Meses depois já me encontrava muito melhor, praticamente recuperada por assim dizer. Zach como um excelente namorado que era, fazia questão de me trazer café da manhã todos os dias na cama, mesmo eu dizendo que estava bem.

— Mas ainda não pode se esforçar — insistiu ele, colocando a travessa cheia de comida no meu colo.

— Eu já estou bem já tem um mês — respondi, levantando com a travessa nas mãos. — Viu só? Bem melhor.

Zach me observou e colocou uma mexa loira atrás da minha orelha. 

— Eu sei que você tá bem, mas não consigo imaginar te ver daquele jeito de novo — me encarou com intensidade, fazendo meu coração bombear mais rápido. — Eu te amo, não posso te perder.

Abaixei os olhos com vergonha. Havia sido egoísta ao não contar para ele e nem para os outros como eu estava. Pensei que conseguiria lidar com aquilo sozinha, mas tudo que aconteceu foi o oposto. Deixei pessoas que se importavam comigo de fato preocupadas e não queria repetir o mesmo erro.

— Eu sei — foi tudo que minha consegui pronunciar. 

Zach tirou a travessa das minhas mãos e o colocou sobre a cama, me abraçando em seguida. Fechei os olhos me sentindo confortável em seu abraço. 

— Que tal tomarmos café juntos, então? — sugeri, após alguns instantes, afastando o rosto daquele pescoço tão quentinho. 

— Achei que não fosse convidar — brincou, me fazendo rir. 

Sentamos na cama e desfrutamos da comida fresca posta na travessa e da companhia um do outro.

A campainha tocou ao mesmo tempo em que eu descia as escadas. 

— Claire! — exclamei ao abrir a porta e ver a mulher ruiva com um sorriso enorme.

— Cassie! — Abriu um sorriso contente e me abraçou. Seus cabelos ruivos estavam maiores e presos em um rabo de cavalo. — Como se sente?

— Muito melhor — respondi sem esconder minha felicidade ao vê-la. Nunca esqueceria do que ela e os outros fizeram por mim. — Quer falar com a Karen? Eu posso chamá-la.

— Na verdade — ela começou, e olhou para trás bem a tempo de um homem de cabelos claros, trajado em um elegante terno preto, surgir a minha visão. — Viemos falar com você.

Seu rosto ficou tenso e percebi que o quer que fosse era de grande importância. 

— Tudo bem — dei um sorriso educado e os guiei até a mesa da cozinha. 

Claire se sentou de um lado da mesa e eu do outro lado, nos permitindo ficar uma de frente para outra. O homem permaneceu em pé.

— Primeiramente, deixe-me eu me apresentar. Me chamo Eli Mills, trabalho para o senhor Ben Lockwood, dono da fundação dos dinossauros e grande amigo do falecido John Hammond — disse e deu um sorriso. — É uma grande honra finalmente conhecer você, senhorita Masrani. A dona oficial do Jurassic World.

— Por favor, peço que não repita isto. Eu reivindiquei o parque, ele não é mais meu — pedi, enquanto apertava sua mão. 

— Bom, os registros ainda mostram a senhorita como a dona oficial do parque e creio que não podemos ir contra isso — disse sr. Mills com suavidade.

É claro que ainda estava. Queriam um fantoche para culpar caso acontecesse algo com a ilha.

— Já que minha vontade não foi aceita, em que posso ser útil, senhor Mills? — Fui direto ao ponto.

— Tem algo que o senhor Lockwood quer muito fazer — reiniciou ele, me encarando com seriedade. 

Observei-o abrir um notebook e virá-lo para mim, em sua tela estava a simulação de uma ilha desconhecida para mim.

— Temos um pequeno pedaço de terra. É um santuário protegido por barreiras naturais, auto sustentável. Um novo lar onde os dinossauros estarão seguros e livres.

Analisei a ilha, tentando entender onde queriam chegar.

— Querem salvá-los? — Olhei para o sr. Mills e depois para Claire, surpresa.

— Sim, era o sonho do sr. Hammond. Sem prisões, sem jaulas e sem turistas, um lugar para que vivam em paz de verdade.

— Cassie — Claire começou. — Nós podemos salvar onze espécies. Você conhece aquela ilha como a palma da sua mão. Tudo o que precisamos são das nossas digitais e do seu conhecimento de campo.

— Não — minha voz interrompeu a sua, deixando ambos surpresos.

— O quê?

— Eu disse não — repeti encarando os dois. 

— Senhorita Masrani, não quer salvar esses animais? — indagou sr. Mills.

— Por que eu deveria salvar as criaturas que mataram o meu tio? — Olhei para ele, sentindo meu coração frio como gelo.

Ambos pareceram perceber que o que me pediam era algo muito mais profundo para mim. Envolvia alguém que eu amava e que se foi.

— Acho que essa é uma situação mais pessoal, vou deixar vocês conversarem — disse Eli Mills, olhando para Claire. — Mas por favor peço que reconsidere senhorita Masrani — pediu antes de sair.

Claire e eu ficamos sozinhas na cozinha, uma olhando nos olhos da outra.

— Blue está viva! Vai deixá-la morrer? — disse Claire, arrancando uma risada desaminada de mim. — Eu não entendo, você amava aqueles animais.

— Eles tiraram tudo o que era importante pra mim, meu tio era minha única família e eu o vi morrer — respondi, sentindo a garganta fechar.

— Ele sabia o que estava fazendo. Era o sonho dele, ele sabia que era perigoso e se aventurou...

— E morreu! — minha voz se alterou, junto a palma da minha mão que bateu na mesa.

Neste momento, tanto Zach, quanto Gray desceram a escada. Gray quis abraçar sua tia Claire, mas foi barrado por Zach que entendeu que não era um bom momento. 

