❐ 𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐓𝐡𝐢𝐫𝐭𝐞𝐞𝐧 ➹
Kaya estava sentada no chão, atrás dos arbustos, atenta. Ao seu lado, Castiel, Jonathan e Aurora repassavam o plano. O sol estava perto de nascer e eles não queriam perder tempo. Poucos minutos antes, Sophia, que estava de guarda com Eva em cima da pirâmide, saiu para caçar, deixando apenas quatro carreiristas na Cornucopia.
A sorte parecia estar a favor dos quatro, com cada vez menos carreiristas, era maior a chance do plano de Jonathan dar certo e Kaya conseguir salvar Willow.
ㅡ Só tem uma lá em cima. ㅡ Disse Jonathan olhando por cima dos arbustos. Ao redor das quatro vegetações, funcionando como uma cerca viva que separava as florestas e a tundra do terreno da Cornucopia, existia uma densa extensão de arbustos, perfeitos para se esconder. ㅡ Provavelmente Sophia não vai voltar tão cedo, podemos atacar agora!
ㅡ Agora? Não é melhor esperar o sol raiar? ㅡ Indagou Kaya pensativa. A verdade era que, apesar de sua imensa vontade de resgatar Willow, ela estava com medo. Estava com medo de morrer, estava com medo de que Castiel fosse morto, estava com medo de que Willow fosse morta.
ㅡ Realmente é melhor aproveitarmos enquanto ainda tá escuro. ㅡ Disse Aurora. ㅡ Vai ser mais fácil atacar enquanto eles dormem.
ㅡ Não é algo muito justo matar alguém enquanto a pessoa ta dormindo. ㅡ Castiel deitou de barriga no chão, prendendo o machado nas costas. ㅡ Mas se for pra atacar, vamos logo que daqui uns dez minutos o sol nasce.
Kaya observou o rosto do garoto. O cabelo desarrumado estava começando a cobrir suas orelhas e um bigode ralo nascia.
Ao lado de Castiel, Aurora e Jonathan também se deitaram.
ㅡ A barraca azul é do Doug, a vermelha é da Sarah e a verde é onde Saerom dorme. ㅡ Explicou Jonathan. ㅡ Se não for te incomodar, eu gostaria de ficar com Sarah. ㅡ O carreirista sorriu para Castiel.
ㅡ Não me incomodo não, na verdade eu nem ligo. ㅡ Castiel olhou para a barraca verde, era lá que sua oponente estava dormindo.
Apesar de Aurora querer se vingar, ela concordou em cuidar de Doug enquanto Kaya subia a pirâmide, apesar de Eva estar lá em cima.
ㅡ No três, vamos começar. Um! ㅡ Kaya se deitou no chão. ㅡ Dois! ㅡ Ela repassou seu plano mentalmente. Era fácil! Apenas tinha que dar a volta na pirâmide, subir correndo, pegar Willow onde quer que ela estivesse e pronto, fugir dali. ㅡ Três!
Os quatro tributos saíram dos arbustos e começaram a rastejar no chão. Cerca de dez metros separavam eles das barracas, que estavam ao pé da pirâmide.
A noite escura e silenciosa estava fria, fazendo Kaya tremer. A garota queria poder gritar, mas se conteve. Eles rastejavam fazendo o mínimo de barulho possível, enquanto a grama rala raspava em seus rostos.
Quando estavam perto das barracas, Kaya se levantou e ficou de quatro engatinhando. Ela se afastou das barracas, dando a volta na pirâmide. Precisava ser rápida, já que o ataque era a distração que diria quando ela podia começar a escalar.
Chegando ao pé da pirâmide, Kaya não enxergava mais as barracas, nem Castiel, Jonathan e Aurora. Ela só escutava, respirando baixo.
A garota fechou os olhos, se concentrando nos ruídos a sua volta. O lugar estava silencioso, com excessão das folhas das árvores que balançavam ao vento e da fogueira queimando no topo da Cornucopia. De repente, soando como o despertador de Kaya, ela escutou um grito. O ataque fora iniciado.
Kaya subiu correndo os degraus, como se estivesse novamente no banho de sangue. Ela mal respirava, e tentava fazer com que seus passos fizessem menos barulho possível. A escalada até o topo não demorou mais que dois minutos, mas, ao som da fogueira queimando e dos gritos das lutas nas barracas, pareceu uma eternidade. O sol já começava a nascer.
