❐ 𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝗢𝗻𝗲 ➶
Distrito 12 ㅡ Duas semanas antes do início dos Jogos
Aniel corria o mais rápido que podia. As sacolas em sua mão e a faca na boca ameaçavam cair a qualquer momento, mas ele não podia derrubar nada, não podia ser dar ao luxo de parar por uma fração de segundo para pegar o que caiu. Não com os pacificadores em seu encalço.
O garoto agradecia pelos guardas do seu distrito serem um bando de bêbados e fumantes que não conseguiam correr nem segurar uma arma devidamente. As balas que eram atiradas passavam bem longe do menino fugitivo.
Ele já estava acostumado com isso, era sua rotina. Sabia que logo que chegasse na Costura ㅡ a parte mais miserável do Distrito 12 ㅡ os pacificadores iriam desistir de segui-lo.
Porém, Aniel nunca imaginou que alguém iria se intrometer na sua fuga. Geralmente as pessoas ficavam longe, apenas olhando o menino correr pelas ruas ou por cima dos telhados, pulando e se escondendo.
Enquanto corria, um borrão vermelho entrou na frente de Aniel. Em menos de um segundo o garoto estava estirado no chão, sua faca cravada no chão a meio metro, as sacolas rasgadas e as frutas que estavam dentro amassadas e espalhadas.
ㅡ Mas que porra! ㅡ Aniel se levantou rapidamente, ignorando a dor nos joelhos ralados. Ele olhou bem para o borrão vermelho, que na verdade era uma garota ruiva. Ela se levantava. ㅡ O que diachos tá fazendo?
ㅡ Desculpa, eu só tava brincando de pega pega com os pacificadores. ㅡ A garota respondeu pegando algumas da frutas espalhadas no chão e colocando na bolsa que trazia consigo. Aniel correu até sua faca e a apontou para a ruiva.
ㅡ Pode parar. Eu tive um trabalhão pra pegar essas frutas pra você simplesmente aparecer, me derrubar no chão, e ainda levar algumas de brinde. ㅡ A ruiva deu uma risada baixa. Ela estava debochando de Aniel?
ㅡ Cala a boca, pirralho. Eu tô pegando as minhas frutas! Não sei se viu, mas minha mochila tava cheia delas. Acontece que quando nos trombamos elas voaram pra todo lado.
A garota tirou uma mecha de cabelos da frente do rosto. Enquanto ela pegava as frutas, Aniel tirou sua camiseta, improvisou uma trouxa e começou a imitar a ruiva. Felizmente os pacificadores eram lentos o bastante para ambos pegarem suas coisas com calma.
Quando terminou, Aniel guardou a faca na bainha e se preparou para voltar a correr. Porém, algo o impediu. Ele olhou novamente para a menina, que já estava de saída.
ㅡ Perai! Você não é o demônio ruivo?
Antes que a menina pudesse responder, ela caiu no chão. Aniel, percebendo o que estava acontecendo, tentou fugir.
O garoto largou sua sacola e seguiu para a casa mais próxima, mas uma bala o impediu. Ele sentiu o projétil perfurando sua pele.
Como ele se distraiu a ponto de nem mesmo escutar os pacificadores chegando e atirando? Assim que caiu no chão, Aniel bateu a cabeça.
A última coisa que viu antes de apagar foi dois guardas vestidos totalmente de branco se aproximando dele sorrindo.
Distrito 1 ㅡ Duas semanas antes do início dos Jogos
Lara caminhava calma enquanto percorria o caminho de sua casa, na Vila dos Vitoriosos, até o centro de treinamento dos tributos carreiristas.
Ela estava sorridente, cumprimentando os demais cidadãos do Distrito 1. Todas as pessoas amavam ela, afinal a garota havia se consagrado uma campeã, trazendo a vitória para seu distrito, além de glória e fama para si mesma.
Ao chegar no centro de treinamento, Lara se deparou com diversos jovens: alguns tentando acertar alvos com facas e flechas, outros lutando entre si, e mais alguns socando sacos de areia.
