Algumas horas depois. Em algum lugar da floresta.

Uma brisa gelada percorria a floresta naquela madrugada e apenas o som dos galhos das árvores era ouvido, com cuidado e atenção a Bruxa da Rosa Azul colhia algumas ervas e também alguns frutos que estavam em uma árvore perto de uma região de campina.

Enquanto colhia as coisas e guardava em um bolsão de magia, um corvo pousou no galho de uma árvore atrás de Safira. Quando notou a criatura Safira parou o que estava fazendo e ficou seria, mas sem olhar para trás. Safira havia notado que a criatura emitia uma aura mágica estranha.

- Está uma bela noite não é mesmo? – questionava o corvo olhando a paisagem em volta.

- O que quer aqui? Ficou cansado de sua brincadeira na mansão que precisou mandar um familiar para me observar? – questionava Safira demonstrando um pouco de irritação.

- Engraçada como sempre... Vejo que mesmo depois de anos você não mudou nada... – respondia o corvo que exibia a voz de Park.

- Responda... O que quer? – questionava Safira novamente onde uma gota de suor escorria de seu rosto.

- Eu senti sua presença na floresta e resolvi conversar... Você sabe que não da pra ficar gastando energia demais, e eu sou uma pessoa cautelosa, toda força poupada será útil no futuro próximo. – respondia Park.

- Você não está sozinho nessa não é? – perguntou Safira dando uma leve olhada para trás.

- huhuhu... Quem sabe... Talvez sim, talvez não... As possibilidades são infinitas... Mas o fato de termos "estrangeiros" nessa dimensão esquecida por muitos é no mínimo curioso... Como será que elas vieram parar aqui? – se perguntava Park num tom de voz alegre.

- Eu devolvo essa pergunta a você... O jeito que elas lutaram... Aquilo não era magia... Suas habilidades são diferentes... São estranhas... E o modo como se vestem... O tempo passou do lado de fora... – afirmou Safira.

- Realmente... Pode-se dizer que somos os últimos magos de um tempo a muito esquecido... Porém suas habilidades, seus poderes estranhos são a fonte que me levará para fora daqui... Elas são a luz que eu tanto buscava, o meu passaporte... – disse Park deixando escapar uma leve risada.

- Você não vai conseguir escapar daqui... Eu não vou deixar Park! – alertava Safira.

- Hahahaha... Acha que vocês oito vão conseguir me impedir? Eu vou tomar seus poderes, recuperar minha força perdida, ficar mais forte e quebrar o selo que me prende aqui... – afirmou Park.

- Como eu disse, eu não vou permitir... Não posso deixar que a terra sofra com suas atrocidades... Park, nós vamos acabar com você... Afinal não é só você que tem um plano... Eu tenho uma carta na manga. – retrucava Safira dando um sorriso de canto.

- Ora, ora, ora, Interessante... Pois bem... Veremos quem irá vencer... Eu ou vocês... Saiba Safira que eu vou encontra-las... E não será sua magia que irá me impedir... – terminava de dizer Park enquanto o corvo voava para longe.

Safira se irritou e com sua magia das sombras se envolveu na escuridão sumindo do local onde estava.

Esconderijo de Safira.

Havia se passado algumas horas desde que as Seven Dreamers haviam sido resgatadas de dentro da mansão. Todas estavam descansadas e seus ferimentos já não eram um grande problema, no entanto as sete amigas estavam sozinhas naquele lugar estranho.

Enquanto algumas estavam sentadas no chão, Siyeon e Dami investigavam os desenhos na parede daquele lugar. Ambas observam bem os desenhos de pessoas, algumas sendo camponeses, outros carregando armas e algumas até mesmo usando suas habilidades. Em outra parede a caça as bruxas também era mostrada e representada por diversos desenhos.

- Isso parece muito com o as inscrições antigas do Egito. – afirmava Siyeon.

- É verdade... É até aterrorizante pensar que algo assim aconteceu... – disse Dami.

Enquanto isso, Bora que folheava um livro acabou entrando na conversa também.