Ela chegou no topo por trás da estrutura metálica da Cornucopia, o que era uma vantagem. Andando devagar para não fazer barulhos, Kaya sabia que Willow provavelmente estaria dentro do grande chifre. A garota só não esperava que os raios solares iriam refletir no metal, assustando e cegando a por um momento.
Sem enxergar nada, Kaya acabou tropeçando nos próprios pés e se apoiou na Cornucopia, fazendo barulho.
ㅡ Quem tá aí? ㅡ Indagou Eva se aproximando. Assim que voltou a ver, Kaya tratou de dar a volta no chifre, despistando a carreirista por algum tempo.
Enquanto Eva procurava por Kaya, a garota entrou na Cornucopia esperando ver Willow, mas a pequenina não estava lá.
O sentimento de desespero tomou conta de Kaya. Onde mais Willow estaria se não ali dentro, guardada pelos carreiristas? Eva surgiu atrás dela, respondendo sua pergunta como se tivesse lido sua mente.
ㅡ A menina está lá nas barracas, junto com Sarah. ㅡ Kaya se virou assutada, sacando sua faca. Eva estava com um arpão em mãos, pronta para atacar.
Porém, a carreirista pareceu exitar, abaixando sua arma e abrindo espaço para que Kaya passasse.
ㅡ Corre! Anda logo! Você não vai ter outra chance dessas.
Sem entender nada, Kaya aproveitou a oportunidade, passando a mil por hora por Eva, mas lhe dando um sorriso genuíno de agradecimento. Mas, como tudo que é bom dura pouco, um bestante lobo com o cérebro exposto pulou na frente de Kaya.
ㅡ Merda! ㅡ A garota gritou se esquivando da fera. Eva, novamente contradizendo seus aprendizados carreiristas, correu até o lobo e começou a lutar com ele.
ㅡ Eu disse pra correr!
Novamente Kaya correu, passando pela fogueira e descendo os degraus de dois em dois. O sol já estava brilhando no céu, iluminando toda a arena. Ao longe, na borda da floresta de eucaliptos, Kaya avistou três jovens atrás das árvores.
Nas barracas, a luta estava acontecendo. Doug lutava contra Aurora, o garoto estava com o braço direito todo ensanguentado e parecia sentir dor ao movê-lo, mas Aurora estava bem, provavelmente ela foi a primeira a atacar as barracas.
Moon e Castiel estavam equilibrados, ambos brandiam suas armas, enquanto um segundo bestante corria até eles.
Na frente da barraca vermelha, Kaya enxergou Jonathan e Sarah. A loira ria alto enquanto o semblante do garoto mostrava indignação e surpresa, mas, acima de tudo, ódio. Kaya chegou ao lado de Jonathan arfando, e conseguiu enxergar a sombra de Willow dentro da barraca.
ㅡ Eu deveria ter matado a criança quando tive chance. ㅡ Exclamou Jonathan olhando para Kaya, fogo ardia em seu olhar e sangue escorria de seu braço esquerdo.
ㅡ Como assim? O que ouve?
ㅡ A julgar pela sua surpresa, também não sabia. ㅡ Sarah girou o par de sais em suas mãos, sorrindo afrontosa para a dupla. ㅡ Willow envenenou Attlas e Kira.
ㅡ Willow fez o que? ㅡ Kaya estava passada, chocada. Nunca um pensamento sequer de Willow matando alguém passou pela cabeça da garota. Mas, apesar disso, Willow ainda estava na mãos dos carreiristas, Kaya ainda tinha que ajudá-la.
De repente, pegando Kaya totalmente desprevenida, Jonathan acertou um soco no abdómen da garota, a derrubando no chão, e indo pra cima de Sarah.
A dor percorreu todo o corpo de Kaya e ela sentiu o ar escapar de seus pulmões, respirar era algo muito difícil e doloroso. Enquanto Jonathan e Sarah estavam em sua luta, Kaya ficou de quatro e engatinhou até a barraca.
