❐ 𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝗧𝘄𝗼 ➶







Distrito 9 ㅡ Colheita, uma semana antes dos Jogos

Artemisia odiava sua vida. Odiava sua casa. Odiava sua madrasta. Odiava suas meias irmãs. Odiava seu pai. Ela odiava bastante coisa.

Lá estava a garota, fugindo de sua amaldiçoada vida. Será que aquilo era karma? Ela não tinha feito mais a nem uma formiga durante toda sua vida.

Mas isso não mudava o fato de que Art acabará de descobrir que seu pai havia prometido sua mão em casamento para um pé rapado do Distrito 6.

Ela odiava quando Neal tentava controlar sua vida. Artemisia era alguém teimosa, odiava ser contrariada. E quando alguém decidia algo por ela, a garota virava o próprio cão.

As lágrimas mal escorriam pelo seu rosto, já que o vento forte as levavam embora. O cavalo galopava rápido pelas plantações de cevada do nono distrito, e Artemisia pulava em cima dele.

Danvers se perguntava por que aquilo estava acontecendo. Por que seu pai teve que fazer aquilo? Seria tudo tão mais fácil se a mãe da garota tivesse ali para ajudá-la.

De repente o cavalo parou. Artemisia se agarrou as rédeas, tentando desesperadamente se manter em cima do animal. Ela olhou em volta: eles haviam saído do mar de plantas.

Artemisia cavalgou tão rápido que nem percebeu que ja tinha saído dos territórios da fazenda do pai e parado na parte central do distrito.

Mais a frente alguns jovens, garotos e garotas, formavam uma fila indiana na frente de um pacificador. Artemisia se lembrou de qual dia era.

Ela apeou do cavalo e saiu correndo até o pacificador, furando a fila. Os jovens não reclamaram, quanto mais tempo pudessem ficar longe daquele soldado, melhor.

ㅡ Quero tésseras! Coloca meu nome quantas vezes puder! ㅡ A garota exclamou arrancando a caneta da mão do pacificador e começando a escrever seu nome várias vezes em alguns pedaços de papel, dobrar de qualquer jeito e jogar dentro da urna ao lado do guarda.

ㅡ Você não pode fazer isso! ㅡ O pacificador exclamou levantando de sua cadeira e dando um tapa no rosto de Artemisia.

O golpe pareceu trazer a garota de volta a realidade. Ela percebeu que o que estava fazendo era suicídio. A garota suspirou, porém a merda já estava feita. Antes que o pacificador pudesse fazer qualquer outra coisa, Art pegou a urna e balançou, agora era impossível que o guarda tirasse os papéis com o nome da garota.

Agora a rica menina do Distrito 9, filha do maior dono das fábricas de grãos de Panem, estava com seu nome jogado dentro da urna dos Jogos Vorazes umas dez vezes a mais que os outros jovens. Ela tinha fodido seu destino.

Distrito 5 ㅡ Colheita, uma semana antes dos Jogos

Hazel acabara de acordar de uma ótima noite de sono. Nada poderia estragar aquele belo dia. Ela abriu as janelas do seu quarto ㅡ a casa da garota possuía dois pisos, e os quartos ficavam no de cima ㅡ, e sentiu a brisa fresca da manhã.

Ela observou sorridente as pessoas que andavam pelas ruas, tentando entender o porquê da maioria estarem assustados. O quinto distrito não era um lugar ruim para se viver, o lugar era o terceiro distrito mais rico de Panem, perdendo apenas para o 1 e para o 2. As pessoas tinham uma ótima condição de vida, e a pobreza era extremamente escassa. Então por que as pessoas estavam temerosas?

De repente, para estragar o maravilhoso dia de Hazel, e para lembrá-la da data nada festiva, a voz da mãe da garota ecoou pela casa.

ㅡ Hazel! Acorde logo! Precisa se arrumar, hoje é o dia da Colheita.

Pronto, Hazel entendeu o motivo dos cidadãos estarem com medo. Era o pior dia do ano, o dia em que dois jovens de cada distrito eram sorteados para participar dos Jogos Vorazes. Porém, aquele ano era diferente, naquele ano quatro jovens iam ser escolhidos para a carnificina.

Hazel tomou um banho rápido, se trocou, arrumou seu quarto e desceu as escadas. Assim que entrou na cozinha, ela encontrou seu pai sentado na cadeira da ponta da mesa, comendo uma fatia de pão com geleia de morango, lendo um jornal. Suas irmãs, Karen e Miriam, sentadas uma ao lado da outra, estavam trajando vestidos, um azul e o outro amarelo. Os cabelos, penteados com perfeição, brilhavam e tinham uma aparência mais macia do que algodão.

Hazel se sentou numa das duas cadeiras vazias. A mãe da garota terminou de colocar as comidas na mesa e se sentou ao lado dela.