Ela olhou para a nova geração de tributos orgulhosa, talvez conseguisse fazer com que um daqueles saísse vivo da arena, assim como ela saiu.
De repente, uma faca zuniu pelos fios de cabelo de Lara. Ela jurou que a lâmina tinha acertado sua nuca.
ㅡ Desculpa! Mil perdões, senhorita Holmes! ㅡ Exclamou Attlas esbaforido, ele correu até a faca que se cravou em um alvo atrás de Lara. ㅡ Eu juro que não queria te acertar!
ㅡ Garoto, você é cego? ㅡ Uma garota loira se aproximava, ela gritava xingamentos direcionados a Attlas. Se recuperando de seu quase infarto, uma faca atirada contra si fazia com que Lara tivesse lembranças não muito boas. ㅡ Moleque, você é retardado né?
ㅡ Cala a boca, loira oxigenada!
Lara riu da discussão de Attlas e Sophia. Apesar das brigas, a vitoriosa sabia muito bem da capacidade da dupla, de como os dois se tornavam uma máquina de matar quando estavam juntos. Uma máquina de matar que ela também já fora.
Distrito 8 ㅡ Duas semanas antes do início dos Jogos
Kaya precisava urgente de um descanso. Infelizmente ele não iria acontecer tão cedo. Ela tinha tido uma péssima noite de sono, um pressentimento ruim tomou conta de seu corpo.
Geralmente a garota só ficava inquieta na época da colheita dos Jogos Vorazes, mas ainda faltavam uma semana.
Após acordar, a menina se arrumou, tomou seu café, e foi direto para a confecção onde trabalhava. Seus pais saiam mais cedo que ela, pois trabalhava numa indústria de base.
A vida dos Forks nunca foi difícil. Na verdade, eles eram estáveis, possuíam mais dinheiro que a maioria do Distrito 8, mas não podiam ostentar.
E Kaya gostava disso, ela gostava da simplicidade, ela adimirava as pequenas coisas. Enquanto caminhava até a confecção, a garota encontrou uma velhinha com uma sacola de frutas e uma bengala, ela tinha dificuldades pra andar no meio da rua lotada de operários indo para o serviço.
Kaya correu até a senhora, segurando a sacola dela e a ajudando a andar até sua casa. Por sorte a velha morava por perto, fazendo com que a garota não sei atrasasse para o trabalho.
ㅡ Muito obrigada, mocinha! ㅡ A senhora exclamou entrando em sua casa.
ㅡ Por nada! ㅡ Kaya sorriu, logo após saiu correndo pela rua, ajeitando seu cabelo que balançava com o vento.
Ela sorriu quando chegou na confecção, era um lugar pequeno e arrumadinho, confortável. Não era muito grande, a dona, cunhada do prefeito do distrito, tinha inaugurado o lugar fazia seis meses.
Kaya foi uma das primeiras a ingressar no lugar, sua mãe era amiga de uma amiga da dona da confecção. Agora a garota tinha sua própria equipe de produção, na verdade um grupo de quatro pessoas contando com ela.
A confecção exportava roupas para os Distritos 1, 2 e 5, os mais ricos, além da própria Capital. Com isso a loja conseguia capital suficiente para lucrar e ainda vender peças de qualidade e por um baixo preço para a população do Distrito 8.
A menina amava isso. Gostava de saber que seu trabalho ajudava os outros, gostava de saber que seu esforço permitia que outras pessoas pudessem ficar confortáveis.
Foi então que, perdida em seus pensamentos, Kaya espetou o dedo em uma agulha. Ela soltou um gemido abafado, colocando o dedo furado na boca.
Novamente o mau pressentimento lhe veio a mente. Ela sabia que algo ruim iria acontecer, talvez uma tragédia, uma notícia, algo desse tipo. Talvez um Jogos Vorazes mais sangrento.
Distrito 7 ㅡ Duas semanas antes do início dos Jogos
Castiel estava com um machado em mãos. O garoto usava uma camiseta regata preta, uma calça camuflada, e botas. Seu cabelo, apesar do suor e dos movimentos extremos, continuava num topete.