ㅡ Willow? Sou eu, Kaya. ㅡ A garota abriu rapidamente o ziper da barraca, revelando Willow, com as mãos e pés amarrados, além de uma mordaça na boca. ㅡ Meu Deus!
Kaya sacou sua faca, se aproximou de Willow e cortou as cordas e tirou a mordaça da boca da garotinha. Após estar liberta, a primeira reação de Willow foi um abraço, que Kaya retribuiu a apertando forte.
Para tristeza de ambas, um grito ecoou fora da barraca, seguido de um baque seco no chão. Então, rasgando o tecido da barraca com as próprias mãos, Jonathan surgiu cheio de sangue escorrendo pelo corpo, seu olhar carregava ódio mortal.
ㅡ Eu to pouco me fudendo se você é uma criança. ㅡ Jonathan se aproximou das duas. Agindo rápido, Kaya se colocou entre Jonathan e Willow, com a faca em mãos apontada pro garoto.
ㅡ Não vou deixar você matar ela!
ㅡ Como se você fosse capaz de me impedir. ㅡ Jonathan investiu contra Kaya, usando o braço já machucado como escudo, e permitindo que a garota fincasse sua faca nele. Após desarmar Kaya, o carreirista desferiu um chute na garota, derrubando-a. Kaya bateu a cabeça no chão. ㅡ Agora que acabei com essa aqui, ta na sua vez.
O carreirista se aproximou de Willow enquanto Kaya estava arfando no chão. O tecido vermelho da barraca estava espalhado em tiras por todo lado. Apesar da tentativa de fuga de Willow, Jonathan a agarrou pelos cabelos.
ㅡ Sua merdinha, dessa vez eu te mato. ㅡ Jonathan sorria maléfico para Willow, que se debatia e grunhia tentando soltar seus cabelos. O carreirista tirou a faca fincada em seu braço e posicionou na testa da garotinha.
Kaya, no chão, tentava se levantar, mas seu corpo não estava respondendo direito. Sua cabeça latejava e sua visão estava escura, ela apenas escutava a voz de Jonathan e o choro de Willow.
ㅡ Me desculpa! ㅡ Exclamou Willow.
ㅡ Desculpas não mudam o fato que você matou minha irmã. ㅡ Jonathan pressionou mais a faca no pescoço da garota. De repente, rápidos como o vento, duas pessoas apareceram.
A primeira foi Sarah, que pulou nas costas de Jonathan e fincou um de seus sais no olho direito do garoto. O carreirista gritou alto e soltou Willow.
ㅡ Essa foi por JJ! ㅡ Exclamou Sarah ainda nas costas de Jonathan. Em seguida, a loira cravou seu segundo sai no olho esquerdo do garoto. ㅡ E essa é por espancar Kira!
Enquanto Sarah cuidava de Jonathan, Castiel foi a segunda pessoa que apareceu, pegando Kaya nos braços e agarrando a mão de Willow.
ㅡ Ei! ㅡ Castiel atraiu a atenção de Sarah, depois apontou pra faca de Kaya, coberta de sangue no chão. ㅡ Usa a faca pra matar ele.
Sarah sorriu pro garoto enquanto pegava a faca do chão.
ㅡ Essa vai ser a ultima vez que deixarei vocês irem. ㅡ Sarah apontou pra savana com a faca. ㅡ É melhor correrem agora!
Castiel apenas esperou que Sarah cravasse a faca na testa de Jonathan para começar a correr.
Canhão.
ㅡ O que aconteceu com Moon? ㅡ Indagou Kaya enquanto Castiel corria, com Willow ao seu lado.
ㅡ Um bestante apareceu e foi pra cima dela.
Kaya desmaiou nos braços do garoto enquanto eles corriam a caminho da savana.
Aurora socava Doug com toda sua força. As lágrimas escorriam pelo rosto da garota e caiam sobre o sangue em suas mãos. O rosto do carreirista estava irreconhecível, ambos os olhos roxos, lábios inchados, nariz quebrado e sangue cobrindo suas bochechas, dentes e cabelos.
A garota sabia que tinha perdido o controle. Sabia que tinha libertado seu lado mais obscuro, e se arrependia profundamente disso. Ela sempre quis ir para os Jogos e vencer, mas nunca desejou ser insana como seu pai e usar a brutalidade a seu favor. Aurora não era assim!
