✦Capítulo 10✦

Já estava escuro quando chegamos aonde ficava a jaula dos raptores.  Owen parou de forma brusca e desceu do carro parecendo muito irado, nem ao menos se deu ao trabalho de fechar a porta. 

Descemos eu e Claire logo em seguida, sentindo o mesmo que Owen.

— O paizão finalmente chegou...— começou Hoskins todo animado e Owen o surpreendeu com um soco na cara. Apesar de eu não aprovar violência, ele mereceu. 

— Se manda daqui e fica longe dos meus animais — disse Owen com um tom de voz autoritário.

— Hoskins você quis que isso acontecesse — disse Claire, o xingando em seguida. 

Fiquei o tempo inteiro atrás deles, apenas esperando a minha hora. 

— Oh meu Deus! — exclamou Hoskins fingindo estar indignado. — Quantas pessoas mais vão ter que morrer para que essa missão faça sentido?

— Não é uma missão — disse Barry se aproximando. — É um teste de campo.

— É uma urgência da engenha agora — disse Hoskins. 

— Você não pode fazer isso — disse Owen. 

— E por que não? O dono do parque morreu por causa de animais que não puderam ser contidos. Eu quem tô no comando agora — disse Hoskins, apontando para si mesmo.

— Não é não — eu falei, me aproximando. 

— E quem é você? — perguntou Hosnkins.

— Sou Cassie Masrani Miller, sobrinha do falecido Simon Masrani e a nova dona deste parque — falei com autoridade. Hoskins pareceu ficar muito surpreso e um sorriso discreto apareceu em meu rosto. Ele com certeza não esperava por aquilo. 

— Você ouviu Hoskins — disse Owen se aproximando e ficando ao meu lado. — O parque tem uma nova dona agora. 

Hoskins pareceu não saber o que fazer.

— Bom — ele olhou para mim. — Você pode até ser a sobrinha do dono, mas foi o próprio conselho quem aprovou essa missão e me deixou no comando. 

Meu sorriso se desfez.

— Esse parque pode ser seu, mas por hora você não tem autoridade nenhuma — disse ele, aproximando o rosto do meu. Permaneci ereta, sem nunca demonstrar fraqueza. 

Hoskins suspirou. 

— Vão mandar alguns navios pra cá amanhã bem cedo, todos vão ser retirados e vai passar no noticiário como vocês salvaram este parque. Não, melhor, como os seus animais salvaram este parque — disse ele. 

Owen e eu nos olhamos, pensativos.

— Nunca saíram da contenção. É loucura — disse Barry. Ele tinha razão, mas tinhamos que fazer alguma coisa. 

— Vamos sair logo! — gritou Hoskins para o seus homens e se virou para nós. — Olha, sinto muito pelo o que aconteceu com o seu tio. Sério, foi muito triste e admiro sua determinação em querer comandar tudo — a cada palavra sua meus olhos se estreitavam, pois sabia que era mentira. — Mas essa missão vai acontecer, com ou sem vocês.

Meu coração acelerou. Eu simplesmente não sabia o que fazer e qual decisão tomar.

Hoskins saiu e nos deixou. 

— E agora? — perguntou Claire para nós dois. 

Owen e eu nos olhamos. 

— Talvez devessemos concordar — comentei, incerta. 

— Não sei se é o certo — disse Owen. Olhei para baixo, pensando em uma solução. — Olha Cassie, o que você decidir eu vou apoiar.

Me senti feliz por seu apoio. Por que era tão difícil tomar decisão sobre este parque? Mais uma vez lembrei das palavras de meu tio. Era uma decisão difícil, porém eu tinha que tentar. 

— Vamos fazê-lo. — respondi. — Mesmo achando isso uma loucura é melhor do que deixar os raptores sozinhos com estes homens.

— Nisso eu concordo com ela — comentou Barry. — Eles não são nem um pouco confiáveis e podem acabar fazendo mal a eles. 

