✦Capítulo 19✦


ZACH MITCHEL

Logo que chegamos ao hospital, tia Claire veio correndo com socorristas que colocaram a Cassie em uma maca e a levaram por um corredor extenso. 

— Não podem prosseguir daqui — informou a enfermeira, nos barrando. 

— Mas eu preciso tá lá com ela, ela não pode ficar sozinha! — intervi, tentando passar, mas percebi o braço de Owen me segurando. 

— Em breve o médico voltará com notícias — disse e passou pela porta de emergência, desaparecendo. 

— Mãe, a Cassie vai morrer? — perguntou Gray, chorando. 

Senti meu corpo gelar com a possibilidade. 

— Não, não é claro que não. Ela vai ficar bem filho, tá bom — minha mãe abraçou meu irmão, deixando uma lágrima escorrer.

Lembrei do abdômen arroxeado dela e como parecia pálida. Escorei na parede e passei a mão pelos cabelos, querendo arrancar eles. 

— Ei, calma. Ela é forte, vai ficar tudo bem. — Tentou me tranquilizar Owen, mas o que minha mente falava era outra. 

— É culpa minha — saiu mais alto do que pretendia, fazendo todos me olharem. 

Escorreguei pela parede até o chão.

— O que? — indagou tia Claire, com os braços ao redor de si, como se isso a consola-se. 

— É tudo culpa minha — deixei que as lágrimas viessem. — Eu tive a chance de perceber como ela tava mal e não percebi. Segurei o abdômen dela, a abracei e ainda sim fui um completo tolo em não perceber. 

— Ei, isso não é culpa sua, entendeu? — disse Owen, se agachando e colocando uma mão no meu ombro. 

— Não posso perder ela, não posso — minhas lágrimas transbordaram. 

Talvez quem assistisse a cena pensasse que era exagero, mas tudo era real. A dor só em pensar em perder alguém era grande demais, fazendo meu peito doer. Eu amava a Cassie e não conseguiria mais viver um dia sequer sem ela do meu lado.

— Com licença, vocês são os familiares da Cassie Masrani Miller? — perguntou um homem, aparentemente jovem, usando um jaleco branco.

— Sim, somos! — Levantei no mesmo instante. — Como ela tá?

— A senhorita Cassie está com uma infecção rara. Para falar a verdade nunca vimos algo parecido.

— Ela foi atacada por um pterodáctilo — respondeu Gray.

O doutor olhou sem entender.

— Havia alguns no Parque Jurassic World? — complementou tia Claire.

— Isso explica muita coisa — revelou o doutor, pensativo. — Escutem bem, o que está acontecendo com senhorita Cassie é de fato muito difícil de ocorrer. Porém temos uma solução para isso.

Respiramos aliviados.

— Graças a Deus — soltou tia Claire.

— Mas...— olhamos novamente para o doutor.

— É extremamente difícil. O mais simples de ser explicado é que ela precisará de uma transfusão de sangue, para assim limpar as partes contaminas — explicou.

— Não parece tão complicado, faça o mais rápido possível — disse Owen quase alterado.

— Sim, não é difícil, porém o que torna complicado é que, para a quantidade de sangue já contaminada, precisaremos de quinze bolsas de sangue.

A tensão se estendeu no ambiente. Quinze bolsas? 

— E o sangue dela é O negativo — completou o doutor. — A boa notícia é que já temos oito bolsas reservadas para ela, mas ainda precisamos coletar sete. 

— Eu posso doar — falei, quase em desespero.

— Eu também — disseram Owen e tia Claire.

— Desculpa, mas o meu sangue é A negativo e do Gray também.

— Mas mãe, precisamos de mais quatro — disse Gray.

— Acho que sei pra quem pedir — falei.

***

A agulha perfurou como se fosse uma picada de marimbondo, tremendamente dolorosa. Ao meu lado estavam mais três pacientes, sendo Owen e tia Claire. Do outro lado da sala estavam mais três: Barry, Lowrey e Vivian — que segundo Owen, haviam trabalhado com a Cassie no Jurassic World — e meu pai.

— Certo! Iniciaremos o procedimento. Cassie tem muita sorte em ter vocês — informou o doutor, após a coleta e se retirou da sala.

Owen se aproximou de Barry e Lowrey.

— Obrigado pela ajuda.

— Não foi nada cara — respondeu Barry.

Não sei exatamente quanto tempo se passou, mas foram os piores momentos de espera da minha vida. Era tão angustiante estar ali fora, enquanto ela estava dentro, sendo perfurada por agulhas e quem sabe com um tubo dentro do corpo.

