✦Capítulo 5✦

Após tudo o que aconteceu, Owen e eu entramos na caminhonete e seguimos para o Centro de Controle. Ainda conseguia sentir meu coração acelerado e minhas pernas tremendo com o medo, a tensão e adrenalina com os acontecimentos anteriores.

Como pudemos ter sidos tão descuidados? Agora, além de termos dois funcionários mortos, também temos um dinossauro assolta.

No fundo sinto que tudo isso é culpa minha. Eu precisava ter prestado mais atenção e ter tomado mais cuidado, mas é tarde demais para voltar atrás.

Seguimos o caminho todo em silêncio. Assim como eu, Owen também parecia estar pensativo e me perguntei o que estaria pensando. Será que também tentava assimilar tudo aquilo?

Ao chegarmos no Centro de Controle, seguimos caminho até a sala de comando. Quando estávamos no elevador Owen finalmente falou comigo.

- Tudo bem? - perguntou.

Não respondi, apenas balancei a cabeça afirmando. De alguma forma eu não conseguia abrir a boca para falar, apesar de querer gritar e chorar.

Owen pareceu perceber que eu queria ficar quieta e não fez mais perguntas. A porta do elevador se abriu e Owen entrou enfurecido na sala, e admito que eu também estava.

- Posso ver suas credenciais? - pediu o segurança, mas Owen não ligou para ele, passando direto. - Senhor!

- O foi que aconteceu lá? Têm câmeras térmicas naquele cercado. Ela não desapareceu - gritou Owen com raiva.

O segurança o segurou.

- Ele tá comigo - falei, ao passar pelo mesmo e o segurança o soltou.

- Cassie! - meu tio veio até mim e me abraçou com força. - Que bom que está bem. Só Deus sabe o quanto fiquei preocupado.

Permiti que me abraçasse, me passando segurança que só um pai poderia transmitir.

- Deve ter sido uma falha. Uma falha técnica - respondeu Claire.

Me soltei do meu tio para poder prestar atenção na conversa.

- Você não tava vendo? Ela marcou aquele muro para nós enganar. Queria que pensassemos que havia fugido - respondeu Owen.

- Calma! - Claire se aproximou. - Nós estamos falando de um animal.

Soltei uma risada irônica, chamando a atenção dos mais proximos para mim.

- Um animal? Aquela coisa não é um animal Claire, é um monstro - falei. Claire me olhava atentamente, assim como meu tio. - Ela nos enganou. Nós quase fomos mortos! - gritei na última parte.

Senti minha garganta queimar e meus olhos se encheram d'água.

- Eu vi pessoas morrerem. Vi elas sendo devoradas bem na minha frente e não pude fazer nada. - Olhei no rosto de cada um. Eles permaneceram calados. - Uma coisa dessas não pode só ser chamada simplesmente de animal.

- Olha Cassie eu entendo que o que você passou...- Começou Claire, mas foi interrompida por Vivian.

- Quatrocentos metros até o implante - informou.

Claire se virou para ver o telão que mostrava os sinais vitais da equipe de Contenção e ao lado mostrava imagens do que estava acontecendo em tempo real.

- Vocês mandaram eles irem sem armas letais? - disse Owen, enfurecido.

- Investimos vinte e seis milhões neste item, não podemos matá-lo - disse meu tio.

- Aqueles homens vão morrer! - falei. Meu tio se manteve sério.

- Trezentos metros até o implante - avisou Vivian.

- Tem que cancelar essa missão agora mesmo - ordenou Owen. - Cancela agora mesmo!

- Você não tem autoridade aqui! - disse Claire elevando a voz.

- Ele não, mas eu tenho. - Falei me aproximando e utilizando toda a autoridade que eu tinha. - Cancelem a missão.

Claire me olhou surpresa.

- Vai com calma Loirinha - ouvi a voz do meu tio atrás de mim. Me virei, não entendendo o que queria dizer. - Este parque ainda é meu e eu digo que a missão continua.