— Então estamos de acordo? — perguntei a Owen. O mesmo olhou para Claire e depois olhou de volta para mim, balançando a cabeça. 

— Estamos — respondeu. 

Abri um pequeno sorriso em sua direção. Owen chamou Hoskins para que conversassemos. 

— Decidimos que vamos ajudar — disse Owen. Hoskins abriu um sorriso.

— Ótimo! 

— Porém com uma condição — falei, o fazendo me olhar. — Vai nos deixar comandar essa missão. O plano a ser executado será o nosso e as ordens também. 

Hoskins não pareceu ficar muito contente com com a aquilo, mas mesmo assim aceitou. 

— Você está ficando cada vez melhor nas negociações, Cassie — sussurrou Owen para mim, enquanto Hoskins nos guiava até a sala de reuniões. 

— Obrigada  — sussurrei de volta. 

Chegamos na sala cuja a entrada era aberta como a de um estacionamento, então era possível ver tudo. Uma mesa de centro e várias pessoas ao redor. Ao centro da mesa pude ver um grande mapa do parque. 

— Pessoal, estes são Owen Grady e Cassie Masrani. Eles vão comandar a missão — disse Hoskins e se virou para nós. — Esta são minha equipe.

Acenamos com a cabeça em sinal de cumprimento. Nos aproximamos da mesa. Owen começou, apontando em um ponto especifico no mapa.

— Sabemos que ela está no setor cinco. Isso é um jogo que chamamos de esconde-esconde, eles vão farejar. Fizemos isso mil vezes com esses animais — disse Owen. 

— Quando chegarem ao alvo e vão chegar — comecei tomando a palavra. — Esperem para atacar. Raptores são caçadores, eles gostam de cercar o animal para poder mata-lo. 

— E é aí — iniciou Owen, olhando para mim e depois os homens. — Que nós vamos atacar com tiro certeiro. Esperem a nossa ordem e podem atacar com tudo. Temos um alvo. Não atirem nos meus raptores, por favor.

Os homens de Hoskins fizeram que sim com a cabeça em sinal de que haviam entendido. Encerramos a reunião por ali e saímos da garagem. 

Owen e eu fomos até onde os raptores estavam presos, para prepara-los. Fui até Blue e comecei a acaricia-la. 

— Foi muito bem lá Cassie — disse Owen, se aproximando.

— Não foi nada. Foi você quem deu as ordens mesmo — falei, dando um sorriso desanimado, enquanto me concentrava em acariciar Blue.

Senti Owen me olhando por algum tempo, em silêncio.

— Você tá sofrendo, não tá? — perguntou ele. Fiquei séria, me forçando a não deixar que as lágrimas viessem. — Pode conversar comigo Cassie.

Fiquei alguns segundos calada, me concentrando para não chorar.

— Eu só...— minha voz sai tão baixa que tive que parar, respirar e tentar de novo. —Eu só queria que ele estivesse aqui. 

Olhei para Blue e depois para o chão.

— Tudo seria tão mais fácil se ele estivesse aqui — olhei ao redor, me referindo a tudo o que iriamos fazer em alguns instantes. — Não precisaríamos fazer este teste de campo. Usaríamos as armas e acabaríamos com isso. 

Olhei para Owen que escutava tudo atentamente. Seus olhos transmitiam pena e aquilo apertou o meu coração.

— Eu não vou consegui Owen — admiti, deixando uma lágrima escapar. Olhei para Blue e até a mesma parecia escutar tudo como se entendesse. Mais lágrimas vieram e desta vez não consegui controlar.  — Não vou conseguir fazer isso. Eu não sou uma líder. Eu não vou conseguir...

— Ei, presta atenção em mim! — disse Owen, pegando o meu rosto com as duas mãos, me forçando a olha-lo. — Você é forte Cassie. Você foi criada em meio aos dinossauros e conseguiu treinar raptores com apenas doze anos. Você se tornou assistente chefe de um dos parques mais ricos do mundo com apenas dezesseis...