O médico saiu. 

Nos levantamos no mesmo instante. Seu rosto estava cansado e parecia abalado.

— A cirurgia...— ele fez uma pausa e engoli em seco imaginando o pior. — Foi um sucesso!

Só ouvimos suspiros aliviados pelo corredor e exclamações de agradecimento.

— Eu posso vê-la? — perguntei.

— Pode sim.

Corri corredor adentro, sentindo o coração palpitando até chegar em uma sala com a porta aberta e vê-la. Seus olhos ainda estavam fechados e seu rosto parecia um pouco inchado, talvez. Mas continuava linda como sempre. 

Me aproximei da cama, bem a tempo de ver seus olhos se abrindo e me encarando.

— Oi meu amor, como se sente? — perguntei baixinho, aproximando o rosto.

— Com sono — ela soltou uma risadinha, me fazendo rir também.

Depositei um beijo em sua testa.

Obrigado, meu Deus. O Senhor a salvou.

***

CASSIE MASRANI

Abrir os olhos não foi tão fácil como costumava ser. A claridade, de início fez minha cabeça latejar, mas foram apenas segundos até voltar ao normal. A primeira pessoa que vi foi Zach, com seu incrível sorriso charmoso que eu amava. 

Trocamos algumas palavras, até que um toque na porta chamou nossa atenção, fazendo Zach se virar um pouco assustado, mas logo se acalmou ao ver que era Owen.

Tentei me sentar, porém percebendo que estava com dificuldade Owen se aproximou.

— Vai com calma, garota dinossauro — disse, arrumando o travesseiro para que eu pudesse me encostar. 

— Poderiam me dar um momento com Owen? — pedi, olhando com súplica para que Zach não ficasse chateado. Ele apenas assentiu e depositou outro beijo na minha testa antes de sair. — O que aconteceu?

Owen respirou fundo antes de responder.

— As marcas no seu abdômen infeccionaram. Teve que fazer uma transfusão de sangue — fez uma pausa e olhou dentro dos meus olhos. — Por que não nos contou?

— Não queria que se preocupassem.

— E por que não procurou um tratamento? — Senti que ficou tenso.

— Eu tentei, mas todos estavam tão focados em descobrir coisas sobre mim que pensei, talvez não seja uma boa ideia expor algo assim, logo todos saberiam e começariam as manchetes.

— Mas poderia ao menos ter contado ao Zach, você sabe que ele se preocupa com você.

— Eu estava melhorando, não sei porque tudo desandou. Foram questão de horas até tudo ficar assim. 

— Você nos prometeu Cassie — disse olhando nos meu olhos.

Engoli em seco. Segurei a mão dele. 

— Eu sinto muito Owen.

Owen pareceu se acalmar e depositou um beijo em minha mão, sem maldade, como se fosse um pai beijando a mão da filha. 

— Para que fosse feita a transfusão, foram necessários quinze bolsas de sangue. — Arregalei os olhos, ao ouvir. — Por isso, contamos com a ajuda de algumas pessoas.

E saiu do quarto. Permaneci ali, confusa e pensativa. Quinze bolsas de O negativo era muito. Quem seriam essas pessoas que me ajudaram?

Owen voltou acompanhado.

— Barry! — A exclamação saiu mais alta que o pretendido. 

— Cassie! — Me abraçou.

Atrás dele, estavam Lowrey e Vivian. 

— Não acredito! Vocês também?

— Tudo pelo bem da nossa querida chefe — disse Lowrey, me abraçando, seguido por Vivian.

Após eles, veio o pai de Zach me cumprimentar, e disse que estava feliz com a minha recuperação. E além deles, também haviam doado sangue Owen, Claire e Zach.

— Eu nem sei como agradecer.

— Parando de nos assustar já seria um excelente começo — brincou Owen, nos fazendo rir.

Em todo este tempo, depois da morte do meu tio, pensei que estava sozinha. Me sentia sozinha. Mas agora, vendo todas estas pessoas reunidas, vi o quanto estava errada. Eu tinha pessoas que se importavam como, e que demonstravam me amar.

Eu havia encontrado uma família.

Mais um capítulo maravilhoso, deste mundo fantástico. 

Que susto a Cassie deu na gente, hein!

Eu sei que estão ansiosos para os acontecimentos do segundo filme e por isso, é extremamente importante que fiquem ligados nos próximos capítulos, pois nossa aventura está para começar.

Não esqueçam da estrelinha e daquele comentário.

Deus os abençoe!

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