O fitei espantada, não acreditando no que ele havia acabado de dizer.

- Eu sou a assistente chefe. Posso cancelar esta missão quando eu quiser - intervim.

- É, mas eu sou o dono e seu tio. Por isso retiro sua autoridade - disse ele.

- O que? Está me tirando do cargo? - Sinti um misto de tristeza e fúria naquele momento. O que havia de errado com ele? O que havia de errado comigo?

- Não querida, apenas retirando sua autoridade por hora. - Ele se aproximou de mim. - Sei que o que você passou não foi fácil e que está com medo, mas eu sei que aqueles homens são capazes o suficiente para deter aquela coisa.

O olhei perplexa. Como ele era capaz continuar com missão após ver o quão perigosa aquela criatura era?

- Uma vez o senhor falou que eu teria que tomar grandes decisões para este parque - lembrei, olhando dentro dos olhos dele. Ele permaneceu quieto. - Estou tendo a oportunidade de tomar uma decisão muito importante agora que ira salvar a vida daqueles homens e o senhor retira minha autoridade como se não fosse nada?

Meu tio tentou colocar a mão no ombro, mas eu me afastei o deixando surpreso. Nunca havia me esquivado daquela maneira, mas naquele momento eu estava indignada demais para aceitar qualquer auxilio seu.

Me virei para o telão, segurando a vontade de chorar. Aqueles homens vão acabar morrendo e não posso fazer nada.

Deus não sei quais os teus planos, mas precisamos muito de Ti.

Prestei atenção no telão. A equipe havia saído dos carros e agora procuravam a Indominus a pé. O que parecia estar na frente da missão se aproximou de um pequeno rio e pegou uma coisa que parecia ser carnuda e fresca.

- O sangue tá fresco. Tá por perto - informou o soldado.

- O que é aquilo? - perguntou Simon.

- É o implante de rastreamento, ela arrancou - disse Owen, atento ao telão.

- Como aprendeu a fazer isso? - Foi a vez de Claire perguntar.

- Ela lembrou onde o colocaram - respondi, fazendo todos me olharem, assustados.

Arregalei os olhos e parece que todos entenderam a gravidade daquilo.

- CANCELEM A MISSÃO AGORA! - gritei, batendo as mãos na mesa.

- Cancelem a missão - mandou meu tio Simon, mas antes que a mensagem pudesse ser transmitida, o soldado gritou.

- Ela tá camuflada!

Os soldados começaram a atirar no dinossauro, porém era como se nada a atingisse. Escutamos gritos e mais gritos. Tiros, rugidos e um piii que o telão começou a mostrar. Aos poucos os sinais vitais dos soldados foram sendo interrompidos. Mais gritos. Ossos sendo esmagados e pessoas sendo devoradas.

Senti como se meus próprios ossos estivessem senso esmagados e minha pernas ficaram bambas, me forçando a segurar melhor a mesa a minha frente.

No fim, quase todos morreram.

Olhei para o meu tio que estava com uma expressão triste e sentida pelas mortes. Sua ordem veio tarde demais.

- Esvaziem a Ilha - disse Owen olhando diretamente para Claire.

- Nunca mais reabririamos - disse ela com pesar. Owen a olhou indignado.

- Vocês fizeram um híbrido genético criado em cativeiro. Ela tá vendo tudo isso pela primeira vez. Ela nem sabe o que ela é. Ela vai matar tudo o que se mexer - disse ele, apontando para o telão ao qual havíamos acabado de ver o massacre.

- Acha que o animal está contemplando a própria existência? - perguntou tio Simon.

- Ela está aprendendo o lugar dela na cadeia alimentar e não vão gostar se ela descobrir - respondeu. - Agora a contenção de itens pode usar munição letal em casos de emergência. Vocês têm M184 no seu arcenal, coloquem num helicóptero e matem esse bicho.

- Temos família aqui, eu não vou transformar o parque numa zona de guerra! - disse Claire.