Mas o estrago já estava feito. Depois que ela começou a socar, não conseguia mais parar. Seus punhos já estavam em carne viva, ardendo de tanto impacto.
Porem, cada vez mais a lembrança de que Eva matou Hazel para proteger Doug invadia os pensamentos de Aurora. Eva tirou uma parte dela, então Aurora devolveria na mesma moeda O erro da carreirista foi mostrar que Doug era importante para ela.
Aurora viu Sarah matar Jonathan, viu Moon lutar contra um bestante, viu Castiel, Willow e Kaya fugirem, mas não parecia dar trégua de que iria parar. Ela nem sabia mais quanto tempo fazia que estava ali, esmurrando Doug. Talvez três minutos, talvez cinco, talvez sete, ela já perdera a noção de tempo fazia horas.
Então, depois que suas lágrimas se esgotaram e não aguentava a dor em seus punhos, Aurora decidiu acabar com o sofrimento do garoto. Sacando sua faca, Aurora enfiou a lâmina no coração de Doug.
Canhão.
Uma paz invadiu a mente de Aurora. Ela sabia que o que acabou de fazer era extremamente errado, mas uma parte de si se sentia bem por saber que metade da vingança de Hazel estava concluída. Aurora sorriu com o canto da boca enquanto um arpão atravessou seu estômago.
Seu maior erro foi deixar a guarda baixa e não constatar que Eva estava ocupada. A carreirista surgiu na frente de Aurora, com lágrimas escorrendo por seu rosto.
ㅡ Eu sinto muito. ㅡ Disse Eva.
ㅡ Não, eu que sinto.
O ar escapou dos pulmões de Aurora enquanto sua visão enegrecia. Aquele era seu fim. O corpo da garota caiu com um baque seco no chão.
Canhão.
Sophia largou sua faca no chão e se escorou num grande pinheiro, se sentando. Ela não aguentava mais tudo isso.
Lágrimas escorreram silenciosas por suas bochechas a medida que as lembranças de Attlas voltavam com força na mente da garota.
A ideia de ir caçar foi apenas uma desculpa para passar um tempo sozinha, sem que os outros carreiristas a vissem, Sophia precisava daquele tempo. Sua vida nunca fora fácil, criada por uma avó extremamente rígida após a morte precoce da mãe e o abandono do pai, a garota aprendeu que, as vezes, ficar sozinha e chorar em silêncio era o melhor remédio.
Pensar na avó tirou um pouco Attlas de sua cabeça. A senhora, que já fora uma pacificadora, agora está aposentada e as vezes da aulas na academia dos carreiristas do Distrito 1. Ela criou Sophia para a guerra, sabendo que talvez sua neta se tornaria um tributo. Enquanto Sophia estava ali, chorando, no meio do mato e sozinha, a idosa provavelmente está com desgosto vendo que sua neta é fraca.
De repente, tirando Sophia de seus pensamentos, um canhão soou. A loira se levantou num pulo, agarrando a faca.
A floresta estava silenciosa, mas, bem baixinho, Sophia conseguia escutar gritos. Eles estavam vindo da Cornucopia! A garota começou a correr o mais rápido que podia, não estavam afim de perder seus aliados.
Apesar de não estar longe da pirâmide, os pinheiros pareciam não acabar mais, alongando mais o percurso. Ao passo que se aproximava, os gritos iam ficando mais altos.
Então, depois de ver um cabelo loiro próximo a margem da floresta, Sophia se jogou no chão torcendo para que não fosse vista.
ㅡ Escutou algo? ㅡ Indagou uma voz masculina.
ㅡ A única coisa que eu tô escutando são os gritos. Os bestantes tão fazendo seu trabalho! ㅡ Respondeu a garota dona do cabelo.
Bestantes? Pensou Sophia se aproximando da dupla enquanto se arrastava.
Os dois estavam atrás dos arbustos da margem, escondidos. O garoto rodava uma faca nas mãos e a menina apertava botões num controle de televisão. Rapidamente Sophia os reconheceu: Bradshaw e Rey, os tributos do Distrito 3.
ㅡ Olha! Eva matou o meu bestante! ㅡ Exclamou Bradshaw apontando para o topo da pirâmide, onde o corpo de um lobo estava largado no chão. ㅡ Ela tá descendo agora.
