✦Capítulo 11✦

Minha respiração estava desregulada, meu corpo parecia desfalecer aos poucos, enquanto a ferida continuava a sangrar.

— Aqui! — ouvi a voz de Berry e vi com um pouco de dificuldade que o mesmo havia entregue uma maleta branca para Claire.

Owen abriu a mesma com pressa e só então conclui que era o kit de primeiros socorros.

— Isso pode arder um pouco — disse Owen com um algodão em suas mãos, após ter despejado uma coisa líquida no mesmo.

Assim que senti o algodão ser posto sobre a ferida senti uma ardência ainda maior que me fez soltar um grito de dor.

— Calma, Cassie — pediu Zach, o mesmo parecia desesperado — vai dar tudo certo. Você vai ficar bem.

Owen se aproximou outra vez com o algodão para limpar e outra vez senti uma ardência insuportável, porém consegui segurar o grito. Após alguns segundos, Owen pareceu terminar de limpar a ferida.

— Me dá a seringa — pediu ele. — Vou fazê-la dormir.

— Não! — segurei seu braço, fazendo-o se virar para me olhar. — Não me faz dormir, por favor. — Minha voz estava fraca e baixa.

— Preciso fazer isso para que eu possa aplicar o remédio sobre a ferida, Cassie — disse ele.

— Aplica...- tire que parar para tomar folego e continuar. — Aplica a anestesia sobre a ferida.

— O que? Não! Sua ferida tá inflamando. Se eu fizer isso você não vai aguentar a dor — disse ele.

— No meu relógio — falei com dificuldade. — Tem um antibiótico para inflamação. Coloca junto com a anestesia e aplica sobre a ferida.

Owen pareceu analisar tudo.

— É perigoso Cassie. Pode não dar certo e você pode acabar...— ele não concluiu, mas era claro o que ele queria dizer. Eu poderia morrer.

— Owen — o chamei. — Eu preciso que me ajude. — Fiz o que ele tanto queria que eu fizesse, pedisse ajuda. — Eu não me importo com a dor, vou com vocês nessa missão.

— Você precisa de repouso — interviu Claire. — Precisa descansar.

— Eu preciso ir com vocês. — A cortei — Se não me deixarem ir, eu vou andando e assim minha ferida ficará pior e você vão se arrepender por não terem me levado.

Owen e Claire pareceram ficar chocados com minha maneira de falar. Gray se achegou a mim e colocou sua mão sobre a minha testa.

— Ela tá com febre e por isso tá desse jeito — informou ele. — Acho que...devemos atender o pedido dela.

— Ela pode não resistir — disse Claire e uma lágrima correu pela sua bochecha.

Pedi para que Gray se aproximasse e sussurrei em seu ouvido.

— Confiem em mim.

— Ela disse para confiarmos nela — ele disse.

Vi Owen e Claire trocando olhares e depois com resto do grupo como se estivessem concordando se fariam isso ou não.

Olhei para o céu escuro e vi uma estrela ali, apenas uma. Ela me lembrou esperança. Mesmo tudo estando escuro, ela ainda estava ali. Mesmo tudo parecendo perdido, ainda havia esperança.

Ajuda-me Deus, orei, Ajuda-me.

— Tenho certeza de que vou me arrepender disso — comentou Owen. O mesmo começou a preparar a seringa.

Programei meu relógio, com dificuldade, para materializar o antibiótico e dei a Owen.

— Deus, sua ajuda é muito bem vinda aqui — disse. — Aqui vai, Cassie.

Senti a ponta da agulha entrando entre as marcas das garras do pterodáctilo e uma terrível dor apareceu. Tentei não gritar, mas a dor era insuportável demais para ficar calada. Foi a pior dor que eu havia sentido. Era como se líquido ali injetado rasgasse minha carne para poder passar. Uma terrível agonia me subiu e comecei a senti meu corpo desfalecer mais uma vez, porém até meu cérebro parecia querer apagar.

Comecei a enxergar tudo preto e as vozes começaram a desaparecer, dando espeço a escuridão total.

OWEN GRADY

Após ter aplicado a injeção, a guardei em um canto e esperei a reação da Cassie. A mesma estava estranha, já que não acordava.

— Cassie! — a chamei, segurando o seu rosto e dando batidinhas de leve para acorda-la. — Cassie, acorda. Já acabou.

Ela não acordava e comecei a ficar preocupado.

— Cassie! — chamei outra vez.

- Cassie! — chamou Claire. A mesma não respondia.

— Ela tá ficando gelada — disse Zach. — E mais pálida.

