❐ 𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐍𝐢𝐧𝐞 ➹

Kaya olhava para todos os lados, atenta a qualquer detalhe mínimo. Ela e Castiel estavam andando a cerca de duas horas, percorrendo toda a floresta de eucaliptos em busca de Willow.

Eles já tinham percorrido quase toda a área das betulas, por vezes encontrando as fronteiras com as outras vegetações. Castiel dissera para eles irem além das fronteiras, mas algo dizia a Kaya que Willow estava bem, segura e dentro do mesmo terreno que eles.

O sol ainda não havia nascido, mas eles decidiram sair cedo para ter menos chances de toparem com outros tributos. Apesar do frio da madrugada, a pele do lobo estava esquentando os dois.

Depois do sumiço de Willow, a dupla aí da ficou no buraco pelo resto do dia, esperando esperançosos o retorno da garotinha. Nesse meio tempo, tentando manter sua mente ocupada, Kaya tirou a pelagem do bestante que eles tinham matado e costurou dois casacos com o paraquedas que havia recebido.

Apesar de toda a catástrofes que estavam acontecendo com ela desde o primeiro dia dos Jogos, alguma coisa fez com que os patrocinadores simpatizassem com ela e a mandassem um paraquedas cheio de linhas, agulhas e alguns pacotes de bolacha.

Utilizando seus novos matérias, Kaya confeccionou as peças com a pele do lobo, além de reforçar dois de seus potes feitos com folhas. Apesar dos recipientes aguentarem coisas sólidas, como frutas, eram fracos contra água, e eles já estavam sem. Porém, agora devidamente costurados, iriam ser úteis pra coletar a água da chuva.

De repente, como se os idealizadores dos Jogos ㅡ os cidadãos da Capital que controlam a arena ㅡ tivessem lido um dos vários pensamentos de Kaya, pingos de chuva caíram do céu.

ㅡ Tira o casaco! Rápido, antes que a chuva engrosse. ㅡ Kaya e Castiel pararam em baixo de um eucalipto grosso de mais para sua espécie que, apesar de serem árvores altas, eram finas que nem bambú.

A dupla tirou seus casacos e os guardaram dentro da mochila, tentando impedir que eles molhassem. A chuva, apesar de não passar de uma garoa, parecia que iria durar bastante.

ㅡ Não podemos ficar andando por aí, vamos acabar nos molhando e pegar um resfriado. ㅡ Castiel olhava para os lados, procurando algo. ㅡ Que tal irmos ali?

O garoto apontou para um amontoado de pedras de uns dois metro de altura. As rochas estavam inclinadas e encostadas umas nas outras, formando um buraco no centro, se assemelhando com uma casa de cachorro. Em cima das pedras, algumas betulas caídas impediam que a água entrasse na caverninha.

Os dois correram pra lá, se expremendo dentro do buraco. Não era um lugar muito grande, mas o corpo pequeno de Kaya ajudou com que a dupla se ajeitasse bem.

Assim que estavam relativamente confortáveis, Kaya retirou os dois potes que havia costurado e os colocou para fora, visando coletar um pouco de água.

A chuva deixou o clima mais fresco, e a falta de movimentação fez com que a dupla retirasse seus casacos de dentro da mochila e os vestissem. Agora que estavam embaixo de uma cobertura não tinha risco de molhar.

O tempo passou lentamente, a garoa não parecia dar trégua e os dois tributos estavam concentrados de mais para abrir a boca e iniciar uma conversa.

Então, numa cruzada de olhar entre Kaya e Castiel, a garota percebeu o quanto aquele par de olhos castanhos era lindo. Eles brilhavam no belo rosto do garoto e combinavam com seu cabelo escuro, antes perfeitamente cortado e penteado, agora já um pouco grande e desgrenhado.

ㅡ Você tem namorada? ㅡ No momento que terminou de falar, Kaya sentiu vontade de se enfiar dentro da terra e não sair mais de lá. Os Jogos não era um lugar para paquerar, muito menos se apaixonar por seu aliado que poderia se virar contra ela a qualquer momento.