Na visão das pessoas, ele estaria todo grudento e nojento por causa do suor, mas na dos leitores ele tá um belo de um gostoso.
O menino batia seu machado com força no tronco do enorme carvalho. Faziam umas três horas desde que ele tinha almoçado, ou seja, seu horário de trabalho estava acabando.
Ele suspirou aliviado quando deu a última machadada, derrubando a árvore. Todos os outros trabalhadores saíram de perto enquanto o tronco caia. Castiel estava a quase uma hora naquele carvalho, ele sentia seus músculos doerem e seus braços suplicarem por descanso.
Mas ele não poderia parar, não podia correr o risco de ser visto por um pacificador e ser castigado. Geralmente os que eram pegos voltavam mais machucados do que se tivessem continuado a dar as machadadas.
De repente, ao olhar para o lado, Castiel viu um garoto de uns dez anos desabar no chão, o machado que segurava quase caiu em sua mão.
O menino estava vermelho e ofegante, suor escorria aos litros de seu corpo. Castiel pensou em ajudar o garoto, mas sabia que se fosse visto seria problema para ambos.
Em menos de dois minutos após a queda, dois pacificadores apareceram e começaram a surrar o menino com cacetetes.
O sangue ferveu pelas veias de Castiel. Ele odiava quando alguém era injustiçado. Ele odiava quando crianças apanhavam por quererem cinco minutos de descanso.
Tomado pela raiva, Castiel cravou seu machado no pé de um dos pacificadores e pulou em cima do outro. A briga durou cerca de trinta segundos, mas foi o bastante para que Castiel conseguisse socar o homem e depois apagar ao levar um chute na cabeça.
Distrito 12 ㅡ Duas semanas antes do início dos Jogos
Delilah se contorcia, tentando livrar seus braços e pernas das cordas com que foi amarrada.
Ela estava de joelhos em um palco de madeira, sentia farpas roçarem sua pele. A garota fora presa em uma estaca de redonda, pelas mãos e pelos pés. Ao seu lado o menino com quem trombou mais cedo ainda estava desacordado.
Além do joelho, Delilah sentia uma dor de cabeça extrema. As marcas das balas que passaram de raspão em sua pele nem se comparavam aquela dor.
Cada pontada era mais doida que a anterior. Sua visão estava turva, e a garota não pensava direito. Além do palco de madeira, Delilah não sabia onde estava.
Ela tentava se localizar, mas seus pensamentos não conseguiam se ajustar. Por fim, ela suspirou, se entregando a dor.
Mas, como tudo na sua vida, Delilah não teve paz. Ela foi tirada da sua calma por uma voz grossa que chamava por seu nome e pelo garoto ao seu lado.
ㅡ Olha só quem temos aqui: Aniel Grimnes e Delilah Southerns. Vocês dois são bem procurados pelo distrito todo, sabiam? ㅡ O pacificador estava sem capacete, seu rosto belo só deixou Delilah com mais raiva. Pessoas bonitas assim não nasciam no Distrito 12, talvez até pudessem, mas não um loirinho branco dos olhos azuis. Não um principezinho.
Era óbvio que o homem vinha dos Distritos 1 ou 2, já que era apenas lá que os pacificadores eram convocados e treinados. E claro que isso triplicou o ódio da garota.
O pacificador provavelmente nunca soubera o que é passar fome, roubar para sobreviver, viver na pobreza. Ele talvez fosse só mais um riquinho carreirista que não conseguiu uma vaga nos Jogos e agora trabalhava como um dos guardas da Capital.
Instintivamente, após o homem parar de falar, Delilah cuspiu em seus sapatos. A expressão de nojo do guardar fez Delilah sorrir.
ㅡ Olha só, parece que você não é tão macho assim.
ㅡ Calada, sua pivete! ㅡ Em resposta de sua insolência, Delilah recebeu um chute no abdômen. Enquanto a garota arfava com dor, o pacificador foi até o outro prisioneiro. ㅡ Ah, parece que o pirralho resolveu aproveitar seus últimos minutos de vida e tirar um cochilo. Tadinho.