ㅡ Karen, querida, está radiante! Fiquei sabendo que abriram vagas lá na empresa, não quer tentar? Vai que eles te contratam. ㅡ A mãe de Hazel tomou um gole de café enquanto falava com sua primogênita.

Hazel revirou os olhos, sabia que se Karen quisesse, a mãe iria colocar ela dentro da empresa. A mulher era analista de sistemas e tinha bastante influência.

ㅡ E você, Hazel? Dormiu bem? ㅡ O pai da garota tirou o olhar da folha de jornal. Hazel assentiu.

ㅡ Sim, eu tive uma ótima noit...

ㅡ Mãe, será que eu vou ser escolhida? ㅡ Indagou Miriam cortando a fala da irmã. Hazel odiava quando a caçula fazia isso, algo que era frequente. ㅡ Para os Jogos Vorazes desse ano, sabe?

Hazel riu alto. Imaginar a irmã correndo na arena gritando pelo nome de sua mãe era uma ótima cena.

ㅡ Não diga uma coisa dessas, Miriam! E outra, o povo do distrito jamais iriam te escolher, você é um doce!

ㅡ Eu acho bem capaz da Hazel ser escolhida. ㅡ Karen mordiscou uma fatia de pão, limpando o canto da boca com o dedo. ㅡ Quer dizer, com essa chatice toda dela, não duvido nada que ela seja uma das felizardas.

ㅡ Pelo menos eu sobreviveria bem mais que você, anta! ㅡ Hazel mostrou o dedo do meio para Karen, que fez cara feia.

A mãe das garotas deu um tapa na mão de Hazel.

ㅡ Não faça gestos obscenos na mesa! E outra, você não consegue nem sair de casa sem a minha ajuda ou a de seu pai, quem dirá ficar viva num Jogos Vorazes.

Hazel suspirou e bebeu um gole do café. Seu dia mal tinha começado e já estava um inferno. Mas algum dia ela ia provar pra mãe que poderia fazer alguma coisa sem ela. E talvez aquele dia estivesse mais próximo do que nunca.

Distrito 2 ㅡ Colheita, uma semana antes dos Jogos

Anthony folheava um livro que já havia lido umas duzentas vezes. Ele suspirou, fechou o livro, e o guardou em sua enorme estante.

ㅡ Acho que vou ter que ir na Capital comprar mais. ㅡ Disse para si mesmo enquanto saia de perto da estante e ia até a cozinha.

A casa na Vila dos Vitoriosos era enorme, mais do que ele precisava. No começo, logo após sua vitória, a mãe e o irmão de Anthony viviam com ele. Mas agora ambos estavam mortos, e a casa havia perdido sua alegria e adquirido um silêncio assustador.

Anthony deu a volta em sua mesa de jantar e abriu a geladeira. Garrafas de cerveja e vodca dominavam as prateleiras. Ele pegou uma, destampou e começou a beber.

O álcool, apesar do que todos dizem, tinha sido sua salvação. Foi naquele vício que o homem conseguiu esquecer de seus terríveis pesadelos na arena.

Anthony enxergava que a bebida também havia o transformado em mais um bêbado que as pessoas preferiam ficar longe, mas ele não ligava. Pessoas não eram algo que ele fazia muita questão de ter por perto.

Quando saiu de seus pensamentos, percebeu que a garrafa já estava vazia. Pegou outras duas cervejas e voltou a beber.

De repente, tirando Anthony de sua calmaria, batidas na porta ecoaram pela casa.

ㅡ Quem é? ㅡ Gritou o homem deixando as garrafas na mesa e andando até a porta. Ele abriu e se deparou com uma criatura de cabelos rosa, delineado azul e sobrancelhas roxa.

ㅡ Bom dia senhor Anthony Abernathy. ㅡ A voz da mulher era extremamente aguda e alta. Aliás, aquilo era uma mulher ou um homem? Anthony não fazia ideia. ㅡ Me chamo Donatella, sou da Capital, me mandaram vir aqui buscar o senhor.

Anthony arqueou a sobrancelha, por que a Capital mandou alguém para o buscar?

ㅡ Perdão, acho que não entendi direito. Por que te mandaram aqui... Moça?

ㅡ Ora, hoje é o dia da Colheita! O senhor precisa comparecer, já que será o mentor dos tributos desse ano!

Anthony se engasgou com o ar que respirava. Ele tinha esquecido completamente da Colheita. Ele tinha esquecido que seria o mentor do ano.

O homem suspirou. A última coisa que ele queria era saber que duas vidas dependiam dele, e pra piorar tudo, ele fora escolhido mentor bem para o ano que quatro jovens estariam em suas mãos.