A feição de Castiel mudou de um espanto repentino para surpresa e depois seu rosto sério se abriu em um sorriso seguido de gargalhadas.

ㅡ Tenho não. ㅡ O garoto parou de rir e olhou para Kaya, ainda sorrindo. Que merda de sorriso brilhante, pensou Kaya. ㅡ Não tenho tempo pra isso, preciso trabalhar pra não morrer de fome.

ㅡ Sério?! ㅡ A surpresa de Kaya era genuína. ㅡ Sempre achei que você era o tipo bonzinho galinha.

Castiel riu mais uma vez.

ㅡ Caraca, eu tenho bastante moral com você!

ㅡ A culpa não é minha. Seu rostinho lindo e você ficava piscando pra todas as garotas durante nossa estadia na Capital. Mas depois que vi você cuidando de Willow, percebi que talvez não fosse tão galinha assim.

ㅡ Eu não ficava piscando atoa! Precisava conseguir patrocinadores para me manter vivo. Acho que não deu certo, ainda não recebi nenhum paraquedas. ㅡ O garoto se calou, olhando fixamente para a chuva que parecia finalmente estar acabando. De repente, Castiel se virou de volta para Kaya. ㅡ Peraí, você ficava me observando enquanto estávamos na Capital?

Kaya sentiu seu rosto corar. Ela apenas deu uma piscadela para Castiel e aproveitou que a chuva tinha cessado.

ㅡ A chuva parou! Vamos, temor que achar Willow! ㅡKaya saiu da caverninha, pegando os recipientes de água, bebendo um pouco de um deles e o entregando a Castiel. ㅡ Beba.

Enquanto Castiel bebia a água, Kaya pegou a única garrafa que eles tinham, conseguida na Cornucopia durante o primeiro dia, e despejou o conteúdo do pote ainda cheio dentro dela.

Kaya guardou os objetos dentro da mochila e retirou os dois casacos, dando um para Castiel. Os dois vestiram e voltaram a sua caminhada.

O breve momento na caverna fez com que a mente dos dois saísse de Willow e relaxa-se um pouco. Porém, agora que a chuva tinha passado, estava na hora das preocupações voltarem.

ㅡ Mas e você? Tinha namorado? ㅡ A voz de Castiel tirou Kaya de sua concentração. Talvez ele ainda quisesse um momento de descontração.

ㅡ Não, eu não tinha tempo para isso. ㅡ Os dois riram diante da imitação que Kaya fez de Castiel. ㅡ Eu passava muito tempo cuidando das crianças em quanto seus pais trabalhavam e trabalhando na confecção dos meus pais. Eu basicamente fazia as duas coisas ao mesmo tempo.

ㅡ Uau! Você é uma moça bem pendrada! ㅡ Os dois riram alegres. Porém, algo os fez parar de repente.

Castiel e Kaya voltaram a caminhar sem fazer nenhum barulho, enquanto se aproximavam de uma fogueira.

Cada vez mais próximos, mais eles conseguiram ver uma figura humanoide ao lado das chamas, sentada numa pedra e comendo.

Parecia ser uma criança pequena, os cabelos cacheados e a pele morena. Uma garotinha. Ela mastigava uma coxinha de passarinho. Era Willow!

Castiel e Kaya cruzaram olhares sorridentes, felizes em finalmente terem encontrado a pequena. Mas um galho se quebrando atrás deles atraiu sua atenção.

ㅡ Olá forasteiros, o que querem comigo e com minha amiguinha? ㅡ Ao se virarem para trás, encontram Jonathan, o carreirista do Distrito 2, sorrindo para eles.

Everlee suspirou depois der ter soltado a corda de seu arco, lançando a flecha certeira no olho do esquilo.

Ela saiu de baixo da neve, chacoalhando seu casaco de couro e o resto da roupa fornecida a todos os tributos. Depois de três dias gelados, após a morte de Lúcia, do Distrito 12, Everlee, Artemisia e Zachary receberam um paraquedas com três casacos de couro.

O presente mandando por sua mentora provavelmente fora extremamente caro, então isso significava que eles estavam com bastante patrocinadores, ou seja, eram favoritos.