Depois de debochar, o guarda desferiu socos em Aniel. O menino acordou enquanto recebia os golpes. Ele até tentou se defender, mas seus braços e pernas estavam presos.
ㅡ Bom dia, flor do dia. Como foi o soninho? ㅡ Gargalhando alto, o pacificador dar um tapa em Aniel, mas o garoto foi mais rápido, desviou do golpe e mordeu a mão do guarda. ㅡ Aí! Garoto do caralho! Agora eu vou te mostrar o que sua mãe não lhe ensinou.
As imagens do menino apanhando transbordaram na mente de Delilah. Ela não podia deixar aquela criança apanhar de um covarde, aquilo era injusto.
A menina tentou gritar em protesto ao ato do pacificador, mas nada foi feito. O sol foi se pondo, e pessoas começaram a se amontoar em volta do palco de madeira. Delilah sabia que seu irmão provavelmente apareceria por ali, ela não queria isso!
De repente, interrompendo a surra que o pacificador dava em Aniel, o prefeito da cidade apareceu no palco. Ele parecia nervoso.
ㅡ Todos quietos! ㅡ Gritou o prefeito. ㅡ Temos uma proclamação direta do presidente Snow para todos os distritos!
Os telões de várias polegadas, que deveriam ficar desligados até o dia da colheita, ligaram sozinhos. A imagem do senhor de uns sessenta anos apareceu. Ele estava em pé, olhando fixamente para sua câmera.
Ao lado do presidente estava uma mesa de madeira e um globo de cristal cheio de papéis brancos em cima.
ㅡ Caros cidadãos de Panem, estou aqui para anunciar a mais nova notícia do país! ㅡ Snow limpou sua garganta e prosseguiu. ㅡ Como devem saber, esse ano teremos o segundo massacre quaternário, que acontece de vinte e cinco em vinte e cinco anos. Venho, por meio dessa gravação, anunciar o evento desse ano!
Snow foi até o globo, enfiou sua mão direita lá e puxou um dos papéis perfeitamente dobrados. Ele abriu e leu o bilhete.
ㅡ Para comemorar os cinquenta anos dos Jogos Vorazes, os cinquenta anos da vitória da Capital sobre os distritos, para celebrar os cinquenta anos dos Dias Escuros, e também para lembrar que, para cada cidadão que morria na guerra, dois rebeldes levavam bala, esse ano quatro jovens de cada distrito serão lançados na arena. ㅡ Delilah paralisou. Aniel arregalou seus olhos, e o pacificador sorriu, cuspindo no garoto. Delilah sabia que o prefeito, juntamente dos pacificadores, fariam de tudo para que a menina fosse uma das colhidas, sabia que eles tentariam eliminar a ladra mais procurada do Distrito 12. ㅡ Porém, assim como no primeiro massacre, os distritos vão ter que escolher seus próprios jovens. Nos vemos em uma semana para a colheita!
O telão desligou. A gravação acabou. E Delilah estava fudida. Agora sim a garota tinha certeza que iria morrer. Sabia que os cidadãos iriam escolher ela. Não só ela, sabia que iriam escolher Aniel junto.
As pessoas iriam juntar o útil ao agradável e eliminar dois dos maiores problemas do Distrito 12 em uma tacada só. Delilah e Aniel estava condenados a uma morte dolorosa e sofrida, além de uma ilusão da vitória.
〢001. ㅡ E O PRIMEIRO CAPÍTULO VEIO!!! EU TO PULANDO
〢002. ㅡ Apesar de ter sido esse o resultado final e estar postado, eu não gostei muito não. Mas postei mesmo assim porque não suporto capítulo um e sei que se apagasse e tentasse escrever de novo iria desanimar e enrolar mais
〢003. ㅡ Gostaram?? Quem dizer que não vai ter seu personagem morto mais cedo🔪🔪
〢004. ㅡ Até sexta que vem! Que a sorte esteja sempre a seu favor
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