✦Capítulo 2✦
A praça principal do parque parecia ainda mais lotada agora que cheguei. Esse aglomerado de pessoas indica que estamos indo muito bem. Passei na minha cafeteria preferida e comprei um copo com café expresso. Se meu tio visse isso com certeza me daria uma bronca. Ele não gosta que eu tome café, ainda mais se for expresso, por causa que eu fico muito agitada. Mas o que eu posso fazer? Eu amo café e ter energia nunca é demais.
Andei pelas barracas de alimentação cumprimentando as pessoas. Meu tio sempre costumou dizer que impressão é tudo. Então faço o possível para dar uma boa impressão a todas as pessoas que eu vejo.
Dei uma checada no relógio e vi que estava atrasada. Revirei o resto do café, já morno, na boca e joguei o copo em uma das nossas lixeiras que tinha aparência de rochas ou árvores. Apressei o passo e subi as escadas do Centro de Elevação. Abri as grandes portas que continham o desenho de dois dinossauros - um de cada lado - cravados na mesma.
Assim como nos outros, o local estava cheio. As pessoas se divertiam brincando de escavar um esqueleto de dinossauro e se impressionavam com os hologramas.
— Cassie! — alguém gritou meu nome.
Uma mulher ruiva, de cabelos curtos, cortado em V, me chamou. Sua roupa branca a destacava. Andei até ela, passando pelo holograma no T-rex. Notei que ela estava com dois garotos e outra mulher que era sua assistente.
— Olá Claire — falei e olhei para a outra mulher.— Zara.
Ela balançou a cabeça e sorriu em cumprimento.
— Oi. Deixa eu te apresentar — começou Claire, colocando uma das mãos em meu ombro e a outra estendida para os dois garotos. — Estes são meus sobrinhos, Gray — apontou para o menor que aparentava ter uns dez anos.
Tinha um cabelo loiro escuro e grande. Seus olhos eram verdes iguais aos meus e se destacavam em sua pele branca.
— E Zach — apontou para o maior.
Ele, por sua vez parecia ter a minha idade ou talvez um pouco mais. Diferente de seu irmão, Zach possuía cabelos e olhos castanhos. Ele era um pouco maior do eu e não parava de me olhar.
— E meninos, está é a Cassie. Ela trabalha comigo aqui no parque. — concluiu Claire, sorrindo.
— É um prazer conhecer vocês! — falei, sorrindo. O pequeno sorriu de volta, o que ele fez ele parecer muito fofo. Já o outro mantinha um pequeno sorriso de lado.
— Também é um prazer conhecer você, Cassie — respondeu Gray. Gente que garoto fofo!! Olhei para Zach, esperando que ele dissesse alguma coisa, mas tudo o que ele fez foi me olhar. Um olhar que não consegui decifrar.
Por um instante, sustentei seu olhar.
— Cassie eu tô indo para o Centro de Controle. Quer uma carona? — indagou Claire, fazendo eu quebrar o contato visual com o Zach.
— Claro! — Aceitei. — Já corri demais hoje. — Sorri divertida.
O celular da Claire vibrou, indicando que havia uma mensagem. Ela o olhou e voltou sua atenção para os meninos.
— Certo, eu vejo vocês hoje a noite. E você...— se referiu a Zara. — Cuide muito bem deles.
O celular dela vibrou de novo, mas desta vez era uma ligação. Ela atendeu o celular e começou a nadar. Olhei uma última vez para o garotos e era notório a decepção em seus rostos.
— Eu preciso ir, mas foi muito bom conhecer vocês — falei com sinceridade, começando a andar.
— Tchau! — Primeiro disse Gray e depois Zach com desanimo. Senti pena deles.
— Ah! - exclamei me virando e eles me olharam. — Bem Vindos a Jurássic World!
Eles sorriram e eu sai de edifício. Claire já estava me esperando no carro. Abri a porta e entrei no mesmo. Claire deu a partida e nos dirigimos para o Centro de Controle.
— Desculpa a intromissão mas, não acha que deveria passar mais tempo com os seus sobrinhos? — perguntei. Ela soltou o fôlego com pesar.
— É, eu devia. Mas eu tenho um parque inteiro para cuidar e eles vão se divertir sem mim — respondeu.
— Esqueceu que eu sou a assistente chefe? Eu tenho tanta autoridade quanto você e posso mandar o tanto quanto você — falei com a cabeça virada para ela. — E você não viu a cara de decepção dos meninos quando virou as costas e foi embora.