Pegando seu esquilo e atracando a flecha dele, em seguida a pondo de volta na aljava, Eve se pôs a caminhar em direção ao seu acampamento, mancando a cada passo.

O pequeno embate, no dia anterior, com os tributos do Distrito 12 lhe rendeu um ferimento superficial no pé, mas ainda assim ainda doía. Ao menos eles conseguiram ficar com a enorme árvore, tornando-a o novo acampamento do Distrito 9.

Assim que chegou a árvore, Eve atirou uma flecha pra cima, que se cravou num dos galhos. Logo um pedaço de madeira grosso mas não muito comprido amarrado por cordas em ambas as suas extremidades, foi arremessado na direção da garota. Quem visse diria que era um balanço, mas seu uso era mais perto de ser um elevador.

Zachary apareceu lá em cima, fazendo um joinha com a mão para Everlee.

ㅡ Pode sentar! Quando tiver pronta pra subir da duas puxadas na corda que eu te subo. ㅡ Eve se sentou na madeira e fez o que Zach mandou.

Desde que tomaram a árvore, eles tiveram que pensar em algo pra fazer com que Everlee pudesse subir com seu pé recém machucado. A ideia do elevador fora de Artemisia, mas Zachary quem montou.

Assim que chegou no topo, Eve, amparada por Zachary, desceu da madeira e mancou até Artemisia, que limpava um pássaro.

ㅡ Consegui abater um esquilo. ㅡ Everlee entregou o animal para a menina sentada. ㅡ Você limpa?

ㅡ Sim, não tem problema. ㅡ Everlee voltou a andar, indo na direção do elevador novamente. ㅡ Você vai caçar?

ㅡ Sim! Já vou aproveitar e ficar de olho no perímetro, assim não vamos correr o risco de ser atacados desprevenidos.

ㅡ Eu acho que não precisa! Já temos carne suficiente pra uns dois dias. Se abatermos mais pode estragar. ㅡ Artemisia limpou o sangue da faca em uma folha.

ㅡ Tem certeza? Eu quero ocupar a mente.

ㅡ Ajuda o Zach a acender a fogueira então. ㅡ Art apontou para o garoto, que parecia ter dificuldade em incendiar os galhos. Eve sorriu de lado dando uma risadinha discreta.

Ela se aproximou do garoto, se sentando com ele nos galhos.

ㅡ Qual é, Zach? Você viveu anos nas ruas e não aprendeu a fazer uma fogueira? ㅡ Eve pegou um dos gravetos que Zachary usava e o esfregou em outro.

ㅡ Como se você soubesse. ㅡ Zachary respondeu com sarcasmo, visivelmente irritado por não conseguir acender o fogo.

ㅡ Ah, mas eu tenho uma desculpa. ㅡ Eve riu de um modo fúnebre. ㅡ Eu só roubava, ao contrário de você que realmente vivia solto por aí.

Everlee riu com um certo tom de desprezo.

ㅡ Você fala isso como se roubar fosse algo bom. ㅡ Zach rebateu desistindo da fogueira.

ㅡ Quando você tem três bocas para alimentar, esse será o menor dos seus problemas. ㅡ A feição da garota mudou para um certo tom de raiva.

Artemisia observava os dois de longe, apenas observando. Ao contrário deles, ela não fora escolhida pelo Distrito 9, Artemisia foi a maldita sortuda. Os três possuíam um gênio forte, e a garota ainda tentava entender como não tinham se matado a essa altura do campeonato.

ㅡ Como se a vida de vocês fosse difícil. ㅡ Artemisia disse brincando, a voz carregada de sarcasmo. Ela terminou de limpar os animais e se juntou aos parceiros em busca da fogueira. ㅡ Eu tinha uma madrasta idiota, duas meias irmãs insuportáveis... Na verdade uma delas era suportável, e meu pai pretendia me obrigar a casar. Tem vida pior que essa?

Zachary e Everlee riram com desprezo, entrando na brincadeira.

ㅡ Ah, perdão princesa. Esqueci que seus problemas de rico são piores que os nossos. ㅡ Zachary se levantou e encenou um homem tirando o chapéu da cabeça e fazendo uma reverência.