— Mas meu tio estava vivo, Owen— o interrompi. — Ele era o meu apoio, ele acreditava em mim.

— Eu também acredito em você Cassie — disse Owen. Olhei dentro dos seus olhos. —Não só eu, mas Claire, Barry, os garotos Zach e Gray, Lowrey e Vivvian. Todos nós acreditamos em você.

— Eu só queria entender porque de Deus ter deixado isso acontecer. — falei entrei as lágrimas. —  Meu tio era um homem bom, ele nunca quis prejudicar ninguém. Era eu quem deveria ter...

— Não! — Owen me abraçou. — Não fala nada.

Devolvi o abraço, enquanto chorava. 

— Me escuta Cassie — Owen me afastou após alguns segundos e segurou minhas mãos. — Foi você quem me ensinou a não desistir em meio as dificuldades. Foi você quem me ensinou a sempre pensar positivo. Reconheço que não tenho sido muito fiel a Deus ultimamente, mas você...você é nossa inspiração.  Você sempre demonstrou sua fé e ela inspirou muitas pessoas a serem melhores, e uma delas fui eu. 

Owen passou a mão pela minha bochecha, limpando minhas lágrimas com um olhar paterno.

— Você não é só a sobrinha do dono de um parque temático. Você é Cassie Masrani Miller. Uma líder, uma inspiração. Você não é só a garota religiosa, mas é um exemplo. É a garota que sempre sorrir e que sempre tem conselhos. Sua fé é nossa esperança. Você é a nossa esperança, Cassie.

Fiquei calada, escutando tudo, agora emocionada por suas palavras.

— Cassie, se você não tem fé de que vamos conseguir, estaremos perdidos. — admitiu Owen. — Já ouvi dizer que Deus tem mensageiros aqui na terra e agora eu vejo isso. Você é uma deles e precisamos da sua fé para nos ajudar. 

Abri a boca para falar, mas tudo o que consegui foi tomar folego. 

— Você está tão acostumada a ajudar os outros que esquece que também precisa de ajuda. — Ele me analisou. — Me promete uma coisa.

— O que? 

— Que vai deixar.

— Deixar o que Owen? — questionei não entendendo. Ele me observou antes continuar.

— Que vai nos deixar te ajudar — concluiu. — Que não vai sofrer sozinha. Que vai nos chamar para conversar quando precisar e vai dizer quando precisar de ajuda. 

Pensei por alguns instantes.  Eu não gostava de me abrir daquela forma, eu não gostava de dar trabalho. Mas eu sabia que se eu não respondesse, Owen não ficaria satisfeito.

— Eu prometo — respondi. Owen abriu um sorriso. 

— Que bom! Agora me dá um abraço — disse me abraçando. Envolvi seu corpo nos meus braços e descansei minha cabeça em seu peito, me sentindo grata por tudo.

— Owen! — escutamos alguém chamar. 

Me soltei dele e tratei de enxugar as lágrimas do meu rosto. Me virei e vi que eram Gray e Zach encostados na grade. Nos aproximamos deles.

— Estão seguros? — perguntou Gray, se referindo aos raptores.

— Não, não estão — respondeu Owen.

Percebi que Zach estava me encarando e lhe lancei um pequeno sorriso, e o mesmo retribuiu.

— Qual o nome deles? — perguntou Zach se referindo as raptores.

— Charlie, Echo, Delta e Blue — falei, mostrando cada um com o dedo. — Blue é a beta.

— Quem é o alfa? — quis saber Gray.

— Tá olhando pra eles, garoto — respondeu Owen, passando o braço por cima do meu ombro. Os garotos sorriram.

Senti uma ardência no meu abdome e lembrei da ferida que o pterodáctilo havia feito. Me afastei de Owen de forma que o mesmo não desconfiasse que havia algo errado.

— Cassie — Zach me chamou. Olhei para ele, com medo de o mesmo tive visto alguma coisa. — A gente pode conversar?

— Claro! — aceitei. 