ㅡ Shiu! Eu quero ver, sua voz tá me atrapalhando. ㅡ Rey apertou mais alguns botões. ㅡ Droga! Castiel escapou, mas pelo menos a Moon tá tendo trabalho com o meu.
Sophia não esperou nem mais um segundo, ao escutar o nome de Castiel ela se tocou que Jonathan também estava na Cornucopia. E se aqueles dois estavam atacando Moon, então estavam atrapalhando os carreiristas.
Com a faca em mãos, Sophia saltou sobre a dupla, cravando sua faca na perna de Rey e chutando sua cabeça.
Canhão.
Bradshaw agarrou sua própria faca e se pôs em pé. Sophia avançou pra cima do garoto sem nenhuma arma, apenas com suas mãos.
Desviando da lâmina de Bradshaw, Sophia desferiu um soco em seu nariz, o empurrando para trás. Bradshaw, numa tentativa de reação avançou na loira, que desviou por pouco, mas mesmo assim a ponta da lâmina pegou em sua bochecha.
ㅡ Que bosta! ㅡ Sophia exclamou limpando o sangue que saira do pequeno corte em sua bochecha. ㅡ Como vou pra uma sessão de fotos agora?
ㅡ É sério que essa é sua preocupação?
A resposta de Sophia veio em forma de ataque. Avançando em Brad, a garota desferiu um chute na canela do garoto. Tentando um segundo chute, Sophia foi bloqueada quando Bradshaw segurou sua perna e caiu no chão.
Desviando novamente da faca do garoto, Sophia chutou sua virilha. Bradshaw caiu de joelhos com a mão sobre sua genitália. A carreirista aproveitou a oportunidade, sendo rápida e eficaz. Colocando as mãos nas orelhas de Bradshaw, Sophia girou a cabeça do garoto e quebrou seu pescoço.
Canhão.
O trabalho estava feito. Ela eliminou a dupla do 3 e agora os bestantes não estavam mais sendo controlados.
ㅡ Sua vadia. ㅡ Ao se virar para trás, a última coisa que a carreirista viu foi Rey bater uma pedra em sua cabeça.
Moon encarou o corpo de Jonathan estirado no chão. Os sais e a faca ainda estavam cravados em seus olhos e testa, o sangue não escorria mais.
Em volta do corpo, as barracas estavam todas estraçalhadas, com mais dois corpos ㅡ pertencentes a Aurora e Doug ㅡ caídos no chão, além de um bestante no topo da pirâmide e outro ali na grama. Eva e Sarah estavam tirando o lobo de cima da pirâmide.
O rosto belo estava deformado e inchado. O cabelo, geralmente macio e hidratado, todo ensanguentado e duro, as roupas rasgadas. Jonathan estava irreconhecível.
Esse é o preço. Pensou Moon. Era o preço por ter agredido Kira na infância. Era o preço por ter rebaixado ela, Sophia e Sarah durante todo o período que estiveram juntos. Era o preço por ter matado JJ por pura diversão e maldade. Era o preço por ter tentado matar uma mera criança. Apesar do alívio de saber que Jonathan estava morto, Moon sentia inveja de Sarah. No fundo, Saerom queria ser a pessoa que matou seu antigo melhor amigo.
Jonathan nem sempre fora alguém ruim. Saerom conhecia o garoto desde a infância, estudou com ele por todo o fundamental e ainda o via nos treinamentos da academia. Saerom compartilhou os melhores momentos de sua infância e adolescência ao lado de Jonathan, ela o conhecia melhor que ninguém e, mesmo assim, não o conhecia nada.
Após o décimo terceiro aniversário do garoto, Jonathan mudou. Tornou-se mais fechado, mas sombrio, mais frio, mais cruel e mais psicopata. Seguia seus ideais a risca, desconsiderando qualquer opinião de fora. Foi isso que afastou os dois.
Enquanto Moon cresceu uma garota independente, forte, quem não aceita ser rebaixada, Jonathan se tornou alguém tóxico.
ㅡ Espero que você queime no inferno. ㅡ Uma lágrima solitária escorreu pela bochecha de Saerom, no fundo ela sabia que sentia falta do velho Jonathan. ㅡ Velho amigo.