- Parece que... Esse livro conta como a magia acabou depois que a última bruxa caiu... Vendo isso é até difícil acreditar que já existiam poderes na era antiga antes da nevoa cósmica cobrir o planeta anos atrás... – afirmava a mulher.

- É verdade... Você encontrou algo mais de interessante que esse livro conta? – perguntava Gahyeon.

- Bom... Até o momento nada mais além daquilo que já nos foi dito... – Respondia Bora. – Têm informações de feitiços, uma tabela com composições de remédios, alguns registros de criaturas, vegetação, mas fora isso... – concluía Bora dando um longo suspiro e fechando o livro em seguida.

- Acham que devemos confiar nela? Na Safira? Mesmo que a história seja verdade acho muito arriscado... – perguntava Yoohyeon com preocupação estampada em seu rosto.

- Eu concordo com a Yoohyeon... Isso tudo pode ser uma armadilha... Podemos estar lidando com um número maior de inimigos e nem sabemos. – dizia Dami preocupada.

- Eu concordo com vocês, confiar nela é arriscado principalmente nesta situação em que estamos, mas... Não temos escolha... Ela é nossa única "aliada"... E pelo que deu a entender a única que sabe como sair daqui. – respondia JiU se levantando e se alongando.

- Espero que ela realmente tenha respostas quando voltar... Não gosto desse lugar nenhum pouco... – dizia Handong olhando brevemente para Gahyeon que desviou o olhar rapidamente.

- Dystopia... Quem diria que existiria mesmo outra realidade diferente da nossa. – disse Siyeon observando a figura de um olho na parede, onde logo abaixo havia uma árvore com muitos galhos. De todas as figuras na parede aquela com certeza chamou a atenção de Siyeon. – O que será isso? – se perguntava a mulher analisando tudo com cuidado.

- Essa é Yggdrasil. – respondia uma voz ecoando no local.

De repente perto do altar a figura de Safira se revelou através das sombras deixando Siyeon surpresa pela resposta. Safira caminhou até a mesa onde colocou as frutas e as ervas que colheu no caminho.

Logo depois ainda sem dizer uma só palavra a bruxa pegou algumas facas em seu armário assim como alguns copos. Safira preparava uma refeição cortando as frutas com cuidado. Depois de alguns minutos Safira usou sua magia para distribuir as frutas cortadas entre todas.

- Você não vai dar uma de bruxa má da branca de neve agora vai? – perguntava Dami deixando Safira sem entender nada.

- Comam... Não se preocupem... Não são venenosas ou algo do tipo. – dizia Safira ignorando a pergunta e demonstrando estar um pouco cansada.

Gahyeon foi a primeira a dar uma mordida e ao ver que possuía um gosto muito similar a uma maça, Gahyeon indicou para todas comerem. Após a breve refeição Safira começou a guardar as ervas que colheu e distribuiu água que havia em alguns refis dentro de outro armário.

- Acho que já podemos retomar de onde paramos não é? – perguntou JiU.

- O que você quis dizer com essa árvore ser Yggdrasil? – perguntou Siyeon curiosa com a resposta.

- E qual o caminho para voltarmos? – questionou Dami.

Safira olhou para cada uma, respirou fundo se mantendo concentrada e então respondeu com calma e tranquilidade:

- Uma coisa de cada vez... Primeiro vocês já devem ter notado que os desenhos representam a era antiga que mencionei... E essa árvore... Vocês a conhecem como a Yggdrasil a árvore do mundo da mitologia nórdica... É dito nas lendas e mitos contados desde antigamente que seus galhos se estendem conectando os nove reinos desde Midgard a terra, até a lendária Asgard, se ligando através do cosmos. Mas segundo os registros de algumas bruxas é dito que alguns galhos se estendem para outras dimensões como é o caso de Dystopia... Nós bruxas sempre acreditamos nas lendas de que Yggdrasil existia, nós estudávamos suas características e seus elementos para quem sabe um dia nós pudéssemos explora-la... Uma fonte de poder mágico que conectava os mundos de maneira perfeita e equilibrada... Durante uma das minhas investigações nesse mundo do qual estamos eu a encontrei... Eu consegui determinar sua localização... Ou melhor, a localização de um de seus galhos em forma de árvore... Porém para garantir que Park não soubesse de sua existência eu coloquei uma magia de camuflagem para esconde-la... – concluía Safira.