Sai da jaula e Zach se achegou ao meu lado. Começamos a andar pelo terreno.

— Tudo bem? — ele perguntou.

Balancei a cabeça, concordando. Era claro que eu não estava bem, mas deixar isso evidente só iria piorar tudo.

— Bem, eu queria te agradecer, sabe...por ter salvo a gente — começou Zach. 

— Não precisa agradecer — eu disse. 

— Precisa sim — disse ele e fiquei surpresa por sua insistência. — Eu e Gray não teríamos conseguido sem você.

Parei de andar ficando de frente para ele.

— Você e Gray são espertos e inteligentes, tenho certeza de que teriam conseguido — tratei de dizer.

— Mesmo assim. Obrigado — disse Zach com as mãos nos bolsos de sua calça. Não falei nada e apenas dei um breve aceno com a cabeça, aceitando os agradecimentos.

— É...eu não queria me intrometer, mas eu vi você conversando com o Owen e as coisas não pareciam muito bem — disse.

Encarei seus olhos castanhos por uns segundos antes de falar.

— Eu perdi meu tio Zach — minha voz saiu fraca. — Eu perdi a pessoa que eu mais amava nessa terra. Owen apenas queria me ajudar.

— Eu sei — ele pegou minhas mãos. — Me desculpa, eu não queria parecer ignorante. Você tá sofrendo e eu aqui fazendo perguntas óbvias.

— Não — fiz um gesto com a mão. — Não tem problema. É que, eu não sou muito de me abrir com as pessoas. Eu gosto de cuidar delas, porque isso me faz bem. 

Zach ficou me encarando por alguns segundos e pude ver um brilho diferente neles. Algo que sei que já vi antes, porém desta vez estava mais forte.

— Você é tão incrível, Cassie! — disse ele, passando a mão de forte delicada atrás da minha orelha. — Eu tô impressionado. Você é forte e corajosa. 

Percebi que o mesmo começou a se aproximar. 

— Tão...

A ferida em meu abdome começou a arder e a dor aumentou. Minha respiração começou a ficar descontrolada.

— Cassie, tá tudo bem? — perguntou Zach, preocupado. 

Minha vista começou a ficar turva.

— Você tá pálida — escutei Zach dizer. — Cassie, você tá sangrando!

Senti minhas forças indo embora e acabei cedendo. Senti Zach me segurar para não cair, enquanto gritava por ajuda.

— Alguém, por favor nos ajude! 

Zach me colocou no chão com a cabeça apoiada em seu colo.

— Oh meu Deus! — escutei a voz de Claire. 

— Cassie! — Owen chegou até nós e se ajoelhou. Vi Gray e Barry também se aproximarem.

— O que aconteceu?  — escutei a vozinha de Gray perguntar.

Owen levantou a minha camisa na parte do abdomem e ficou surpreso ao ver a quantidade se sangue que manchava o esparadrapo. Ele desenrolou o mesmo e ficou perplexo ao ver a gravidade dos ferimentos. Mas marcas das garras eram bem evidentes e pareceu assustar todos a minha volta. 

— Tragam o kit de primeiros socorros! — gritou Claire e vi que a mesma estava quase chorando.

— Você prometeu Cassie — disse Owen, seus olhos transmitindo tristeza. — Prometeu que nos deixaria ajudar.

Uma lágrima rolou pelo meu rosto, tamanha a decepção que eu estava sentindo de mim mesma. 

Vejam só quem voltou!!! Sentiram saudade? Se sentiram, respondam viu!

O que acharam? Não esqueçam de deixar a estrelinha e de comentar bastante, kkkk.

Bom, a minha intenção não ter voltado agora, pois estou escrevendo um livro do Homem-Aranha e por conta da escola quase não tenho tempo para escrever. Porém, este bebê ganhou em outro concurso e isso me deu inspiração para escrever. Infelizmente não sei quando teremos outro capítulo, porém vou tentar postar logo.

Muito obrigada, você que leu. Deus te abençoe!

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