Voltei a olhar para frente. A estrada em que estávamos era de asfalto e bem no meio da floresta. As árvores eram vistas por toda a parte e suas folhas estavam tão verdes que se concentrasse seu olhar nelas certamente sua vista começaria a doer.
Claire suspirou.
— Eu vou dar um jeito, prometo. Eu só preciso de tempo para organizar tudo — disse ela, como se estivesse tentando convencer a si mesma.
— Não precisa prometer nada para mim. É com os seus sobrinhos que você precisa se resolver — eu disse e encostei minha cabeça na janela. Claire não disse nada e seguimos assim até chegarmos ao Centro de Controle.
O lugar parecia mais uma caixa de metal por fora e não chamava tanta atenção, mas por dentro era onde as coisas de verdade aconteciam.
Eu e a Claire saímos do carro.
— Dá onde você tirou esse café? — perguntei ao ver que ela segurava um copo com café expresso.
— Eu comprei enquanto você ainda tava dentro do Centro de Elevação — contou e sorriu.
— Impossível! Eu não demorei tanto — afirmei, incrédula. Não tem como eu ter demorado tanto ao ponto de ela ter comprado o café e não ter percebido.
— Tá certo. Eu pedi para um dos funcionário da cafeteria me trazerem um café, pois não dava tempo de eu ir comprar — admitiu.
— Agora faz mais sentido — comentei. Claire abriu a porta da frente. — Sabia que não tava ficando doida.
Passei pela porta, seguida por ela e nós duas entramos no elevador que nos levou para o segundo andar, onde o Centro de Controle ficava. A sala era repleta de mesas e cada mesa era cumprida o suficiente para caber cinco computadores digitais e ainda ter uma boa distância. No final da sala, bem na parede estava o telão que nos permita ver tudo o que ocorria no parque.
— Quantas pessoas temos? — perguntou Claire.
— Vinte duas mil duzentas e dezesseis — respondeu Vivian, uma das funcionárias.
— É um bom número — comentei, cruzando os braços.
— Algum incidente?
— Sim — começou Lowery. — Seis crianças nas salas dos perdidos, vinte e oito com insolação...
— Onde conseguiu isso? — Claire o interrompeu. Ele olhou para si mesmo.
— A camisa? — Apontou para a mesma. Era a camisa do antigo Jurassic Park. O primeiro parque construído e destruído pelos dinossauros. — Eu comprei no IBEIM. Super incrível! Eu comprei por cento e cinquenta dólares, mas ela pode chegar até trezentos...— Claire o interrompeu de novo.
— Não acha que isso aí é de muito mal gosto? — disse ela, aborrecida. Lowery ficou tímido.
— A camisa? Não, sim...é eu sei que as pessoas morreram. Foi horrível! Mas aquele primeiro parque era irado — concluiu com um tom sonhador. — Eu era muito fã.
Reparei que Claire não estava mais aguentando a falação de Lowery.
— Eu gostei da camisa — falei, o que deixou todos surpresos. — Ela é legal e serve como homenagem para o parque que nos inspirou a abrir o nosso próprio parque.
Eles ficaram em silêncio por um instante e Lowery apontou as mãos para mim, dizendo que eu também concordava com ele.
— Ok, só não usa mais isso quando eu estiver por perto — disse Claire, vencida.
Coitado, nunca mais vai poder usar a camisa, já que a Claire sempre está por perto.
— Fechou o acordo? — perguntou Vivian, mudando de assunto.
— Parece que sim. Verizon Wireless apresenta: Indominos Rex — anunciou ela. Lowery pousou os braços em cima de sua mesa e inclinou a cabeça para frente.
— Ah! Isso é horrível! — lamentou ele. O olhei sem entender. — Por que você não entrega logo tudo, Claire? Deixa estas empresas te darem os nomes pros dinossauros. Eles já dão nomes pros estados mesmo...
Observei o grande telão com o mapa do parque. Notei algo diferente.
— Por que as planícies a oeste estão fechadas? — apontei, interrompendo o falatório de Lowery. Tenho quase certeza de que a Claire me agradeceu em pensamento.
— Outro paquicefalossauro andando fora da área, mas tá sedado e pronto para a remoção — disse Vivian com tranquilidade, como se aquilo não fosse tão importante. Lowery murmurou alguma coisa que não fiz questão de prestar atenção.
— A segurança afirma que as cercas invisíveis não falham e já é a segunda vez este mês — lembrei, ficando indignada. Será que eu mesma terei que dar um jeito nestas cercas?