Distrito 11 ㅡ Colheita, uma semana antes dos Jogos

Willow caminhava sorridente pelas precárias ruas de terra do Distrito 11. Ela segurava suas irmãs mais novas em cada uma de suas mãos.

As três crianças estavam vestidas com suas melhores roupas: Willow usava um vestido amarelo com estampa florida que já começava a ficar pequeno, Leandra, a irmã do meio, trajava um macacão jeans que ganhou numa doação de roupas da filha do prefeito, e Kiara, a caçula, um vestido xadrez que batia em seu tornozelo de tão grande.

ㅡ Kiara, levante o vestido! ㅡ Advertiu Will. A garota não queria que a poeira do chão sujasse as roupas que sua mãe se esforçou tanto para manter limpas. Já não bastava os pés das meninas estarem vermelhos por causa da terra.

Assim que chegaram na praça do distrito, o cenário mudou. As ruas passaram a ser asfaltadas, pessoas estavam amontoadas em volta de um enorme palco, e dois telões foram montados em cima de estruturas metálicas.

Willow fez o cadastro dela. A pequena Montgomery tentava entender o motivo disso, já que fora anunciado que a edição daquele ano não ia ter Colheita, mas sim que os cidadãos de cada distrito decidiriam qual jovem mandariam para a arena.

As três irmãs adentraram a multidão de jovens que ficava mais próximo ao palco, Willow apertou a mão de Leandra e Kiara quando um homem subiu ao palco, atrás dele estavam os vitoriosos do Distrito 11.

ㅡ Will! Olha! ㅡ Kiara apontava para a filha do prefeito, que segurava um ursinho de pelúcia em suas mãos. ㅡ Você compra um daquele pra mim quando a Colheita acabar?

Kiara tinha um enorme sorriso em seu rosto, e seus olhos brilhavam. Por mais que soubesse que não conseguiria fazer aquilo, Willow assentiu com a cabeça.

De repente, o homem no palco começou a falar. Seu cabelo e terno dourados já chamavam bastante atenção, mas a voz grossa deu um susto em todos.

ㅡ Bem vindos, damas e cavalheiros, para a quinquagésima Colheita dos Jogos Vorazes! Me chamo Klarin

O homem continuou a falar, recitando o velho discurso que Will escutou durante toda sua vida, e que provavelmente iria continuar a ouvir. Klarin contou a história dos Dias Escuros, dos Jogos Vorazes, e de por que a edição cinquenta ser tão comemorativa.

ㅡ Para lembrar aos distritos que, para cada cidadão da Capital que morreu, dois rebeldes levaram bala, esse ano o dobro de tributos irão para a arena. E ainda, uma adição especial feita pelo próprio presidente Snow! Apenas um moço e uma moça serão escolhidos pelo distrito, a outra dupla vai ser sorteada!

O chão de Willow caiu. O medo invadiu sua mente. A garota achou que sua primeira Colheita seria tranquila, já que era óbvio que não iriam escolher ela. Mas agora existia um sério risco do papel com seu nome ser sorteado.

ㅡ Avoxes, por favor! ㅡ Dois homens trajando uniformes semelhante aos dos pacificadores, porém cinza, subiram ao palco segurando globos de vidros lotados de papéis e se prostraram um em cada lado de Klarin. ㅡ Primeiro as damas.

Willow apertou firme as mãos de suas irmãs, torcendo pra que o nome dela não fosse sorteado. Klarin andou até o globo da direita, enfiou sua mão e puxou um papel.

ㅡ A felizarda desse ano será... Willow Montgomery!

As pernas de Will ficaram bambas, ela abraçou fortemente suas irmãs enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto.

ㅡ Sinto muito Kiara, mas acho que não vou conseguir te dar um ursinho de presente.

〢001. ㅡ E O SEGUNDO CAPÍTULO CHEGOUUUUUU

〢002. ㅡ Antes tarde do que nunca. As vezes eu vou dar essa atrasada, mas se não for na sexta, no sábado ou no domingo eu posto!

〢003. ㅡ E pra vocês que está se perguntando "CADÊ O SANGUE JORRANDO??", calma! O primeiro ato é mais introdutório, é onde os tributos se conhecem, conhecem seus mentores, treinam, constroem rivalidades e alianças, etc. Claro que vamos ter brigas, acho que algumas chegam no capítulo quatro! Mas morte mesmo só a partir do seis

〢004. ㅡ Eu queria falar que você, você mesmo (a), que criou a Willow, você é um ser sem coração. Eu tava aqui imaginando uma possível morte para ela, e eu chorei NO ÔNIBUS. Gente, se eu for matar ela, vai ser só depressão, porque matar a criança é a pior coisa

〢005. ㅡ É isso, até sexta que vem! Não esqueçam do voto e dos feedback

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top