ㅡ Sim, cara dama. ㅡ Imitando Zach, Eve encenou uma mulher segurando seu vestido e se reverenciando. ㅡ Você realmente é a mais sofrida.

Os três se calaram, focados na fogueira que parecia impossível ser acesa.

ㅡ Como que aqueles três conseguiram fazer fogo ontem? ㅡ Indagou Everlee girando o galho com toda sua força.

ㅡ Talvez eles tivessem um isqueiro ou fósforos. ㅡ Artemisia respondeu tirando o cabelo da testa. Apesar de estar preso em um rabo de cavalo, alguns fios ainda estavam soltos.

ㅡ Vocês tem mãe? ㅡ Indagou Zachary de repente. A pergunta num tom sério.

ㅡ Por que isso agora? ㅡ Artemisia olhou nos fundos dos olhos do garoto.

ㅡ Eu perdi a minha quando tinha nove anos. ㅡ O garoto parecia receoso de falar. ㅡ Foi uma maldita pneumonia. Só ia falar pra, caso voltem pra casa, passem mais tempo com a mãe de vocês. Eu gostaria de ter mais um dia com a minha.

Eve parou de mexer nos gravetos, cansada de seu esforço sem em vão. Ao seu lado, Artemisia suspirou também largando os seus.

ㅡ Acho que pneumonia é uma doença bem comum no Distrito 9. ㅡ Art encarou o horizonte repleto de neve. ㅡ  É como se fosse ontem. Eu tinha nove anos e entrei no quarto dos meus pais. A chuva caia forte e o quarto tava escuro, mas um relâmpagos iluminou tudo e eu vi o rosto dela. Minha mãe tava com a boca aberta, num grito silencioso, e os olhos abertos, já sem o brilho de vida que sempre houve neles.

Zachary e Artemisia se voltaram para Everlee, que passava a mão pelo seu machucado. A casquinha já tinha nascido em toda a região acertada pela faca, que ia desde o dedão até o tornozelo, mas a aparência ainda estava feia.

ㅡ Não perdi minha mãe. ㅡ Disse a garota levantando seu olhar para os companheiros. ㅡ E espero que ela não morra tão cedo, se não minhas irmãs vão ficar órfãs. Meu pai morreu quando eu tinha quatro anos, num acidente com as máquinas de grãos. Eu não lembro muito dele.

O olhar do trio se abaixou, todos pareciam abatidos dentro de suas jaquetas quentes. Mas o tilintar de um sino chamou a atenção deles, um paraquedas vinha descendo.

Zachary pegou a caixinha metálica e abriu, vendo uma caixinha de fósforos.

ㅡ É isso aí! Vamos poder assar a carne! ㅡ Enquanto Artemisia juntava os gravetos num montinho, Zach acendeu um fósforo,  pegou um único galhinho e colocou fogo. Depois aproximou o galho do monte, lentamente o fogo se alastrou.

ㅡ Pelo menos algo bom pra tirar o clima de funeral. ㅡ Um sorriso se abriu no rosto de Artemisia.

Então, aparecendo como um raio, uma faca com um cilindro vermelho e uma ponta de corda amarrada a ela se cravou no centro dos três.

Everlee olhou em volta, e viu de longe a dupla do Distrito 12 em cima de uma outra árvore. Ela olhou de volta para a faca e percebeu que o que estava preso nela era uma dinamite.

ㅡ Puta merda! ㅡ Zachary se levantou num pulo, seguido por Artemisia.

ㅡ Corram! ㅡ Art ajudou Eve a se colocar em pé no segundo em que a cordinha da dinamite incendiou.

Os três correram. Artemisia e Everlee foram rápidas e as jogaram na neve, já Zach foi até suas mochilas, jogou os animais que Art tinha limpado dentro delas e rumou para fora da árvore.

Mas a dinamite explodiu antes do garoto saltar. A árvore incendiou como uma enorme vela e pedaços de galhos voaram para todo lado, junto com Zachary.

Se levantando da neve, Artemisia e Everlee cambalearam até o parceiro, que não caiu muito longe delas.

