer por ele ter salvo sua vida.

- Você devia chamar a polícia ou algo assim. - Suga tentou, mesmo sabendo que por algum motivo, seu patrão negaria.

- Se você falar disso para alguém, você pode se considerar desempregado. - Jungkook falou ainda sem se virar.

Suga podia ver lágrimas caindo dos olhos do mais novo, mas não conseguia ver muito mais que isso por causa das luzes fortes dentro da sala, cortarem parcialmente o efeito do reflexo.

- Se quer minha opinião. Caso a intenção for de morrer logo, não devia gastar tanto com equipe segurança. - Suga falou saindo da sala e batendo a porta atrás de si, se sentindo um inútil depois dá mais bizarra situação em que se deparou por coincidência, afinal ele nem deveria estar ali a essa hora.

- Meu pai quem paga vocês, não eu. - Jungkook sussurrou se sentindo livre para soluçar com o choro enquanto o ombro vibrava avisando que aquela angústia não acabaria assim tão cedo.

Ele poderia ser considerado rude por não ter agradecido Suga por salvar sua vida, mas ele não saberia dizer pelo que realmente era grato ultimamente, afinal ele já não sabia dizer que parte dele ainda valia a pena ser salva.

Ele levantou a cabeça dando de cara com o buraco que a bala, que deveria pertencer a ele, fez no teto e suspirou cansado, com a adrenalina falhando miseravelmente no final.

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