- Espera... Você disse que ela conecta os mundos então... – afirmou Gahyeon parando para analisar.

- É isso mesmo, ela é sua passagem para fora daqui... – concluía Safira deixando todas animadas.

- Então só basta chegarmos até a árvore sem que o Park consiga nos pegar. Vai ser moleza. – dizia Dami empolgada.

- Se fosse eu não estaria mais aqui em Dystopia. – retrucava Safira deixando o clima um pouco tenso novamente. - Para acessar a árvore é preciso atender a certas condições... Eu tentei, tentei, tentei muitas vezes e não consegui. – concluía Safira.

- Mas por quê? – perguntou JiU.

- Eu disse anteriormente... Eu usei toda minha magia só para manter Park preso aqui nesta dimensão, por isso não tenho energia para acessar a árvore, mas... Através de alguns estudos, eu descobri um meio de acessar a árvore e sair de Dystopia... Um poder ocular que permitira guia-las para fora daqui, navegando pelos galhos da árvore até a dimensão de vocês sem que se percam pelo espaço-tempo dimensional... Eu não consigo usa-la por questões já ditas, mas vocês podem ter uma chance... – respondeu Safira conjurando um feitiço, onde a figura de uma árvore surgiu no meio da mesa acompanhada de um olho.

- Então só temos que aprender a usar essa coisa... Esse... Tal poder ocular do qual falou... – dizia Siyeon.

- Isso sem aquele idiota do Park descobrir o que estamos planejando. – afirmou Handong cruzando os braços.

- Ele será um inimigo formidável... Não vai deixar vocês saírem daqui facilmente... Acredito que agora que ele saiba sobre vocês, assim que saírem daqui e pisarem na floresta, ele descobrira... – dizia Safira.

- E se isso acontecer e ele nos seguir toda o esforço para mantê-lo aqui será em vão. – analisava JiU.

- Então só precisamos derrota-lo... – sugeriu Bora apertando os punhos.

- Boa ideia... Ainda não engoli aquela surra que ele deu na gente. – afirmou Dami um pouco irritada.

- Mas como? Vocês nem sequer tiveram chance contra ele! Além disso... Corre o risco de vocês serem capturadas, então... O que garante que dessa vez vocês vão conseguir? – questionou Safira ficando um pouco aflita.

- Por que dessa vez iremos trabalhar juntas... Afinal somos as Sevem Dreamers... Não nos tornamos heroínas para termos medo de qualquer inimigo... Se ele for forte sozinho, seremos ainda mais fortes juntas. – dizia JiU enquanto todas concordavam com suas palavras.

- E se falharem? – perguntava Safira.

- Nós cairemos juntas também... – respondia JiU com muita seriedade.

- Vocês são tão determinadas... O mundo realmente mudou para ter pessoas como vocês... – dizia Safira impressionada com as falas de JiU.

- Sim, não vamos sair daqui sabendo do perigo que pode cair sobre nosso mundo atual. – disse JiU.

- Falando nele... Por que será que perdemos nossa memória assim que chegamos aqui? – questionou Siyeon.

- Eu me lembro de fragmentos... Mas é tudo muito bagunçado em minha cabeça. – dizia Handong.

- Eu... Posso ajuda-las... Acredito que atravessar a dimensão até aqui tenha causado esse pequeno efeito colateral... Eu conheço um feitiço simples... Que pode recuperar suas mentes... Por favor, se reúnam... – dizia Safira enquanto todas ficavam em volta da mesa.

Assim que se reuniram, as meninas notaram que Safira estava começando a ficar ofegante, seu rosto estava um pouco pálido e isso preocupava as garotas de certa forma.

De repente um circulo mágico se formou entre elas brilhando com uma forte cor azul onde pequenas linhas de energia surgiram ligando seus cérebros. As linhas brilharam fortemente e todas as sete mulheres sentiram suas mentes se conectando, permitindo assim que a memória antes do ocorrido retornasse.

Ao mesmo tempo e sem que notassem de imediato, Safira caia no chão desacordada.