Saerom começou a chutar o corpo de Jonathan, iniciando nas pernas e indo até a virilha, descontando toda a sua raiva.
ㅡ Eu devia ter te parado no começo! ㅡ A garota não parecia dar sinal de trégua nos chutes. ㅡ Devia ter te impedido antes disso. Devia ter protegido Kira de alguém assim.
Moon se culpava pelo sofrimento de Kira. Ela frequentou a casa dos irmãos por um longo tempo, sabia do comportamento estranho de Jonathan e mesmo assim nunca enxergou o que acontecia.
ㅡ Ele mereceu. ㅡ Disse Sarah se aproximando. ㅡ Não por matar Jace, nem por nos tratar mal. Ele mereceu pelo que fez a irmã.
ㅡ Eu sei. ㅡ Moon olhou para a loira. ㅡ Eu só queria que ele mesmo soubesse disso.
Eva não aguentava mais aquele inferno. Ela só queria sair da arena, viva ou morta.
O choque de adrenalina que recebeu passou no instante em que o arpão atravessou Aurora, fazendo Eva se arrepender amargamente. Mais uma vida foi ceifada pelas mãos da garota e, por ironia do destino, ela matou a parceira de sua primeira vítima.
Agora, durante a noite, Eva estava enlouquecendo. A culpa consumia todo o seu ser, martelando apenas uma palavra em sua mente: assassina. Era assim que a morena se identificava, uma assassina imunda que acabou com duas vidas inocentes, duas vidas que ela não tinha o direito de se envolver.
Mas, por outro lado, na primeira vez ela salvou Doug da morte e na segunda, vingou o amigo. Talvez fosse justo, apenas isso. Talvez Eva não cometeu nenhum crime ou atrocidade, ela apenas fez justiça por Doug.
Pensar em Doug era outra coisa que estava mexendo com a garota. O melhor amigo estava morto e ela não tinha mais em quem se apoiar. Desde que se lembrava, Doug estava lá, quieto e reservado, para escutar os problemas de Eva.
Por fim, ela suspirou, convencendo a si mesma de que o que fez era o correto. Ela estava matando aquelas pessoas por um bem maior: ficar viva e honrar a morte de seus aliados.
Ao seu redor, todas sentadas, estavam Saerom e Sarah. As três encaravam a fogueira em absoluto silêncio, as três perdidas completamente em seus pensamentos.
ㅡ Onde tá Sophia? ㅡ Indagou Sarah de repente, acordando todas de seus transe. ㅡ Ela tá sumida desde manhã.
ㅡ Teve mais um canhão, além dos três da Cornucopia. ㅡ Respondeu Eva ajeitando as pernas, o chão duro não a incomodava mais. ㅡ Mas duvido que seja dela.
ㅡ A Sophia não ia morrer assim, do nada. Ela é forte, deve tá caçando ainda. ㅡ Moon ajeito o cabelo que estava caindo sobre os olhos.
ㅡ Não sei. Ela não demora assim, sempre pega ao menos um esquilo e volta rapidão, tem alguma coisa errada. ㅡ Sarah prendeu os fios loiros em um coque enquanto ajeitava a postura. Ela olhou no fundo dos olhos de suas aliadas. ㅡ Bom, na pior das hipóteses, somos apenas nós três agora...
A garota foi interrompida pelo hino da Capital que começou a tocar, seguido pelo holograma da insígnia brilhando no céu.
O primeiro rosto a aparecer foi o de Jonathan, embaixo dele estava escrito Distrito 2. Após o carreirista vieram Bradshaw, do 3, Doug e Aurora. Sophia não estava morta. Depois que o céu se apagou, Sarah voltou a falar.
ㅡ Hoje foram menos quatro, quantos somos agora?
ㅡ É bom fazermos um levantamento dos que ainda tão vivos. ㅡ Disse Moon fechando as duas mãos e as colocando pra frente. ㅡ Sophia, eu, Sarah e Eva. Já somos quatro.
ㅡ Tem a baixinha do Distrito 3, acho que o nome é Rey. ㅡ Continuou Eva. ㅡ Cinco.
ㅡ Depois dela vem o casalzinho e a criança, oito. ㅡ Falou Sarah. ㅡ Tem mais alguém do 7 ou do 8?