- Já transformou - falei. Claire me olhou. - Você não viu Claire? Uma tropa acabou de ser massacrada por aquele monstro e você parece não estar nem aí.

- Pega leve Loirinha - disse meu tio.

- E você? - começou Owen apontando para o meu tio. - Aquela coisa quase matou a sua sobrinha e você parece que não liga, só pensa nos seus milhões...

- Olha como fala comigo senhor Grady. O senhor pode ser bom domador de velociraptors e amigo da Cassie, mas isso não lhe dá direito de falar o que não sabe. - Devolveu meu tio, irritado.

- E só pelo fato de ser amigo da Cassie que eu penso assim. Se eu fosse o dono deste parque e qualquer coisa neste lugar apenas pensasse em tocar num fio de cabelo da minha sobrinha eu não pensaria duas vezes antes de eu mesmo ir até lá e matar aquela coisa - disse Owen.

- O que sugere é que eu mesmo vá matar a Indominus?

- Não, apenas que mandem pessoas com armas letais - disse.

- Senhor Grady se não vai ajudar não tem motivo para estar aqui - disse Claire, deixando Owen irado e fazendo-o jogar as miniaturas dos dinossauros do Lowery no chão.

Ele começou a andar e parou perto do meu tio.

- Eu conversaria com a sua equipe se fosse você. Aquela coisa lá fora não é um dinossauro - escutei Owen falar, antes de entrar no elevador e ir embora.

Olhei para o telão que agora mostrava as câmeras de segurança espalhadas pelo parque. Tantas famílias brincando e se divertindo sem saberem que estão correndo perigo.

Respirei fundo.

Deus o que vamos fazer?

- Tá bom - se pronunciou Claire. - Vamos fechar tudo ao norte do risorte. Essa é a fase 1 e é pra valer. Tragam todos de volta.

- Até que enfim uma decisão censata - comentei, chamando a atenção da Claire que apenas me olhou. Sustentei seu olhar, enquanto Vivian repassava as ordens para as unidades.

Meu tio Simon se aproximou de mim.

- Querida está tudo bem? - perguntou me olhando com preocupação.

Balancei a cabeça dizendo que sim apenas para tranquiliza-lo, mas a verdade que não estava nada bem. Presenciar e assistir tantas mortes em uma dia só não era nada fácil.

- Eu vou fazer alguma coisa tio - falei. - Não vou deixar que mais ninguém se machuque.

- Está bem, eu devolvo sua autoridade. Pode fazer bastante coisa daqui - disse ele. Neguei com a cabeça.

- Não, o senhor não entendeu - eu disse, o deixando realmente sem entender. - Não vou ficar aqui dentro na boa, enquanto pessoas correm perigo de serem mortas. Eu vou atrás do dinossauro.

- O que? Cassie isso é loucura! Você viu o que o dinossauro fez com a equipe.

- Aquilo aconteceu porque não tinham armas letais - falei.

- Não vou permitir que faça isso. Cassie você é importante demais para mim. Não vou deixar minha única filha correr perigo desse jeito. - Revelou ele. Senti uma incrível vontade de chorar ao ouvi-lo me chamar de filha.

- Está bem - falei, vencida. Ele respirou aliviado. - Mas não vou ficar parada aqui dentro. Vou ajudar no que for necessário lá fora.

Ele abriu a boca para contestar, mas o interrompi.

- Aqui - peguei a caixinha com o colar que havia lhe dado mais cedo e o entreguei. - Sempre que o senhor ia viajar eu lhe dava para que me devolvesse como uma promessa. Desta vez é para o senhor me entregar quando eu voltar. Como uma promessa de que eu vou voltar.

Ele me analisou por um segundo e balançou a cabeça.

- Tenho orgulho de você Loirinha - disse me abraçando. Retribui, o apertando.

Nos afastamos e fui até o elevador.

Era hora de fazer algo realmente útil.

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