Zach parecia bem, ele estava vivo e respirando. Elas tentaram o colocar em pé, mas sua perna direita cedeu.

ㅡ Aí! ㅡ Zachary caiu no chão, tirando a perna da neve. A parte da canela estava toda queimada, a calça derreteu e se misturou com a carne viva, o sangue queimado formou uma espécie de casca preta e vermelha. ㅡ Que porra!

Anthony assistia sentado o enorme telão a sua frente, era quase como uma sala de cinema. Na Cornucopia, Eva estava passando pomada na perna de Saerom enquanto Doug fazia a vigia, dando volta na pirâmide. O sol estava alto, por volta do meio dia, e o resto do bando havia saído para caçar.

Apesar de todos os seus quatro tributos ainda estarem vivos, a preocupação não saia da cabeça de Anthony, ainda mais agora que cada um dos quatro estava longe do outro, pela primeira vez desde a morte de Jace. Kira e Moon poderiam ser facilmente mortas se os tributos do Distrito 1 e 4 quisessem. Jonathan confraternizava com a criança do Distrito 11, e, naquele momento, a pequena garotinha era a pessoa mais perigosa dentro daquela arena.

Detentora das amoras cadeado, a pequenina Willow era o único tributo do 11 que ainda estava vivo, e a única que sabia o quão venenosas são as frutas que guarda consigo.

ㅡ Para de ser tão pessimista, Tony. ㅡ Lara se sentou na poltrona a esquerda de Anthony, ocupando o lugar do mentor do Distrito 1.

A sala dos mentores era um lugar espaçoso. Na parede contrária a porta de madeira estava a enorme tela que transmitia todos os tributos ao mesmo tempo. Em frente a ela ficavam as poltronas onde os mentores se sentavam, alinhadas em duas fileiras: as da frente pertencem aos distritos do 1 ao 6, enquanto as de trás, 7 ao 12. Por fim, numa das paredes laterais, uma enorme mesa de madeira envernizada estava situada, cheia de comida.

O almoço acabara de ser servido, e o cheiro de macarrão com almôndegas infestou o lugar, apesar de não ser o único prato disponível.

Lara estava com seu prato de comida no colo e um copo de suco de laranja no porta copos no braço da poltrona.

ㅡ Suas crianças são fortes, eles vão ficar bem. ㅡ Continuou a mentora do Distrito 1 depois de engolir o macarrão em sua boca. ㅡ E você é o único que ainda tem todos os quatro vivos. A essa altura do campeonato, é um feito incrível!

ㅡ É, pode ser. ㅡ Tony pegou a garrafa de cerveja no porta copos de sua poltrona e a levou a boca, bebendo um longo gole. ㅡ As vezes acho bem melhor eles ficarem mortos lá dentro do que sairem vivos, é menos doído.

Talvez Anthony estivesse bêbado, ele não lembrava quantas garrafas tomou desde que entrou, mas sabia que passavam de dez.

ㅡ Qualquer um que terminar vivo vai sofrer. ㅡ Lara suspirou deixando o garfo e a faca no prato. ㅡ Olhe para todos nessa sala, somos um bando de traumatizados com o psicológico fodido.

Os dois riram baixo e Lara voltou a comer.

ㅡ Snow é um filho da puta, né?! ㅡ Anthony terminou sua garrafa de cerveja e fez biquinho.

ㅡ Ah, com certeza. ㅡ Lara largou novamente os talheres no prato e se virou sorrindo gentil para Tony. ㅡ Mas não podemos falar isso muito alto aqui, tem câmeras. ㅡ Anthony se levantou com a garrafa em mãos. ㅡ Onde vai?

ㅡ Pegar mais uma dessas. ㅡ Ele apontou para a garrafa.

ㅡ Não vai não. ㅡ Caroly, a jovem mentora do Distrito 4, entregou um prato cheio de macarrão e almôndegas para Anthony e o empurrou de volta para a poltrona. ㅡ Você precisa comer e ficar sóbrio. Não temos tempo para ter um bêbado cuidando de quatro tributos.

Lara riu colocando a mão na boca enquanto Caroly quase dava a comida na boca de Tony.