— Ah meu Deus! — exclamei, o desespero tomando conta de mim. 

— Cassie, acorda! Já apliquei o antibiótico. Você precisa acordar. — falei, dando mais batidinhas em seu rosto.

— Cassie — Zach também começou a chamar,  mas nada. Ela não respondia.

Medi o seu pulso e mesmo não batia. Cheguei a sua respiração e não saia ar. Inclinei para escutar o seu coração. Não batia!

— O coração dela não tá batendo — as palavras saíram como cacos de vidro que contaram o meu coração.

— Cassie — Claire chamou, as lágrimas descendo em seu rosto. — Meu Deus! Cassie.

A mesma não respondia. Olhei para Claire. Todos nós sabíamos o que aquilo significava. Cassie estava morta.

Todos, inclusive eu começamos a chorar. Olhei para a mesma. Tão jovem, ela não merecia aquilo. Ela não merecia um fim daquele jeito.

Não aceitando aquilo, peguei seus ombros e comecei a sacudir a mesma. 

— Cassie! — gritei e dei outro grito com todas a minhas forças. — CASSIE!!!

Acordei em sobressalto, assustando todos ao meu redor.

— Cassie, você tá viva! — exclamou Claire, abrindo um sorriso. 

Olhei todos, estranhando.

— O seu coração Cassie — disse Owen, com os olhos vermelhos de choro — ele havia parado. Você tava morta.

Olhei para Zach e o mesmo também estava com os olhos vermelhos de choro, assim como Gray. Até Barry parecia ter chorado.

— Quando tempo eu fiquei assim? — perguntei.

— Uns trinta segundos. O seu coração não estava batendo — disse Claire.

— Eu não contei pra vocês? — Todos me olharam sem entender.

— Contou o que? — perguntou Gray.

— Para o antibiótico fazer efeito ele precisa parar o meu coração para funcionar — contei. 

— Tá me dizendo que...isso era pra acontecer — questionou Owen.

— Sim — respondi. 

O seu olhar era um misto de surpresa, assusto e indignação. Comecei a rir do mesmo.

— Desculpa.

— Ah, agora você pede desculpa? — disse ele, já mais aliviado. — Depois de você ter morrido que você pede desculpa?

Meu riso continuou e logo os outros de se juntaram a minha e até Owen riu. 

— Você é realmente única, loirinha — ele disse e me abraçou. Devolvi o seu abraço e senti os outros se juntarem a nós em um abraço coletivo.  Comecei a sentir muita pressão.

— Vocês vão me esmagar — falei. Eles se afastaram.

Claire pegou o esparadrapo e colocou sobre minha ferida. Me sentei corretamente, ficando ao lado de Zach e Gray.

— Você deu um baita susto na gente — disse Gray.

— Eu sei — passei meu braço por cima de seu ombro, o puxando para um abraço de lado. — Me desculpa. Acho que estava tão desesperada para que Owen não me fizesse dormir que acabei esquecendo desse detalhe.

— Não faz mal — revelou Gray. — Fico feliz que esteja viva.

Achei fofo de sua parte.

— Mas e então... — começou Zach. — O que vai acontecer agora? — perguntou se referindo a ferida.

— Eu ainda vou sentir algumas dores, mas vou conseguir ficar de pé e andar. O remédio vai me ajudar a voltar ao normal aos poucos — contei.

— Cassie —me chamou Owen, se aproximando. — Podemos conversar em particular?

— Claro. 

Comecei a levantar e senti um puxão em meu abdome. Owen, juntamente com os garotos me ajudaram a levantar e a ficar de pé.

— Tudo bem aí? — perguntou Owen, se referindo a ferida.

— Uhum — fiz que sim com a cabeça.

Andamos para um canto afastado dos outros e Owen ficou a minha frente.

— Não acho que seja uma boa ideia você ir — ele disse.

— Que? — questionei, não acreditando. — Por quê?

— Porque você tá ferida Cassie. Você acabou de morrer e ressuscitar.

— Eu não morri, minha corrente sanguínea teve que parar para que o remédio funcionasse — esclareci.

— Dá no mesmo — ele disse, ficando irritado. — Você mal consegue andar direito. Como espera nos ajudar nessa missão?

Abaixei a cabeça, pensando um pouco. 

— Olha eu sei, que você é forte — Owen colocou as mãos em meus ombros. — Mas você não precisa demonstrar isso sempre.

— Não faço isso para demonstrar nada, Owen — tratei de dizer. — Você tem razão em dizer que me arrisco demais, mas eu preciso fazer isso, não por mim.