ㅡ Tem a outra menina do Distrito 8. ㅡ Respondeu Eva. ㅡ Só os meninos morreram.
ㅡ Certo, com isso temos nove tributos, o que nos leva direto para o nono distrito. ㅡ Saerom levantou nove de seus dez dedos. ㅡ Que eu saiba, nenhum dos três que fugiu da Cornucopia morreu, então são o Distrito que mais tem tributos vivos.
Moon levantou o décimo dedo, depois abaixou todos e levantou mais dois.
ㅡ Foi todos?
ㅡ Não, eu acho. ㅡ Respondeu Sarah. ㅡ A ruiva e a criança do Distrito 12 morreram?
ㅡ Não lembro de ver o rosto deles. ㅡ Eva buscou em sua mente todas as vezes que fez vigia noturna e em nenhuma delas os rostos da dupla apareceu. ㅡ Provavelmente também estão vivos.
ㅡ Certo, então, com eles, tem catorze vivos. ㅡ Moon levantou mais dois dedos. ㅡ De quarenta e oito para catorze. Se fosse uma edição normal ia ser bastante ainda.
ㅡ Temos um problema. ㅡ Sarah atraiu a atenção das outras duas. ㅡ Desde que os Jogos começaram, ainda não fomos explorar e caçar na tundra, ou seja, provavelmente os tributos que ainda não encontramos estão escondidos lá, e só vão aparecer se formos procurar.
ㅡ Focamos bastante na savana, tinha mais carne. ㅡ Respondeu Eva. ㅡ Obviamente foi um erro, demos brecha para que os outros se escondessem. Fomos poucas vezes nos pinheiros e nos eucaliptos, mas sabemos que ainda tem gente lá.
ㅡ Sophia saiu pra caçar onde? ㅡ Indagou Moon. ㅡ Podemos fazer buscas por ela. Se ninguém souber, cada uma vai pra um lado que não seja a savana e volta de noite, ou quando achar ela.
ㅡ É uma boa ideia, já vamos aproveitar e caçar os outros tributos. ㅡ Sarah falou.
As três se calaram, concordando com a cabeça. O fim estava cada vez mais próximo.
001. ㅡ CAPÍTULO TREZE AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH CADA VEZ MAIS PERTO DO FINAL, VOU CHORAR
002. ㅡ Faz uns cinco sábados que eu não atraso a postagem do capítulo, o tanto de orgulho que eu sinto não é explicável
003. ㅡ Pov da Kaya foi o pior que já escrevi, odiei, achei que ficou confuso mas gostei da morte do Jonathan, então ficou daquele jeito
004. ㅡ Apenas para avisar que em momento algum eu quis justificar o comportamento do Jonathan no pov da Moon, muito pelo contrário, apesar de tá escrito em terceira pessoa, é tudo na visão dos personagens, de vez em quando eu fujo um pouco disso mas é na visão da pessoa que inicia cada parte
005. ㅡ Seis tão achando a Eva bem desenvolvida? Pode falar a verdade, jogar na cara mesmo caso não. É que eu tô achando que já desenvolvi bem a personagem e quero trabalhar mais na Sarah e na Moon que tão meio de lado. Por sinal, teremos um tempo de casalzinho, agora que eles já tão com a Willow vou diminuir os pov's deles e aumentar de Zachary e Delilah (outros dois que preciso que me digam como tão no quesito desenvolvimento)
006. ㅡ Ué, mas a Rey não tinha morrido? Até soou o canhão dela, como que ela reviveu? Implantou controle remoto no cérebro igual os bestantes? Vou explicar direitinho no capítulo catorze, calma
007. ㅡ Chega de enrolação, falei muito já, agora VOTA E COMENTA NO CAPÍTULO SE NÃO QUISEREM VER A WILLOW SOFRENDO🔪🔪🔪
008. ㅡ Comente VITORIOSO nos seus três tributos favoritos na lista:
Sophia, D1
Moon, D2
Rey, D3
Sarah, D4
Eva, D4
Castiel, D7
Kaya, D8
Everlee, D9
Artemisia, D9
Zachary, D9
Willow, D11
Delilah, D12
Aniel, D12
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