Em uma outra poltrona um pouco mais para a direita, Christian assistia a uma feroz batalha agoniado.

Aurora e Hazel, enquanto andavam pela floresta de pinheiros, acabaram caindo numa armadilha. Os tributos masculinos do Distrito 1 e 2, que se recusaram a participar do bando carreirista e passaram a agir em dupla desde o início dos Jogos, emboscaram as duas.

Mas a luta estava relativamente equilibrada, já que o tributo do Distrito 2 torceu seu tornozelo dando vantagem para Hazel. Aurora e o garoto do 1 trocavam chutes e socos, sempre tentando ferir um ao outro com uma faca.

ㅡ Use as bombas, Myke. ㅡ Chris escutou Lara falando para a tela. Era inútil, os tributos não conseguiam escutar de dentro da arena.

Então, como se aquilo fosse um milagre que Christian não entendia, Myke tirou algo do bolso, era uma granada. O garoto puxou o pino e a jogou na direção de Hazel e do tributo do 2.

ㅡ Hazel! Corre! ㅡ Aurora foi lançada ao chão por um soco acertado em seu rosto.

A grandão explodiu, lançando Hazel, Myke e o outro garoto longe.

Canhão.

ㅡ Porra! Esteja viva, Hazel. ㅡ Chris sussurrou para si mesmo, já que, por conta da fumaça, não era possível saber se quem morreu era Hazel ou seu adversário.

No outro núcleo da batalha, Aurora estava no chão, imobilizada por Myke, que segurava uma faca em seu pescoço.

ㅡ Você é bem bonitinha. ㅡ Disse o garoto passando a mão pelos belos cachos loiros da menina. ㅡ Uma pena eu ter que te matar, né?! Poderíamos nos divertir bastante. ㅡ Myke passou a língua pela língua e riu com desdém.

ㅡ Seu puto. ㅡ Aurora cuspiu no rosto de Myke, que se irritou e pressionou mais a lâmina na pele da loira.

O sangue de Christian gelou. Ele já não sabia se Hazel estava viva ou não, agora parecia que sua filha estava prestes a morrer. Aquilo não era possível, ele não podia perder Aurora.

ㅡ Nous chassons ceux que nous chassons. ㅡ O homem sussurrou em francês, a antiga língua de seus antecedentes, o bordão da família Labonair. ㅡ Nós caçamos os que nos caçam, Aurora.

De repente, chutando a cabeça de Myke e o tirando de cima de Aurora, Hazel surgiu. Ela estava viva!

Aurora, agindo rápido, imobilizou Myke e desferiu alguns socos no rosto do menino.

Sangue escorria pelo nariz quebrado e os olhos ficavam roxos. Aurora estava tomada de fúria. Ela socava Myke e não dava sinal de trégua.

ㅡ Aurora! Chega! ㅡ Hazel tentou parar a amiga, mas foi empurrada para longe.

Christian não podia acreditar no que sua filha estava fazendo. A raiva dela estava descontrolada, e Chris sabia de quem era a culpa. Sua.

Por fim, Aurora pegou sua faca e cravou na testa de Myke.

Canhão.

Kira observava o céu. Já estava quase dando meia noite e ela estava preocupada com Jonathan.

Seu irmão não era nenhum santo, ela sabia. Ele já tinha feito coisas terríveis nessa vida, mas quem não fez? Apesar de tudo, Jonathan era seu irmão e ela o amava.

Moon se sentou ao seu lado, entregando uma garrafa pouco de suco para ela.

ㅡ Eu fiz com algumas das laranjas que acharam na caça hoje. ㅡ Disse Saerom enquanto se ajeitava no chão. Kira bebeu um pouco.

ㅡ Caraca! Tá muito bom. Tem certeza que não tem açúcar?

ㅡ Absoluta. Não tem nada de açúcar nessa arena, mas acho que os idealizadores fazem as frutas já açucaradas. Pelo menos algo bom. ㅡ Kira foi passar a garrafa para Moon, mas ela escorregou por seus dedos e o suco caiu em sua camiseta.

ㅡ Ah, que merda! ㅡ Kira pegou a garrafa e se levantou. 