Olhei para trás e vi Zach e Gray ainda sentados, conversando. Claire e Barry pareciam tratar de algo relacionado a missão, enquanto os outros pareciam ocupados demais para prestar atenção em nós.

— Tenho que fazer por eles — apontei em direção a Zach e Gray e depois para Claire e Barry. — Pessoas morreram hoje. Perderam seus familiares e dariam tudo para que este terror acabasse. Tenho que fazer pelas pessoas deste parque.  

Owen me encarou e eu não sabia o que os seus olhos transmitiam, apenas queria que ele deixasse eu ir.

— Não sei se é o certo — disse após alguns segundos, pensando.

Passei a língua pelos lábios, não sabendo mais o que fazer. 

— Está bem Owen. Eu não vou na frente da missão como o planejado — encarei o mesmo. — Mas me deixa acompanhar os garotos.

— Os garotos?

— Sim. Querendo ou não eles terão que ir junto e nem você e nem Claire poderão cuidar deles tão bem quanto eu — respondi.

— Você é bem convencida quando quer, não é?

— Temos um acordo ou não? 

Owen deu um suspiro e balançou a cabeça. 

— Temos.

Um sorriso apareceu no canto da minha boca.  Eu estava feliz, muito feliz.

— Obrigada — o abracei.

— Só vê se não se mata — disse e ri de sua fala.

Owen depositou um beijo em minha cabeça e nos afastamos. 

Andei em direção aos garotos, sentindo algumas pontadas em meu abdome, mas nada que eu não pudesse suportar. Vi que os meus estavam andando em direção a uma vã, juntamente com Claire. A ruiva abriu a porta de trás.

— Viram? É seguro — ouvi a mesma falar. 

— Ainda bem — comentei, chegando atrás deles, fazendo os três me olharem. — Estava com medo de ter que enfrentar dinossauros dentro de um carro — eu disse com sarcasmo.

— Cassie, vai com a gente? — perguntou Gray.

— Com certeza — respondi.

— Legal! — o meu me abraçou, apertando o meu abdome me fazendo soltar um gemido de dor. — Desculpa. — se afastou ao perceber o que havia feito.

Passei a mão pelo seu cabelo, o bagunçando como forma de dizer que estava tudo bem. 

— Cassie — Claire se aproximou. — Tem certeza? 

— Absoluta. Owen e eu concordamos de eu ficar com os garotos — eu disse. Ela me olhou como se tivesse algo a acrescentar.— Por favor Claire, não faça repetir tudo o que eu disse ao Owen. 

A mesma suspirou e concordou com um balançar de cabeça. 

— Entrem! — mandou. 

Subimos na vã e sentamos nos acentos que havia no final. 

— Se precisarem de mim, eu tô lá na frente. É só abrir essa janela — ela apontou para o compartimento que ficava um pouco acima de nós. — Coloquem os cintos.

Começamos a procurar os cintos, porém não havia.

— Tudo, é só...darem as mãos — disse Claire e fechou a porta.

Gray estendeu a mão para Zach, obedecendo ao ordem de sua tia. Zach pegou sua mão e estendeu a sua para mim, ao qual peguei. Ele  e eu nos olhamos e dei um sorriso de lado para ele. 

— Não vai entrar nada aqui não, né? — perguntou Gray e é era notório o seu medo. 

— Ai — chamou Zach. — Lembra daquele fantasma na casa velha? Lembra daquele da garagem? Eu protegi você, não foi?

— Você fez um machado de guerra com uma régua e um prato de papel — disse Gray. Sem que eu percebesse, um sorriso sincero cresceu em meu rosto.

— É. Viu? Nada vai pegar você comigo aqui — disse Zach.

— Mas você nem sempre vai estar comigo — falou Gray, triste.

— Nós somos irmão, ok? E sempre seremos irmãos e sempre ajudaremos um ao outro. Acima de tudo — disse Zach.

— Acima de tudo? — perguntou Gray.

— Acima de tudo — confirmou Zach.

Os dois se abraçaram e fiquei emocionada com aquele gesto tão lindo. Apertei a mão de Zach, admirando o seu ato e suas palavras. Eu sempre tinha sentido necessidade de cuidar dos dois, mas agora tudo parecia fazer sentido. Zach cuidaria de Gray e eu cuidaria dos dois, acima de tudo.

Mais um capítulo postado para vocês. O que acharam? Choraram? Levaram susto? Quase morreram do coração? 

Não esqueçam a estrelinha e comentem bastante!

Deus abençoe vocês e obrigada por lerem.

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