Uma lágrima correu por meu rosto.

— Por favor Cassie, reconsidere. São animais que estão vivos, que têm sentimentos...

— E que são assassinos — a interrompi novamente. 

— Nem todos são e você disso — insistiu ela.

Não posso, não consigo.

— Eu já tomei minha decisão — respondi. 

Claire balançou a cabeça, compreendendo. Ela levantou da cadeira e deu um passo para ir embora, porém virou-se para uma última vez.

— Um voo parte amanhã de manhã e seu nome estará nele, caso mude de ideia — anunciou. — Cassie, por favor se lembre de tudo que o parque lhe trouxe, lembre de quem você é. Cassie Masrani Miller nunca deixaria aqueles animais morrerem.

Claire se despediu de seus sobrinhos e aproveitei para subir as escadas e ir para o meu quarto. 

Assim que entrei senti o peito queimar e o choro desceu com a dor, a tristeza, a angustia e a saudade. Passei o resto do dia escondida no quarto.

Em uma das janelas havia um telhado bem sustentável que servia como sacada. Depois de ter chorado por horas, assisti o por do Sol ali. Era uma vista maravilhosa que trouxe um pouco de refrigério, como se Deus estivesse usando uma de suas maravilhas para me acalmar.

As lembranças do meu tio eram bem vivas na minha memória, mesmo tendo passado anos. Sua voz na minha cabeça era alta e clara:

— O que está olhando? 

— O seu parque. Nem acredito que participei do seu desenvolvimento — respondi com tranquilidade.

— Este parque também é seu — disse ele.

— Não o vejo assim, apesar de ser minha casa.

— Certo, mas um dia ele passará a ser seu e você terá que tomar grandes decisões.

— Que tipo de decisões? 

— Quando chegar a hora você saberá.

Eu teria que tomar grandes decisões, seria agora uma grande decisão a ser tomada? 

Olhei para o céu que começava a ficar escuro. O que devo fazer Deus?

Soltei um suspiro cansado. 

Ouvi um barulho na janela e depois no telhado. Zach se sentou ao meu lado e me estendeu um prato com um sanduiche.

— Você não comeu nada desde a conversa com a tia Claire — disse ele.

— Obrigada — aceitei de bom grado, apesar de não sentir fome e dei uma mordida no sanduiche. Estava uma delícia.

Permanecemos em silêncio, olhando as poucas estrelas que apareciam. Eu sabia que Zach não iria perguntar sobre o ocorrido a não ser que eu quisesse.

— Ela me pediu para voltar a ilha Nublar — contei, após um tempo. — Ela quer salvar os animais que restaram e levá-los para outra ilha. 

— Você vai? 

O encarei. Zach me olhava com seus de avelã que me deixavam apaixonada. Não havia julgamento e nem expectativa, ele apenas queria ser meu parceiro e me ouvir.

— Não — respondi.

— Seus olhos dizem outra coisa — observou, segurando a minha mão.

Respirei fundo.

— Eu cresci naquela ilha, cresci com aqueles animais. Meu tio sempre gostou de se aventurar e isso o levou a morte por causa daquelas criaturas. Eu não estaria o traindo ao voltar lá e resgatá-los? — Encarei meu namorado.

Zach tirou uma mexa de cabeço do meu rosto com carinho. Ele gostava de fazer isso e me trazia conforto.

— Quando você foi para o hospital, depois que a sua ferida piorou, eu pensei que fosse perder você. Pensei que uma parte de mim morreria junto — disse, olhando dentro dos meus olhos. — Mas se fosse explicar a alguém o que aconteceu, quem você colocaria como responsável por deixá-la naquele estado? 

— Aquilo é diferente, foi um acidente. Eu estava tentando proteger você e Gray — relatei. — Foi uma decisão minha, tanto no parque quanto depois.

— Exatamente. O mesmo fez o seu tio, ele estava protegendo você, Cassie — disse Zach. — Foi uma decisão dele.

Por mais difícil que fosse, suas palavras tinham razão. 

— Então o que eu devo fazer?

— Essa decisão só cabe a você, mas se eu conheço bem a Cassie Masrani, ela não é do tipo que se amedronta. Ela segue seu instinto.

— Não me sinto a mesma Cassie de antes — admiti.

— Mas pra mim, você continua sendo a garota mais forte e a mais linda também — disse me deixando sem graça.

— Você não perde tempo de me elogiar não é? 

— Um bom namorado faz isso — sorriu.

— Obrigada — eu disse, me sentindo mais aliviada. — Acho que por mais que eu tente ou negue, eu nunca vou conseguir esconder que amo aqueles animais.

— Só precisa me prometer uma coisa: que vai voltar pra mim inteira.

— Eu sempre volto — brinquei, abrindo um sorriso.

Encostei meus lábios nos dele.

Coloquei a cabeça em seu ombro e me permiti descansar. As dúvidas pareceram ir embora e eu finalmente me lembrei quem eu era.

Sou Cassie Masrani Miller, a dona do Jurassic World e estava na hora de sair das sombras e fazer alguma coisa. Seria o que meu tio Simon iria querer.

Olhei para o céu mais uma vez, agora bem estrelado. Deus, obrigada pela resposta.

E depois de tanto tempo fora, eu volteiii!!!!!!

Gente eu prometo que vou tentar me manter mais contínua nas postagens da fanfic. É que estou dando mais atenção as minhas obras originais, e acabei não dando a devida atenção ao nosso mundo Jurassico. 

Me perdoem!

Me digam o que estão achando aqui nos comentários e não esqueçam de deixar a estrelinha.

A nossa aventura começa no próximo capítulo!!!