ㅡ Desculpa, eu que não peguei a garrafa.

ㅡ Não tem problema.

Kira ficou de costas para Moon e tirou sua camiseta, a colocando para secar próxima a fogueira. A noite não estava tão gelada ali, no topo da pirâmide.

Quando se voltou para a parceira, Saerom estava em choque.

ㅡ O que aconteceu com suas costas? Que cicatrizes são essas? ㅡ Moon indagou preocupada e Kira imediatamente se arrependeu de ter tirado a camiseta.

ㅡ Não é nada. ㅡ Respondeu com a voz embargada descendo os degraus da pirâmide em direção as barracas onde os carreiristas dormem.

ㅡ Ei! Volta aqui! ㅡ Moon segurou Kira pelo braço, virando a garota para si. Os olhos da menina estavam cheios de lágrimas. ㅡ Foi Jonathan que fez isso?

Kira acenou com a cabeça, as lágrimas começando a escorrer pela bochecha. Moon a abraçou e dirigiu as duas de volta para as pedras em volta da fogueira.

ㅡ Quer me contar o que ouve?

A menina ficou em silêncio, observando Saerom. Ela deixou as lágrimas escorrerem todas até conseguir abrir a boca, a voz trêmula.

ㅡ Ele me bateu com um chicote... ㅡ A informção parecia incompleta, como se Kira não conseguisse terminar. ㅡ Foi depois de uma festa. Eu beijei minha melhor amiga e ele viu. Quando chegamos em casa, ele me levou pro seu quarto e me mandou tirar a roupa. Ele me bateu com um chicote por cerca de trinta minutos, enquanto gritava comigo.

Kira encostou no ombro de Moon e chorou, as lágrimas escorrendo aos montes. Saerom abraçou abraçou a amiga, consolando-a.

ㅡ Seu irmão é um desgraçado, cê sabe né?! ㅡ Kira riu um pouco.

ㅡ Sim, eu sei. Mas ele ainda é meu irmão, e eu o amo.

001. ㅡ Falei que ia sair amanhã, mas consegui postar hoje, ehhhhhhh

002. ㅡ Depois das três mortes do anterior, esse veio mais relaxado hehehehehe

003. ㅡ Eu sei que a dinamite do Distrito 12 surgiu "do nada", mas no próximo capítulo vai ter a explicação! Eu não deixo pontas soltas sem arrumar elas :)

004. ㅡ Tenho uma ótima notícia! Antes, eu tinha planejado os que iria acontecer até o capítulo oito, e isso me dava muita ansiosidade porque eu não sabia o que escrever depois daquele capitulo e eu acabava não escrevendo, por isso diversas vezes atrasei os capítulos. Mas agora eu já tenho planejei até o último capítulo dos Jogos! Tudinho planejado! E isso inclui a temida notícia que tenho pra vocês: o sobrevivente já tá escolhido! O tributo vencedor dos Jogos já foi decidido, depois de muita ansiedade e surto, eu consegui akakakak. E agora faço um pedido para vocês: alguém aí tá disponível para fazer alguns manip's (edições exclusivas de um personagem) de uns cinco ou seis personagens?? Eu iria agradecer muito!

005. ㅡ A partir desse capítulo, irei fazer um teste de popularidade. Então, na lista abaixo, comente VITORIOSO nos nomes dos seus três tributos favoritos (os mortos vão sendo tirados da lista a cada capítulo)

Sophia, D1

Attlas, D1

Kira, D2

Moon, D2

Jonathan, D2

Rey, D3

Catheryne, D3

Bradshaw, D3

Sarah, D4

Eva, D4

Doug, D4

Aurora, D5

Hazel, D5

Castiel, D7

Kaya, D8

Everlee, D9

Artemisia, D9

Zachary, D9

Willow, D11

Delilah, D12

Aniel, D12

006. ㅡ Obrigado pela leitura(⁠◍⁠•⁠ᴗ⁠•⁠◍⁠)⁠❤ e FAZENDO FAVOR VOTA E COMENTA NA MERDA DO CAPÍTULO, EU ESCREVO COM TANTO CARINHO, QUERO RETORNO

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