— É, eles quebram os implantes quando batem um na cabeça do outro — contou Vivian.
— Quanto tempo mais até tirarem ele de lá? — questionou Claire. Vivian riu.
— Ele acabou de receber cinco miligramas de cafetaminio...
— Ele tá muito dopado. Vamos tentar ser um pouquinho mais solidários? — disse Lowery com sarcasmo. — Vem cá, será que você esqueceu que são animais de verdade?
— Dá pra arrumar sua mesa de trabalho? — Claire mudou de assunto, aborrecida. Ele olhou para sua mesa, onde tinha vários dinossauros de brinquedo. — Tá uma bagunça.
— Eu gosto de pensar nela como um sistema vivo — interviu ele. Segurei minha vontade de rir. — Tem estabilidade suficiente para impedir que o colapso vire anarquia.
Já presumindo seus movimentos, empurrei a lixeira para perto dele. Seu braço bateu no seu copo de plástico e caiu na lixeira. Neste momento, o alto-falante avisou que o helicóptero estava chegando.
"Chegou a minha hora de voar", pensei, sentindo um friozinho na barriga. Comecei a andar.
— Ótimos reflexos! — gritou Lowery.
— Obrigada! — agradeci, sem olhar para trás.
Claire estava na minha frente e parecia fazer o mesmo percurso que eu. Subimos as escadas e chegamos ao terraço.
— Você também vai? — perguntou Claire, surpresa.
— Vou.
— Mas você não tem medo de voar?
— Será que alguém neste parque não sabe que tenho medo de voar? — perguntei, colocando as mãos na cintura. Claire apenas sorriu de lado.
Um helicóptero azul pousou na pista de voo. Claire e eu andamos até o a aeronave e entramos.
— Claire, Loirinha — nos cumprimentou meu tio.
— Sr. Masrani, o senhor vai pilotar? — perguntou Claire, parecendo preocupada.
— Eu tirei a minha licença — contou ele.
— Mais dois dias — corrigiu o copiloto. Arregalei os olhos. "Eu não acredito que aceitei isso". Ele se virou para nós duas.
— Então, como está o meu parque?
— Ótimo. Crescemos 2,5 por cento em relação ao ano passado. É menos do que nossa projeção...
— Não, não. Como é que está? Os visitantes estão se divertindo? Os animais estão curtindo a vida?
— Bom, a satisfação dos visitantes está na faixa dos noventa por cento — respondeu Claire. — Nós não temos como medir a experiência emocional dos animais.
— É claro que tem. Pode ver nos olhos deles — disse meu tio. Ele virou sua atenção para mim.
Nesta hora tentei parecer o mais normal possível. Não queria que ele visse meu nervosismo e ficasse chateado pensando estar me forçando a fazer algo que não quero.
— E você querida como está? — ele estendeu sua mão para mim e a segurei — Está gelada.
— Vou ficar bem. — Forcei um sorriso. —Por que não me disse que ia pilotar?
— Você teria vindo se eu tivesse dito?
Balancei a cabeça.
— Não.
— Foi exatamente por isso que eu não disse. — Ele soltou a minha mão e se virou para frente. — Vai ficar tudo bem mesmo?
— Sim. Contanto que este helicóptero não caia e eu não tenha uma morte horrível, por mim tá tudo bem.
— Ora Cassie, cadê a sua fé? É nestas horas que você precisa usá-la — disse ele. Sorri por ele citar minha fé, mas ao mesmo tempo me senti culpada por não ter depositado minha confiança em Deus.
— Tem razão! — falei, juntando coragem. — Podemos ir.
— Essa é a minha garota! — Seu tom era de orgulho.
Coloquei o cinto de segurança e o fone que nos permitiria ouvir uns aos outros sem dificuldade.
— Agora, me mostrem meu novo dinossauro.
Meu tio Simon subiu o helicoptero e o mesmo tremeu um pouco na hora. Claire e eu nos seguramos nas bordas do helicóptero e fechei os olhos, me arrependendo de ter aceitado este convite.
🔹️🔹️🔹️
Este foi o capítulo de hoje. O que acharam? Tadinha da Cassie, ter que andar de helicóptero e ainda com o Simon pilotando não é fácil.
O próximo capítulo sairá somente semana que vem. Por favor me digam se estão ou não. A opinião de vocês é muito importante para mim.
Não esqueçam da estrelinha e de comentar.
Deus abençoe vocês!
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